Especial de Natal - Pudim de Ameixa escrita por Ally


Capítulo 1
Pudim de Ameixa


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de um ano sem escrever nada inspirado no Natal ou shorts/shot fics, eu decidi voltar a escrever sobre! Como algumas de vocês podem ter lido nas notas da história, essa é a primeira fanfic de uma coleção de três (com histórias diferentes) do universo Harry Potter - só com um milagre pra eu escrever mais duas antes do dia 25!

Bem, chega de enrolação, espero que vocês tenham uma boa leitura!

E FELIZ NATAL ♥



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Pudim de Ameixa

*

Rose amava mais do que tudo o Natal, o cheiro intenso de biscoito de gengibre por toda casa, o barulho animado das conversas e o brilho colorido dos piscas-piscas iluminando a noite e seu rosto de cada cor diferente na A Toca.

O período de festas de fim de ano era quase sagrado para ruiva, uma tradição familiar que acontecia entre os Potter-Weasleys antes mesmo do nascimento de Rose - ou de acordo com sua mãe, Hermione -  até mesmo antes que ela pudesse se lembrar.

O fato era, aquele era um momento de família que Rose aproveitava para gastar todo seu dinheiro em presentes para os primos, comer sem culpa e ficar perto daqueles que ela não via a meses.

Mas quando Rose soube que seu primo Albus havia convidado Scorpius Malfoy para passar a noite de Natal com eles, a Weasley não conseguiu acreditar.

Ainda mais depois do Malfoy ter comido o último pedaço de sua sobremesa favorita, pudim de ameixas.

*

— Isso não pode ser verdade!  - Rose exclamou incrédula para o que havia acabado de ouvir da boca de sua prima Dominique, por um segundo a ruiva pensou até mesmo em aquilo ser alguma brincadeira de mal gosto da amiga ou algo do gênero para arrancar risadas enquanto ambas estavam ocupadas demais preparando os clássicos biscoitinhos de gengibre e suas decorações coloridas de chocolate.

—  Eu juro! O próprio Albus me contou hoje de manhã. - a loira reforçou - Parece que a família do Malfoy vai viajar por causa do avô e... o Albus acabou o convidando para passar o Natal com a gente.

Mas apesar de toda a explicação, palavras e insistência da prima em estar falando a verdade, Rose ainda não conseguia acreditar que Scorpius Malfoy, O Scorpius Malfoy, garoto razão de sua raiva - e quase assunto de todas suas conversas - desde o quinto ano de Hogwarts estaria dividindo o mesmo espaço com ela em algumas horas.

O fato era que desde aquele fatídico ano e alguns meses, o loiro havia conseguido superar-la em todas suas notas, se tornar o novo queridinho dos professores, objeto de desejos de meninas histéricas (na concepção de Rose) e acima de tudo, roubar a sua chance de bolsa naquele ano. Razões que para a Weasley foram o suficiente para se sentir humilhada e entrar em uma competição não muito saudável com ele. Posição que Rose carregava com suor e sangue a partir do primeiro dia que colocou seus pés na escola.

Sentimentos e competição que se seguiram pelos restantes dos anos, com uma quantidade enorme de vezes de Rose passando noites em claro para estudar, situações dignas de um filme de Netflix e tentando superar ele em todas as aulas - principalmente quando o sujeito chegava com o cabelo bagunçado de sono e atrasado na aula, fazendo ela duvidar ainda mais de suas capacidades.

O que, na realidade, levava a ruiva a perder sua completa atenção na aula por estar prestando atenção nele.  

Mas não pense que a Weasley não sentia vergonha de seu próprio estado, era deplorável aquilo tudo, parecia como uma verdadeira criança de 8 anos querendo provar algo; e a menina estava mais convencida de tudo que ela não precisava se provar para ninguém - pelo menos era o que insistia em dizer para Dominique quando questionada - e que iria focar em coisas mais importantes, não em competir, se preocupar e importar com um garoto.

—Sim, sim... Eu só acho que o Natal é uma época de se passar com a família e não com os amigos. - Rose debochou como se aquilo escondesse o que sentia e pensava de verdade.

Todavia, Dominique nem se importou com as palavras da prima, ela adorava Scorpius! Viviam fazendo graça da cara de Albus e suas notas, bebendo cervejas amanteigadas e gastando quantidades de dinheiro exorbitantes com doces. Domi não conseguia entender a relação de Rose com o outro, nunca entendeu, na realidade.

—Ele é uma boa pessoa, nunca entendi o porquê de você não gostar dele.

Rose poderia listar os mais diversos porquês. Ela não podia simplesmente não gostar do Malfoy?!

— Eu… - a ruiva começou, procurando em sua cabeça todos os argumentos possíveis, mas até mesmo para a responsável de tudo aquilo, ela mal conseguia colocar em palavras o que realmente achava - Eu não sei, quer dizer… arg! Ele é sempre tão ele, com aquele jeito de sabe tudo e que se acha melhor do que eu. Ah e é claro, ainda fica se mostrando para todas as garotas só porque sabe tocar bateria, nem é tão difícil assim. Até eu poderia tocar bateria!

Ele realmente se sentia o maioral por tocar bateria. Todas as meninas ficavam caidinhas por um baterista em algum ponto da vida, certo?

—Bem, é Natal, Rô. Quem sabe isso não muda? - Dominique deu uma piscadela para ela e saiu da cozinha, deixando a prima com seus pensamentos e uma quantidade gigantesca de biscoitos.

*

Não demorou muito tempo para toda a família Weasley-Potter se ver esbanjando em comida ao redor de uma grande mesa de madeira antiga e dividindo presentes, bebidas e histórias que passaram durante o ano.

Festa na qual - de primeira - nem sequer era possível enxergar a personagem principal da história com seu cabelo trançado. Rose estava basicamente escondida e espremida entre seus tios George e Bill, os dois com o quase o dobro da estatura dela e que a cada movimento pareciam serem capazes o suficiente de quebrar um osso da adolescente, tornando a menina cada vez mais e mais invisível.

Talvez, em parte, era exatamente aquilo que a jovem desejava. Rose não conseguia relaxar e não pensar em Scorpius, e imaginar algum de seus primos percebendo aquilo era quase como suicídio para ela.

“Rô não consegue parar de pensar no Scorpius” Imaginou até a voz de Hugo escoando em seus ouvidos

As conversas variavam entre todos os temas possíveis, desde política até as fofocas mais recentes, apesar de toda a animação ao seu redor, ela se sentia extremamente culpada por não conseguir parar de pensar, parecia até que estava apaixonada por ele, mas a ideia dele ali… incomodava ela de uma forma que não sabia explicar, enchendo o estômago de borboletas, a garganta travando e as mãos suando.

Principalmente quando ela viu ele.

Scorpius Malfoy entrando pela porta principal ao lado do amigo, com seu moletom creme natalino, presentes na mão e um sorriso invejável, fazendo com que logo fosse recebido com um grande abraço pela Sra. Weasley que exalava um intenso cheiro de assado. Era quase como se o loiro já fosse da família à anos. Rose sentiu vontade de vomitar, não de nojo, acho.

—Meninos! Venham, venham! Se sentem, vamos, peguem algo para comer. - Molly continuou falando enquanto Rose ainda permanecia incrédula em seu canto.

Dominique sussurrou algo para ela, mas sequer ouviu.

Era como se Rose tivesse tido seu sistema nervoso completamente queimado, black out, entrada em pane geral, o que você quiser chamar. Se Dominique prestasse bastante atenção, era quase possível ver faíscas saindo dos ouvidos da menina de 17 anos.

Mas ela mal teve tempo de sofrer como em filmes românticos que suas amigas viviam assistindo, logo tudo aquilo foi completamente evaporada de sua mente ao ouvir a frase na voz da vó.

—Experimente um pedaço do pudim de ameixas, Scorpius.

O coração de Rose disparou, um raio de energia a atingiu fazendo sair completamente de seu estado anterior. Qualquer um estranho a família Weasley ficaria confuso em relação a reação da ruiva à sobremesa. Nem é preciso dizer que aquela receita era a favorita de Rose desde o dia que ela se entendia por gente, levando em conta que seu pai havia a ensinado a como preparar alguns anos atrás e era uma das poucas memórias ainda concretas dele.

E agora, Malfoy enchia a boca com o doce.

Rose sentiu uma onda de algo estranho subir por seu peito, todas as lembranças, experiências e momentos da menina com o pai, sentiu uma vontade incontrolável de arrancar o prato de comida das mãos de Malfoy e sair correndo.

Ele não tinha direito em ser melhor do que ela em tudo, em ganhar tudo que a Weasley batalhava o dobro pra conseguir e agora, tomar posse sobre aquilo.

Não! Você não tem direito a isso também! - Rose falou sem perceber com o tom de voz que aquilo saiu de sua boca, logo ficou pálida ao perceber todos a encarando - inclusive o próprio Scorpius que parara de comer no prato - Isso… isso não. - Abaixou a voz se voltando a se sentar e arrepender de tudo que tinha dito.

Ela não era assim, nunca foi. Jamais teve alguma atitude destas com alguém por causa de algo que já havia acontecido. Era inegável que a presença de Scorpius bagunçava a cabeça de Rose seja lá qual fosse a ocasião, e desta vez não tinha sido diferente.

*

Quando Rose disse para a mãe que precisava de ar fresco, era apenas uma desculpa para sair do meio de todo aquele barulho e esclarecer sua própria cabeça.

O fundo da A Toca dava vista para um longo campo verde que se estendia por todas as direções, deixando a casa completamente isolada de tudo e todos. A estudante sempre sentiu admiração pelo lugar, principalmente quando passava as noites de verão com o pai sentada naquele lugar e comendo pudim de ameixas até Hermione reclamar do horário.

Natal e todas as outras comemorações que Rose vivia insistir em dizer que adorava nunca mais foram as mesmas sem ele do seu lado. Continuou a tentar afastar o que aconteceu mais cedo.

—Você não precisa se esconder de todo mundo só porquê você foi idiota, sabia? - A voz masculina e única do Malfoy soou atrás dela fazendo com que Rose se deparasse com o rosto dele iluminado de amarelo por conta dos piscas-piscas do deque.

Scorpius riu com a própria fala - Me desculpa, se fui um babaca mais cedo com aquela sobremesa, eu não queria te ofender de nenhuma forma. Não sabia que era alguma coisa importante para você… - Continuou a falar enquanto a menina ainda estava tentando decidir como reagir.

—Não, não… tudo bem, de verdade. Eu que fui uma criança. Só… muita coisa na cabeça ao mesmo tempo. - Respondeu olhando pela primeira vez de fato para ele.

—É… - O louro ficou sem graça, fazia anos que não falava com a garota de verdade, principalmente depois que ela se isolou de tudo e meteu as caras nos livros 24 horas por dia após a morte do pai. - Acho que eu nunca disse isso, eu sinto muito pelo seu pai. O meu e o seu nunca foram amigos, mas…

Rose riu, Ron não gostava mesmo de que sua filha mais velha andasse com um Malfoy. -Ele vivia falando que você era é má influência.

Se Ronald estava certo ou não, era outra questão.

—Não duvido. - Scorpius se apoiou na varanda ao lado dela - Quando eu descobri que meu avô estava doente parecia que o mundo iria se desmoronar todo na minha frente. - Revelou olhando para longe.

Rose entendeu o intuito daquilo, ele entendia a dor que ela tinha passado e até hoje continuava. - Espero que ele fique bem.

—Ele vai, o velho é forte. E vaso ruim não quebra, não é?

—Eu posso preparar um pudim de ameixas para ele se quiser.

A Weasley nunca viu Scorpius sorrir daquela forma, sentiu um calor no peito que jamais pensou, tinha uma vontade incontrolável de chegar perto dele, tocar seu rosto, segurar e o beijar.

Ele também tinha.

—Eu acho que devíamos voltar para dentro. -Rô cortou antes que algo acontecesse, se sentia culpada ainda.

Entretanto, antes que pudesse completar a frase, o gosto da boca do sonserino estava na sua, o beijo durou tempo o suficiente para Rose ouvir alguém gritando algo dentro da casa e sentir vergonha. Aquilo não a importou.

Nem os primos.

Nem a festa.

Nem o pudim de ameixas.

Quem diria, que Rose Weasley um dia consideraria Scorpius Malfoy e seu desejo incontrolável por comida, um dos melhores presentes de Natal que já recebeu.


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