Agora faz poucos anos desde que tudo começou, ainda lembro do início de toda essa infestação de mortos-vivos, não contei os dias, não pensei sobre muita coisa quando peguei minha família e saí sem nenhum destino. Lembro-me bem das policias tentando controlar a população, mantendo todos em casa, mas tudo aconteceu rápido demais, e eu não fiquei para ver o desfecho dessa história, mas nada disso importa agora, nada.

Fizemos uma longa jornada até aqui.

Nossa caminhada começou um longo tempo atrás quando começou a devastação, no Brasil para ser mais exata, não tinha demorado muito para tudo que conhecemos acabar e conseguirmos uma passagem que na época pensávamos que iria ser nossa salvação, um navio em direção aos EUA. Pensamos errados, e somos o total de treze pessoas, incluindo eu, éramos vinte, tragédias acontecem, eu suponho. Depois de um longo percurso no navio, agora nos encontramos no meio de uma floresta distante de tudo que conhecíamos como humanidade... Para não sermos encontrados por nenhum grupo.

Nossa localização exata é difícil saber, estamos nos arredores da Geórgia. É tudo que eu sei.

Demoramos dias para encontrar essa casa e assim que encontramos, tratei de colocar armadilhas em cada km que existia por ali para que nada dê errado e é duro seguir isso tudo, principalmente quando existe doze pessoas contando com você para salva-las, por maior que tenha sido meu esforço, nenhum deles estava pronto para essa vida, era injusto para mim essa situação principalmente, mas agora depois de tudo aquilo, vejo o que me transformei, não é nada que me orgulhe, mas é o que preciso ser.

Não costumava ser boa antes disso e agora estou na minha pior versão, eu penso que lá fora tem caçadores e presas, independentemente de ser pego por Walkers ou grupos rivais, o mundo não mudou tanto, continua sendo questão de poder. Esbarrei em alguns grupos que mesmo que eu não conhecesse e tivesse alguma coisa a ver, virava inimigo. Virava uma presa. Não tem rendição, não existe nenhuma escapatória.

Meu grupo ainda é ingênuo e pensa que existe bondade, mas eles não viram o que eu vi.

Não existe nada bom, isso aqui tudo é um jogo de sobrevivência. E é isso que continuo repetindo para mim mesma.

Somos sobreviventes.