Memories In The Rain escrita por Sonlucas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem
:)



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Cada gota de chuva que caía,

Juntava-se a uma lágrima,

De medo...

De dor...

De ódio por todas as coisas erradas...

E após rolar, as gotas partiam...

Como todas as coisas,

Como todas as pessoas

Como todos os momentos...

 

Karina Perussi

 

 

 

 

 

A chuva insistia em cair, certamente não chovia assim há anos em Konohagakure, jazia horas que o tempo permanecia nebuloso, com suas nuvens negras insistiam em pairar sobre o céu, o que dava uma aparencia sombria a uma vila tão radiante como a da folha. E em uma das diversas casas de Konoha, estava um jovem jonnin, deitado no chão de sua sala e com um tabuleiro de shogi a sua frente, aparentemente o rapaz de expressão tediosa e rabo de cavalo tentava jogar sozinho para passar o tempo, porém parecia não adiantar, pois o mesmo continuava entediado. E para piorar estava sozinho na casa pois sua esposa tinha ido ao médico.

         - Tsc. Que saco! - Desistiu de vez o jovem Nara, que instantes depois se levantou e foi fitar a janela de sua nova casa - Não sei por que fui inventar de pedir folga pro Rokudaime em um dia aonde o barulho não me deixa dormir... e por que a Temari tinha que sair logo hoje..  - disse o jovem para si mesmo, quase em um sussurro. Outra vez ele se deslocou, mas agora para o seu sofá, aonde teria uma vista mais formidável da chuva que aruinava seu sono, deveria admitir que era de certa forma agradável ouvir o som da chuva, Shikamaru não negava isso, mas o essa chuva era bem diferente, no caso muito mais forte, e o som da colisão entre a água e principalmente o telhado de sua casa não era muito prazeroso, e por mais que a chuva fosse benéfica e necessária, o moreno não tinha boas memórias dela, afinal uma de suas memórias mais tristes tinha muita relação com ela. O jovem absorto em pensamentos, volta a fitar a chuva caindo fora de sua casa, ao focar sua visão na mesma, algo passa por sua cabeça. "Memórias.. daquele dia" concluiu com certa pausa. "Asuma sensei.. Desde aquele dia chuvoso, o senhor nos deixou" Shikamaru inconscientemente pois a mão no peito, o tempo passou rápido, mas a dor da perda continuou, na verdade parecia se intensificar com a saudade. Cada momento que passou com seu mestre, cada partida shogi jogada, tudo foi precioso para o moreno, sem perceber, ele mentalmente conversava com seu falecido mestre. "Já tem anos que o senhor partiu para longe. Deixou todos arrasados, me doía ver a Ino chorando, admito que não gostava dela na academia, mas depois de a conhecer melhor, a via como uma amada irmã.. o meu velho amigo Chouji, ele tentava se fazer de forte, o senhor queria isso dele não é Asuma sensei?... o senhor nos queria ver nos tornarmos adultos, e principalmente ninjas capacitados... o senhor nos treinava duro para que nenhum inimigo não ferisse.. sabe..você foi como um pai para nós. Imagino se o senhor está orgulhoso do que nos tornamos hoje". Um trovão o faz acordar de seus devaneios, após se recompor do susto o rapaz não hesita em soltar a sua frase favorita - Que saco! - Shikamaru como sinal de auto-reprovação coloca a mão no rosto, mas no mesmo instante tem uma surpresa, o Nara percebeu que tinham lágrimas escorrendo por suas bochechas, como outro sinal de reprovação ele ri baixo - Eu tô realmente chorando só de me lembrar de algo de anos atrás, Asuma sensei, o senhor deve estar decepcionado comigo - Ainda cabisbaixo por causa das memórias tristes que o assolavam neste dia nebuloso, Shikamaru se levanta e anda lentamente em direção ao banheiro, com a pretensão de lavar seu rosto. O Nara não se contentou com apenas uma vez, lavou seu rosto pelo menos umas três vezes, depois de tanto jogar água gelada na próprio face, ele encara seu espelho, até sua visão focar de fato, e naquele espelho de tamanho mediano, ele não conseguiu deixar de ver seu pai no reflexo do espelho. "O formato do rosto, o cabelo, os olhos, a barba... quando o você falava que eu iria ficar bonitão quando adulto não imaginei que estava massageando o próprio ego Pai... " O rapaz não conseguiu deixar de rir da própria conclusão, até mesmo um gênio com Q.I de mais de duzentos fazia piadas sem graça às vezes. Por mais que por fora estivesse rindo, se lembrar de seu pai era algo que trazia uma angústia muito grande, recheada de momentos bons e ruins, para Shikamaru, seu pai era alguém importantíssimo, muito mais do que era para a vila da folha, mesmo considerando que o mesmo já fora líder da Aliança Shinobi. "Pai, você foi um sacrifício entre tantos nesta maldita guerra, os anos se passaram e eu entendi muitas coisas que quando mais jovem eram apenas incógnitas e lamúrias de um velho com cicatrizes, eu entendi coisas banais como as suas estratégias no shogi, e coisas complexas como o amor. Entendi o porquê de você amar tanto a mamãe, mesmo ela sendo daquele jeito, é irônico eu que tanto te criticava por seu gosto por mulheres apenas o entender após sua morte, e talvez o entender em tal ponto que hoje faz três meses que estou casado com uma mulher no mínimo quatro vezes mais Yoshino Nara que a própria Yoshino Nara. É um pouco irônico que eu demorei tanto a entender que não se escolhe por quem se apaixona, e que por trás de uma personalidade difícil tem uma pessoa fantástica. Ah pai, tem tanta coisa que eu queria te falar, coisas que eu queria compartilhar com você, queria ver você no meu casamento, queria ter o senhor comigo, do mesmo jeito que o senhor esteve quando eu mais precisei, quando eu não sabia o que fazer após perder o Asuma sensei, quando eu precisei de alguém pra me ajudar a treinar, o senhor foi um pai invejável, dói saber que não vou mais vê-lo, e que não tenho mais o seu ombro pra chorar em momentos de dificuldade... ". Shikamaru não conseguia mais fitar o espelho, se ficasse mais um pouco iria derrubar todas as lágrimas que insistia em segurar - Droga! Oque tá acontecendo comigo hoje? - Fez esta pergunta em alto e bom som, como se estivesse falando com alguém, quando estava saindo do banheiro escutou uma voz

       - Shikamaru? - O moreno gelou, conhecia muito bem aquela voz

           - Te-Temari!? O-oque você tá fazendo aqui? - Shimamaru fitou a bela loira sua frente, enquanto tentava inutilmente limpar algumas lágrimas que escorriam de sua face. Tentando desviar o seu olhar do da loira, ele percebe que as roupas dela estavam um pouco molhadas, o que indicava que ela tinha acabado de chegar da rua

       - Eu moro aqui sua anta - Ela disse com um tom de sarcasmo, logo substituído pelo de preocupação - Você estava chorando?

      - C-claro que não baka, po-por eu.. - Ela arqueou a sombrancelha, Shimamaru era inteligente muito mais que o suficiente pra saber que mentir para Temari não adiantaria nada, então ele respirou fundo e fitou os belos e profundos olhos esmeraldinos de sua amada - Eu.. estava pensando em tudo que perdi nesses anos... algumas pessoas que eu tanto amava... meu mestre.... meu pai... amigos.. - ele desviou o olhar, era um gesto inconsciente do jovem Nara, ou mesmo um costume dele. Após alguns segundos de silêncio, Temari o abraçou forte, o moreno foi pego de surpresa, mas logo retribuiu o gesto, era um abraço quente, mesmo que a loira estivesse um pouco molhada pela chuva, o abraço continuou, Temari era para ele um misto de emoções, e naquele momento tinha os que ele mais necessitava, tranquilidade e compaixão, ela o entendia e sabia o que ele mais precisava no momento, eram traços dela que o lembravam de seu falecido pai, Shikamaru não queria se separar de sua esposa, mas o fez quando escutou a voz baixa dela falando com ele

         - Seu idiota.. - Ele encarou as profundas orbes esmeralda de sua esposa - Não ligue para o que você perdeu.. mas sim para o que você tem agora.. - A loira pegou a mão esquerda de seu esposo, e lentamente colocou por cima de seu ventre, e um pouco corada disse com um sorriso belo que ele jamais esqueceria - E principalmente.. o que você vai ter no futuro... papai Shikamaru - O moreno entendeu de cara o que aquilo sigificava, mas estava perplexo demais para falar algo, sem saber o oque dizer naquele momento, decidiu fazer tudo o que queria dizer em um gesto, com a mão livre que lhe restara, ele pegou queixo de Temari e a beijou. Naquele momento ele não se importava em chorar, mesmo se tentasse segurar não iria conseguir, pois aquelas lágrimas não eram de tristeza por momentos angustiantes do passado, mas sim uma felicidade de um futuro que há de ser escrito, com o passar dos segundos Shikamaru foi obrigado a separar os seus lábios do da sua amada pela falta de ar, e após recuperar um pouco do mesmo ele diz com um grande sorriso em meio às lágrimas e ao turbilhão de emoções

             - Eu te amo Temari - uma das mãos dele ainda estavam sobre o ventre da sua esposa, e novamente ele desliza sua mão de leve sobre o mesmo - Amo vocês dois

              - A gente também te ama seu baka.. 

 

 

Naquele dia de memórias tristes, a chuva teria um novo significado para Shikamaru, não seria mais em um dia chuvoso aonde ele chorou lembrando da morte de pessoas que ele amava, mas seria a partir dali um dia chuvoso aonde chorou ao receber da mulher que ama a melhor notícia de sua vida, naquela tarde chuvosa a jovem família Nara comemorava a vinda de um novo membro, e abriam uma página para um grandioso futuro a ser escrito.  

 

 

 

 

 

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.

Ambos existem; cada um como é.

Fernando Pessoa


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
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Abraços!



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