Waves escrita por Charles Gabriel


Capítulo 6
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vão? Dedico esse capítulo a Gabi Mellark, que deixou comentários fofíssimos. Obrigado pelo incentivo, de coração mesmo.
Boa leitura.



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Gale estacionou o veículo utilitário desportivo no estacionamento escolar. Sabia que a filha logo mais chegaria, não costumava se atrasar – ainda mais aos sábados. Decidiu ligar na rádio KKCI, era uma de suas favoritas desde a época da adolescência. Foi nessa época onde conheceu Johanna.

Naquele tempo, estava no último ano do ensino médio. Via os colegas de sala animados, pois sabiam qual rumo tomar e sentia-se frustrado consigo mesmo, afinal, não se encontrava.

― Ei, cara, não ’tá a fim de ir pra cafeteria que abriu aqui em frente à escola? – Caesar, um colega da qual nunca havia sequer conversado, lhe chamou a atenção no fim da última aula, quando estava pra sair da sala.

― Acho melhor não, tenho que ir pra casa e...

― A sala toda vai. Tem certeza que não quer ir? – Flickerman interrompeu, erguendo a sobrancelha em descrença. Gale mordeu o lábio inferior com força. Não gostava muito de reuniões, muito menos com os colegas de sala. ― Vamos, vai ser legal!

― Tudo bem, eu vou – Aceitou contrariado. Não ficaria por muito tempo, provavelmente pediria um capuccino e logo iria embora. Ouviu murmúrios de felicidade, porém, não se importou.

Cara, que bom que você aceitou. Eu ia detestar ficar sozinho com essa gente – Claudius Templesmith surgiu de supetão ao lado do melhor amigo.

― Dá pra parar de me assustar assim? Onde você estava? – Questionou Gale, enquanto andava pelos corredores.

― Eu estava comendo os sanduíches de atum da cantina. Aquilo é dos deuses – sussurrou, passando a mão pelo cabelo cacheado.

― Você ficou na cantina a manhã toda? – O moreno franziu os lábios.

― Tá, tá, admito. Eu perdi a hora – Levantou os braços em rendição.

― Perdeu uma prova, camarada – Cantarolou, enquanto saía da escola – inclusive, Clau, o que é isso no seu cabelo?

Os cabelos loiros caíam como cascatas pelos ombros e encontravam-se com as pontas rosadas.

― Prova? Ai, papai, me ferrei. E não há nada no meu cabelo, de onde tirou essa? E, cacete, você anda muito rápido. Eu tenho só um metro e sessenta, sabia? Dá pra me esperar?

― Nada? – Riu – As pontas do seu cabelo estão rosadas, o que você fez?

Rosad... – O rosto do rapaz contorceu-se em raiva – Filha da mãe, Cressida não tinha esse direito. Ela me paga.

― Você já foi nessa nova cafeteria? – Gale ignorou totalmente as lamentações do melhor amigo, observando os colegas adentrarem o estabelecimento.

Cara, eu vim aqui logo que inaugurou com Cressida e tem uma garçonete muito gata. Decidi que essa é minha cafeteria favorita.

― Sua irmã? Numa cafeteria? – Zombou – Que tipo de piada é essa?

― Sei lá, também não entendi. Acho que a fase não-consumista já passou. – Claudius deu de ombros abrindo a porta de vidro – Ai, papai, já está lotada.

― Então, vamos embora – Gale, que estava logo atrás, puxou com força o rapaz para fora do estabelecimento. Sentiu algo gelado em suas costas, porém, não se importou.

― Muito obrigada, seu infeliz! – Uma voz feminina murmurou com raiva – Você derrubou meu copo com água.

Gale virou-se surpreso. Olhos esverdeados o observavam com ódio.

― Eu sinto muito, eu...

― Sente muito? Vá se fo...

― Ei, ei, isso aqui é um lugar de respeito – Claudius murmurou – nada de palavrões.

A garota colocou as mãos na cintura.

― Não me interessa, anão de jardim. Estou falando com seu amigo, não com você.

Ai, papai, magoou...

― E daí que magoou? – Levantou a sobrancelha – Eu quero meu copo com água.

― Eu posso te pagar alguma coisa da cafeteria, se quiser, como forma de desculpas – Gale tentou argumentar.

― Não quero nada além da minha água gelada – cruzou os braços.

― Na cafeteria vendem água, sabia? – Templesmith reforçou.

― Tudo bem, garotão! Vou aceitar suas desculpas se me pagar água, capuccino e um donut— Sorriu, entrando no estabelecimento.

― Pra quem não queria nada... – O loiro falou, estufando o peito.

Foi assim que se conheceram. A partir disso, passaram a aproximar-se cada vez mais. Johanna, Gale e Claudius, eram um trio infalível – mesmo que a garota fosse mais velha, nada poderia aplacar a amizade que ambos tinham.

― Vamos pular A Ameaça Fantasma— Claudius grunhiu, enquanto comia o alcaçuz – aí podemos ver os episódios quatro e cinco e usamos o dois e o três como flashback.

― Mas assim perdemos o Jar Jar e as audiências no senado – Gale exasperou-se – Além de perdermos o Palpatine expulsando o Chanceler Valorum.

― Ah, mas isso aí já vimos um milhão de vezes. Eu quero ver a cena da Cantina.

― Mas isso também já vimos um milhão de vezes – Balançou a cabeça em descrença.

― Já que vimos tantas vezes assim, que tal irmos pra corrida que Caesar nos chamou?

Clau, é o May The Fourth, todos os anos nesse dia, assistimos os filmes de Star Wars.

― Tá, mas é que... Sei lá, Gale, eu já não acho tão legal assim – Claudius suspirou, levantando-se e caminhando até a porta.

― Como assim?

― Eu só não quero continuar sendo um zero a esquerda pro resto da vida – Falou cansado.

― Você não é um zero a esquerda, Clau. Nunca foi, nunca será.

― Eu ’tô cansado, Gale. Cansado de viver assim. Enquanto nossos colegas se divertem, pegam as meninas mais bonitas do colégio, estamos aqui, vendo filmes que já assistimos tantas e tantas vezes desde a infância – Suspirou, abrindo a porta.

― Onde você vai? – Gale perguntou.

― Pra corrida. Eu não quero continuar sendo esse garoto pro resto da vida – Fechou a porta com força.

Pela primeira vez na vida, Gale sentiu-se sozinho e com o coração apertado. Naquela noite, Claudius Templesmith, Caesar Flickerman e outros dois garotos morreram num acidente de carro fatal, enquanto Gale chorava junto ao mar. As ondas pareciam beijar a praia, como se estivessem acalentando o rapaz.

― Gale, não é culpa sua – Johanna sussurrava, os cabelos castanhos grudavam no rosto molhado pelas lágrimas – Não tinha como você saber.

A lua de prata reluzia o céu e o brilho das estrelas se juntavam ao mar, o rapaz tinha certeza que estava sonhando. A noite era linda, a voz da garota era suave e tudo parecia estar desmoronando. Foi quando um beijo aconteceu, naquela noite em meio ao mar e a dor.

― Oi, papai! – Katniss murmurou, abrindo a porta do carro, tirando o homem de suas lembranças.

― Oi, minha princesa – Gale sorriu, observando a garota atentamente. As bochechas rosadas. Os olhos inchados. Ela com certeza havia chorado – Aconteceu alguma coisa?

― Aconteceu sim – sussurrou com a voz embargada.

― Quer me contar o que aconteceu?

― Agora não – Fungou.

­ ― Sabe que sempre estarei aqui, caso queira conversar.

― Sei sim, papai, obrigada – sorriu de forma gentil, após colocar o cinto.

Gale deu um beijo na testa da filha antes de dar a partida e sair do estacionamento. Sabia que a adolescência poderia não ser uma das melhores, ainda mais para quem sentia muito, porém, tinha certeza que apesar de tanta confusão, Katniss encontraria alguém que enfrentaria o mundo ao lado dela – assim como Johanna enfrentou ao lado dele.


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