Reflexão escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
Único




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− Pell – O nome antes tão amado sai entrecortado de seus lábios, como se a boca estivesse preenchida com areia e calcário. – Eu ainda não posso aceitar a sua morte. Ainda não. Eu não posso derramar uma única lágrima. Por que será? Pell...

A angústia pesa a cada palavra, como o coração no peito. Parece feito de chumbo. E cada respiração parece tirar uma fagulha a mais de sua sanidade.

O túmulo está ali. É o mais belo túmulo que Chaka já viu. Talhado em mármore branco, com todas as honras que somente nobres e reis deveriam possuir. Mas ele merecia tudo isso, não é? Merecia tudo isso e muito mais, conclui Chaka enquanto toca a peça gélida de alabastro. No topo, reluz a figura de uma ave altiva e corajosa, a representação mais fidedigna de Pell.

 Mas há algo errado. Há algo extremamente errado, conclui Chaka. Ele não sente muito pela morte de Pell, porque simplesmente não pode aceitá-la. Não sente muito, porque ele deve estar vivo, porque não pode estar morto. Não pode. Se... se Pell estivesse morto, Chaka saberia. Ele sentiria o vazio tomar conta de seu peito, ouviria a voz dele despedir-se uma última vez. Ele... ele saberia.

Mesmo que seja improvável – quase impossível, na verdade – que esteja vivo, Chaka sabe que ele não está morto. Se o perguntassem como sabia, não saberia responder. Simplesmente sabia e pronto.

Como um sentido de cachorro, Chaka – Pell diria a ele. E depois o ambiente seria preenchido com seu riso.

Seus olhos se encontram com o céu. O céu que Pell tanto amava sobrevoar, o céu que ganhara tantas vezes para invadir seu quarto no meio da noite para que cometessem atrocidades, insânias que nenhum ser humano deveria cometer. Para que sentissem os lábios um do outro, seus toques, o calor dos corpos unidos. Para que juntos alcançassem o ápice, subissem ao paraíso e descessem novamente para a Terra, onde retornavam para suas vidas, devotos ao rei e ao palácio. Chaka tinha a impressão de que se olhasse por mais algum tempo, o veria cortar o ar com sua elegância, sempre sorrindo através dos olhos afiados e cheios de argúcia. Não viu.

Não seria naquele dia, pensou. Viu o sol desaparecer no horizonte e concluiu que era hora de retornar ao palácio para ver se a princesa ou o rei precisavam de seus serviços, mesmo que estes tivessem insistido para que descansasse. Provavelmente sabiam o quanto ele sentia a ausência de Pell, mesmo que não comentassem nada. Não importava, afinal.

− Até logo, Pell. – murmurou para o túmulo, caminhando na direção do palácio novamente.

− Até logo. – O sussurro de uma voz conhecida foi trazida pelo vento, e o locutor aproximou-se da construção tão bela; uma obra de arte. – Meu túmulo...

Acariciou a pedra devagar e olhou na direção do horizonte. Se Chaka tivesse olhado para trás uma única vez, veria que estava certo.


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Notas finais do capítulo

Essa fic foi feita em meados de 2010, quando eu tava em uma febre insana de apenas ler One Piece e existir para One Piece. Eu dei uma revisada, mas continua sendo antiga. Passada que Chaka e Pell não existem no fandom. Vou pedir e vou pedir já!

Se tiver alguém lendo, comentários são aceitos!



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