Pescador escrita por Magical BananA
Notas iniciais do capítulo
Oi, queridos!! Pode estar um tiquinho confuso, não sei? Eu segui a música Pescador, mas eu peguei num lado muito mais figurado, então provavelmente vai estar meio nada a ver mesmo JFAKDHSSCJ
BOA LEITURA! ♥ ♥
(Feliz aniversário atrasado, Lanis meu bem.
P.S.: Mari amoreco, o seu vai sair também, não se sinta excluída ou esquecida por favor!!!)
Tudo começava pontualmente, como o caroço de uma semente que crescia em seu próprio ritmo. Num primeiro instante, nada parecia acontecer e isso bastava; mas então, como um chiado sibilado, seu peito se encolhia desesperadamente e vibrava um piche, escuro e pesado, que tomava suas veias.
Seria a dita melancolia, como os gregos acreditavam. Ela começava no coração, espalhava-se para os pulmões e alcançava a ponta dos dedos, depois de prosseguir para o resto do corpo. Um sentimento pesado, impactante, certamente depreciativo, que lhe pesava o corpo e a alma e deixava uma trilha destruidora por onde passasse – uma acidez gosmenta em sua garganta, uma ritmada dor de cabeça, um peso tremendo em seu corpo, um canto vazio e tomado pelo nada no lugar do que chamava de peito.
E era nessa tremedeira esporádica, o mal-estar gradativo, que ele vivia sua vida, como um ir e vir das ondas do mar. O dito oceano era escuro e profundo, temoroso e terrível, um par de pesadelos nadadores que se alastravam com cada passo que dava, encharcando o chão com marcas de pegadas tomadas pelo oco do ser.
Talvez porque ele estivesse acostumado com essa tristeza absoluta sendo sua mais antiga companheira, ele também se habituara a ir ao seu maldito mar sentimental que surgira das noites em claro banhadas em solidão. Tomava seu tempo, afastava-se, recluía-se num barco (branco, para se purificar) e ia chorar em meio às gotas salgadas, porque apenas então suas lágrimas eram pequenas pérolas que desciam até o abismo e lá ficavam, no canto mais escuro e remoto que poderia imaginar de sua mente.
Mas nada é eterno, muito menos perfeito.
Se água fosse seu estado emocional, aquela tempestade representava quão perturbado estava naquele momento. O mar, como um abraço terno e abissal, cantava com as gotas da chuva que o beijavam tão carinhosamente, numa valsa ritmada de malemolência e beleza. O cinza do céu sempre tão azul, e o verde escuro do mar incontrolável, tudo era muito pleno para não se apaixonar.
Se piche fosse a tal melancolia que permeava seu corpo no lugar de sangue, estaria explicado então, porque seu barco de estabilidade virou-se com a turbulência e ele afogou, miserável: piche era mais denso que a água. Seu corpo era mais denso que todas as lágrimas que formaram aquele mar.
Sua vida deitou-se ao lado das pérolas que um dia derramou, e enterrou-se ali.
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Ta-dã!! É assim que a vida segue. O final ficou super aberto, então vocês quem decidem se ele se matou ou se foi só sentimental mesmo, ou outra coisa.
Obrigada para quem leu!!