Estavam sentados na mesa de jantar, comendo algo sem gosto enquanto Jerry chorava como uma criança por não ter mais emprego.

— Olhe pelo lado bom, — Summer falou sem desviar o olhar de sua refeição — pelo menos não temos mais que conviver com seres gosmentos que não falam nossa língua.

Beth riu de canto, tentando não piorar a situação do marido.

— Tanto faz, vou ir deitar — Cessou o choro, indo para seu quarto após recolher seu prato.

Quando o mais velho já não estava mais presente, Morty colocou pra fora algo que estava entalado em sua garganta.

— V-vocês acham que Rick tem algo a ver c-com isso? — gaguejou como sempre.

Summer deu a entender que falaria algo, mas sua mãe a cortou.

— O nosso Rick morreu, Morty. Não vamos nos iludir novamente com falsas esperanças.

Os irmãos sabiam como tocar no assunto machucava sua mãe, que sentia grande falta do cientista. Já faziam sete meses que o avô tinha se entregado, e desde então não sabiam de seu estado. Se estava preso, fugindo ou mesmo morto. A partir de lá não tinham mais entrado na garagem, por não quererem lidar com as lembranças que aquele lugar trazia.

— Mesmo se ele estiver morto, algum outro Rick pode estar relacionado a isso. Se for o caso, temos que tomar cuidado, pois a federação intergalática pode vir atrás de os demais Rick’s e suas famílias — A irmã alertou, franzindo o cenho, pensando em todas as possibilidades que teria levado os aliens a saírem do planeta.

— Não se preocupem, todos da Federação estão mortos.

Os três se viraram de supetão para a sala de estar, de onde a voz tinha vindo.

E lá estava ele, sentando no chão da sala enquanto se apoiava com o braço direito no sofá, com um portal aberto atrás de si.

Beth e o mais novo arregalaram os olhos, enquanto Summer agia naturalmente, como se nada estivesse acontecendo.

— RICK?

— Hey, Morty — tossiu — Desculpem chegar do nada e sem explicações, prometo esclarecer todas as dúvidas depois, mas antes, será que dá pra me ajudar?

Só então caiu a ficha que ele estava coberto de sangue e com dificuldades para se levantar. Ele e sua mãe se ergueram de onde estavam e foram em sua direção, enquanto a irmã mais velha subia as escadas para pegar curativos a pedido da mãe.

O moreno não sabia como ajudar o outro a levantar, pois estava todo machucado. Tinha medo de só piorar os ferimentos. Até que Beth o mandou continuar onde estava, para tratarem dos machucados ali mesmo, no chão. Subiu as escadas para ajudar Summer, deixando o filho responsável por vigiar o cientista.

— Mas o que aconteceu?? — Morty perguntou, desnorteado.

— Não é óbvio? Eu destruí a Federação e fugi da prisão. Acabei me machucando no processo. Simples. — Seu jeito direto de ser pelo jeito estava inabalado.

— Achei que estava m-morto!

— Achou errado, agora foca em me ajudar, por que não sobrevivi a centenas de guardas armados pra morrer na sal--

Rick parou de falar quando Morty começou a chorar. O neto tinha sentido muito sua falta e luto por ter perdido seu avô e até então, único e melhor amigo.

— Puta que pariu, Morty, eu estou vivo, para de agir como uma criança emotiva! — O abraçou, mesmo sentindo seu corpo protestar contra o movimento.

— P-por favor, nunca mais suma desse j-jeito. — O menor retribuiu o abraço inesperado.

— Olha, eu sei que você ficou mal com a minha partida, e sua mãe também, mas foi para o bem de vocês, ok? — começou — Prometo que não vou mais sumir, se prometer que vai parar de chorar.

Conseguiu arrancar um sorriso fraco do menor, que começou a enxugar as lágrimas.

Morty se sentiu feliz novamente.

Rick tinha voltado para eles. Isso bastava.