Fogo e Gelo escrita por Moon


Capítulo 1
Os opostos se atraem.


Notas iniciais do capítulo

Barry Allen e Caitlin Snow são a prova de que aquela afirmação de que os opostos se atraem é realidade não só na física, mas na vida.



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Barry Allen. Ele era o fogo. Rápido, fugaz. Sua energia incendiava por onde quer que ele passasse. Sua esperança e positividade irradiavam mesmo nos momentos mais sombrios. Barry queimava por dentro.

Caitlin Snow. Ela era o gelo. Gélida, impassível. Sua frieza glacial era o que encobria suas cicatrizes e feridas. Seu realismo e ceticismo eram cortantes, ela não podia se dar ao luxo de ter esperança. Caitlin guardava uma nevasca no peito.

Caitlin e Barry tinham tanto em comum e conseguiam ser perfeitamente opostos ao mesmo tempo. Eles eram amigos a muito tempo e desde que se conheceram nunca mais deixaram de estar um na vida do outro.

Suas vidas. Turbilhões de capacidades improváveis, responsabilidades irremediáveis e dedicação completa ao trabalho. Isso é o que tinham em comum. Ambos tinham poderes que poderiam parecer impossíveis para a maioria das pessoas, ambos cientistas comprometidos com a cidade e com a equipe e ambos se dedicavam completamente ao trabalho, chegando cedo e saindo tarde repetidas vezes.

No resto, eram opostos.

Os poderem de Barry eram conhecidos, controlados e serviam para ajudar a manter a cidade protegida. Os poderes de Caitlin eram misteriosos, incontroláveis e quase sempre colocavam os outros em perigo. Mas suas vidas pessoais eram justamente o contrário. Enquanto Barry tinha um longo, interminável e instável romance com Iris, Caitlin mantinha-se racional e inabalável desde a morte do seu marido, Ronnie.

Mais um dia havia se encerrado. Já havia passado várias horas do horário que eles estavam liberados de suas obrigações. Era tarde da noite e ambos estavam trabalhando.

Isso significava que Barry estava solteiro. Outra vez. Caitlin já havia desistido de acompanhar o relacionamento conturbado do amigo. Já havia perdido a conta de quantas vezes ele e Iris haviam terminado e reconciliado. Términos de namoro, de noivado e até divórcio. Mas eles sempre acabavam nos braços um do outro. Ela não entendia. Um amor assim não fazia sentido para ela.

— Tenham vidas! – Cisco surgiu no laboratório.

Ele já tinha ido embora horas atrás. Voltou apenas para buscar o celular que ele tinha esquecido no balcão central.

— O que é que vocês ainda estão fazendo aqui? – Ele perguntou pegando o celular e guardando no bolso.

— Trabalhando. – Barry e Caitlin responderam em uníssono.

Cisco revirou os olhos saindo do laboratório.

— Vocês deveriam ao menos se alimentar. – Ele disse, apenas a cabeça aparecendo e saiu apressado.

Caitlin sorriu de lado. Cisco sempre trazia um sorriso para a melhor amiga, mesmo quando estava querendo ofendê-la. Pegou o celular que vibrou para ver a mensagem que ele havia enviado.

Eu estou falando sério. Vão comer! — Ela leu e notou Barry encarando o celular com riso bobo e concluiu que ele havia recebido a mesma mensagem.

— Você está com fome? – Barry perguntou.

— Para ser sincera. – Suspirou encarando a hora. – Não. Mas nós estamos aqui a tantas horas que meu cérebro provavelmente não sabe mais o que é comida.

— Quer pedir alguma coisa? – Ele perguntou olhando a hora para pensar em quais restaurantes que fazer entrega estariam abertos naquele horário.

— Claro. – Ela concordou e buscou pela bolsa. – Eu acho que a lanchonete da rua do Jitters deve estar aberta ainda. Tenho o telefone em algum lugar aqui.

Antes que ela colocasse a mão dentro da bolsa sentiu a lufada de ar balançar os cabelos e sabia que o amigo não estava mais lá. Voltou a encarar a fórmula que tentava decifrar para sintetizar um medicamento que ela havia pensado e estava projetando para ter acesso a seus poderes sem ter de se transformar em Nevasca.

Alguns minutos depois, sem nenhum avanço no trabalho, seus cabelos voaram novamente, agora com a chegada de Barry que tinha um sorriso bobo no rosto. Ele adorava correr. E ver a bagunça que causava, nos papeis e principalmente no penteado de Caitlin.

— Hambúrguer com duas carnes, molho cheddar, sem cebola. Batatas fritas, poção média. Ketchup. Coca-cola. – Ele disse narrando o pedido do lanche favorito da amiga. – E três desses para mim, um com cheddar, outro com maionese e o último com barbecue.

Ele colocou os lanches na mesa dela, sem pedir licença e puxou uma cadeira para sentar de frente para ela. Ela adorava como no mundo de Barry não havia licença, não havia espaço pessoal, e riu com esse pensamento. A doutora Snow fechou o notebook e guardou em sua pasta com o resto dos papeis que estavam em sua mesa, deixando-a vazia para que fizessem sua refeição.

— Estava trabalhando em que? – Ele perguntou dando uma grande mordida no primeiro sanduiche.

— Papelada atrasada. – Ela mentiu e começou a comer.

Ele apenas assentiu e mudou de assunto. Falaram sobre o último metahumano que a equipe havia rastreado e capturado. Esse havia sido particularmente difícil. Ele tinha capacidade de alterar suas moléculas de modo a tornar-se imperceptível. Apenas descobriram que existia porque encontraram uma lista de metahumanos ligados a Ametista, seus comparsas.

Haviam alguns ainda que eles não haviam encontrado. Isso estava causando grande tensão na equipe que trabalhava para capturar esses vilões.

— Iris quer algumas informações sobre esses metahumanos para alguma matéria que ela está escrevendo. Eu até disse algumas coisas, mas acho que você sabe mais. Talvez devesse falar com ela. – Barry comentou, agora indo para o segundo sanduíche enquanto Caitlin estava na metade do dela.

— O que aconteceu dessa vez? – Caitlin perguntou sem rodeios. Ela nunca fazia muita fita para perguntar algo, ela simplesmente perguntava, não gostava de complicar as coisas.

— A realidade. – Ele a encarou. – A gente fica se segurando um ao outro numa tentativa de encontrar o “felizes para sempre” que o destino nos prometeu sem querer aceitar que não vamos encontrar um no outro.

— Você está dizendo que dessa vez é definitivo? – A doutora sentira certo alivio com a ideia, mas não sabia ao certo a razão.

— Nós não somos um casal. – Ele disse quase como uma declaração. – Não mais. E nem nos amamos como tal.

Ele não aprecia triste. Estava calmo. Sabia que estava dizendo a verdade e não estava triste com ela.

— Nós somos amigos agora. – Ele disse.

— E ela concorda com isso? – Caitlin questionou imaginando a amiga entrando e fazendo uma declaração que faria com que Barry mudasse de ideia.

— Concorda. – Ele disse rindo da pergunta. – Eu sei que ninguém acredita que realmente terminamos, depois de todas as idas e vindas do nosso relacionamento. Mas dessa vez não foi um término, foi uma conclusão. A conclusão de uma história que já deu tudo o que tinha que dar.

Snow encarou a mesa, brincando com as batatas sem saber o que dizer. E principalmente, sem saber o que sentir.

— Já vai fazer um mês. – Barry quebrou o silencio que se instalou.

— O que?

— Que eu e Iris chegamos a essa conclusão. – Ele respondeu.

— Eu não entendo. – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

Ele não pareceu se importar com a falta de resposta. Continuaram comendo. Agora em silêncio. Mas não era estranho, constrangedor ou desconfortável. Eles faziam isso sempre. Apreciavam a companhia do outro em completo silencio. Eles não precisavam de palavras. Eles não sabiam usá-las.

Terminaram sua refeição alguns minutos depois.

— Já é tarde. – Ela constatou depois de olhar a hora no celular ignorando a notificação de mensagem que não queria responder.

— Quem é? – Ele perguntou sem disfarçar que estava olhando.

— Primo do Ronnie. – Respondeu e riu sem humor. – A mãe dele decidiu que quer me conhecer. Um pouco tarde.

— Você nunca conheceu a mãe do Ronnie? – Ele perguntou e ela fez que não com a cabeça encarando o celular.

— Ela não me aprovava. – Respondeu.

— Como alguém poderia não aprovar você? Qual é? – Barry riu incrédulo. – Você é perfeita!

Allen apenas percebeu o que tinha dito quando as palavras deixaram sua boca sem antes serem filtradas.

Caitlin exalou sem reação. Uma pequena chama acendeu dentro dela. Seu peito queimava, seu estômago ardia, seus pulmões exasperados sem conseguirem ar suficiente para dissipar a fumaça daqueles sentimentos por tanto tempo escondidos.

Barry congelou. Sentiu o frio na barriga esperando por alguma reação, o frio se espalhou pelo seu corpo e podia jurar que estava tremendo. Suspirou aliviado quando ela sorriu para ele, e sentiu seu peito congelar. Ele não ficaria triste de o mundo parasse enquanto ele encarava aquele sorriso.

— As pessoas vêm o que querem ver. – Ela respondeu. – E ela me via como alguém que não era boa o suficiente para seu filho.

— E eu não vi o que esteve sempre bem aqui na minha frente. – Barry estava mais impulsivo que o normal.

Talvez aqueles sentimentos reprimidos não aguentassem mais ficar guardados.

Caitlin o encarou procurando uma resposta para uma pergunta que ela não conseguia formular. Por um instante o mundo parou enquanto eles se olhavam. Olhares fixos, vidrados, bocas entreabertas na vontade de falar algo que estava por muito tempo guardado. Caitlin balançou a cabeça tentando reestabelecer sua armadura de gelo. Suspirou desviando o olhar.

— Boa noite, Barry! – Ela se despediu apressada pegando suas coisas e saindo.

E ele que sempre era tão rápido, ficou inerte, petrificado. Nem ao menos respondeu quando ela disse tchau saindo do laboratório. Sentou tentando assimilar o que acabara de acontecer. Colocou a cabeça nas mãos e se amaldiçoou por todo o tempo perdido e por toda a falta de coragem. O tempo parecia não passar.

Seu celular tocou, tirando-lhe do transe em que estava. Atendeu sem olhar quem era e se surpreendeu ao escutar a voz de Caitlin chamando seu nome. Sem dizer nada correu até o apartamento dela. Em um segundo estava tocando seu interfone.

— O que você vê agora? – Ela perguntou assim que o viu.

Ela ainda usava a mesma roupa. Saia lápis preta, blusa branca e salto fino preto.

Ele não se deu ao trabalho de responder sua pergunta, deu um passo entrando em seu apartamento. Tocou seu rosto e sorriu, ela o olhou esperando que ele a tomasse de vez. E assim ele o fez.

Colocou seu braço em sua cintura apertando-a contra o próprio corpo, deu mais um passo, dando espaço para fechar a porta atrás de si com o pé. A outra mão que estava em seu rosto a acariciou, o dedão passando lentamente pelos lábios, o pescoço e então repousou em sua nuca. A espera faminta preenchia o silencio.

— Você. – Barry repondeu e a beijou levemente nos lábios. – Eu vejo você, Cait.

Ele aprofundou o beijo. Ela envolveu seus ombros com os braços, uma mão agarrada a sua camisa e a outra bagunçando o cabelo. Ela abriu mais a boca enquanto a língua dele pedia passagem, o beijo tornando-se cada vez mais intenso.

— Nós podemos ir mais devagar se você quiser. – Allen interrompeu mais um beijo e disse a encarando.

— Nós já esperamos tempo demais! – Ela disse e o puxou para mais um beijo.

Barry agarrou sua coxa, levantando a altura do próprio quadril, ela sem precisar de mais para entender, segurou com mais força em seu ombro, levantando a outra perna, entrelaçando-as na cintura dele.

Ele a segurava com um dos braços, enquanto o outro percorria o seu corpo. Ela não pareceu se importar. Sempre gostara do modo como Barry não sabia o que era espaço pessoal e agora não havia nenhum espaço entre seus corpos separados apenas pelas peças de roupa.

Alguns passos mais e Caitlin estava entre Barry e uma parede. Ela mordiscou seu lábio e abriu os primeiros botões da blusa do velocista, que sorriu com os olhos fechados. Seus dedos frios queimavam enquanto tateava seu peitoral agora nu. O apaixonado por velocidade queria demorar o máximo, se prolongando em cada beijo, cada passo, cada carícia.

— Os opostos realmente se atraem, doutora Snow. – Ele disse

— Fogo e gelo nunca foram tão semelhantes, senhor Allen!


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Notas finais do capítulo

Com amor,
Moon.



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