Flor do deserto escrita por Mrs Sociopath


Capítulo 17
Capítulo 16- Acusação e fragilidade.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que atrasei um pouquinho para colocar. Quero informar que faltam poucos capítulos para eu terminar a fic, e aos poucos vou soltando ela para vocês. Por favor, não deixem de comentar o que acharam e o que esperam. Qualquer duvida podem perguntar.
Bjus e boa leitura.
PS: "Jaban" em árabe significa "covarde".



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Todos na sala voltaram seus olhos para James. O policial ficou pálido e começou a suar frio.

— Eu não sei do que você está falando -disse James, nervoso.

— Deixe eu lhe lembrar então -disse Sherlock, pegando uma pasta de cima da mesa, lendo os arquivos que estavam dentro- aqui diz que foi você, junto com o policial Trevor, socorreram Said e o levaram para o St Bartholomews, correto?

— Sim, ele estava sangrando muito, por isso o levamos o  mais depressa ao hospital.

— Engraçada sua observação… vocês o socorreram perto do Parque Olímpico Rainha Elizabeth, correto? -Sherlock interrogava o policial andando devagar ao redor da mesa, o que deixava o sr James cada vez mais nervoso.

— Sim, mas o que…

— E você não sabia que o hospital mais perto desse lugar era o St Leonard’s? -interrompeu Sherlock- Porque o levou para o St Bartholomews então?

— Eu não…

— Todos nesta sala sabem que o protocolo de emergência diz que a vítima deve ser levada para o hospital mais próximo! -James tentava folgar o colarinho, ele suava como se estivesse numa sauna- Porque vocês levaram ele para o mais longe? seria para que ele não sobrevivesse, por acaso?

— Sherlock! Olhe o nível de suas acusações! - interveio Lestrade- Isso é insano! Porque um dos nossos iria querer a morte de um civil?

— Também estou curioso para saber -disse o detetive, se virando para James.

— Eu…

— Ou quem sabe poderemos chamar Trevor aqui para conversar conosco também. Ah é! Mas fazem três dias que ele não aparece por aqui! Pode confirmar isso pelo sistema Lestrade -disse Holmes, se virando para o inspetor- eu mesmo conferi, por isso demorei para chegar.

Lestrade abriu o notebook na sua frente, e dentro de instantes, ele confirmou a informação, dizendo para todos na mesa:

— É verdade, faz três dias que ele não bate o ponto.

— Muito conveniente, não acham? -nesse ponto, Sherlock estava do outro lado da mesa, de frente para James. O detetive colocou as mão sobre a mesa, se debruçando sobre ela, como se quisesse chegar mais perto do policial. Então James falou, claramente nervoso:

— E daí que levamos ele para outro hospital? Isso não prova nada! Suas acusações são insanas!

— Será mesmo? E se eu disser que você quem fez os disparos contra o jovem, terminando o serviço que outra pessoa começou, e o levou para o hospital mais longe, garantindo que ele não sobreviveria para denunciar você?

Todos estavam boquiabertos, James congelou diante dessa acusação, arregalando os olhos, e respondeu furioso:

— Isso é um absurdo! Com base em quê você diz absurdos como esse? peguem a minha arma! verifiquem as balas, estão todas aí! a última vez que fiz um disparo faz mais de um mês, está catalogado!

— Eu tenho plena certeza que você não é idiota o suficiente para usar a sua arma registrada para fazer esse tipo de serviço...mas claro, nada se compara ao matar uma pessoa estrangulada, o prazer deve ser bem maior, estou certo?

— Não sei do que você está falando! Alguém tire esse idiota da sala! Ele está louco!

— Estou falando do seu tio, do dono do apartamento que Said alugava! -disse Sherlock, tirando a fotografia do bolso, e jogando em cima da mesa. O jovem policial na foto que Holmes pegou do apartamento era James, abraçado com o tio. James estava rubro, seu olhar era uma mistura de indignação e ódio- ele confiava em você, e você se aproveitou disso para matá-lo em seu próprio apartamento, voltando depois para remontar a cena do crime, para parecer um suicídio, confundindo a polícia.

— Sherlock! Já chega! -disse Lestrade- espero que você tenha boas provas para o que está dizendo! São acusações muito sérias!

— Eu tenho...mas não posso mostrá-las agora.

— E porque não?

— Ele ainda não me deu, está com ele -disse, apontando para o policial molhado de suor.

— E o que seriam essas provas? -perguntou Lestrade.

— A arma não registrada que ele tem, e a gravata que faltava no guarda roupa,  que ele usou para estrangular o próprio tio.

— Isso é ridículo! -Disse James, levantando-se da cadeira- Tudo suposições! E daí que o outro hospital era mais perto, ou que faltava uma gravata azul no guarda roupa? Isso não prova nada!

Sherlock e Lestrade se entreolharam, todos na sala ficaram em sinal de alerta, John se levantou, ficando ao lado de Emanuelle, que estava com o seu nível de ansiedade no teto, resultando numa forte dor de estômago. Todos estavam de pé.

— O que foi, todos vocês?- perguntou James, esbaforido. Sherlock deu um sorriso vitorioso de canto de boca, respondendo:

— Eu não disse que a gravata era azul.

James ficou rubro de ódio, parecia que iria explodir, suas mãos tremiam. Sherlock falou para Lestrade, pegar a mochila do policial e abrir, colocando tudo na mesa. O inspetor pegou a bolsa, abriu e espalhou tudo o que tinha em cima da mesa. Havia algumas canetas, alguns papéis dobrados, um caderno, uma camisa branca, comida, documentos e dinheiro, e um pedaço de tecido azul. John o suspendeu da mesa, mostrando a todos. Era a gravata desaparecida.

Todos olhavam para James. O policial começou a rir nervosamente, levando a mão à cabeça, dizendo da forma mais tranquila possível:

— Incrível, incrível...realmente senhor Holmes, a sua reputação é verdadeira. Mas está esquecendo de algo -todos se entreolharam na sala- não vai achar minha arma na bolsa.

Tendo dito isso, o homem puxou uma pistola semiautomática de suas costas, escondida debaixo de seu casaco, apontando para o detetive. Todos na sala ficaram assustados. James gritou “Ninguém sai! Se não meto uma bala na cabeça do amigo gênio de vocês aqui, sentados todos!!” Um por um, os agentes naquela sala sentaram em suas cadeiras, menos John, que estava à direita perto de Sherlock, e Emanuelle um pouco mais atrás, poucos metros à esquerda, ainda de pé. John aproveitou o momento que James desviou o olhar deles para reclamar com outro agente, e rapidamente sacou sua arma que estava escondida na tipóia de seu braço engessado, como Holmes tinha sugerido no táxi. John mirou no policial. Ao ver a arma, James deu um passo para trás, apontando ainda a arma para a cabeça de Holmes, e destravou a arma, soltando palavras de ameaça:

— Mande seu cachorro soltar a arma Holmes! ou coloco uma bala no seu cérebro!

— Tem nove pessoas aqui na sala -disse Holmes, no tom mais frio possível. O detetive permanecia imutável,e seu olhar frio de predador fazia James ficar cada vez mais nervoso- e se meus cálculos estiverem corretos, você só tem cinco balas aí, enquanto que meu amigo aqui tem umas dez, e você vai precisar de mais de uma para me derrubar.

James deu um sorriso sarcástico, comentando em seguida:

— Bom...tem razão...é melhor que eu atire no ponto mais frágil então, digamos...onde o estrago vai ser maior.

John e Sherlock não entenderam, ambos fizeram um semblante duvidoso. James então, rapidamente, desviou a pistola para o espaço à esquerda de Sherlock, disparando duas vezes. John assim que se deu conta do primeiro disparo, abriu fogo também, levando o homem ao chão. O médico olhou para sua esquerda, à procura do detetive, achando-o ajoelhado no chão. Ao lado de Sherlock, estava Emanuelle deitada, com o pescoço vertendo sangue, fazendo o chão ao redor ficar inundado. Sherlock se abaixou, aproximando seu rosto do da jovem tentando mantê-la acordada:

— Emanuelle! Olhe para mim! Fique acordada!

Mas a jovem não respondia, apenas olhava para os olhos cristalinos do Holmes. Emanuelle não saberia dizer se o que ela viu era um delírio de quem estava morrendo, ou se era verdade. Nos olhos frios do detetive, ela viu medo e dor, antes da escuridão tomar sua vista, e ela não ver mais nada. As mãos quentes envolvendo seu rosto, a voz grave que chamava seu nome, foram as últimas coisas que Emanuelle sentiu, antes que o silêncio lhe envolvesse por completo.

***

Era noite. Estava frio na região industrial da Inglaterra, de forma que grande quantidade de fumaça saía pela boca do jovem ofegante. Estava de joelhos e seus braços abertos, presos por cordas. As costas nuas exibia cortes profundos e sangrantes, que se multiplicavam sob o chicote do capataz. Um grito de ordem fez o agressor parar de ferir as costas do rapaz, ecoando por todo o galpão repleto de espectadores. O homem de porte atlético, deu dois passos à frente, se aproximando do rapaz. Em sua mão estava um soco inglês,as pessoas diziam que era sua marca registrada. Se inclinando um pouco para frente, ele disse para o rapaz:

— Eu disse o que aconteceria se você não recuperasse o Pen Drive. E olhe só a confusão que sua incompetência causou! Agradeça à Allah por eu não ter te matado. Espero que esse castigo seja o suficiente para você.

— Sim...pai.

O homem deu sinal com a cabeça, e o jovem foi liberto, caindo no chão, e permaneceu deitado por causa da dor. Ele, brincando com seu soco inglês, se virou para a platéia, falando para todos:

— Meu filho falhou!! Seu castigo foi justo perante Allah!! Sua falha trouxe grandes consequências para todos nós!!

— Allah é justo! Allah é justo! -gritava o grupo em uníssono.

— Mas -disse o homem, fazendo sinal com a mão, para a multidão se calar- é por essas consequências que eu convoquei vocês aqui hoje. O pen drive que era para meu filho ter recuperado, agora está nas mãos da polícia. Logo eles terão acesso a todos os documentos que aquele jaban guardava com ele, inclusive todos nós podemos ser comprometidos! Nosso informante na polícia, o James foi preso. Ele foi desmascarado por um detetive famoso na cidade, e pelo que nossas fontes disseram, ele é que está na frente das investigações. Por isso convoquei todos vocês aqui. Por favor, abram seus envelopes.

Todas as pessoas antes de entrarem receberam um envelope pardo, sendo orientadas a abri-lo somente quando chegasse a hora. Ao abrir, puxaram os papéis que tinha dentro, consistia de algumas fotos, dentre elas estava a foto de Emanuelle, Sherlock e Lestrade com sua equipe. O Líder do grupo tomou a palavra novamente:

— Essa mulher da foto é a médica pra quem o traidor nos entregou, e entregou o pen drive. Ela é a principal testemunha de todo esse processo. Esse homem de preto e cabelos escuros é o detetive que está à frente das investigações. Ao ver qualquer um dos dois na rua…

— Deveremos matá-los na hora? -perguntou uma pessoa, interrompendo o líder, ao que ele fez sinal com a mão, apaziguando os ânimos do público. Então continuou.

— Nós vamos matá-los, mas não agora, não assim. A recuperação desse Pen Drive e a eliminação desse pessoal são a nossa prioridade agora, resolvemos depois a maldita lei do véu. Por enquanto, temos que nos concentrar em recuperar esses documentos.

— O que vai acontecer agora então? Nós mesmos é que temos que recuperá-los? -outra pessoa perguntou.

— Não...os próprios cidadãos dessa maldita cidade é que vão entregá-los para nós -disse o homem, sorrindo maliciosamente, virando-se em seguida para o filho, dizendo para ele- e essa será sua chance de se redimir com Allah, meu filho. Todos escutem com atenção ao que vamos fazer!

Toda o grupo ouvia o plano do líder com atenção. O homem falava, gerando euforia em todos. O plano foi exposto. O grande grupo bradava. Se aquela localidade fosse habitada, os vizinhos pensariam se passar ali uma festa, tal qual era o barulho. Mas nada havia ao redor daquela construção onde todos estavam; somente a escuridão da noite, que escondia colinas verdejantes, e um amplo espaço de campo aberto. Um local perfeito para as operações e reuniões do Hukm Allah, na falida fábrica de fertilizantes, Powerful Fertilizer.

***

Calor. O deserto escaldante resplandecia em suas tonalidades amarelo-alaranjadas. Emanuelle voava sobre ele, como uma águia do deserto. Via os nômades e seus camelos caminhando pelo solo escaldante. O mar de areia ia até o horizonte, o céu estava num estranho azul acinzentado,  como se uma tempestade estivesse se aproximando. De repente todo o céu ficou escuro, e relâmpagos iluminavam o horizonte. De longe, Emanuelle viu um monte rochoso,  e pousou no topo. Um raio caiu bem à sua frente, fazendo ela cair sentada para trás no chão. De trás de um conjunto de pedras, uma sombra preta se movia, o que fez Emanuelle rapidamente levantar-se do chão. Um homem vestido com uma túnica árabe preta, que cobria da cabeça aos pés, saiu de detrás das rochas, e foi em direção à jovem. Emanuelle se afastava em direção à beira do monte, tentando manter distância do homem misterioso. Quando o estranho estava a poucos centímetros dela, ele retirou o pano que cobria seu rosto, revelando um ente conhecido:

— Sherlock? -disse a jovem, ofegante pelo medo- você quase me matou do coração! O que está fazendo aqui? -Mas ele nada respondeu, apenas se aproximou dela, abraçando-a pela cintura, suspendendo-a do chão. Emanuelle com as duas mãos empurrava o tórax dele, tentando manter-se distante de seu rosto - Holmes, o que você está fazendo? Por favor, me solte - dizia, a jovem; mas o homem a apertava mais entre seus braços, à medida que ela pedia. Ele então, começou a andar em direção à beira do monte, carregando a jovem. Emanuelle nesse ponto se debatia entre os braços dele -Me solte!! você enlouqueceu?! Vamos cair!- Sherlock estava à beira do penhasco, se desse mais um passo, ou dois cairiam. Emanuelle, numa atitude de desespero, arranhou o rosto do homem. Mas o que saiu não foi sangue, e sim areia, como se algo estivesse por baixo da pele do Holmes. O homem então segurou a jovem com um dos braços, e com a outra mão, puxou sua pele na altura do pescoço, puxando-a para cima, como se retirasse uma máscara. O rosto por debaixo da face do detetive, era um homem sem olhos, nariz, ou boca com vários escritos “Hukm Allah” em árabe pela face...o mesmo homem que Emanuelle viu eu seu sonho. A doutora arregalou os olhos, gritando com toda as suas forças e se debatia, mas o homem não a largava. Então, segurando um dos braços da jovem, o homem aproximou o rosto do dela, e disse com a voz de Said, quando estava morrendo: “não confie em ninguém”. Então a jogou do monte. Emanuelle nadava no ar, buscando qualquer superfície para se agarrar, qualquer coisa, mas não havia nada. Via apenas o monte de areia se aproximando cada vez mais rápido, quando enfim, caiu sobre ele, e sua vista escureceu.

Ela esperava sentir o calor da areia, mas o que sentiu foi frio e dor. A escuridão dava lugar à alguns discretos feixes de luz. Abriu lentamente seus olhos, sua vista estava um pouco embaçada. Viu que estava num quarto branco, uma janela aberta, com persianas recolhidas, iluminava o ambiente. Demorou um pouco para ela perceber que estava num quarto do St Bart’s. Tentou se mexer, mas sentiu uma forte dor no pescoço e no ombro. Tentou tocar na fonte da dor, mas uma moça loira apareceu, segurando gentilmente sua mão, não deixando ela pegar no curativo. Era Mary.

— Tudo bem querida, está tudo bem. Não mexa aí certo? Você vai ficar melhor.

— Mary…-falou Emanuelle, num sussurro.

— Bem vinda de volta. Você deixou todos nós muito preocupados.

— O que foi que houve? Quanto tempo eu dormi? -disse a jovem, tentando se sentar, mas uma tontura forte a obrigou a deitar de novo.

— Não forçe, fique deitada. Você levou dois tiros que atingiram a lateral do seu pescoço. Você perdeu muito sangue, dormiu por três dias. Quase que você nos deixa.

A doutora apalpou o curativo no pescoço, e em seguida falou:

— John e Sherlock...Eles estavam na sala comigo...Eles estão bem?

— Sim, sim, estão. John atirou no policial, mas não o matou. Foi o suficiente para que a polícia o prendesse. O Sherlock me mandou uma foto e pediu para que assim que você acordasse, eu lhe mostrasse.

Mary abriu a imagem no celular, mostrando para a jovem. Era a foto do lábio interno da boca do policial James. Lá estava a mesma tatuagem achada em Said, no mesmo local.

— Nossa, então ele era um deles -comentou Emanuelle, entregando o celular para Mary.

— Pois é, surpreendeu à todos, menos ao Sherlock, pelo que John me contou.

— E onde eles estão?

— Foram atrás de novas informações, uma moça que pode ajudar a esclarecer o que aconteceu com o jovem que você atendeu, pelo menos…- A sra Watson foi interrompida pelo seu celular que tocou, ao que ela atendeu no segundo toque- Alô? John querido, que bom que ligou! Emanuelle acabou de acordar...ah, ela está bem sim, quer falar com ela? - Mary estendeu o celular para Emanuelle, então ela pegou o aparelho, colocando-o na orelha.

— Alô? John?

— Bom dia Emanuelle! Você nos deixou preocupados.

— Foi, Mary me disse. Onde vocês estão agora?

— Num táxi, fazer uma visita que poderá ser esclarecedora.

— Entendo, Mary também me falou. Por favor, me mantenha informada...e John…

— Sim.

— Por favor, avise ao Sherlock que estou bem, ele ficou muito aflito quando aquele policial atirou em mim.

John virou o rosto para olhar para o detetive. Sherlock estava olhando fixamente pela janela do táxi, enquanto chegavam no seu destino. John o chamou e, estendendo o telefone para o amigo, disse: “ela quer falar com você”. Mas o detetive não esboçou reação, apenas voltou a olhar pela janela, com a mesma expressão inexpressiva de sempre. John recolheu o celular, e respondeu para Emanuelle:

— Ele não pode falar agora, mas tenha certeza que vou informá-lo.

— Obrigada John. Mais uma coisa, porque atiraram em mim? A última coisa que me lembro é do policial estar ameaçando o Sherlock, apontando a arma para ele, depois o barulho e depois…-Emanuelle exitou, lembrou do olhar aflito de Holmes, da sensação de suas mãos em seu rosto, o que fez ela corar instantaneamente- não lembro mais de nada. Porque atiraram em mim? Pensei que o alvo fosse Sherlock.

John abriu a boca para responder, ao que Sherlock do seu lado, resmungou da pergunta, respondendo para si mesmo:

— Isso é tão óbvio -disse, fazendo cara de desprezo- sem testemunhas, sem condenação. Seria muito mais difícil levar a investigação à frente se a principal testemunha morresse.

John estendeu o celular novamente, resmungando para o detetive:

— Você quer falar ou não?

Mas a única reação que o detetive fez foi desviar o olhar novamente para a janela do carro, ignorando a pergunta do amigo. Watson respirou fundo, e colocou o telefone no ouvido, respondendo à doutora:

— Emanuelle, você é a principal testemunha. Tudo o que houve, antes e depois, vai ser validado pelo seu depoimento, entende? Por isso que James fez isso.

— Hum, compreendo. Quer dizer que sou um alvo agora? -perguntou, tentando manter a calma.

— Acho que desde o momento que nosso amigo falecido disse o que disse, você se tornou um alvo. -Emanuelle levou a mão à cabeça, respirando fundo em seguida.

— Obrigada John. Boa sorte nessa visita.

— De nada...vamos precisar mesmo de sorte. Posso falar com Mary?

— Pode, claro. Até mais tarde.

— Até.

Emanuelle entregou de volta o celular para a sra Watson, que falava animadamente com o marido ao telefone. Mas a doutora não prestou a atenção na conversa, estava olhando para a janela do quarto, para o céu azul acinzentado que pairava sobre Londres. Seus pensamentos a tomaram com aquilo que John dissera. “ Sou um alvo agora...era só o que me faltava”, resmungava para si mesma. Algumas nuvens passavam pelo céu, a jovem nunca desejou tão forte ser uma delas. Desejou poder voar livremente e fugir para longe de mais uma ansiedade que a consumiria pelos próximos dias.


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