Gaara Chibi escrita por LaviniaCrist


Capítulo 8
Puerícia Tardia




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PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 3 – 21:10.

 

Horas haviam se passado, o céu já estava iluminado por suas estrelas e pela brilhosa lua crescente. O vento frio obrigou que as janelas e portas do chalé fossem bem fechadas. Estava tudo calmo e em silencio, uma vez que os irmãos estavam brincando com Gaara na sala, depois do jantar.

“Essa criança...”, mais uma vez, Shikamaru tentava encontrar uma resposta para aquela situação. “Nunca ouvi falar de nada que pudesse fazer isso, mas entendo que quem fez tem o Kazekage como alvo”. Ele olha novamente para Gaara, que sorria enquanto via suas pelúcias serem controladas pelo irmão. “Ele virou essa criança...”.

— Ei, Shikamaru... — Temari o tirou de seus pensamentos, parecia um tanto irritada. — Vai ficar olhando com essa cara de bobo para assustar ele?

— Não precisa falar assim, você quem vai assustar o Gaara, jaan.

— Desculpe... — o Nara continuava com o olhar perdido, agora em direção a uma das paredes.

“Como conseguem agir assim? Será que não notaram que o Gaara virou uma criancinha e vocês tratando ele assim não resolve nada... Mas que saco! ”. Perdido em seus pensamentos, Shikamaru não nota a pequena criança se aproximando lentamente. “Se ele não se lembra de nada, o melhor seria tentar despertar as memórias e...”.

— Boa noite. — a voz baixa e infantil o fez sair de seus pensamentos novamente.

— Que? — Shikamaru olhou para a pequena criança que encarava o chão, chegando a se inclinar um pouco direção a ele.

— B-Boa noite. — o pequeno se abraça um pouco mais ao ursinho de pelúcia.

— Boa noite? — agora os pensamentos eram voltados no motivo para aquela frase.

“Já é de noite a bastante tempo, para que isso agora? Problemático... Se você quisesse se aproximar não estaria olhando para o chão agora e nem abraçando esse brinquedo, isso mostra que você está inseguro em vir até aqui. O que você quer? ”. O moreno solta um suspiro longo, se levantando do sofá.

Era estranho ver Gaara assim: pequeno, assustado, fraco... Difícil explicar, mas a aparência dele era delicada e desprotegida, totalmente diferente da visão inatingível e dura que o Kazekage possuía. Alguns segundos se passam e Gaara finalmente olha para ele, os olhos em um verde profundo em contraste com aquelas marcas escuras, isso só o deixava ainda mais adorável.

“Você está me olhando por quê? E por que eu estou começando a pensar essas coisas de você, heim? Só por que você é fofo? Droga... O Choji é fofo, você não! Para de me olhar assim, parece até que está com medo de eu fazer algo! Saco, você não é o Gaara, ele não é...”. (Choji é fofo de outro jeito).

— Medroso... — a voz baixa soava como uma constatação secreta, porém, era notável para qualquer um o olhar assustado com que Gaara encarava Shikamaru, inseguro de estar perto dele.

— Me-Medroso? — o pequeno repete e, ao notar, vira o rosto para o chão, envergonhado e corado.

— Vem irmãozinho... — Temari quem o chama, se abaixando no chão e abrindo os braços. Na mesma hora Gaara vai correndo até ela e a abraça, escondendo o rosto.

“Será que eles não notam como estão se comportando? Isso não é normal! Gaara não gosta desse tipo de coisa... Vai ser problemático quando ele souber... Ele é o Gaara ainda! Não é porque ele ficou pequeno que podem tratar ele assim! ”. Shikamaru fica observando os dois irem pelo corredor, os pensamentos ainda eram de frustração por não entender o comportamento de todos.

Quando os dois entram no quarto, Shikamaru nota que Kankuro ainda estava na sala com ele. Já imaginando que receberia longas explicações, o moreno se senta novamente no sofá.

— Precisamos conversar. — a fala de Kankuro saiu séria, assim como o olhar enquanto ele andava na direção do cunhado.

— O que sabem até agora? — a voz sai arrastada, o Nara sabia que o assunto seria o pequeno problema que tinham agora. (Pequeno só em forma de falar).

— Que ele não ficou como quando criança, jaan. — a voz sai calma, enquanto Kankuro se senta no sofá, ainda com o olhar sério sobre Shikamaru.

— Não? — o Nara chega a ficar com um ar de sorriso, finalmente alguém estava pensando do jeito certo! — Ele é o Kazekage e não uma criança e... — ele é interrompido.

— Claro que ele é uma criança! — a fala é seguida de uma risada, realmente era divertido ver um gênio das estratégias se afobar e falar algo assim, sem sentido. — Qualquer um pode notar que ele é uma criança, não sou só eu e a Temari que vemos ele assim...

—  Saco... — o moreno solta um suspiro e fica sério novamente. — O que quer dizer então?

— Ele não tem controle sobre a areia, magnetismo e nem nada do tipo. — Kankuro agora estava mais sério — A defesa absoluta não funciona também, embora ela não seja relacionada ao chacra dele, jaan.

— Ele não se lembra de como usar? — Estava cada vez mais problemático pensar em alguma coisa que abrangesse todos esses “sintomas”.

— Ele lembra, mas ele não consegue. O chacra ainda está lá, mas é como se não tivesse nada, só sei que ele ainda tem por causa das manchas nos olhos dele. — ele apoia o cotovelo no braço do sofá.

“Seja quem for, realmente fez algo para matar Gaara. Sem a defesa absoluta já seria difícil ele se defender de ataques em grande número e sem o controle da areia para atacar, ele é apenas uma criança medrosa”. Shikamaru franze o cenho enquanto se perdia novamente em seus pensamentos, nunca ouviu falar de nada do tipo e não sabia o que fazer, a não ser querer que tudo voltasse logo ao normal.

— Mas ele se lembra de você e da Temari, talvez possa se lembrar do que deixou ele assim e ainda recuperar as memórias até hoje... — ele é interrompido.

— Ele parece saber quem é próximo ou não, mas ainda não tem o sinal na testa, isso é bom, jaan. — fala sorrindo novamente — Porque caso ele se lembre de se descontrolar porque o Yashamaru tentou assassinar ele, será realmente difícil cuidar do Gaara...

— Assassinar? — o olhar surpreso revelava que Shikamaru não conhecia tão bem o passado do cunhado. Ele sabia que Yashamaru era o tio que cuidou deles e só.

— Sim... Seria realmente um problema se meu irmãozinho lembrasse de todos os motivos que o levaram a perder a confiança nos outros, jaan... — a fala arrastada é seguida de um ar de riso. — Eu sei como você pensa, por isso estou avisando: não tente tratar o meu irmão como algo além de uma criança, será ruim para ele... E para você... — esta última parte saiu com uma voz fria, o olhar ameaçador de Kankuro só durou até ele se levantar do sofá — ah! Seja um cara legal e lave a louça do jantar. — ele sorri, indo para o quarto.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 3 – 21:36.

 

Shikamaru estava acabando de colocar tudo em ordem na cozinha. “Acho melhor me acostumar a fazer esse tipo de coisa, vai ser problemático se eu não ajudar a Temari e ela ficar reclamando...”, o pensamento é seguido de um longo suspiro e o olhar perdido de Shikamaru ao se lembrar do pai.

A noite seguia tão calma e relaxante que induzia ao sono, até que o silencio foi quebrado pelo início de uma discussão vindo do quarto onde Temari e o noivo deixaram as coisas antes do jantar. Atiçado pela curiosidade, mesmo já imaginando do que se tratava, Shikamaru vai ver o que era, sendo possível ouvir tudo do lado de fora.

— Eu e o Gaara vamos ficar aqui! — era impossível não reconhecer a voz irritada de Temari.

— Nem pensar, ele vai ficar no outro quarto comigo! — Kankuro também parecia irritado.

— Mas eu quero ficar com ele hoje, Kankuro!

— Mas você precisa descansar, eu cuido dele!

“Os dois estão mesmo discutindo por isso? Problemáticos...”. Um suspiro longo é dado enquanto ele bate na porta. Suas suspeitas estavam certas pela primeira vez naquela noite conturbada.

— Entra logo e pega suas coisas, você e Kankuro vão ficar no outro quarto. — a voz de Temari era firme e séria, sem aberturas para contestações por parte de Shikamaru.

— Claro que não! faço questão de vocês dois ficarem juntinhos na suíte, é mais confortável, jaan. — enquanto dizia isso, Kankuro abriu a porta para Shikamaru.

— Não podemos ficar no mesmo quarto, idiota! — Temari só não começava a gritar porque Gaara parecia dormir.

O moreno assumiu que a noiva estava falando com o irmão, não com ele, mesmo assim preferiu não entrar na discussão e esperar os dois se resolverem. Ele não se importava tanto com onde iria dormir, mas não conseguia entender a competição pela presença de Gaara.

— Como se já não fossem grandinhos o suficiente para isso... — a fala de Kankuro estava cheia de malicia.

— Por que não podem ficar no mesmo quarto? — era a voz sonolenta de Gaara, que estava mais no mundo dos sonhos do que acordado. Também estava incomodado com toda aquela discussão.

— Por que a Temari baba quando dorme, jaan... — a fala é seguida de uma risada.

— Imbecil... — a aura maligna estava se formando rapidamente, enquanto Temari acertava o irmão com um tapa na nuca.

— E por que não dormem os três aqui? — O palpite é de Shikamaru. Afinal, a cama era de casal e uma criança não ocupava tanto espaço.

— você já viu a Temari acordando? Ela vai traumatizar o Gaara... — as risadas de Kankuro só duraram até ele levar mais um golpe e ser colocado para fora do quarto.

— Boa noite! — ela fala colocando do lado de fora também as coisas de Shikamaru.

Os dois homens se entreolham, sabiam que qualquer reclamação agora era como assinar a sentença de morte, então preferem manter o silencio e seguirem para o quarto. Não seria tão ruim assim: Shikamaru perdeu a companhia da noiva e Kankuro a companhia do irmão, mas  ambos continuavam sãos e salvos.

 

PAÍS DO VENTO, SUNAGAKURE, ESCRITÓRIO DO KAZEKAGE– DIA 4 – 05:28.

 

O escritório estava diferente, mesmo sem nada ter saído do lugar. A planta em cima da mesa se encontrava completamente murcha e seca, a mesa coberta por poeira, o ar estava com uma qualidade ruim pelo local ter ficado fechado até agora. Mesmo depois de muitas viagens do Kazekage, a maioria longa, era a primeira vez que Baki notava tanto descuido naquela sala.

“Eu entrei aqui há alguns dias para pegar a agenda, eu deveria ter pelo menos colocado a planta para pegar sol...”, Baki dá um suspiro longo e repensa: “Não... Qualquer coisa que eu tire do lugar, posso estar tirando uma pista do que houve também! Espero que a demora em vir aqui não tenha me feito perder todas as chances de achar algo”.

O olhar minucioso passou pela mesa, gavetas, armário, livros, qualquer pequeno espaço que algo pudesse se esconder e nada foi encontrado. Era desgastante procurar por algo que nem mesmo se sabia o que era, mesmo assim, Baki mantinha o foco em sua investigação.

Agora, o homem estava sentado à mesa no lugar de Gaara. “Se eu fosse um inimigo, pela janela eu teria um ponto cego do Kazekage, mas os ninjas do lado de fora teriam visto algo”. Ele se levanta, apoiando na mesa. “Se Gaara estivesse olhando pela janela, notaria a porta ser aberta... Não, ele notaria não importa onde o inimigo estivesse”. Novamente ele se senta à mesa e fica olhando para a porta em sua frente, sem saber como prosseguir agora.

“Lembro de ter vindo aqui trazer alguns relatórios e depois sair. Com certeza algum conselheiro veio depois de mim para uma reunião ‘importante’ que levou horas...”. O homem fica encarando a porta, tinha quase certeza que o Kazekage também iria ficar encarando ela, como uma saída da presença dos conselheiros.

“Quando finalmente eles saíram, tenho certeza de que Gaara saiu logo depois para descansar...”. Um sorriso discreto se forma na face parcialmente coberta (por uma cortininha). “É isso! Ele não foi encontrado aqui, Kankuro achou ele no quarto dele! Não começou aqui e sim lá! ”. O homem se levanta, mais confiante agora. Suas buscas estavam apenas começando. Apesar de Gaara ser totalmente reservado e só manter contato com “estranhos” pelo escritório, alguma coisa aconteceu no quarto dele.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 4 – 07:34.

 

O sol estava ligeiramente mais claro devido ao horário, com nuvens brancas bem espalhadas pelo céu azul. No centro do vale, o rio de águas translucidas seguia seu curso calmamente em direção ao lago. Os pássaros cantando, novamente, dava um ar de alegria em todo o local. Esta era a belíssima vista dos chalés, que ficavam ao lado do acidente geográfico.

A vista era apreciada por Shikamaru, enquanto Temari e Kankuro levavam o irmão para o lago, cada um o segurando-o em uma das mãos. O pequeno estava ansioso para brincar, os olhos brilhavam só por chegar perto da água.

— Não vá muito para o fundo, pode ser perigoso. — a irmã mais velha diz séria, soltando a mão dele.

— Que fundo? — Kankuro franze o cenho, soltando a mão de Gaara também.

— Como assim que fundo? Isso é um lago, não é? — a confusão na voz de Temari fez Kankuro soltar uma risada.

— Está tudo raso, não tem nenhuma parte funda! — as risadas seguiam com um olhar irritado em resposta.

“Pelo menos nada perigoso pode acontecer, certo?”, agora a loira olhava para o caçula, que mesmo estando já no meio do lago, só estava até as canelas embaixo da água.

— Isso chega a ser ridículo... — ela coloca a mão na frente do rosto, nem mesmo deitado Gaara ficaria completamente embaixo da água.

— E o que quer que eu faça? Pelo menos ele está se divertindo, jaan... — Kankuro sorri, olhando para o irmão juntando algumas pedrinhas.

— Ele merece algo melhor! — a voz sai irritada, enquanto Temari olhava em volta — não é possível que não tenha algum lugar mais fundo...

— Os rios de Tanigakure se transformam em riachos rasos nessa época do ano... — a voz arrastada de Shikamaru chama a atenção dos dois irmãos. — não tem muito o que se fazer sobre isso. — ele levanta as mãos e as coloca atrás da cabeça, indo até Gaara.

— Ei... Você falou com ele ontem à noite? — a fala sai em tom tão baixo que parecia um sussurro da loira para o irmão.

— Sim, fiz a parte suja pra você não perder o namorado... — Kankuro também responde em tom baixo, sorrindo de canto. — me deve um favor agora, irmãzinha...

— Eu deixo você dormir com ele hoje. — Temari fala um tanto ríspida, já sabendo que seria esse o favor.

Os dois ficam agora observando Shikamaru falar com Gaara, não dava para ouvir o que estavam falando, mas pelo sorriso adorável que a criança dava para ele, não era nada com o que se preocupar. Não demora muito para os dois estarem juntando pedrinhas e trocando risos em uma conversa que só os dois entendiam.


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Notas finais do capítulo

Puerícia é o período da vida compreendido entre o nascimento e a adolescência, ou seja, a infância. Para quem chegou até aqui, vai entender o título do capítulo.

Espero que tenham gostado!

Sugestões, dicas, críticas e observações são muito bem-vindas.



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