Gaara Chibi escrita por LaviniaCrist


Capítulo 13
Presente Ignóbil




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PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 6 – 16:21.

 

As nuvens acinzentadas estavam tampando cada vez mais a luz do sol. O vento úmido e frio estava as trazendo para mais perto, sinal de que em breve iria chover e, pelo visto, demoraria para passar. A vista alegre e chamativa dos chalés agora era apenas uma paisagem escura, triste e desinteressante, principalmente por causa do silencio dos pássaros.

Em exceção às outras aves, Tobimaru estava voando animadamente e cheio de energia. Assim que Kankuro subiu em uma árvore alta e o chamou, o falcão desceu de seu voo e repousou no braço de seu “dono”. A ave agora se mantinha quieta, esperando a mensagem que levava ser desprendida de si para continuar a voar contra os ventos.

“Cacete! Vai demorar dois anos até eu conseguir decodificar essa mensagem, jaan! E depois ainda vou ter que codificar a resposta...”. Depois de um suspiro longo ele começa a descer da árvore, sendo acompanhado por Tobimaru que voava calmamente ao lado dele.

 — Amiguinho, parece que você vai demorar para voltar para casa... — a fala calma de Kankuro não era nada que o pássaro conseguisse entender, mas sim uma constatação para si mesmo.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 6 – 19:41.

 

Enquanto Temari preparava o jantar, Gaara estava na sala, brincando com seus animaizinhos felpudos junto a Tobimaru. Apesar de ser um mensageiro, pelo visto a ave gostava bastante de crianças, já que pegava pelúcia por pelúcia e colocava perto de Gaara, que soltava uma risadinha depois de agradecer ao falcão em cada vez que ele fazia isso.

Na suíte, as coisas estavam bem mais sérias e silenciosas: Shikamaru e Kankuro haviam estendido o pergaminho com a mensagem sobre a cama, estavam cada um sentado de um lado fazendo suas anotações tentando descodificar a mensagem. Já haviam passado horas e nem a metade havia sido feita.

— E se mudarmos a ordem dessas três letras em todas as palavras? — Shikamaru apontou para uma das poucas frases em que fizeram isso e deu certo.

— Teríamos que mudar a de outras também. — Kankuro observava atentamente.

— Mas que saco... — o moreno resmungou.

— É só trocar a ordem! — a fala animada de Kankuro despertou a curiosidade do Nara. — Trocamos a ordem destas letras e nas frases seguintes trocados as letras que vem a seguir delas.

— Pode até ser, mas fica sem sentido... — ele já estava começando a anotar, pelo menos trocar palavras de lugar era bem mais fácil do que descobrir a palavra escrita. — E se elas seguirem a mesma lógica? Só tentamos trocar elas em frases diferentes... E... — o olhar sério de Shikamaru estava no pergaminho, enquanto as mãos reescreviam a mensagem.

— Essa precisa ir para lá, daí essa entra aqui e depois... — Kankuro apontava algumas coisas no pergaminho, recebendo acenos positivos do cunhado.

— Isso! — os dois falam animados ao mesmo tempo quando terminam de decodificar a mensagem.

A mensagem era curta, mas dizia o suficiente: O pergaminho onde ele está faz parte de um dos estudos da marionetista branca. Em alguns dias ele vai voltar para o festival com vocês. Dez pessoas esperam notícias sobre o casamento, assim como os noivos. Não tem nenhuma novidade aqui, continuarei procurando.

— Faz sentido para você? — o moreno perguntou olhando para Kankuro.

— E como faz, jaan... — ele sorriu de canto — O pergaminho deve ser algo referente a Gaara, alguma coisa relacionada ao Kisho Tensei da vovó Chiyo aconteceu com ele, mas em alguns dias ele volta ao normal. As dez pessoas esperando notícias são os conselheiros, ainda acham que viemos resolver questões sobre o seu casamento e pelo visto querem vocês dois no festival... — Kankuro fica mais pensativo — temos que voltar para o festival, jaan...

— Então sobre não ter novidades e continuar procurando é referente ao suspeito. — Shikamaru fica pensativo — que festival é esse e quantos dias temos?

— Um festival tradicional de Suna e temos quase uma semana para estar lá, o Gaara deve voltar ao normal antes — a fala é seguida de um sorriso.

— E se o festival fazer parte de um ataque? — a voz de Shikamaru fica mais séria.

— Vamos cuidar disso, jaan. — agora a voz de Kankuro também era séria, o sorriso foi desfeito para dar lugar a preocupação.

Os pensamentos dos dois foram interrompidos por leves batidinhas na porta, com certeza eram de Gaara, se fossem as de Temari seriam fortes e ela já teria aberto a porta, sem paciência para esperar. Kankuro calmamente abre a porta, olhando para o irmão e para Tobimaru, que estava atrás dele.

— O jantar está pronto! — o pequeno diz animado, voltando para a cozinha e sendo seguido pela águia.

— Vamos? Depois pensamos no que fazer... — Kankuro falava já do lado de fora.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 6 – 21:16.

 

Depois do jantar, Gaara tinha ido para o banho, Temari e Shikamaru estavam limpando a cozinha e conversando sobre algo da cerimonia, Kankuro estava acabando de codificar a curta mensagem em resposta para Baki. Estava tudo tranquilo e silencioso, excerto por uma “discussão” dos vizinhos que, em alguns pontos, podia ser ouvida por eles.

— Acho que a Tenten descobriu seu caso com o Lee... — Temari fala implicante, colocando uma das mãos no ombro do irmão.

— Só depois que o Shikamaru descobrir a sua queda repentina por cabelo tigelinha, jaan... — Kankuro sorri de canto, implicante também.

— O que!? Mas eu... — ela é interrompida pelo moreno preguiçoso que vinha da cozinha.

— Melhor pararem de falar. — ele estava sério, fazendo com que os outros dois parassem.

— Vai se desculpar com eles sim! Não ligo para a droga do seu treino! — a voz da Mitsashi, mesmo distante, parecia bem irritada.

— Amanhã! Eu juro que amanhã me desculpo! — esta era a voz de Lee, depois da fala deu para ouvir a porta do chalé deles sendo batida, pelo visto ele havia saído.

— Problemáticos... — o Nara suspira, olhando pela janela e vendo que realmente o ninja vestido de verde estava saindo apressado.

— Só queria ouvir a briga, fofoqueiro? — a fala era retórica, Kankuro tentava segurar as risadas enquanto acenava negativamente a cabeça.

— Que idiotice... — Temari suspira, colocando a mão no rosto.

— O que? — ele fica surpreso, olhando para os dois — Não! Eu só queria saber se iam vir aqui agora ou... — dessa vez ele quem é interrompido.

— Por que de tanta curiosidade, quer ter um caso com o Lee também, jaan? — a voz de Kankuro era cheia de implicância.

— Também? — Shikamaru olhou para ele confuso, depois olhou para Temari.

— Vai ver se o Gaara já está dormindo, anda! — Temari fez com que Kankuro se levantasse — Aproveita e fica por lá... — ela diz acenando para o irmão.

— Tá, tá... Coloca a mensagem no Tobimaru e manda ele ir então! — apesar da voz irritada de Kankuro, em parte ele estava feliz por não ter que ficar lá segurando vela.

“Aposto que os dois vão ficar namorando até tarde, daí amanhã a rainha da preguiça não vai querer cozinhar nada para o almoço e sobra pra mim, jaan...” (Pobrezinho...). Kankuro solta um suspiro. “Pelo menos meu irmãozinho deve estar dormindo e não vai dar trabalho nenhum...”. Agora ele sorria enquanto entrava no quarto, não que Gaara desse algum trabalho, mas por vezes ele demorava até pegar no sono e, para se distrair, ficava fazendo perguntas difíceis para os irmãos.

— Gaara... — a voz saiu um tanto preocupada, o pequeno não estava na cama e nem nas pelúcias — Gaara? — dessa vez o mais velho falou um pouco mais alto.

— Kankuro, ajuda? — a voz vinha do banheiro.

— Aconteceu alguma coisa? Posso entrar? Por que está tomando banho ainda? — ele já estava com as mãos na maçaneta, preocupado em algo ter acontecido.

— Eu não tenho roupas... — o pequeno fala um tanto triste, sabia que tinha culpa por não querer comprar mais.

— Com o tempo nublado as que eu lavei não secaram... — o irmão falou pensativo — Espera ai um pouco, tá? Eu vou ver o que posso fazer, jaan!

“Temari comprou tantas roupas que nem vai sentir falta de uma...”, ele já estava remexendo nas gavetas da irmã. “Ei... Isso é pequeno demais!”. Kankuro olhou um tanto confuso para o conjunto de dormir que estava em suas mãos, com poucos reparos ficaria ótimo para o irmão dormir naquela noite e, como mais um ponto positivo, a irmã também não iria poder usar.

Rapidamente ele faz os reparos necessários e entrega a muda de roupas para o irmão vestir. Como a criança era tímida e estava no banheiro do quarto, Kankuro achou melhor deixa-lo à vontade e usar o outro banheiro da casa. Agora ele entrava no quarto pronto para dormir, mas se depara com um pequeno Gaara um tanto emburrado se olhando no espelho.

— Algo errado, irmãozinho? — ele começa a olha-lo também.

— Eu pareço uma menina... — ele continuava emburrado, se olhando.

Levando em conta que o tecido extremamente fino e com vários babados da parte de cima deixava a roupa parecendo as camisolas que geralmente Temari usava para dormir, não era incomum o pequeno achar isso. “Desculpa, mas parece mesmo, jaan! ”. Kankuro teve que se controlar muito para não começar a rir e deixar o irmão ainda mais irritado.

— Que bobagem, é só para dormir... — ele se senta na cama — e você já deveria estar dormindo, aliás...

— Mas e se alguém me ver com isso e achar que eu sou uma garota? — o pequeno sobe na cama, sendo ajudado pelo irmão.

— Ninguém vai pensar nada, para de se preocupar atoa, jaan... — era um esforço enorme não começar a rir das preocupações exageradas de Gaara. — E você não se parece com uma garota, só a roupa que parece um pouco as da Temari...

“Porque eram dela, mas ninguém precisa saber disso, jaan...”, ele completa em pensamento. Enquanto continuava se esforçando para não deixar nenhuma gargalhada escapar, Kankuro cuidadosamente cobria o irmão, que já estava deitado no meio da cama.

— Não pareço mesmo com uma garota? — o pequeno o encarou um tanto sério, ainda emburrado.

— Claro que não, você é um garoto, irmãozinho... — a fala saiu preguiçosa, enquanto ele também se deitava. — Agora tenta dormir...

— Eu quero ser como o Yashamaru... Mas quero parecer como o papai... — a voz baixa era acompanhada de um olhar pensativo.

Dessa vez Kankuro não conseguiu controlar as risadas e começou a rir, se sentando na cama. “ Que tipo de comparação é essa!? O Yashamaru não parece um homem!? ... Definitivamente, nem para você, jaan!” (Yashamaru e Haku tem pontos em comum). As risadas continuaram por certo tempo, fazendo com que Kankuro chamasse a atenção não só de Gaara, como também a da irmã e do cunhado.

— Você vai se parecer bastante com o nosso pai, pode ficar tranquilo! — ele tentava parar de rir, mas não conseguia.

— O que aconteceu? — Temari abre a porta, olhando para os dois.

— Nada! — o pequeno vira o rosto, irritado.

— Kankuro, o que você fez!? — agora Temari também estava irritada, enquanto entrava no quarto.

— Fala se o Gaara parece ou não uma garota. — ele sorri, prendendo as risadas e olhando para a irmã.

— Claro que não parece! — Ela se senta na cama, olhando ainda irritada para Kankuro.

— Mesmo? — Os olhos verdes e brilhosos de Gaara olhavam para ela agora.

— Não falei? Você não parece uma garota só porque está vestido assim... — o mais velho diz calmamente.

— Vestido como? — Temari levantou as cobertas de Gaara, reconhecendo aquele conjunto na hora — Kan... Ku... Ro... — as palavras foram cuspidas com ódio.— Eu vou... 

— Esperar até amanhã... — finalmente a voz arrastada de Shikamaru foi ouvida.

— Por que eu deveria!? — ela já segurava a gola da camisa do irmão, se preparando para acertar um soco.

— Porque amanhã vamos ter visita, lembra o que prometeu fazer se ele mexesse de novo nas suas coisas? — o Nara sorriu de canto, ele havia notado uma das roupas de Gaara ter o mesmo tecido de um vestido que havia dado a noiva e ela contou o que Kankuro fez com o belíssimo presente.

— Oh, verdade! — ela sorriu com um olhar maléfico.

— Vamos dormir e amanhã resolvemos, tá? — a fala de Kankuro saiu desanimada enquanto ele se jogava na cama e virava para o outro lado.

“Sobrou pra mim, jaan...”. Ele solta um suspiro pesado, conseguia sentir o olhar de Temari sobre si e ouvir os cochichos dela com o noivo. Seria uma longa noite em que provavelmente ele não dormiria, seguida de um dia ainda mais longo, pelo visto.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DOS CHALÉS – DIA 7 – 08:24.

 

O céu ainda parecia noturno devido as nuvens escuras tampando o sol, aquele com certeza seria um dia chuvoso e desanimado. Depois do café da manhã, dois irmãos estavam sentados no sofá olhando para o nada, desanimados.

O pequeno Gaara ainda estava desconfortável com a roupa de dormir, mas as suas outras ainda não estavam secas, ele estava tentando se esconder debaixo das pelúcias. Kankuro estava desconfortável também, mas porque tinha sido “obrigado” a usar uma das roupas da irmã, se sentia ridículo com aquele quimono preto com a listra vermelha na cintura. Pelo menos agora, um entendia o que o outro estava sentindo.

— Foi engraçado no começo, mas os dois desse jeito está me deixando desanimada também. — a mais velha falava da cozinha, olhando os dois sentados no sofá.

— Problemática... — o noivo suspira — vai lá e pede desculpas...

— Não quero que o Kankuro vista as roupas dele e o Gaara continue desanimado tendo que vestir essas, ele vai ficar mais incomodado... — a fala é seguida de um suspiro longo e pesado, cheio de culpa. — Se eu fosse mais paciente, o meu irmãozinho teria comprado mais roupas...

— Ele não queria nenhuma, não foi sua culpa. — o moreno sorri e beija-a na bochecha.

A loira sorri em resposta, mas quando ia falar algo ouve batidas rápidas na porta e corre para atender, já imaginando quem seria. As suspeitas se tornam verdadeiras: um rapaz de cabelo tigelinha e vestido de verde, acompanhado por uma garota que segurava dois pergaminhos.

— Bom dia. Conseguiram se resolver ontem? — Temari sorri de canto, abrindo a porta.

— Digamos que sim... — Tenten olha o companheiro de time pelo canto do olho, parecia bem séria. — Podemos falar com o Kankuro?

— Claro, entrem. — a loira dá passagem para os dois.

— Mas Tenten! — o rapaz agora parecia aflito, praticamente se escondendo atrás da Mitsashi enquanto entravam.

— Se falar sobre treinamento mais uma vez... Lee... — ela parecia um tanto ameaçadora, mas muda drasticamente ao olhar para os dois irmãos no sofá. — K-Kan... Ku... — ela estava completamente vermelha agora.

— Houve um acidente com as roupas, jaan... — o mais velho nem ousava tirar os olhos do chão.

— É... — o caçula apenas concordou, se encolhendo mais no meio dos brinquedos.

— Eu posso ajudar! — o ninja de verde e sorridente começa a procurar algo nos bolsos do colete.

— Queríamos pedir desculpas por tudo e... — a morena estendia os pergaminhos para Kankuro, quando é interrompida pelo amigo entrando na frente dela.

— Aqui! — Lee estendia um collant verde para Kankuro e um para Gaara, com um sorriso enorme. — Podem ficar, é confortável e muito prático, além de resistente!

Todos na sala olhavam para Rock Lee em choque, excerto a criança, que estava feliz em poder finalmente parar de se esconder. Levou um tempo até que o silencio foi quebrado:

— Idiota!!! Viemos pedir desculpas, não fazer eles vestirem esse troço! — a voz de Tenten era irritada, enquanto ela batia nos cabelos pretos e brilhosos com um dos pergaminhos.

— Pode vestir isso ou continuar com o quimono... — Temari sorri de canto, olhando para o irmão mais velho enquanto pegava Gaara no colo e o collant menor — vou dar um jeito nisso para você poder ir brincar. — agora ela fala carinhosamente com o irmão mais novo.

— Tá... — ele esconde o rosto na irmã, totalmente corado.

— Prefiro o quimono, eu acho... — Kankuro realmente estava em dúvida sobre o que era menos vergonhoso de se vestir.

Da cozinha, dava para ouvir algumas risadas vindo de Shikamaru, ele não estava conseguindo controlar elas devido a situação que o cunhado se encontrava. Logo, as risadas de Tenten também eram ouvidas, o que deixou Lee ainda mais confuso sobre o que estava acontecendo e Kankuro ainda mais irritado.

"HOJE eu recuperarei minha honra, de quimono ou de collant, eu vou recuperar ela!!!". Apesar do pensamento determinado, ele continuava acanhado, sentado no sofá. "Pelo menos o Gaara consegue ser fofo vestindo até essa coisa...".


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Notas finais do capítulo

Ignóbil é algo de caráter vil, que passa horror no ponto de vista moral e que ofende o sentido estético. Para quem chegou até aqui, vai entender o título do capítulo.
Espero que tenham gostado!
Sugestões, dicas, críticas e observações são muito bem-vindas.



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