Rei Caído escrita por Lillac


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Um breve prólogo, espero que gostem!



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Aang e ela se conheceram por acidente, mas ele gostava de pensar que havia sido o destino. Era uma tarde comum, e ele acompanhara Gyatso — seu protetor legal — até o escritório para regularizar alguns documentos de sua adoção que estavam pendentes, afim de fazer a matrícula da escola pela primeira vez.

Não que Aang soubesse disso, é claro. Tudo o que ele sabia é que estava há muito, muito tempo (vinte minutos) sentado em uma cadeira desconfortável sem absolutamente nada para fazer. Já havia bebido cerca de dez copinhos de café, e a moça atrás do balcão começara a olhá-lo com preocupação. Ele balançava os pés freneticamente no ar, tamborilando os dedos nas bordas cadeira, quando a porta da sala de esperas foi aberta mais uma vez. Ansioso por qualquer tipo de interação ou novidade, ele imediatamente virou a cabeça para ver quem era.

Um casal em roupas formais impecáveis e expressões suaves entrou, cada segurando uma mão de uma garotinha que não parecia muito mais velha que ele. Eles trocaram algumas palavras com a secretária, e Aang ouviu o homem dizer:

— Vamos, Toph, por aqui.

Confuso e levemente indignado, Aang não pôde evitar perguntar em voz alta:

— Ei! Por que ela pode entrar e eu não? Isso não é justo!

A secretária, bem como o casal, o olhou estupefata, e pareceu sem palavras para responder. Felizmente, o homem recompôs-se com mais rapidez:

— Minha filha é cega e não pode ficar desacompanhada, garotinho — disse, altivo. — Se o seu pai decide deixa-lo aqui fora, isso é outra história.

— Ela pode ficar comigo — sugeriu. — Aqui — completou, dando uma tapinha na cadeira vazia ao lado dele. — Aposto que ela preferiria isso do que ficar lá dentro ouvindo vocês adultos tagarelarem.

Aang observou, sorriso inabalável, enquanto o casal trocara um olhar incerto. Por fim, perguntaram à secretária se ela poderia cuidar da garota enquanto eles conversavam com o advogado, e ela garantiu que sim. Parecendo relutantes, guiaram-na até a cadeira ao lado de Aang e despediram-se com um:

— Tome cuidado, nós logo estaremos de volta.

Quando eles enfim desapareceram atrás de uma porta, Aang voltou seu rosto eternamente sorridente para ela, mas a garota não o olhava de volta. Seus olhos cinzentos não focavam em nada, de fato, e o rosto dela estava apenas virado para frente.

— Então, seu nome é Toph? Eu me chamo Aang — sem resposta. — O que os seus pais estão fazendo aqui? Meu pai está resolvendo umas coisas para eu poder entrar na escola. Você gosta de café? Eu posso... —

Toph finalmente abriu a boca, e Aang ficou animado com o prospecto de uma resposta, mas tudo o que ela fez foi suspirar, irritada, e:

— Dá para parar de se mexer? Não consigo me concentrar em nada com você batendo em tudo quanto é coisa!

Por um momento, Aang sentiu-se um tanto intimidado pela garota. Mas então, compreendeu que deveria ser realmente incômodo para ela, e sorriu, não menos entusiasticamente:

— Tudo bem, desculpe.

Eles ficaram em silêncio pelo resto do tempo. Aang esforçou-se para não se mover muito e Toph não falou com ele. Quando Gyatso retornou e encontrou o protegido tão quieto e calado, ficou consideravelmente assustado. Ele despediu-se da secretária com educação e Aang o seguiu para do escritório.

No entanto, antes de ir embora, olhou por cima do ombro, e sorrindo com os olhos castanhos brilhando, exclamou:

— Foi legal fazer amizade com você, Toph!

A garotinha foi deixada sozinha, finalmente — com a maior interrogação acima da cabeça.

 

 

Quase dez anos depois, e Aang ainda estava tão encantado pela garota quando da primeira vez. O que era meio estúpido, claro, mas como ele poderia não ser? Toph era linda, embora isso pouco importasse — ele era fascinado pela personalidade dela, pelo modo como não curvava a cabeça para ninguém e pela risada espalhafatosa. Até mesmo as inseguranças dela, aos olhos dele, eram encantadoras. Mesmo nos poucos e raros momentos nos quais Toph ficava quieta e reservada, Aang não escolheria estar em nenhum outro lugar.

Agora, tudo o que ele precisava era a coragem para contá-la tudo aquilo... 

Porque Toph era sua rainha, e Aang nunca escolheria nenhum outro tabuleiro para jogar.


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Notas finais do capítulo

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