A Megera Domada escrita por Dani Ribeiro


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Dedicado a Jeh Pimenta pelo favorito logo no 1º capítulo.
Muito obrigada pela confiança.



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 Califórnia, 2017

Christian estava sentado em uma mesa do canto, com os pés em cima da cadeira. Ele agradecia por sua fama de “mau”, pois ela, pelo menos, afastava todo mundo de perto dele. Ele era um solitário e gostava de ser assim. Não precisava de ninguém na sua vida fingindo se importar e ele não precisava se preocupar em saber de onde viria a próxima facada  que receberia pelas costas.

Ele tinha preocupações mais importantes. Entre elas, terminar o último ano com notas boas o suficientes para ser aceito em alguma faculdade e principalmente, precisava urgentemente de um emprego. 

Ainda tinha algumas economias de seu emprego temporário de salva vidas em clube de uma cidade vizinha durante o verão, o que lhe deu um pouco de tranquilidade, mas em breve seus recursos voltariam a ficar limitados e ele não poderia deixá-la na mão. Não depois de tudo que ela sofreu e vem sofrendo.

Ele evitava pensar nela para não ver crescer a fúria novamente em seu coração e o desejo de ir até seu progenitor e arrancar com um murro o sorriso debochado que aquele mau caráter mantinha falsamente em seu rosto.

 O que o controlava era que novamente ela não iria querer vê-lo envolvido em problemas. Tal pensamento fez um sorriso irônico se abrir em seu rosto ao imaginar que todas as fofocas que os idiotas de sua escola inventam a seu respeito poderiam finalmente ter algum fundo de verdade. O mesmo sorriso se abriu se fechou ao pensar que eles não poderiam estar mais longe da verdade.

Talvez se fosse mesmo um fora da lei seus problemas financeiros estariam resolvidos, mas novamente a lembrança da dor que veria refletida em olhos que sempre o olharam com tanto amor, caso se envolvesse com a ilegalidade, fez com que a tentação de escolher o caminho fácil desaparecesse.

Ele daria um jeito. Sempre deu. Mesmo que no momento não visse a luz no fim do túnel ele sabia que a encontraria quando chegasse por lá.

Christian buscava mentalmente se lembrar de lugares aonde ainda poderia tentar conseguir um trabalho. A maior parte de suas tentativas se frustrou por ainda não ter terminado seus estudos e empregos de meio período disponíveis pagavam um salário miserável e outros cobravam uma qualificação que ele não tinha.

Seus pensamentos foram interrompidos por seu celular vibrando no bolso da calça. Ao ver o número que aparecia na tela seu coração se apertou. Eram prelúdios certos de péssimas notícias. Não tendo como fugir ele atendeu.

Senhor Grey? Bom dia. Eu sou Gail Jones gerente comercial...

— Eu sei quem você é. – ele a respondeu impaciente. – E não se preocupe hoje mesmo vou passar ai e acertar a dívida.

Então aguardaremos o senhor. Tenha um bom dia...

— Espera! – Christian pediu antes que ela desligasse. – Você sabe se ela está bem? Eu vou poder vê-la? – ele perguntou com o coração apertado. Da última vez não tinha conseguido vê-la e passou o verão inteiro só tendo informações por telefone que se limitavam a dizer que seu estado era regular, necessário de observação...

— Eu não possuo essa informação. — a mulher respondeu com um visível pesar na voz e Christian se arrependeu de seu mau humor. Ela só estava fazendo seu trabalho. Não era justo que descontasse suas frustrações nela.  – Mas eu vou avisar ao doutor Flynn que você virá hoje para que ele possa te dar informações mais precisas. – ela respondeu o tranqüilizando, possivelmente já tendo passado diversas vezes por essa situação.

— Eu agradeço. E me desculpe pela minha impaciência. – Christian pediu.

— Não se preocupe senhor. Eu compreendo a situação. Aguardo o senhor. Tenha um bom dia. — Samanta encerrou a ligação voltando a sua postura profissional. O rapaz respirou fundo já prevendo o que o esperaria depois. Mas pelo menos, por hora, seus problemas financeiros estavam resolvidos. Mesmo sabendo que não teria paz por muito tempo.

Assim que voltou a guardar o celular no bolso notou dois caras se aproximando dele. Um sabia de quem se tratava. Ethan estava sempre envolvido nas questões políticas e sociais da escola. Ele possui um jeito de quem acha que pode salvar o mundo e Christian lamentava porque tinha certeza de que cedo ou tarde a vida iria mostrá-lo que se a sua está fadada a ser uma merda, ela será uma merda. Não há como fugir disso.

O garoto com cara de assustado que vinha ao seu lado ele já o tinha visto pela escola. Sempre ao lado do amigo e parecia que sua função na vida era ser invisível e ele vinha tendo muito sucesso nela. Considerando o quanto a escola poderia ser cruel essa certamente foi uma das decisões mais acertadas que ele poderia ter tomado.

Christian imaginou que eles fossem passar por ele, mas para sua surpresa o garoto desconhecido parou na sua frente com os olhos arregalados e respirando com dificuldade. Era visível que ele parecia agir como se estivesse diante de si a personificação de todo mal do universo, nada que ele já não estivesse acostumado a ver.

Já Ethan sentou-se na mesa ao seu lado, como se fossem amigos de longa. Ele olhou para ambos, fazendo sua melhor expressão proposital de bad boy, enquanto esperava que fosse o suficiente para afastá-los. Vendo que não e que nem ao menos eles abriam a boca para falar o que queriam, Christian se viu obrigado a realmente encenar o personagem.

— Posso saber o que os dois imbecis vieram fazer aqui? – ele perguntou mal humorado, cruzando os braços e fechando ainda mais a expressão do rosto.

— Eu te falei que essa era uma péssima idéia. – o garoto com cara de assustado foi o primeiro a falar, enquanto tentava puxar o amigo.

— Não! Nós já chegamos até aqui e não vamos embora enquanto não acharmos a solução para nossos problemas. – Ethan respondeu ao amigo se pondo à frente dele. Ignorando a presença de Christian que começava a ficar curioso a respeito do que eles estavam falando, embora não demonstrasse interesse.

Mas imaginar que eles o consideravam parte da “solução de seus problemas” fez sua mente acreditar que eram mais dois idiotas que acreditavam nas besteiras faladas a seu respeito, então, talvez quisessem que ele desse uma surra em alguém que estava mexendo com eles, ou quem sabe que ele roubasse o gabarito das provas semestrais.

Ainda era início das aulas, então não fazia muito sentido que fosse isso que queriam, mas depois de já ter ouvido milhares de propostas como essas não duvidava que mais dois palhaços tivessem tido a mesma idéia.

— Eu realmente não me interesso pela discussão do casalzinho e muito menos pelos problemas de vocês, então senão quiserem arrumar mais um sugiro que sumam da minha frente. – Christian interrompeu os amigos ainda os olhando com cara de sério e braços cruzados.

— Por favor, se ao menos você nos ouvisse. – Ethan insistiu ignorando Elliot que ainda o chamava para ir embora.

— Dois minutos. – Christian respondeu depois de novamente olhar o celular e ver o tempo que faltava para terminar o intervalo, sendo vencido pela curiosidade.

— Esse é Elliot, meu amigo. – Ethan começou a explicar apontando para o garoto a seu lado. Ele é apaixonado pela Katherine Steele, irmã da Anastásia, que é da sua turma. E você deve conhecer a história de que a Kate não pode namorar até que a Analouca encontre um maluco que aceite namorá-la, quer dizer, primeiro ele teria que conquistá-la, uma missão bem difícil... – ele foi falando sem pausa.

— Agora me deixe adivinhar. – Christian pediu o interrompendo. – Eu seria esse maluco que iria ter que conquistar aquela nerd chata e mal humorada para que seu amiguinho ficasse livre para pegar a “princesinha intocada”?

— Mas não seria de graça. Nós pagaríamos você para isso. – Elliot explicou a ver Christian perguntar uma falsa e preocupante calma, mas só deixou tudo pior ao imaginar que eles pudessem saber alguma verdade a respeito de sua tão resguardada vida.

— O tempo de vocês acabou. – ele respondeu visivelmente irritado no mesmo instante em que o sinal que avisava o fim do intervalo tocou. – E para o bem de vocês vou fingir que nunca tivemos essa conversa. –Christian sentenciou antes de pagar sua mochila e sair pisando duro, sem olhar para trás.

— Satisfeito? – Elliot perguntou enquanto dava um tapa na cabeça do amigo. – Agora além de ele estar nos odiando, ainda sabe do meu segredo e voltamos ao mesmo nada de antes. – ele numerou para Ethan extremamente irritado.

— Relaxa aí, oh, nervosinho. – Ethan pediu se afastando, antes que o amigo se exaltasse novamente. – Essa foi uma primeira tentativa. Podemos bolar outro plano.

— Eu to fora de seus planos, amigo. – Elliot respondeu com ironia também indo para a sala, com Ethan atrás tentando convencê-lo a não desistir.


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