Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 19
Seventeen




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No momento que as patas do lobo Paul pousaram no chão, um forte arrepio passou pela coluna vertebral de Riley, que saltou de ponta-cabeça no ar vazio.

Com outro afiado som de rasgado, Riley explodiu também — pedacinhos de roupa voaram pelo ares. Tudo ocorreu tão rápido que se eu tivesse piscado, teria perdido a transformação inteira. Um segundo antes, Riley saltava de cabeça, e um segundo depois havia se transformado em um gigantesco lobo tão enorme que eu não pude entender como aquela massa havia se ajustado de alguma maneira dentro de Riley que já se jogava contra a besta cinza.

Riley chocou-se contra o ataque do outro lobisomem de cabeça. Seus furiosos rosnados ecoaram como trovões entre as árvores. Os farrapos coloridos — restos da roupa de Riley — caíram no chão onde ela tinha desaparecido.

— Riley! – eu gritei de novo, indo para frente.

— Fique onde está, Bella. — Samantha me ordenou.

Era difícil ouvi-la diante dos rugidos de ambos os lobos, que se mordiam e arranhavam buscando a garganta do rival com seus afiados dentes. Riley parecia ganhar: era visivelmente maior que o outro lobo, e também parecia muito mais forte. Ela lançou seu ombro de novo e de novo no lobo cinza, jogando-o de volta para as árvores.

— Leve-a para casa da Emily — Sam gritou para os outros garotos, que estavam distraídos assistindo a briga. Riley empurrou o lobo cinza para fora do caminho com sucesso, e eles estavam desaparecendo na floresta, mas o som de seus grunhidos ainda eram altos. Sam foi atrás deles, tirando seus sapatos no caminho. Quando se lançou entre as árvores, já estava tremendo da cabeça aos pés.

Os grunhidos e estalos estavam ficando distantes. De repente, o som acabou e a estrada ficou muito quieta.

Um dos garotos começou a rir.

Virei-me para olhá-lo fixamente, meus olhos arregalados e congelados, eu não podia nem mesmo piscar para eles.

Embry Call parecia estar rindo da minha expressão.

— Bem, isto não é algo que se vê todos os dias – ele riu silenciosamente.

— Eu vejo – Jenna murmurou — Todo santo dia.

— Aw, Paul não perde as estribeiras todo dia. – discordou Embry, sorrindo. – Talvez dois entre três. 

Jenna começou a recolher vários pedaços de tecido da sujeira.

— Pegue os sapatos de Sam, certo? O resto vai pro lixo.

Embry pegou os sapatos e depois correu para as árvores onde Sam havia desaparecido. Ele voltou poucos segundos depois, com um par de calça Jeans pendurados no ombro. Jenna recolheu as sobras de roupas de Riley e Paul e fez uma bola com elas. De repente, ela pareceu se lembrar de mim.

A garota me olhou cuidadosamente, avaliando.

— Ei, você não vai desmaiar ou vomitar, ou algo assim? — ela demandou.

— Acho que não. —  eu ofeguei.

— Você não parece bem. É melhor se sentar.

— Certo. —  eu murmurei. Pela segunda vez (ou terceira?) em uma manhã, ponho a cabeça nos meus joelhos e engulo a bile.

— Riley deveria ter nos avisado. – Embry reclamou.

— Ela não devia ter metido a namorada nisso. O que ela esperava?

— Bem, o segredo do lobo foi revelado, agora. —  Embry suspirou —  Vá em frente, Riley.

Levantei a cabeça e olhei para os garotos que pareciam estar levando tudo isto muito despreocupadamente.

— Vocês não estão preocupados com o que possa acontecer? — eu perguntei.

Embry piscou uma vez, surpreendido.

— Preocupados? Por quê?

— Eles podem machucar um ao outro!

Embry e Jenna riram.

— Espero que Paul lhe dê uma mordida — disse Jenna – Isso lhe dará uma lição.

Eu empalideci.

 Ah, não ferra. – discordou Embry — Você viu a Riley? Nem mesmo Sam pode entrar na fase dessa forma, em pleno salto. Ao ver que Paul perdia o controle, quanto tempo ela levou pra atacar, tipo, meio segundo? Essa garota tem um dom.

— Paul luta a mais tempo. Aposto dez pratas que ele deixa uma marca.

— Apostado. Riley é talentosa. Paul não pode fazer nada.

Eles apertaram as mãos, sorrindo.

Tentei me acalmar ao ver que não estavam preocupados, mas não podia tirar da cabeça as imagens brutais da luta dos lobisomens. Meu estômago estava revirado, vazio e ácido, e a preocupação havia me dado dor de cabeça.

— Vamos ver Emily. Você sabe que terá comida esperando. — Embry baixou seu olhar para mim. — Se importa de dar um passeio?

— Sem problema. — eu asfixiei.

Jenna ergueu uma sobrancelha.

— Acho melhor você dirigir, Embry. Parece que ela vai vomitar a qualquer momento.

— Ótima idéia. Cadê as chaves? – Embry perguntou.

— Na ignição.

— Você vai aqui. — ele me disse alegremente, me levantando do chão com uma mão e me pondo no assento. Depois estudou o espaço disponível — Você vai no banco de atrás — ele disse a Jenna.

— Isso é bom. Não tenho muito estômago e não quero estar perto quando ela começar a morrer.

— Eu aposto que ela é mais dura que isto. Ela anda com vampiros.

— Cinco pratas? – Jenna propôs.

— Feito. Sinto-me culpado por tirar seu dinheiro assim.

Embry entrou e ligou o motor enquanto Jenna entrava na parte de trás. Quando fechou sua porta, Embry me disse baixinho:

— Não vomite, certo? Só tenho uma nota de dez e se Paul conseguir cravar os dentes em Riley...

— Tudo bem — eu sussurrei.

Embry nos dirigiu de volta para a vila.

— Ei, como é que Riley passou por cima da proibição afinal?

— A... o que?

— Er, a ordem. Você sabe, pra não sair falando tudo. Como foi que ela te contou sobre isso?

— Oh, isso — eu disse, lembrando de Riley se engasgando tentando me contar a verdade na noite passada. — Ela não me disse. Eu dei sorte.

Embry torceu os lábios, parecendo surpreso.

— Hmm. Eu acho que isso também funciona.

— Pra onde estamos indo? — eu perguntei.

— Para a casa de Emily. Ela é namorada da Sam... Não, noiva, agora, eu acho. Todos vão nos encontrar lá depois que Sam der uma lição neles pelo que acabou de acontecer. E depois que Paul e Riley arranjarem algumas roupas, se é que Paul ainda tem alguma sobrando.

— Emily sabe sobre...?

— É. E ei, não encare ela. Isso irrita a Sam.

Eu fiz uma carranca pra ele.

— E porque eu encararia ela?

Embry pareceu desconfortável.

— Como você acabou de ver, andar por aí com lobisomens tem seus riscos. — ele mudou de assunto rapidamente — Ei, você tá legal sobre aquela coisa toda do bebedor de sangue de cabelo preto da clareira? Ele não parecia ser seu amigo, mas... — Embry levantou os ombros.

— Não, ele não era meu amigo.

— Isso é bom. Nós não queríamos começar nada, quebrar o acordo, sabe.

— Oh, é, Riley me contou sobre o acordo uma vez, há muito tempo. Porque matar Laurent ia quebrar o acordo?

— Laurent? — ele repetiu, bufando, como se ele achasse engraçado que um vampiro tivesse nome. — Bem, tecnicamente, nós estávamos no terrenos dos Cullen. Nós não temos permissão pra matar nenhum deles, os Cullen, pelo menos, fora da nossa terra a não ser que eles quebrem o acordo antes. Nós não sabíamos se aquele de cabelo preto era um parente deles ou alguma coisa assim. Parecia que você o conhecia.

— O que é que eles teriam que fazer pra quebrar o acordo?

— Morder um humano. Riley não estava muito contente com a ideia de deixar isso ir tão longe.

— Bem, obrigada. Eu fico feliz que vocês não esperaram.

— O prazer foi nosso. — Parecia que ele estava querendo dizer isso no sentido literal.

Embry dirigiu através da casa mais à oeste na estrada antes de fazer uma curva apertada numa estrada de terra. No fim dessa rua havia uma casa pequena que um dia já havia sido cinza. Havia apenas uma janela apertada do lado de uma porta pintada de azul, mas havia uma caixa embaixo da janela que estava cheia de margaridas laranjas e amarelas, dando ao lugar todo uma aparência alegre.

Embry abriu a porta do Tracker e inalou.

— Beleza! Emily está cozinhando.

Jenna pulou pra fora o carro e foi caminhando na direção da porta, mas Embry parou ela com uma mão no ombro. Ele olhou pra mim insignificante, e limpou a garganta.

— Eu não estou com a minha carteira aqui — Jenna disse.

— Tudo bem. Eu não vou esquecer.

Eles passaram por cima do único degrau e entraram na casa sem bater na porta e eu segui os dois.

A sala da frente, como na casa de Bonnie, era em grande parte a cozinha. Uma mulher jovem com pele cor de cobre e com um cabelo cor de corvo longo, liso, estava de pé no balcão perto da pia, tirando muffins grandes de uma bandeja e os colocando num prato de papel. Por um segundo, eu me perguntei se o motivo de Embry pra que eu não encarasse era porque essa garota era tão linda.

E então ela perguntou.

— Vocês estão com fome? — com uma voz melódica, e ela se virou pra nos encarar de frente, um sorriso na metade do rosto.

O lado direito do rosto dela estava marcado da linha do cabelo até o queixo com três linhas finas, vermelhas, numa cor vívida apesar delas já terem sarado há muito tempo. Uma das linhas havia puxado pra baixo um canto do seu olho com formato de amêndoa, e a outra havia virado o canto direita da sua boca como numa careta permanente.

Agradecida pelo aviso de Embry, eu me virei rapidamente pra olhar para os muffins na mão dela. O cheiro deles era maravilhoso — como amoras frescas.

— Oh — Emily disse, surpresa. — Quem é essa?

Eu olhei pra cima, tentando me concentrar em olhar para a parte esquerda do rosto dela.

— Bella Swan — Jenna disse pra ela, levantando os ombros. Aparentemente eu já fui o tópico de uma conversa antes. — Quem mais?

— Deixe que Riley arrume um jeito pra contornar isso — Emily murmurou.

Ela me encarou, e nenhuma das duas partes do seu rosto uma vez lindo era amigável. 

— Então, você é a garota-vampira.

Eu me enrijeci.

— Sim. Você é a garota-lobisomem?

Ela sorriu, e Embry e Jenna também. O lado esquerdo do rosto dela se amenizou.

— Eu acho que sou. — ela se virou para Jenna — Onde está a Sam?

— Bella, er, surpreendeu Paul essa manhã.

Emily rolou seu olho bom.

— Ah, Paul — ela suspirou. — Você acha que eles vão demorar? Eu ia começar a fazer os ovos.

— Não se preocupe — Embry disse a ela — Se eles se atrasarem, nós não vamos deixar nada se desperdiçar.

Emily gargalhou, e então abriu a geladeira.

— Sem dúvida — ela concordou. — Bella, você está com fome? Vá em frente e se sirva com um muffin.

— Obrigada. — Eu peguei um do prato e comecei a mordiscar pelas beiras. Estava delicioso, e caiu bem no meu estômago delicado. Embry pegou o seu terceiro e enfiou inteiro na boca.

— Deixe algum pros seus irmãos — Emily castigou ele, batendo na cabeça dele com uma colher de pau. A palavra me surpreendeu, mas parecia não ser nada para os outros.

— Porco — Jenna comentou.

Eu me inclinei no balcão e observei eles três brincando como uma família. A cozinha de Emily era um lugar amigável, brilhante com armários brancos e madeira pálida no chão. Na pequena mesa redonda, um vaso chinês azul e branco estava lotado de flores selvagens. Embry e Jenna pareciam completamente à vontade aqui.

Emily estava misturando uma quantidade enorme de ovos, várias dúzias, em uma grande tigela amarela. Ela tinha levantado as mangas da sua camisa cor de lavanda, e eu podia ver que as cicatrizes se estendiam por todo o seu braço e sua mão direita. Andar por aí com lobisomens tinha seus riscos, assim como Embry havia dito.

A porta da frente se abriu, e Sam passou por ela.

— Emily — ela disse, e tanto amor transbordava da voz dela que eu me senti envergonhada, uma intrusa, enquanto ela atravessava a sala com uma passada e pegar o rosto dela entre suas mãos grandes. Samantha se inclinou e beijou as cicatrizes escuras na bochecha direita dela antes de beijar seus lábios.

— Ei, para com isso — Jenna reclamou. — Eu estou comendo.

— Então cala a boca e come — Sam sugeriu, beijando a boca arruinada de Emily de novo.

— Ugh — Embry gemeu.

Riley e Paul entraram pela porta e vi que eles estavam rindo. Enquanto eu olhava, Paul deu um murro no ombro de Riley e a garota retribuiu com um soco nas costelas. Eles riram de novo. Os dois pareciam ainda estar inteiros.

Paul passou atravessou o lugar tranquilamente enquanto me lançava um olhar ameno.

— Desculpa por antes, gata. — ele murmurou. Ele não esperou uma resposta.

Riley procurou pela sala, os olhos dela pararam quando me encontrou.

— Ei, Bells — me cumprimentou alegremente. Ela pegou dois muffins enquanto passava pela cozinha pra vir ficar do meu lado.

— Como é que você tá?

— Não se preocupe, eu estou bem. Bons muffins. — Eu peguei o meu de volta e comecei a mordiscar de novo. Meu peito se sentiu melhor assim que Riley estava ao meu lado.

— Oh, cara! — Jenna gemeu, nos interrompendo.

Eu olhei pra cima e Embry estava examinando uma linha cor de rosa que estava desaparecendo no antebraço de Paul. Embry estava sorrindo, exultante.

— Quinze dólares — ele declarou.

— Você fez aquilo? — eu cochichei pra Riley, me lembrando da aposta.

— Eu mal toquei nele. Esse cara vai estar perfeito no pôr do sol.

Eu olhei para a linha no braço de Paul. Estranho, mas ela parecia já estar lá a semanas.

— Coisa de lobo — ela cochichou.

Eu balancei a cabeça, tentando não achar estranho.

— Você está bem? — perguntei pra ela por baixo do fôlego.

— Nenhum arranhão. — a expressão dela era de zombaria.

— Ei, crianças — Sam disse numa voz alta, interrompendo todas as conversas que estavam acontecendo na pequena sala.

Emily estava no fogão, mexendo a mistura de ovos numa frigideira grande, mas Sam ainda estava com uma mão tocando a parte de baixo das suas costas, um gesto inconsciente.

— Riley tem uma informação pra nós.

Paul não parecia surpreso. Riley já devia ter explicado isso pra ele e pra Sam. Ou... Eles já haviam ouvido os seus pensamentos.

— Eu sei o que o loiro quer — Riley dirigiu suas palavras pra Jenna e Embry. — Era isso que eu estava tentando te contar. — Ele chutou a perna da cadeira onde Paul havia se sentado.

— E? — Jenna perguntou.

O rosto de Riley ficou sério.

— Ele está querendo vingar a sua parceira, uma que os Cullen mataram no ano passado. Ou seja, agora ele está atrás de Bella.

Isso não era novidade pra mim, pensei.

Jenna, Embry e Emily olharam pra mim com as bocas abertas de surpresa.

— Ela é só uma garota — Embry protestou.

— Eu não disse que fazia sentido. Mas é por isso que o sugador de sangue está querendo passar por nós. Ele está a caminho de Forks.

Eles continuaram a olhar pra mim, ainda com as bocas abertas, por um longo momento. Eu dei de ombros. Apenas mais um dia na minha vida.

— Excelente — Jenna finalmente disse, um sorriso começando a puxar os cantos da sua boca pra cima. — Nós temos um isca.

Com uma velocidade formidável, Riley agarrou uma lata aberta em cima do balcão e a lançou na cabeça de Jenna. A mão de Jenna se levantou mais rápido do que eu julgaria possível, e afastou a lata pouco antes que ela atingisse o seu rosto.

— Bella não é isca.

— Você sabe o que eu quero dizer — Jenna disse sem nenhuma vergonha.

— Então nós vamos mudar os nossos padrões — Samantha disse, ignorando a discussão. — Nós vamos tentar deixar alguns buracos, e ver se ele cai nessa. Nós vamos ter que nos separar, e eu não gosto disso. Mas se ele realmente estiver atrás de Bella, provavelmente não vai tentar tirar vantagem dos nossos números divididos.

— Quil deve estar perto de se juntar a nós — Embry murmurou. — Então nós seremos capazes de nos separar igualmente.

Todo mundo olhou pra baixo. Eu olhei para o rosto de Riley, e ele estava sem esperança, como estava ontem á tarde, do lado de fora da casa dela. Não importava o quanto eles parecessem estar confortáveis com os seus destinos, aqui nessa cozinha feliz, nenhum desses lobisomens queria esse mesmo destino para o amigo.

— Bem, não vamos contar com isso — Sam disse numa voz baixa, e então continuou no seu volume normal. — Paul, Jenna e Embry vão ficar no perímetro exterior, e Riley e eu vamos ficar com o interior. Nós vamos nos juntar quando agarrarmos ele.

Eu reparei que Emily não ficou particularmente satisfeita por Sam ter ficado no grupo menor. A preocupação dela me fez olhar pra Riley, preocupada também.

Sam viu meu olhar.

— Riley acha que seria bom você passar o máximo de tempo aqui em La Push. Ele não vai saber onde te encontrar assim tão facilmente, por via das dúvidas.

— E quanto à Charlie? — eu quis saber.

— A maré de março ainda está aí — Riley disse. — Eu acho que Bonnie vai conseguir manter Charlie aqui quando ele não estiver no trabalho.

— Espere — Sam disse, segurando uma mão pra cima. O olhar dele foi pra Emily e depois voltou pra mim. — Isso é o que Riley acha melhor, mas você precisa decidir sozinha. Você devia pensar os riscos de ambas as situações muito seriamente. Você viu essa manhã o quanto as coisas podem ficar perigosas com facilidade por aqui, como podem sair de controle rapidamente. Se você escolher ficar conosco, eu não posso te dar garantias sobre a sua segurança.

— Eu não vou machucar ela — Riley murmurou, olhando pra baixo.

Sam agiu como se não tivesse ouvido-a falar.

— Se houvesse outro lugar onde você posse se sentir segura...

Eu mordi meu lábio. Onde mais eu podia ir sem colocar mais ninguém em risco? Eu recuei de novo da ideia de trazer Renée pra dentro disso — colocando ela pra dentro do alvo onde eu estava...

— Eu não quero levar o maldito James pra nenhum outro lugar — eu sussurrei.

Sam balançou a cabeça.

— Isso é verdade. É melhor deixar ele aqui, onde nós podemos acabar com isso.

Eu vacilei.

Não queria Riley ou nenhum dos outros tentando acabar com James. Eu olhei para o rosto de Riley; ela estava relaxada, quase a mesma do qual eu me lembrava antes dessa coisa de lobo, e extremamente despreocupada com a ideia de caçar vampiros.

— Você vai ser cuidadosa, certo? — eu perguntei, com um caroço audível na minha garganta.

Os garotos explodiram de vaias de brincadeira. Todos riram de mim e do sorrisinho que Riley abriu — exceto Emily. Ela encontrou meus olhos, e eu de repente consegui enxergar a simetria por baixo da sua deformidade. O rosto dela ainda era lindo, e vivo com uma preocupação ainda mais penetrante do que a minha. Eu tive que desviar o olhar, antes que o amor por trás das suas preocupações fizessem o meu peito doer.

— A comida tá pronta — ela anunciou, a conversa sobre estratégias virou história. A matilha correu ao redor da mesa, que parecia pequena e prestes a cair por causa deles, e devoraram a panela de tamanho gigante de ovos que Emily havia colocado na frente deles em tempo recorde.

Emily comeu inclinada no balcão como eu, evitando a confusão da mesa, e olhou pra eles com olhos aficionados. A expressão dela deixava bem claro que essa era a sua família.

Sinceramente, isso não era exatamente o que eu esperava de um bando de lobisomens.

 

Passei o dia em La Push, em grande parte na casa de Bonnie. Ela deixou mensagens no telefone de Charlie e na delegacia, e ele apareceu quase na hora do jantar com duas pizzas.

Foi bom que ele tenha trazido duas grandes; Riley comeu uma inteira sozinha.

Vi Charlie olhando pra nós duas com olhos suspeitos a noite inteira, especialmente para Riley.

Eu sabia que assim que Charlie e eu fossemos pra casa, Riley ia se mandar — ela ia sair por aí como lobo, como havia feito em pequenos intervalos durante o dia inteiro.

Ela e os seus irmãos meio que mantinham uma ronda constante, procurando por algum sinal de que James havia voltado. Mas, de acordo com Riley, ele continuava desaparecido.

Riley me acompanhou até o Tracker depois do jantar e ficou grudada na janela, esperando que Charlie fosse embora primeiro.

— Não tenha medo essa noite — Riley disse enquanto Charlie fingia estar tendo problemas com o cinto de segurança. — Nós vamos estar de olho lá, observando.

— Eu não vou estar preocupada comigo mesma — prometi.

— Você é boboca. Caçar vampiros é divertido. É a melhor parte dessa bagunça toda.

Eu balancei minha cabeça.

— Se eu sou boboca, então você está perigosamente desequilibrada.

Ela gargalhou.

— Descanse um pouco, Bella, querida. Você parece exausta.

— Eu vou tentar.

Charlie tocou a buzina impaciente.

— Te vejo amanhã — Riley disse. — Venha assim que acordar.

— Eu vou.

 

Charlie me seguiu até em casa. Eu prestei pouca atenção aos faróis no meu espelho retrovisor. Ao invés disso, eu imaginei onde Sam e Jenna e Embry e Paul haviam ido, na sua caçada de hoje à noite. Eu imaginei se Riley já havia se juntado a eles.

Quando nós chegamos em casa, eu corri para as escadas, mas Charlie estava bem atrás de mim.

— O que está acontecendo, Bella? — ele quis saber antes que eu conseguisse escapar — Eu

pensei que Riley fizesse parte de uma tal gangue e que vocês estavam brigando.

— Fizemos as pazes.

— E a gangue?

— Eu não sei, quem consegue entender esses adolescentes? Eles são um mistério. Mas eu conheci Samantha Uley e sua noiva, Emily. Pra mim elas pareceram bem legais. — levantei os ombros — Deve ter sido tudo um mal-entendido.

O rosto dele mudou.

— Eu não sabia que ela e Emily haviam tornado oficial. Isso é bom... Pobre garota.

— Você sabe o que aconteceu com ela?

— Espancada por um urso. Foi um acidente horrível, já faz mais de um ano agora. Eu ouvi dizer que Sam ficou bem perturbada com a coisa toda.

— Isso é horrível — ecoei. Mais de um ano atrás. Aposto que isso havia acontecido quando só havia um lobisomem em La Push. Eu tremi ao pensar em como Sam deve se sentir toda vez que olha para o rosto de Emily.

Naquela noite eu fiquei acordada por muito tempo tentando pensar no dia de hoje. Eu pensei no meu jantar com Bonnie, Riley e Charlie, na longa tarde na casa dos Black, esperando ansiosamente ter notícias de Riley, na cozinha de Emily, o horror da briga de lobisomens, a conversa com Riley na praia.

Eu pensei no que Riley havia dito cedo nessa manhã, sobre hipocrisia.

E pensei nisso por um longo momento. Eu não gostava de pensar que era uma hipócrita, só que qual era a vantagem de mentir pra mim mesma?

Eu balancei minha cabeça tristemente sem conseguir chegar a nenhuma conclusão. O amor é irracional, lembrei a mim mesma. Quanto mais você ama alguém, menos sentido as coisas fazem.

Que piegas.

Finalmente peguei no sono imaginando os lobos, invisíveis na noite, me protegendo do perigo. Quando eu sonhei, estava segurando a mão assustada de Emily enquanto nós encarávamos as sombras e esperávamos ansiosamente que os nossas lobas voltassem pra casa.


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Notas finais do capítulo

TT: @eldiablexx



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