Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 14
Twelve


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que prometi atualizar Heaven e eu vou... Esses dias k



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Uma fascinante desordem de emoções passou por mim em um segundo. A primeira foi surpresa – eu estava distante de qualquer trilha aqui, e não esperava companhia. Então, enquanto meus olhos se focavam na figura imóvel, vendo a incrível rigidez, a pele pálida, uma onda de esperança penetrante passou por mim. Eu a suprimi viciosamente, lutando contra a agonia igualmente afiada enquanto meus olhos continuavam pra olhar o rosto embaixo do cabelo preto, que não era o que eu estava esperando. A próxima foi medo – esse não era o rosto pela qual eu vivia aflita, mas ele estava suficientemente perto de mim pra que eu soubesse que aquele homem não era nenhum mochileiro.

E finalmente, no fim, reconhecimento.

— Laurent? – eu falei confusa.

Laurent fazia parte do grupo de Victoria quando eu o conheci. Ele não esteva envolvido na caçada que se seguiu – a caçada na qual eu era a presa – mas isso foi só porque ele estava com medo; eu era protegida por um grupo maior do que o dele. Teria sido diferente se esse não fosse o caso – ele não tinha nada contra, naquela época, a ideia de me fazer de refeição. É claro, ele devia ter mudado, porque ele foi para o Alaska pra viver com outro grupo civilizado lá, outra família que se recusava a beber sangue de humanos por razões éticas. Outra família como os... Eu não conseguia me fazer pensar no nome.

Era impossível o quanto Laurent parecia exatamente o mesmo. Eu acho que era muito bobo e humano esperar que as coisas mudassem tanto em um ano. Mas havia uma coisa que eu não conseguia identificar o que era direito.

— Isabella? – ele perguntou, parecendo mais pasmo do que eu me sentia.

— Você lembra – eu tremi.

Ele sorriu.

— Eu não esperava te ver por aqui. – ele andou na minha direção, saindo totalmente da beira da floresta, com a expressão divertida.

— Eu moro aqui... Eu pensei que você tinha ido para o Alaska ou algo assim.

Ele parou a uns dez passos de distância, inclinando a cabeça para o lado. Eu ainda estava encostada ao capô do Tracker, lembrando inutilmente que as chaves estavam na ignição.

O rosto dele era o rosto mais bonito que eu via pelo que pareceu ser uma eternidade. 

— Você está certa. – ele concordou. – Eu fui para o Alaska. Ainda assim, eu não esperava... Quando eu encontrei a casa dos Cullen vazia, eu pensei que eles haviam se mudado.

— Oh. – eu mordi meu lábio quando o nome fez as beiras em carne viva do meu coração doerem. Eu levei um segundo pra me recompor.

Laurent esperou com olhos curiosos.

— Eles se mudaram. – eu finalmente consegui dizê-lo, dando de ombros.

— Hmm – ele murmurou – Eu estou surprso que eles tenham te deixado pra trás. Você não era uma espécie de animal de estimação deles?— os olhos dele estavam inocentes como se não tivessem a intenção de ofender.

Eu dei um sorriso frio. – Alguma coisa assim.

— Hm – ele disse, pensativo de novo.

Nesse exato momento, eu percebi o porquê que ele parecia igual — igual demais. Depois que Carlisle nos disse que Laurent havia ficado com a família de Tanya, eu comecei a imaginá-lo, nas raras ocasiões em que pensava nele, com os mesmos olhos dourados que os... Cullen – forcei o nome a sair, estremecendo – tinham. Que os vampiros bons tinham.

Eu dei um passou involuntário pra trás, e os seus curiosos, olhos vermelho escuros seguiram o meu movimento.

— Eles te visitam frequentemente? – ele perguntou, ainda casual, mas o peso dele se inclinou na minha direção.

— De vez em quando. – eu tentei fazer minha voz ficar leve, relaxada – O tempo parece mais longo pra mim, eu imagino. Você sabe como eles podem ser distraídos... – eu estava começando a tagarelar. Eu tive que me esforçar pra calar a boca.

— Hm – ele disse de novo. – A casa cheirava como se estivesse vazia já ha algum tempo...

Tentei novamente.

— Eu vou ter que dizer a Carlisle que você esteve aqui. Ele vai ficar triste por ter perdido a sua visita. – eu fingi estar pensando por um segundo – Mas eu provavelmente não devia mencionar isso pra... Edythe, eu acho... – eu mal consegui dizer o nome dela, e isso fez a minha expressão se contorcer, arruinando o meu blefe. – Ela tem um temperamento forte... Bem, eu tenho certeza de que você lembra. Ela ainda está nervosa com aquela coisa de Victoria. – eu revirei os olhos e abanei displicentemente com uma mão, como se isso fosse uma história antiga, mas havia uma pontada de histeria na minha voz. Eu me perguntei se ele poderia reconhecer o que isso era.

— Ela está mesmo? – Laurent perguntou prazerosamente... E ceticamente.

Eu mantive minha resposta curta, pra que assim minha voz não deletasse o meu pânico. – Mm-hmm.

Laurent deu um passo casual para o lado, olhando ao seu redor no acostamento; estávamos afastados os suficiente da cidade para que nenhuma viva alma desse as caras por aqui.

— Então como estão as coisas em Denali? Carlisle disse que você tinha ido ficar com Tanya? – minha voz estava alta demais.

A questão fez ele parar.

— Eu gosto muito de Tânia – ele meditou – E da sua irmã Irina ainda mais... Eu nunca havia ficado tanto tempo em um só lugar, e eu aproveitei as vantagens, as novidades de tudo. Mas as restrições eram difíceis... Eu estou surpreso que eles tenham conseguido aguentar por tanto tempo. – ele sorriu pra mim de forma conspiratória. – Às vezes eu trapaceio.

Eu não consegui engolir. Os meus pés começaram a ir pra trás, mas eu fiquei congelada quando seus olhos vermelhos olharam pra baixo pra captar o movimento.

— Oh – eu disse com uma voz fraca. – Jessamine tem problemas com isso também.

— Mesmo? – Laurent pareceu interessado. – Foi por isso que eles foram embora?

— Não – eu respondi honestamente – Jass é mais cuidadosa em casa.

— Sim – Laurent concordou – Eu sou também.

O passo á frente que ele deu agora foi de propósito.

— James encontrou você? – eu perguntei, sem fôlego, desesperada pra distraí-lo. Essa foi a primeira pergunta que me veio a mente, e eu me arrependi de ter dito as palavras assim que ela saíram. James – que havia me caçado com Victoria, e depois desaparecido – não era alguém em quem eu queria pensar nesse momento em particular.

Mas a pergunta o parou.

— Sim – ele disse, hesitando no passo – Na verdade eu vim aqui como um favor pra ele. – ele fez uma cara – Ele não vai ficar feliz com isso.

— Com o quê? – eu disse ansiosamente, o convidando a continuar. Ele estava olhando para as árvores, pra longe de mim. Eu tomei vantagem na distração dele, dando um passo furtivo pra trás.

Ele olhou de volta pra mim e sorriu – a expressão o fez parecer um anjo de cabelos pretos.

— Eu matar você. – ele respondeu com um ronronar sedutor.

Eu vacilei em outro passo pra trás.

— Ele queria salvar essa parte pra si próprio. – ele continuou, alegremente – Ele está meio... Aborrecido com você.

— Comigo? – eu esguichei.

Ele balançou a cabeça e gargalhou.

— Eu sei, parece um pouco atrasado pra mim também. Mas Victoria era a parceiro dele, e a sua Edythe a matou.

Mesmo aqui, a beira da morte, o nome dela rasgou as paredes não cicatrizadas da minha ferida como se a estivesse serrando.

Laurent não estava consciente da minha reação.

— Ele achou mais apropriado matar você do que Edythe, um troco justo, parceiro por parceiro. Ele me pediu pra ficar de olho na terra deles, por assim dizer. Eu não podia imaginar que seria tão fácil te pegar. Então talvez o plano dele falhe; aparentemente não era a vingança que ele havia imaginado, já que você não deve ser tão importante pra ela já que ela te deixou aqui desprotegida.

Outro golpe, outra lágrima no meu peito. O peso de Laurent se moveu levemente, e eu dei outro passo pra trás.

Ele fez uma careta. – Eu acho que ele vai ficar zangado, do mesmo jeito.

— Então porque não esperar por ele? – eu gaguejei.

Um sorriso maquiavélico transformou o rosto dele.

— Bem, você me pegou num mal momento, Bella. Eu não vim pra esse lugar por causa da missão de James, eu estava caçando. Estou com muita sede, e o seu cheiro é... Simplesmente de dar água na boca.

Laurent olhou para mim com aprovação, como se ele estivesse falando sério quando me cumprimentou.

— Por favor... – eu asfixiei.

Laurent balançou a cabeça, seu rosto estava gentil. – Veja dessa forma, Bella. Você tem muita sorte que fui eu quem te encontrou.

— Eu tenho? – eu murmurei, arriscando outro passo pra trás. Laurent seguiu, leve e gracioso.

— Sim – ele me assegurou – Eu serei bem rápido. Você não vai sentir nada, eu prometo. Oh, eu vou mentir pra James sobre isso mais tarde, naturalmente, só pra aplacar ele. Mas se você soubesse o que ele tinha planejado pra você, Bella... – ele balançou a cabeça com um movimento lento, quase com desgosto – Eu juro que você estaria me agradecendo.

Eu olhei pra ele horrorizada. Ele fungou a brisa que soprava o meu cabelo na direção dele.

— De dar água na boca. – ele repetiu, inalando profundamente.

Eu fiquei tensa pra sair dali, meus olhos piscando enquanto eu tentava me afastar.

Pelos meus olhos apertados, vi Laurent parar no meio do ato de inalar e virar a cabeça rapidamente para a esquerda. Eu estava com medo de tirar os olhos dele, de seguir a direção do seu olhar, apesar de que ele já não precisava mais de nenhum truque ou nenhum distração pra me pegar.

Eu estava muito surpresa pra me sentir aliviada quando ele começou a se afastar de mim.

— Eu não acredito nisso. – ele disse, a voz estava tão baixa que eu quase não a ouvia.

Então eu tive que olhar. Meus olhos margem da floresta, procurando pela distração que havia estendido a minha vida em mais alguns segundos. No início eu não vi nada, e o meu olhar voltou pra Laurent. Ele estava se afastando com mais velocidade agora, os olhos fixos em um ponto da floresta. Então eu vi; uma enorme figura preta saiu das árvores, quieta como uma sombra, e perseguiu de propósito na direção do vampiro. Era enorme – alto como uma casa, só que mais grosso, muito mais musculoso. O longo focinho fez uma careta, revelando uma longa fileira de dentes afiados como adagas. Um horrível rosnado saiu pelos seus dentes, rompendo pela imensidão da estrada como o barulho de um trovão prolongado.

O urso. Só que aquilo não era um urso de jeito nenhum. 

Mesmo assim, aquele enorme monstro preta tinha que ser a criatura que andava causando o alarme. De longe, qualquer um presumiria se tratar de um urso. O que mais poderia ter uma estrutura tão vasta, tão poderosa?

Eu desejei ter sido sortuda o suficiente pra vê-lo de longe. Ao invés disso, ele caminhava silenciosamente na grama a menos de dez metros de onde eu estava. Eu nunca tinha imaginado que um lobo podia ficar tão grande.

Outro rosnado saiu da sua garganta, e eu me encolhi com o som.

Laurent estava tentando voltar para a beira onde ficavam as árvores, e, por baixo do terror que me congelava, a confusão passou por mim. Porque Laurent estava fugindo? Com certeza, o lobo era de um tamanho monstruoso, mas era só um animal. Por que razão um vampiro teria medo de um animal?

E Laurent estava com medo. Os olhos dele estavam esbugalhados de horror, como os meus.

Como se isso respondesse a minha pergunta, de repente o lobo do tamanho de um elefante não estava mais sozinho. Saindo do mesmo ponto, outras duas bestas gigantes se arrastaram pra dentro da clareira. Uma era de um cinza escuro, o outro castanho claro, mas nenhum era tão grande quanto o primeiro. O lobo cinza saiu das árvores a apenas alguns centímetros de mim, com os olhos grudados em Laurent.

Antes mesmo que eu pudesse reagir, mais dois outros lobos os seguiram, alinhados como um V, como gansos voando para o sul.

Isso significava que o ultimo monstro castanho claro que entrou na floresta novamente estava perto o suficiente pra eu tocá-lo.

Eu dei um suspiro involuntário e pulei pra trás – que foi a coisa mais estúpida que eu podia ter feito. Eu congelei de novo, esperando que os lobos se virassem pra mim, a presa muito mais fraca e vulnerável.

Eu desejei brevemente que Laurent começasse a destruir o grupo de lobos – isso devia ser fácil pra ele. Eu achei que, entre as duas escolhas á minha frente, ser comida por lobos era certamente a pior opção.

O lobo mais próximo de mim, o castanho claro, virou a cabeça levemente com o som do meu suspiro.

Os olhos do lobo eram tão castanhos quanto seu pelo. Ele olhou pra mim uma fração de segundo, seus olhos profundos pareceram inteligentes demais pra um animal selvagem.

Laurent estava olhando pra o monstruoso bando de lobos monstruosos com um inexplicável olhar de choque e medo. Primeiro eu não consegui entender. Mas eu fiquei atordoada quando, sem nenhum aviso, ele se virou e desapareceu entre as árvores.

Ele fugiu.

Os lobos foram atrás dele em um segundo, se espalhando pela grama com passadas poderosas, rosnando e fazer estalos tão altos que eu levantei minhas mãos instintivamente pra cobrir meus ouvidos. O som desapareceu com surpreendente velocidade assim que eles desapareceram na mata.

E então eu estava sozinha de novo.

Meus joelhos tremerem embaixo de mim, e eu caí em cima das minhas mãos, soluços se construindo na minha garganta.

Eu sabia que tinha que ir embora, e tinha que ir agora. Por quanto tempo os lobos iam caçar Laurent antes de voltarem por mim? Ou

Laurent ia se virar contra eles? Seria ele quem voltaria me procurando?

Porém, primeiramente eu não conseguia me mexer; meus braços e pernas estavam tremendo, e eu não sabia como voltar a ficar de pá.

Minha mente não conseguia superar o medo, o horror ou a confusão.

Eu não entendia o que havia acabado de testemunhar.

Um vampiro não devia fugir de cachorros crescidos daquele jeito. Que mal os dentes dele poderiam fazer á sua pele de granito?

E os lobos devem ter dado á Laurent um longo espaço. Mesmo que o tamanho extraordinário deles os tenha ensinado a não temer nada, ainda não faziam nenhum sentido que eles o perseguissem. Eu duvidava que a pele de mármore gelado dele cheirasse como comida. Porque eles iam passar alguma coisa com sangue morno e fraca como eu pra perseguir Laurent?

Eu não conseguia entender o sentido disso.

Eu fiquei de pé, tremendo de pânico, entrei no Tracker o mais rápido que pude.

 

Deitei na minha cama, tremendo demais para pensar em dormir. Depois de dispensar o jantar e o interrogatório de Charlie, ainda parei pra ver se a casa estava trancada antes de subir – eu sabia que era uma coisa idiota de se fazer, porque, na real que diferença uma porta ia fazer para os monstros que eu vi hoje? Eu imaginei que a maçaneta só ia atrasar os lobos, já que eles não tinham polegares.

E se Laurent viesse... Ou James...

Eu me curvei e virei uma bola embaixo da minha colcha, e encarei os horríveis fatos – não havia nada que eu pudesse fazer. Não haviam precauções que eu pudesse tomar. Não havia lugar onde eu pudesse me esconder. Não havia ninguém que pudesse me ajudar.

Eu me dei conta, com uma sensação de náusea no meu estômago, que a situação ainda era pior que isso porque todos esses fatos aplicavam-se a Charlie também. Meu pai, dormindo a um quarto de distância de mim, era só o centro do coração do alvo que estava centrado em mim. O meu cheiro os levariam até lá, eu estando lá ou não.

Os tremores me balançaram até que os meus dentes estavam se batendo.

Pra me acalmar, eu fantasiei o impossível: eu imaginei os grandes lobos pegando Laurent nas matas e massacrando o indestrutível imortal do jeito como eles fariam a uma pessoa normal. Apesar do absurdo da visão, a ideia me confortou.

Se os lobos o pegassem, então ele não poderiam contar a James que eu estava sozinha. Se ele não voltasse, talvez James pensasse que os Cullen ainda estavam me protegendo. Se apenas os lobos pudessem derrotá-lo...

Se os meus bons vampiros não voltariam nunca mais, me achei no direito de pensar que o outro tipo também poderia desaparecer.

Eu fechei meus olhos com força e esperei pra ficar inconsciente – quase ansiosa que o meu pesadelo começasse. Era melhor do que aquele lindo rosto pálido que sorria pra mim por trás das minhas pálpebras. Na minha imaginação, os olhos de Victória eram pretos por causa da sede, brilhantes com a antecipação, e os lábios dela se curvavam pra trás mostrando os dentes dela com prazer. O cabelo vermelho dela era brilhante como fogo; ele se espalhava caoticamente ao redor do seu rosto selvagem – porque, sendo sincera, eu não havia superado totalmente o nosso terrível encontro meses atrás. Como poderia? Ela fora a primeira mulher na minha vida, em vários sentidos. Eu tinha acreditado que a amava. E depois ela ressurgira pra tentar me matar.

Com um suspiro sôfrego, eu pressionei meu punho na boca pra não gritar.


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Notas finais do capítulo

TT: @eldiablxx



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