Brincadeiras do destino escrita por Phoenix


Capítulo 4
O amor é uma flor roxa


Notas iniciais do capítulo

Catarine não consegue mudar para a sala A durante esses dois anos, por isso decide revelar seu amor através de uma carta.



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***

Noite anterior a entrega da carta.

— Otousan, qual é a melhor forma para se declarar a alguém?

— Como assim Catarine? Você gosta de alguém? Mas como já esqueceu o Kinho, como pode?

— Otousan, pelo amor de Deus, faz seis anos que eu vi o Kinho pela primeira e ÚNICA vez, como assim JÁ esqueci? E outra coisa, nós éramos crianças, não faz sentido.

— Tudo bem, por mais arrasado e destruído que eu fique, você é quem deve escolher seu amor. Me desculpe, só achei que vocês dois ornariam muito bem, só de imaginar...

— PAI, foca em mim.

— Foca? Onde?

— Eu quis dizer foco, focar, olhar, se atente a mim, pelo amor!!!!

— Desculpe, esse linguajar de jovem é estranho para mim, mas enfim, como você percebeu, sou uma pessoa a moda antiga, e na minha opinião a melhor forma de se declarar é a boa e velha carta de amor, nada mais romântico que isso, ainda mais nos dias atuais. Na carta você pode colocar o cheiro do seu perfume, a caligrafia também é algo único, como se tivesse o sentimento passado para o papel, a carta é algo que aproxima mais do que essas tecnologias. Essa é minha opinião. Agora me diz, é aquele bonitão, inteligente de Q.I 200?

— É sim Otousan!!!!!!! – Disse isso cheio de amor.

— Você acha que é uma boa ideia? Geralmente esse tipo de pessoa não prefere alguém parecido com ele? Sabe, uma pessoa mais certinha...

— Você quis dizer alguém inteligente? Está me chamando de burra? Até tu?

— Catarine, eu não te chamei de burra filha, mas você precisa entender que geralmente esse tipo de menino... – começou a lacrimejar os olhos – ... esse tipo de menino, é mal-humorado, sistemático, gosta de tudo muito certinho, e filha, por minha culpa... – começou a chorar - ... você não desenvolveu a feminilidade, eu não consegui te criar como se deve criar uma filha, por minha culpa você foi privada de tantas coisas, por isso me preocupo, eu não quero te ver sofrer, me perdoe filha!!!

— Pai, olha para mim. Você acha que eu sou uma pessoa ruim?

— Não, jamais.

— Você acha que eu sou uma pessoa mal-educada, grosseira e que trata as pessoas mal?

— Não filha, você é uma pessoa muito gentil e prestativa.

— Você acha que eu sou preguiçosa, porca e sem o mínimo da higiene pessoal?

— Não filha, você é cheirosa, se cuida bem, você é muito higiênica.

— Agora acima de tudo, você acha que o meu caráter, a minha personalidade, enfim, você acha que tudo isso é ruim em mim?

Agora meu pai para de chorar e me olha sério.

— Não filha, você é maravilhosa e eu tenho certeza que você seria assim mesmo se sua mãe estivesse viva. Desculpe ter pensado essas besteiras. O amor de verdade vai além da aparência, quem gostar de você, vai gostar de você como é, e se essa pessoa quiser mudar algo em você, ela não será a pessoa que lhe fará feliz.

— Obrigada Otousan, você me criou como pode, trabalhou muito, se esforçou ao máximo, TUDO o que o senhor pode me dar, o senhor me deu, e isso é mais que suficiente. Eu não preciso ser super-feminina, ou me arrumar melhor, a essência de ser uma boa pessoa. Você me deu e isso é TUDO O QUE EU PRECISO!

Nós nos abraçamos. Às vezes é necessário falar isso ao meu pai, ele se sente muito mal com a morte da minha mãe e acha que isso me afetou de alguma maneira, mas como eu poderia reclamar dele? Ele cuidou da minha mãe até o último instante de sua vida, não saiu do lado dela, trabalhou de domingo a domingo, fez TUDO por mim. Eu jamais serei ingrata a ele, além de pai é meu melhor amigo, eu conto tudo a ele e conto muito com ele. Ele é meu amor.

Agora estou no quarto, comprei um papel de carta bonito, espirrei meu perfume nele, deixei secando para não borrar a tinta, comprei canetas coloridas para enfeitar a carta e fazer alguns desenhos kawais. Agora vou fazer um rascunho e checar a ortografia antes de escrever o original.

** Algum tempo depois **

— Ficou perfeita, ótima, linda, cheirosa e graças as aulas de caligrafia minha letra é bonita. Pronto!! – Quando olhei para a janela vi uma estrela cadente. – Uau, hoje é chuva de meteoros que passou na televisão! Isso significa que amanhã será o início de uma vida cheia de sorte.

** De manhã**

— Catarine, você já está a UMA HORA TOMANDO BANHO, EU NÃO SOU SÓCIO DA SABESP MINHA FILHA!!!!

— Desculpe Otousan, eu me distraí um pouco.

— Tome seu café.

— Eu prefiro não tomar, senão eu vou me atrasar, vou derrubar na roupa, ficar suja, chegar toda podre na escola e hoje não pode acontecer nenhuma das minhas tragédias habituais.

— Nossa, queria saber se esse rapaz vale tanto a pena assim.

— VALE, vale, vale, vale e vale muito. Vale 200 de Q.I, vale ser um excelente jogador de tênis e vale o senhor ter netos bonitos, porque ele é tão lindo que não tem como a beleza dele não ser os genes dele não serem mais fortes que o meu.

— Sou mais o Kinho, ele é bonitão e inteligente também, eu sei disso, porque o pai dele me contou.

— Os pais sempre superestimam os seus filhos. Deixe eu terminar de me arrumar. Ah me dá umas balinhas, por favor, Otousan.

Meu pai me entregou as balas e eu respondi dizendo que o amava. Fui limpar meu sapatos e passar perfume, BASTANTE perfume, mas não tão exagerado.

— Tchau, estou indo, me deseje sorte! Mas eu sei que o destino está ao meu lado, eu sinto que coisas boas vão acontecer, estou com essa sensação.

— Ganbatte, Catarine.

— Bye bye.

***

Cheguei na escola, eu estou tremendo, meu coração está disparado, vou espera-lo aqui no portão.

Caramba, está chegando muita gente de uma só vez, me questiono se foi uma boa ideia espera-lo aqui na entrada, ai meu coração, vou enfartar, na moral.

Vish, ele chegou, já era, eu vou lá.

Estou andando, minhas pernas estão bambas, mas eu vou chama-lo.

— Irie-Kun. – Chamei uma vez. – Irie-kun... IRIE-KUN!!! – Todo mundo parou e me olhou. – Aceite a minha carta, por favor?

Ele está junto de Wally-San.

— Não obrigado.

— Desculpe Catarine, o temperamento dele não é dos melhores. – Disse Wally gentimente.

O QUE? NÃO OBRIGADO? CÃO DOS INFERNOS. Deus controla minha língua.

— Desculpe, não sabia que a sua preferência era outra.

— Do que você está falando?

Enquanto isso, TODOS estavam parados olhando.

— Que você gosta de meninos, desculpe.

— Você quer que eu te prove?

Ele parece ter ficado nervoso, meio vermelho. Então ele chegou tão perto, que eu senti o cheiro de hortelã do seu creme dental, o espaço era tão pequeno entre os nossos rostos, que nem meu dedo mínimo cabia. Meu coração ia saltar, eu não conseguia respirar, será que ele vai me beijar? Estou quase fechando os olhos...

— Se você fosse um pouco menos feia, eu teria coragem de te provar. (Sai dando risada)

O QUEEEEEEEEEEEE????? Grosseiro, tentei me sair bem, mas ele me humilhou mais ainda. Que vergonha, que horror.

Estou indo para a sala, mas a notícia se espalhou mais rápido do que eu podia imaginar. Estou escutando as vozes dos alunos falando sobre a situação.

— A Catarine-San da turma F?

— Ela só pode ter problemas mentais.

— É praticamente a mais burra da escola.

— Ela só sabe dançar e tocar aquele violãozinho.

— Nossa, querer o Irie-Kun é demais.

— Naoki-San é muita área para o caminhãozinho dela.

— CALEM A BOCA SEUS TAPADOS. – Não aguente e gritei. Mas só serviu para todos rirem.

***

— Catarine, porque você entregou a carta para o Irie-Kun? – Questionou Samanta.

— Amiga, você está sem um parafuso? – Dessa vez falou Jéssica

— Como vocês já estão sabendo?

— OLHA ISSO! – Falaram as duas me mostrando o celular.

(Audio do vídeo)

— Você quer que eu te prove?

Ele parece ter ficado nervoso, meio vermelho. Então ele chegou tão perto, que eu senti o cheiro de hortelã do seu creme dental, o espaço era tão pequeno entre os nossos rostos, que nem meu dedo mínimo cabia. Meu coração ia saltar, eu não conseguia respirar, será que ele vai me beijar? Estou quase fechando os olhos...

— Se você fosse um pouco menos feia, eu teria coragem de te provar. (Sai dando risada)

— Fizeram uma LIVE NO FACEBOOK? MEU DEUS. -  Comecei a chorar de vergonha e raiva. – Aquela cachorra da Mayumi-San, não acredito que ela fez isso!

— Gata, você deveria saber que ela é capaz de fazer esse tipo de coisa e muito mais né! – Me advertiu Jéssica.

— Concordo com, veja bem, você duas tem o melhor histórico de inimigas, lembra daquela vez ... – Samanta me fez lembrar de como eu a conheci.

(Lembrança do 1º ano)

— Você é Catarine-San?

— Sim, e qual o seu nome?

— Mayumi. Mas isso não interessa a você. O que interessa aqui é que você deve ficar longe do Naoki-San.

— Olha eu sei que eu causei uma confusão, mas foi um mal-entendido, está tudo bem agora.

— Mal-entendido? Aquela situação foi degradante, você quase manchou a reputação do melhor estudante da escola. Você chegou a pensar nas consequências de seus atos?

— Bem, na verdade...

— Está vendo, você é tão estúpida que não reflete nas sequelas que podem ter ficado depois de tudo aquilo.

— Irie-Kun pediu para você vir falar comigo?

— Não.

—Então porque age como se estivesse tão intima, como se fosse a defensora dele?

— Porque eu gosto dele.

— Eu também gosto, e daí?

— O QUE? – Mayumi disse rindo. - Você tem coragem de admitir isso para mim? Olhe bem para você: uma pessoa comum, com intelecto inferior e atitudes grosseiras. Agora olhe para mim: sou refinada, inteligente, naturalmente bonita e sou o par perfeito de Naoki-San. Você precisa se conformar.

Realmente. Ela era muito bonita, parecia ser rica, assim como Irie-Kun, mas eu não estava nem aí, pois ela era uma pessoa de caráter duvidoso.

— A maçã pode ser bem vermelha e bonita por fora, mas nada adianta se ela estiver podre por dentro.

—Enquanto esse tipo de pessoa, similar a você estiver rondando a vida de Naoki-San, eu espantarei da vida assim como fazemos com as baratas.

— Mayumi-San, não estou entendendo o porquê de tanta grosseria gratuita, não fiz nada para você, nem te conheço, nunca te vi.

— Mas você fez algo a alguém que eu gosto e quero, isso eu não permitirei.

— Querer não é poder, enquanto ele não for seu namorado, eu vou falar com ele sim, ser amiga dele sim, se ele quiser eu serei a namorada dele sim.

— Catarine, encare os fatos: você não tem chance.

— Veremos!

Saí bufando e batendo o pé. Ela está loucona meu, que isso, sai fora, essa usa uns “negocinhos”.

(voltando ao momento)

— E também teve aquela outra situação né. – Jéssica me fez lembrar.

(lembraça do 2º ano)

Samanta estava conversando com Wally-San. Sempre achei que eles estavam interessados um no outro. Porém parece que tem gente na classe A que também é afim do Wally.

— Oi Wally-San. – Disse uma menina, que olhou Samanta com cara de nojo e a ignorou.

— Oi Maytê-San, tudo bem? – Respondeu Wally sem graça.

A partir daí, essa menina cortava tudo o que a Samanta falava. Eu não aguentei e falei.

(Enquanto isso Naoki observa Catarine, sem que ela perceba)

— Ô coisa estranha, será que você não percebeu que eles estavam conversando?

— Meu nome é Maytê, e você está se intrometendo.

— Maytê-San, sou Catarine. Posso estar me intrometendo, mas não sou mal-educada igual você que chega na conversa dos outros e exclui os participantes.

Nesse momento chegou Mayumi.

— Ora, ora, vejam só se não é a tempestade em copo d’água. Causando situações inconvenientes como sempre. – Provocou-me Mayumi.

— Vamos Samanta, não adianta perder tempo com quem não vale a pena. Bye bye Wally-San, manda um beijo para Irie-Kun. – Falei olhando para Mayumi.

— Bye bye Wally-San – Despediu-se Samanta.

— Finalmente as desclassificadas F foram embora, o ar até melhorou. Não concorda Maytê.

— Totalmente Mayume. – Então elas riram bastante.

Meu sangue ferver, subiu, eu não medi minhas atitudes, quando vi já tinha feito, joguei nas duas a garrafa todinha de suco que estava na minha mão.

— Você está louca? Baka, estúpida, burra, desclassificada. – Mayumi grunhia como um animal que ela é.

Então é obvio que eu fui para a diretoria e peguei uma suspensão de 1 dia. MAYUMI BAKA!!!!

(voltando ao presente)

— Sim, sempre tem umas situações assim... E lembrei de todas as discussões que tivemos. Várias vezes nos provocamos, algumas vezes ela se saía bem, outras eu me saía, mas sempre acontecia. Que ódio dessa menina.

— Mas Catarine, veja só, como você foi se declarar para Irie-Kun, o que despreza todas. Nunca se ouviu falar que ele tenha ficado com NENHUMA MENINA, isso é muito estranho, ele dispensa todas, até as mais bonitas. Nenhuma conseguiu derreter o iceberg que é aquele coração. – Samanta argumentou.

— É verdade, gata, ele é um garoto de outro planeta: lindo, inteligente, fluente em inglês, japonês e português, alto, corpo atlético, melhor jogador de tênis categoria teen. Fica difícil assim. Você deve procurar um cara mais normal, que goste desse seu jeito atrapalhado de ser.

De repente, entra Kin-chan.

— Catarine, você está bem? – Diz ele com seu sotaque arrastado do interior.

— Estou sim Kin-Chan, obrigada pelo apoio.

— Você sabe que eu sempre estarei aqui para ajudá-la no que você precisar. Mais do que qualquer um você conhece meus sentimentos. Catarine, se você quiser eu vou lá arrebentar aquele nerd...

— Não precisa disso Kin-chan. Gente, veja só, ele nem ao menos leu a minha carta, ele não serve para mim. Eu já decidi, vou esquece-lo.

— Nossa, parece que eu adivinhei o dia certo para te trazer essas coxinhas com catupiry que eu preparei pensando em você. – Kin-Chan falou isso me entregando as coxinhas.

— QUE DELÍCIA!!! Você cozinha tão bem. Hoje eu nem tomei café. Que delícia. – Falei abraçando meu amigo. Às vezes eu fico triste por não amar o Kin-Chan. Ele é um cara muito legal, mas o meu coração é muito trouxa.

***

(Na saída, na porta da escola)

— Catarine, hoje nós temos que sair para nos divertir, já que você está triste. – Gritou Jéssica.

— Fala baixo menina, ninguém precisa saber que estou triste. Quer dizer, eu nem estou. Eu fiz minha parte em revelar meus sentimentos, ele fez a dele de destruí-los, eu estou em paz. – Tentei me consolar.

— Olha é a Catarine, da carta – Falou Wally à Irie-kun, que olhou e respondeu:

— Vamos.

— Você não vai falar nada? Seu nerd ordinário? – Gritou Kin-Chan. – Ao menos vai ler a carta que ela escreveu com tanto carinho.

— Não.

— Você se sente demais por ser da turma A não é?

— Não gosto de garotas estúpidas.

(Todos fizeram cara de espanto)

O que??? Eu sou estúpida? Desperdicei meu tempo gostando desse pateta. QUE RAIVA, QUE ÓDIOO, INFERRRRNOOOOOOOO!!!

— VAI CAGAR IRIE-CÃO!!!

Ops.


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