Brincadeiras do destino escrita por Phoenix


Capítulo 13
Thiago Sensei/Uma boa noite para estudar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas para compensar um mega capítulo de quase 4.500 palavras.



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Depois que chegaram na sala, Thiago-Sensei entrou e cumprimentou a classe com o seu bom humor diário, nunca durante esses dois anos Thiago havia apresentado um humor diferente. Ele era um professor fabuloso e todos o adoravam, principalmente por ele nunca julgar a turma como a pior da escola, ele sempre mostrava caminhos educacionais diferentes a se seguir e com isso a turma F conquistou vários troféus em artes, música, dança, esporte e afins.

— Tenho duas notícias, uma muito boa e outra, que apesar de na minha opinião ser boa, na de vocês com certeza não é.

— A muito boa é que a gente vai passar de ano direto. A muito ruim é que você arranjou uma namorada e não vai mais dar uns rolês com a gente?  

Essa pergunta sobre namorada, fez Thiago se perder por alguns segundos em seus pensamentos. Segundos foram para a turma, mas na sua cabeça passou-se uma história inteira.

POV Thiago Sensei.

Flashback on

Estou um pouco nervoso por entrar nessa escola tão conceituada. Fico apreensivo por ser um professor sócio-interacionista e a escola ser tradicional. Talvez não dê certo. Aqui é muito bonito, bem característico do país de origem. Tem duas bandeiras, uma do Brasil e outra do Japão. Muitas árvores Flor de Cerejeira, o que deixa essa enorme entrada mais japonesa possível.  Conforme o inspetor que guia até a sala do diretor, vou observando a imensidão que a escola tem no seu interior. Tudo muito organizado, turmas concentradas, exceto por um primeiro ano, a placa diz 1ºF, os alunos conversam e riem muito e ... tem uma menina em cima da mesa cantando? Ela está usando a vassoura como microfone! Não consegui conter o riso, se fosse alguns professores que tive durante a minha vida, essa aluna já teria sido suspensa. O inspetor olha para a sala, para entender do que ria e vai imediatamente até a porta. Fiquei com medo do que aconteceria com aquela aluna por minha culpa, já que se não tivesse sorrido, o inspetor nem se daria ao trabalho de olhar. Mas para a minha surpresa, apesar do semblante sério, o inspetor não pareceu muito surpreso com a situação.

— Catarine, a senhorita pode parar de causar más impressões aos visitantes da escola?

— Mas seu Iruka, só estou cantando.

— Quer mais um mês de suspensão?

Ao dizer isso aquela aluna desceu tão depressa que caiu de cara no chão. Todos riram da cena, inclusive ela. Seus colegas a levantaram e continuaram cantando com a vassoura, mas agora com os pés no chão.

Achei aquela turma muito interessante, queria ser professor deles, acho que a gente combinaria muito.

— Essa aluna ficou suspensa por um mês? - Minha curiosidade falou mais alto.

— Sim, vou te contar os motivos.

Então ele começou e me contar, ela chamou o Sensei de baka, mas foi porque ela achou que baka significava bacana. E no mesmo dia achou que o pai de um aluno tinha traído sua esposa, essa por sua vez o jogou na frente do ônibus, causando a morte do indivíduo. Mas ela achou que ele não tinha pai, pois ouviu algumas alunas chamá-lo de sem pai, que na verdade é Senpai, que se refere a um veterano. Eu realmente queria dar aulas para aquela turma. Quando passo pela turma 1º A, uma professora, muito bonita veio andando em direção à porta. Ela era japonesa, acima do peso, seus cabelos eram longos e pretos, sua pele estava bronzeada como se tivesse ido à praia, era portadora dos olhos puxados mais sérios que eu já vi, mas possuía muita beleza, muita! Ela me olhou e acenou com a cabeça de forma séria, então se virou ao inspetor.

— Senhor Iruka, por favor, quando Akiharu Sensei estiver disponível, me avise. Obrigada.

Ela nem esperou a resposta e fechou a porta da sala, nem se despediu. Ela tinha um ar prepotente, arrogante, mas ela era muito linda...

Fui a sala do diretor, Akiharu-Sensei, me apresentei e ele pediu para que me sentasse.

— Bom dia Lima Thiago, acredito que já esteja ciente que aqui seguimos os costumes japoneses, na maioria do tratamento pessoal.

— Hai. – Respondi em japonês para demonstrar que realmente sabia.

— Bom, gostei muito do seu currículo, analisei o seu histórico, que apesar de na escola secundária serem notas medianas, nas das faculdades eram notas muito altas. Aqui consta que fez faculdade de Letras, complementação em pedagogia, o que é bom, porque seguimos a metodologia de ter um pedagogo mesmo no Ensino Fundamental II e Médio, chamamos ele de professor regente, esse professor dará aulas de Português ou Matemática, que são as disciplinas com a maior carga horária, e por serem pedagogos, darão aulas de atualidades no horário estendido, para assim passarem maior tempo com a classe, e serem capazes de avaliar melhor a turma e desenvolver ao máximo as habilidades de cada um. Para completar seu currículo, você fez pós em Educação Musical, Didática no Ensino Superior e Psicopedagogia e ainda está iniciando um Mestrado.

Akiharu-Sensei continuou a entrevista me fazendo diversas perguntas, nas quais honestamente me saí muito bem.

Depois preparei e ministrei uma aula teste para ele, e os coordenadores da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Todos gostaram da minha aula, incluindo o Diretor Akiharu.

— Bom, acho que não tenho mais nada a fazer, a não ser lhe dizer que será um prazer tê-lo no nosso corpo docente.

Eu fiquei muito feliz, que acho que apertei a mão demais.

— Muito obrigada, muito obrigada mesmo.

Mas o semblante do diretor não era dos melhores.

— Preciso te contar algo antes que fique muito feliz. – Imediatamente meu sorriso se desfez. – Eu sei que você tem capacidade para ministrar aulas para turmas mais avançadas, mas infelizmente a turma que temos... como eu posso dizer sem te assustar... É A PIOR DA ESCOLA!

Eu me perguntava se ele realmente não queria me assustar, porque a última frase, era contraditória a sua fala anterior.

— Mas qual o motivo para tal título?

— Essa turma é o 1º F. Eles... – Cortei a fala de imediato

— A sala daquela aluna que chamou o Sensei de baka e “matou” a mãe de outro aluno?

— Isso mesmo, Lima-Sensei, o senhor já conhece a má fama dessa turma?

— Eu conheço, mas tenho que descordar do senhor. Quando entrei nessa escola, a turma que eu desejei que fosse a minha, era essa. Estou imensamente feliz que meu desejo tenha se realizado, foi como o destino.

— Eu é que estou feliz. O professor dessa turma não os aguentou e pediu demissão. Ele estava a 15 anos nessa escola, foi a única turma F que ele não aguentou. Fiquei muito preocupado se alguém iria preencher os requisitos para professor regente e continuar com eles.

— Não se preocupe, a pessoa certa está aqui e eu provar que essa não é a pior sala.

Depois de nos cumprimentarmos reciprocamente felizes, voltei para a minha casa e, o primeiro pensamento que me veio à mente foi: “mandar uma mensagem para a flor do oriente”.

Abri meu notebook euforicamente, mal aguentava a espera daquele processo tedioso para liga-lo. Finalmente ele estava pronto para ser usado. Entrei no site de relacionamento ‘Professores e Amores’, e mesmo sabendo que ela estava em seu horário de trabalho, enviei uma mensagem.

Laranjalima: Consegui, finalmente consegui, a vaga é minha. Obrigado por sempre me ajudar dando apoio moral. Vc realmente tem feito a diferença na minha vida. Uma boa diferença.

 

Aproveitei o tempo até ela aparecer e fiquei navegando na internet. Pesquisei muitos assuntos educacionais, entrei no facebook, olhei as publicações dos amigos, curti todas que apareceram no meu ‘feed’ de notícias, curti a página do Colégio Nipo-Brasileiro, quase coloquei que estava trabalhando lá, mas achei exagero. Olhei as fotos da página, e lá vi algumas fotos com aquela professora, reparei que sempre estava séria, na maioria estava ao lado de um aluno japonês, alto, de cabelos compridos até a metade do pescoço, bem afeiçoado e com a fisionomia muito séria também. Em todas as fotos ele segurava algum tipo de troféu ou medalha em diferentes competições. Não conseguia entender o motivo de estarem tão sérios em momentos de comemoração. Percebi que o perfil de Midori-Sensei estava marcado nas fotos e entrei... por pura curiosidade. O perfil era fechado ao público, mas algumas fotos estavam abertas, fotos com suas amigas, onde ela sorria e parecia bem diferente daquela feição que vi a primeira vez.

Agora escutei um barulho do chat.

Flordooriente: Eu não te disse! Eu sabia que conseguiria, que você era capaz! Seu currículo é maravilhoso e vc é incrível!

Laranjalima: Nada disso aconteceria sem o seu apoio.

Flordooriente: Até parece né! Eu só forcei vc fazer o que era certo, sem medo de ser feliz kkkkkkkk

Laranjalima: Vc é show...

Naquele dia continuamos a nossa conversa. Já ia completar um ano que tínhamos essa amizade virtual. 

Flashback off

O tempo passou e as nossas conversas mudaram o teor. Inicialmente conversávamos como profissionais em busca de novas experiências. Já naquela conversa éramos como amigos. Depois de um ano começamos a nos tornarmos mais íntimos, até que nesse ano, decidimos que era hora de nos conhecer, finalmente. 

Eu sei que o mais fácil era encontrar uma pessoa no mundo real, a verdade é que eu tentei. Mas a pessoa que eu quis... digamos que... não foi muito receptiva. Se você está pensando que essa pessoa é Midori-Sensei, acertou em cheio. Eu gosto de japonesas e gosto das gordinhas, ela era as duas coisas. Ela apenas não pensava em mim do mesmo modo. 

Inicialmente eu ia para o colégio mais à vontade, com roupas bem básicas, porém os professores daqui são muito mais bem arrumados, chega ser exagerado a forma como se vestem, um social digno de executivos, a partir disso já percebi seus olhares de descontentamento. Por isso passei a me arrumar melhor, mas nada exagerado, apenas mais apresentável, senti essa necessidade. Outra coisa que irritava Midori-Sensei era nosso sobrenome: Lima. Sim, ela tinha Lima em um dos sobrenomes e estava acostumada a ser chamada pelo diretor de Lima-Sensei, eu também era Lima, e tornei-me Lima-Sensei também e isso começou a causar certo desconforto. Até que o diretor decidiu chamá-la de Shindo-Sensei, o que ela não gostou. Também houveram casos, muitos casos de algumas de minhas alunas se envolvendo em discussões com suas alunas, fora quando mexiam com o Naoki-chan, nossa aí era o fim. É esse ano, Catarine já começou causando um certo alvoroço com o cidadão. Então desisti de tentar algo com ela.

O dia do encontro com a Flor do Oriente já estava chegando. Era sábado agora, e Catarine me soltar essa de namorada me deixou apreensivo, principalmente por estar muito inseguro se isso daria certo. Tinha medo dela não gostar de mim, tinha medo de não gostar dela. Se algo assim acontecesse, a pessoa que eu mais me sinto à vontade para conversar iria embora. Por isso me sentia assim, tenso, como nunca fiquei em toda minha vida.

— Não tem nada a ver com namoro, Araia-Chan, outra coisa, mesmo se um dia eu chegar a namorar, vou continuar saindo com vocês. Agora, sinceramente, vocês acham que tem condições de passarem de ano sem nenhuma recuperação? - Adoro ver essa cara de desapontado deles, é muito engraçado. Eles têm medo, mas não têm vergonha. - Não adianta fazerem essas carinhas de gato do Shrek, se não vão estudar o suficiente para isso! - Eu disse em tom sério, mas por dentro eu ria. Meus alunos são muito especiais. - Já vou falar a má notícia, que é boa... para mim. - Não aguentei e sorri. - Tcham, tcham, tcham— fiz aquele som de mistério. - A prova bimestral será Sexta-feira que vem, vocês têm UMA SEMANA PARA ESTUDAR TODOS OS CONTEÚDOS! Não é demais? - A feição de tortura deles era impagável! Mas Catarine ria, como se não houvesse preocupação. Isso me instigou a perguntar. - Porque a risada Araia-chan? Não quer entrar no top 50? E a sua aposta?

— Lima-Sensei, meu querido professor, eu não quero, EU VOU ENTRAR NO TOP 50! Espere e verás meu bem! 

— Parabéns pela determinação, mas precisa estudar, dessa vez ela sozinha não será suficiente.

— Eu tenho uma arma secreta. Farei história nessa escola!

— Muito bem Catarine, isso aí.

— Vamos mostrar para a escola que a gente é capaz! 

— Isso mesmo Catarine-Chan!

A sala vibrava com Araia-chan, ela realmente movia aquela turma.

— Bom, prosseguindo, a notícia boa, que era para eu ter dado primeiro, é a seguinte... - bati com as minhas mãos na mesa em sinal de mistério, os alunos me imitaram - ESTÁ ABERTA A TEMPORADA DE COMPETIÇÕES ARTÍSTICAS E FÍSICAS! 

— Eeeeeeeeeeeeeee - a sala vibrou, essa era a época em que eles mais se destacavam na escola. Ganhavam todas as medalhas, a maioria eram de ouro. Poucas vezes traziam a de prata. Estava feliz pela felicidade deles. - Então, depois da semana de revisão, iniciaremos os ensaios dos grupos de dança, rap, canto e esportes. Vocês sabem que devem tirar a nota média da prova bimestral para poderem participar da temporada de competições, certo?

— Certo... - disseram em uníssono, desanimadoramente, exceto Catarine, essa estava muito feliz. Até demais para meu gosto, fiquei com medo da decepção que ela poderia ter.

Pov Narrador

O dia passou, com toda a turma F se concentrando nos estudos, mas isso não significava que eles estavam entendendo. As matérias lecionadas por Lima-Sensei, eles conseguiam tirar de letra, mas na área de exatas e língua estrangeira... tenho até dó de descrever tamanha agonia que aquela classe sentia. Catarine prestava atenção o máximo que sua mente lhe permitia, muitas vezes tivera um devaneio ou outro se imaginando no top 50, andando de cavalinho nas costas de Naoki, ganhando o 1º lugar de estudos na escola e se casando em uma cerimônia religiosa com Irie.

Finalmente a aula havia acabado. Muitas pessoas estavam com seus pensamentos voltados para o final de semana. Samanta e Catarine tinham um encontro duplo, tanto ela como seus pares Wally e Naoki, estavam ansiosos para esse dia, mas cada um com o seu tipo de ansiedade. Carioca, tinha seus planos, Kawã ia ensaiar com a sua banda, Jéssica também planejou algo que não contou a ninguém e Thiago-Sensei estava igualmente inquieto como seus alunos. Sábado prometia ser um grande dia.

Após esperar Catarine num local mais afastado da escola, seguiram para a estação de metrô, onde se portou da mesma maneira que na parte da manhã, deixou-a apoiada no suporte de metal e envolveu seus braços nela, segurando o suporte com as duas mãos. Catarine colocou sua playlist, tirou os fones de Naoki de seus ouvidos e colocou um lado do seu. A música que tocava era Sweet Child O' Mine, Guns N’ Roses. Assim eles seguiram até a estação que desceriam, ouvindo essa banda.

A noite chegou e com ela a hora do jantar tão esperado por Catarine, mas antes de descer, decidiu olhar a notificação no Whatsapp.

Samata criou o grupo "Encontro de sábado", adicionou Wally, Cata e Irie

 

Sam: Gostaria de lembrar que amanhã nos encontraremos as 13:00, na frente do metrô Santa Cruz, vamos assistir um filme e depois ir ao ibirapuera. Certo?  

Wally: Isso mesmo pessoal, não vamos nos atrasar. Vai ser um dia muito divertido!  

 Irie: Para alguns mais do que para outros...

 Cata: Se as pessoas não estão dispostas a se divertirem, será difícil mesmo!!!  

Sam: Não gente, vai ser legal 

 Wally: É Naoki, não comece com mau-humor antecipadamente

Irie: Só estou fazendo isso por amizade, vc está me devendo um caminhão de favores!

 Cata: Para mim não é nenhum prazer sair com vc Irie-cão, se dependesse de minha vontade nem iria, estou apenas fazendo por amizade. Mas diferente de vc, não cobrarei nada, pq minha amizade é verdadeira.  

 Irie: Será que não vai gostar? Faz pouco tempo que vc quis me dar uma carta. Já não me ama tanto quanto me falou?

Sam: 

Wally:  

Wally: Qual filme vamos ver?

 Cata: Amar é muito forte, talvez eu gostasse de vc, e no passado, já passou, vc não gosta de garotas burras e eu não gosto de caras estúpidos 

Irie: Ah, que pena... pensei que no cinema podia rolar alguma coisa a mais...

 Cata: Não disse que não te pegaria...

 Irie: Kkkkkkkkkkk continua uma baka mesmo né!!! Kkkkkkkkkk

 Cata: Aiiiiiiii, idiota 

Depois de ficar irritada com aquela conversa, Catarine largou o celular, após ficar olhando para ele fixamente por uns 2 minutos. Quando desceu, a mesa já estava posta e todos estavam lá, exceto seu pai, que estava trabalhando no restaurante. Sem perceber, Catarine olhava com raiva para Naoki, sua respiração estava pesada de tanto ódio da conversa, mas Naoki que estava de cabeça baixa, olhando a comida, olhou para Catarine com se a estivesse paquerando, ela desviou o olhar e o olhou de novo, dessa vez corada, então bem devagar, Naoki foi abrindo sua boca e como um sussurro, que apenas Catarine entendeu ele disse: “baka”, não conteve o riso e caiu na gargalhada o que deixou todos sem entender.

O jantar correu normalmente, Catarine sempre fazendo piadas para Iri, que ria tanto que até saiu um arroz pelo nariz, as vezes até Yuki ria, muito contrariado, mas ria, Noriko como sempre elogiando Cat-chan para Onii-chan, que fingia não concordar ou não ligar. No final do jantar Noriko se pronunciou.

— Cat-chan, o que você vai querer lanchar hoje?

— Hummmm, eu quero algo bem gostoso... Quero algo salgado, algo doce e uma coca-cola para me manter acordada.

— Você acabou de jantar e já está pensando em comer tudo isso? Vai virar uma bola! – Disparou Yuki.

— Que isso filho, a Cat-chan, sempre comeu muito bem e está em boa forma. – Defendeu Iri-chan

— O futuro é de quem se planeja. Agora não estou com fome, mas sei que a noite estarei, então já estou pedindo o que sei que comerei.- Respondeu Catarina.

— Mão, por favor leve dois lanches para o quarto de Catarina, eu estudarei com ela também.

Nessa hora, todos da mesa, exceto Catarine, o olharam com espanto. Aquele feito era algo como se fosse sobrenatural. Naoki NUNCA havia estudado para NADA em sua vida, e dizer que iria estudar e com Catarine ainda, foi de fazer o queixo cair.

— Não me olhem dessa forma, eu tenho meus motivos.

Noriko deu um sorriso de canto, pensando que Catarine aproveitou bem a foto que ela lhe dera.

— Ok, Onii-chan, umas 22:30 ou 23:00 levarei para vocês.

— Catarine, vou tomar banho primeiro, em seguida tome o seu e quando estiver pronta irei ao seu quarto.

— Certo.

Catarine não escondia seu contentamento e subiu cantarolando feliz que iria ficar no seu quarto sozinha estud...

— Que? Eu ficarei estudando sozinha no meu quarto com Naoki? Ah não, meu Deus, meu coração... está... acelerado! Preciso me controlar. Tirar esses pensamentos impuros de minha cabeça. Ai meu Deus, o que eu estou pensando. Foco Catarine, FOCO. — Pensou Catarine.

Dessa vez ela caprichou no banho, ficou mais de 45 minutos no banheiro, passou muitos cremes que ela ganhou da Obasan, perfume, óleos de banho, todos os produtos que tinham algum cheiro bom, ela passou.

— Eu sou uma pessoa deprimente, como posso imaginar esse tipo de coisa agora? Yuki, Ojisan, Obasan, todos estão aqui, eu não posso ter pensamentos tão impuros, meu Deus... mas esse homem..

De repente a porta se abriu e Naoki entrou, Catarine sem querer soltou a frase:

— Mexe com meus hormônios.

Imediatamente Naoki começou a rir.

— Pare de ser assanhada e pensar em besteiras, viemos aqui para estudar. – Ao analisar a roupa que Catarine estava vestindo, foi Naoki quem começou a ter pensamentos libidinosos.

Ela trajava um pijama baby doll preto de seda, o short era bem curto e a regata tinha um decote vantajoso, Obasan havia comprado aquele conjunto um número menor, para ficar ainda mais curto, ela o comprou depois do jantar, assim que soube que iriam estudar juntos e disse para Catarine usar aquela roupa. Apesar de se sentir desconfortável, obedeceu Noriko.

— Porque está com essa roupa?

— Porque é um pijama, assim que terminarmos de estudar, vou direto dormir.

— Não acho que seja apropriado para o estudo.

— Porque, ele tira a concentração?

— Sim, exatamente. – Tira a minha concentração. Pensou Naoki.

— Mas eu me sinto realmente focada, não se preocupe, até mesmo porque, os dois pijamas que eu tinha sumiram, não tenho muitas roupas por causa do incidente com a casa, então a única roupa confortável, se é que eu posso dizer isso, é essa.

Naoki respirou fundo, cada mexida que Catarine dava o short subia mais, ele iria exercer hoje todo seu poder de concentração. Ele sabia que sua mãe havia feito aquilo de propósito. “Como uma mãe pode agir assim?” Ele se perguntava mentalmente.

— Então, vamos começar por onde?

— Qual a matéria você tem mais dificuldade?

— TODAS.

— Tsc. – Soltou um suspiro pela boca. – Acho que a aposta está no papo, o B.M.T é meu. Vou começar a comer mais, para você me carregar de cavalinho com muito esforço.

— Se liga, rapá! Me ensina direito, que eu vou te provar... – então Catarine olhou maliciosamente para Naoki, que estava com uma blusa branca, justa, destacando seus músculos e um short que a deixou reparar que suas pernas não eram finas. Naquela hora Naoki segurou a respiração. -  ...do que sou capaz. – Naoki soltou a respiração e Catarine corou tamanha sua ousadia, nunca pensou que fosse capaz de comentar tal absurdo. Ambos começaram a se abanar.

— Está calor aqui né Naoki?

— Está mesmo! – Então ele pigarreou. – Vamos começar por matemática.

— Fechou.

Enquanto Naoki falava coisas sobre Seno, Cosseno, Tangente, Hipotenusa, Cateto Oposto, Cateto Adjacente, calcular, triângulo retângulo, Catarine estava absorta no rosto de Irie-Kun, analisava cada parte del: “Cabelos... tão sedosos, olhos... tão bonitos, sérios, puxadinhos, nariz... empinado, metido e por fim, a boca, nossa, que boca, nunca beijei ninguém, nunca senti essa necessidade, mas é como se sua boca pedisse beijo”.

Ao mesmo tempo que Naoki falava, ele analisava Catarine: “Se olhar o conjunto todo, até que não é ruim. Seus cabelos são longos, bonitos, seus olhos quase que parecem de uma pessoa mestiça, seu nariz de batatinha, também não é mal, e a sua boca, parece que está se aproximando da minha... não sei se serei capaz de nega-la um beijo”.

Sem que percebessem estavam chegando perto, cada vez mais perto, mais perto, até que seus narizes puderam se tocar quando...

— Onichan, me ajude com a minha lição. – Bruscamente se separaram e pigarrearam. – O que está acontecendo aqui?

— Nada Yuki... não ia... não está acontecendo nada. Enfim, você não precisa de ajuda, pois não é cabeça oca, como certas pessoas. Vá estudar sozinho.

— Mas Oniichan.

— Tchau Yuki.

— Catarine Baka – Mostrou a língua puxando a pálpebra de baixo. Catarine retrucou da mesma maneira.

Voltaram a estudar, agora se concentrando realmente nos exercícios. Naoki passou uma fórmula para Catarine calcular.

Eram 21:00 quando Naoki encarava Catarine resolver o problema.

Eram 21:15 quando Naoki parou de encará-la e se ajeitou na cadeira.

Eram 21:27 quando Naoki bocejou.

Eram 21:33 olhou no relógio.

Eram 21:48 quando a feição de Naoki mudou para uma irritada.

Eram 22:00 quando Naoki olhou novamente no relógio mais impaciente.

Eram 22:30 quando Naoki gritou:

— O QUE VOCÊ FAZ NA ESCOLA? – Batendo algumas vezes com o dedo na têmpora de Catarine prosseguiu. – Eu queria saber o que tem dentro dessa sua cabecinha, se é que tem alguma coisa!

Sem jeito e meio amuada, Catarine lhe respondeu:

— Apenas coisas diferentes da sua...

— Ha. – Gritou puxando seus cabelos. – Não te ensinarei mais.

Então, Catarine levantou sua mão, o que fez Naoki observar seus movimentos, ela foi descendo até chegar em seu decote. Naoki engoliu a seco. Ele colocou a mão dentro de sua roupa e falou em um tom baixo:

— Você mora no meu peito Naoki. – Esse engoliu a seco novamente, sua mente estava viajando demais para seu gosto. Então Catarine puxou a foto de Naoki com uniforme feminino. O que transformou seu rubor malicioso em um rubor de raiva.

— Ahhhhh – Gritou ainda mais alto. – Vou explicar do início, coisa que deveria ter aprendido no ensino fundamental.

Então Naoki começou a explicar o básico e foi avançando. Catarine cada vez mais o olhava como se estivesse entendendo tudo. Então escutaram um clic de uma câmera fotográfica.

— Mãe? Por favor, pare com essas coisas.

— Me perdoe Onii-chan, mas vocês estão tão bonitos.

— Eba, lanche, estou morrendo de fome. E tem coca! Hummmm

Essa aí quando vê comida, esquece do mundo— Pensou Naoki sorrindo.

— Mãe, deixe a comida de lado, Catarine só irá comer quando resolver o problema que eu acabei de explicar.

— O que? Porque Naoki, não, por favor, me deixe comer. – Choramingou. Mas não teve jeito. Noriko ficou parada observando os dois. Naoki olhava com curiosidade para Catarine, enquanto ela resolvia o problema, o olhando com muita compenetração. 15 minutos depois, ela terminou.

— Corrija, veja se está certo. Preciso comer.

Naoki começou a analisar a conta. Menos de um minuto já havia corrigido tudo.

— Está correta.

Catarine arregalou os olhos progressivamente, até que por fim soltou um grito de felicidade. Começou a pular e o abraçou com muita força. Como ela está cheirosa, disse para si mesmo. Catarine ajoelhou-se na cadeira de Naoki para abraçar Noriko que estava atrás dele, esqueceu-se completamente de como era a sua roupa e ao abraçar Obasan, pressionou seus seios no rosto de Naoki, que levantou imediatamente e disse corado.

— Até amanhã.

Sem dar chances de Catarine responder foi direto ao seu quarto. Ele havia ficado “animado” demais e não poderia continuar ali. Não com a sua mãe e muito menos com Catarine trajando tal roupa. Mas o que mais martelava em sua cabeça era: Porque ela está tão feliz com algo tão trivial?

Os dois deitaram-se, mas estavam muito ansiosos pelo encontro de sábado, dormiram pouco, pois os sentimentos borbulhavam dentro de ambos.

De manhã se arrumaram, esqueceram que o foco não era o encontro deles, quase não se lembravam de seus amigos. Foram em direção a porta e ao encostar a mão na maçaneta pensaram: “De hoje não passa. Eu quero um beijo”. Então simultaneamente as portas de abriram e eles se olharam.

— Bom dia. – Disseram ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer nesse encontro?
Não esqueçam de comentar.