“HAPPY BIRTHDAY!”, foi apenas o que o Doutor disse quando abri a porta, entregando-me desajeitadamente o presente, uma caixa retangular de tamanho médio.

“Não precisava, pai.”, falei com um pingo de vergonha. Nós nos conhecíamos desde a sua regeneração anterior, no momento em que descobri ser sua filha.

“Precisava sim, todo bom aniversário precisa de presentes.”, retrucou e entrou na minha casa ajeitando sua gravata borboleta. Parou no meio do caminho e virou-se para mim. “Vai ter música, não vai?! Love dancing!”, ao falar essas últimas palavras, arregalou os olhos e sorriu de orelha a orelha.

Ri levemente daquilo. “Vai ter sim, pai, vai ter!”

Fechei a porta e o segui até a sala, onde se encontravam os poucos convidados. Coloquei o meu presente junto com os outros e fui apresentar o Doutor às pessoas, conforme ia para o fundo do cômodo todo enfeitado com uma grande faixa em cima da lareira dizendo: “Happy Birthday, Hyde!”; e uma mesa cheia de guloseimas, incluindo fish fingers and custard, a comida preferida do meu novo e, ao mesmo tempo, velho pai.

O bom Doutor foi logo atacar o peixe, enquanto eu apenas observava tudo. Ele voltou em poucos minutos, após acabar com o prato.

“Mas... Como você sabia que eu gostava disso?”, perguntou elétrico.

“Bem... tive dicas.”, apontei para uma mulher que vestia um vestido preto colado ao corpo; seu cabelo era volumoso, extremamente cacheado e loiro escuro.

“Hello, sweetie!”, foi apenas o que disse. Aquelas palavras ecoaram pelo lugar e todos se voltaram para ela.

“River?”, disse mais para confirmar o que via. “O que faz aqui?”

“Bem, vim para comemorar o aniversário de nossa filha.”

“Espere aí, você que é a mãe dela?”, ficou surpreso.

“Of course, sweetie! Quem mais pensou que fosse? Sarah Jane Smith? Rose Tyler? Donna Noble? Amy Pond?!”, respondeu.

“Como... Como sabe da Rose e da Sarah Jane?”, espantou-se.

“Eu te conheço molto bene, amore!”, comentou com um sotaque italiano perfeito, que fazia referência à décima regeneração dele.

De repente, o barulho de algo metálico sendo arrastado pelo asfalto, infestou a casa e interrompeu a conversa dos dois. Rapidamente, com um sinal com a cabeça, meus pais saíram correndo para a porta. Antes de sair, pegou o presente que me deu e me entregou.

“Abra!”, pediu e sumiu na névoa que se formou na rua.

Sem perder tempo, corri até a mesa das comidas e as tirei arrastando tudo para o chão. Pousei-o ali e rasguei o papel que o embrulhava. Uma caixa de papelão apareceu. Abri-a e enfiei a mão lá dentro para ver o que tinha. Tirei várias quinquilharias alienígenas e guardei-as no interior do meu casaco. Fiquei me perguntando o porquê de abrir aquilo naquele momento, mas minha dúvida logo se foi, pois encontrei, bem lá no fundo, uma chave de fenda sônica igual ao da regeneração que conheci.

Não consegui segurar um sorriso. Coloquei a sonic screwdriver no bolso e corri para a porta, seguindo o casal.