A princípio, Nicolas achou que seria divertido.

Como filho do Papai Noel - e, consequentemente, uma criatura mágica -, ele podia escolher sua aparência (toda aquela história de "cada um vê o Papai Noel de acordo com suas crenças" e blá blá blá), e é claro que o garoto iria escolher a aparência de algo que estava bombando há algum tempo: k-idols.

Ele achou que seria divertido andar por aí com a aparência de um coreano gato, e tudo o mais... bom, esse foi seu pensamento a princípio.

Mas o que o garoto não antecipou é que até mesmo idols coreanos perdem parte de sua beleza quando estão jogados no chão, completamente nus e suando em lugares que a maioria das pessoas sequer considerava "suável".

Seu pai podia muito bem ter lhe dado um ar condicionado, né?

Ah, espera. Nicolau tinha lhe dado um ar condicionado. Só que não tinha adiantado absolutamente nada porque Nicolas ainda estava derretendo. Ele era acostumado com o frio do Pólo Norte, por favor!

Agora ele tinha uma missão, mas se encontrava totalmente sem forças. Nada poderia fazê-lo se levantar do chão.

Talvez só a aula que começaria às sete da noite o que, de acordo com o relógio na parede, era... em duas horas. Nicolas sabia que tinha que se levantar, mas também sabia que, se entrasse no banho pra limpar o suor, jamais sairia de debaixo da água.

Por que ele estava se sacrificando tanto mesmo, hein?

Descobrir como fazer as pessoas acreditarem em seu pai. Ceeeerto, o garoto pensou, revirando os olhos. Engraçado que isso não influenciava em nada na existência do Papai Noel. Independente de acreditarem nele ou não, o velho ainda existiria.

Mas tudo era uma questão de ego... baixa auto estima. Essas coisas.

E o Natal é em cinco meses... acho que eu posso hibernar um pouco até lá.

Como resposta para seu pensamento, um trovão retumbou no céu. Subitamente, o clima parecia de chuva, e por experiência própria Nicolas sabia que logo iria esfriar. Pelo menos o suficiente para Nicolas voltar a ser uma criatura funcional.

O garoto fuzilou o teto com o olhar.

— Você está se divertindo muito com isso, não está? – Javé.

Sem resposta.

Nicolas suspirou, usando suas mãos para erguer-se no assoalho de madeira. O discurso que tinha que apresentar estava em replay na sua mente. Meu nome é Nicolas Noel, dezessete anos, me mudei pra cá recentemente por motivos pessoais. É um prazer conhecê-los.

O discurso típico de um personagem de anime.

Ah, droga, agora eu vou ter obrigações e não vou poder ver tantos animes!

Porque era basicamente isso que ele passava o ano todo fazendo enquanto seu pai fiscalizava o comportamento de crianças. Desde que Nicolas acidentalmente viu um action figure da Hatsune Miku na fábrica de seu pai, sua vida tinha tomado um rumo completamente diferente.

Agora ele iria para uma escola real, interagir com pessoas reais, e ele sabia que nenhuma dessas coisas era igual à ficção. Nicolas já se preparava para uma decepção.

Mas parece que vou ter que fazer isso de qualquer jeito...