A Lista de Abels escrita por rewindthxdisco


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

eu não sei
eu não tenho costume de escrever fanfics
mas eu caí no tédio das férias



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If you don’t like your story, then rewrite that shit.

 

— E então eu fiquei escutando Creep o resto da noite e pensando muito sobre a vida sabe, — olhei para a menina de cabelos arroxeados ao meu lado. — eu vou mudar. — concluí meu desabafo matutino.

A garota me encarou espantada.

— Vai mudar?! Pra onde? — seu tom normalmente calmo, saiu surpreso.

“Era só o que me faltava” pensei. Já havia quase meia hora que estava tagarelando feito uma louca e sua vizinha de poucas palavras não havia prestado atenção em nada.

Eu caminhava ao seu lado passo a passo sobre as ruas daquela pequena cidade na França, enquanto batalhava mentalmente com a minha razão para fazer o que eu tanto queria fazer.

Mudar.

Queria mudar, viver mais intensamente e sair daquela rotina chata e costumeira. Acordar e aplaudir o maravilhoso nascer do sol. 

E não querer jogar meu celular pela janela toda vez que o despertador tocasse.

— Eu não vou me mudar Violette. — suspirou. — To só cansada dessa rotina.

— Bom... — ela pareceu pensar um pouco. — Você pode me acompanhar nas aulas de tricô.

Okay.

Isso era uma opção?

— Eu vou pensar em outra coisa.

Concluímos nossa pequena caminhada chegando finalmente na escola — ou devo chamar de local que me causa vários pesadelos diários? —. Atravessamos o portão de ferro e dessa vez, parei para observar o rapaz que estava curiosamente em pé, no meio do pátio.

Era Lysandre. Um jovem de cabelos platinados, que vestia roupas vitorianas e possuía olhos bicolores, agora extremamente confusos. Ele encontrava-se parado em frente a um banco.  

Nunca havia trocado uma palavra com o mesmo, porém ele era incrivelmente bonito. Ainda assim, tinha uma vaga opinião formada sobre ele. Algo como: o príncipe misterioso da escola.

Talvez ele estivesse procurando algo muito importante.

Ou talvez ele estivesse fazendo um questionamento muito profundo envolvendo bancos. Tudo era uma possibilidade.

Deixei de lado o rapaz e entrei no estabelecimento que me causava calafrios. Quando alcancei o corredor dos armários, me despedi de Violette.

— Bom, se quiser ir nas aulas de tricô é só me chamar! — disse antes de ir para sua sala.

Nós duas éramos de salas diferentes, apesar de estarmos na mesma série. Violette era do 2ºB, onde a maioria das pessoas populares do colégio se encontravam.

Eu não entendia muito bem quando essa “hierarquia” havia começado. Mas desde que começou a existir, vários boatos circulavam sobre os populares. Inclusive sobre Lysandre.

Mas é claro, isso não era da minha conta.

Porque estava pensando em Lysandre novamente?

Vou para meu armário pegar meus livros.

— E aí drama queen! — a garota se encosta nos armários.

— Bom dia pra você, Evelyn.

— Li as mensagens que você me mandou, esse “papo” de sair da rotina e tals. — diz gesticulando com as mãos — Acho que você devia comprar um hamster.

Evelyn Jackson, minha melhor amiga desde a quinta série. Desde que acidentalmente quebramos o videogame portátil de um garoto da nossa sala. E tivemos que implorar a ele para não contar a professora.

 — O que caralhos um hamster mudaria na minha vida?

— Eu sei lá. Você pode ficar o dia todo vendo ele correndo naquelas rodinhas.

 Suspiro pela segunda vez hoje. Ou seria terceira?

— Ainda bem que sou muito compreendida. — ironizo e ela ri.

Enquanto íamos para sala ela foi me contando sobre sua pequena discussão com a sua mãe. A mãe de Evelyn fazia serviços comunitários, como dar aulas de tricô para idosos — aulas que Violette frequentava — e agora, tinha inventado de Evelyn lhe ajudar no serviço.

Sinceramente pensar em colocar Evelyn para ajudar idosos era algo preocupante.  A mãe dela queria o que? Que os velhos tivessem um colapso mental?

Chegamos na sala e sentamos nas ultimas carteiras, junto com Armin, que está jogando no celular.

Armin Clifford, o garoto que teve seu videogame portátil quebrado por uma bola, e duas garotas atrapalhadas.

— Bom dia madames. — ele diz ainda concentrado em seu jogo.

— Armin, a Abels vai comprar um hamster.

— Sério? — ele desgruda os olhos do celular.

— Vou adotar um cachorro, e treinar ele para perseguir e morder vocês dois. — olho para eles fingindo irritação. Ambos riem.  

— Isso tem a ver com aquelas mensagens sobre mudar? — ele guarda o celular e olha para mim.

Armin tem uma mania extremamente chata de se fechar do mundo e de todos e ficar jogando por horas. Mas quando decide socializar é realmente legal.

— Eu só quero fazer algo diferente, não vou ser lembrada por nada nessa merda. — desabafo.

Vejo Delanay, nossa professora de química, entrar na sala.

— Relaxa, somos só adolescentes.

— Silencio! — ela grita chamando nossa atenção. — A aula já vai começar.

— Não sei. Eu ainda vou pensar em algo. — finalizo a conversa me virando para frente.

Pronta para algumas horas de tortura e fórmulas muito complexas.

 

 

...

 

 

Depois de vários e longos minutos fomos finalmente dispensados.

Antes de sair do colégio, encontro um bloco de notas com uma capa preta, jogado em um canto do corredor. Penso logo em Lysandre, que estava procurando algo hoje de manhã.

Amanhã eu perguntaria se aquilo pertencia a ele.  

Eu, Armin e Evelyn saímos da escola e agora estávamos a caminho das nossas casas, como sempre fazíamos. Eles passavam em frente da minha casa e em seguida iam para o ponto de ônibus.

Os dois morenos avançavam na minha frente conversando sobre alguma coisa nerd que não fiz muita questão de ouvir. Estava ocupada demais pensando no que eu faria para mudar minha rotina.

Comprar um hamster estava fora de cogitação.

Eu podia tentar arrumar um emprego. Mas quem contrataria uma jovem que não fazia nada da vida além de ler e assistir séries?

A maioria dos adolescentes da minha idade iam em festas, namoravam, ou faziam algo extremamente legal, como tocar em bandas. Eles já tinham uma ideia do que queriam fazer no futuro, ou já tinham descoberto seus talentos.

A última festa que fui foi a do aniversário de Evelyn, em que eu e Armin bebemos energéticos para ficarmos jogando RPG de mesa a noite toda.

Talvez esse tenha sido meu ápice de rebeldia do ano.

— Cara você tá muito quieta. — ouço a voz de Armin a minha frente.

— Desencana Abels, você pensa demais nas coisas. — Evelyn agora começa a caminhar do meu lado. — Se você sente vontade de fazer algo então faça.

— Você fala como se fosse simples assim...

As coisas eram muito fáceis para a maioria das pessoas a minha volta. Mas quando eu decidia fazer algo, eram mil horas pensando se aquilo era realmente o certo a fazer. E depois que eu fazia, era mais outras mil tentando decidir se ficava arrependida ou satisfeita.

E não, a culpa não era da porra do meu signo.

— Porque você não faz uma lista? — Armin sugere. — Já vi várias pessoas fazendo algo assim.

— Uma lista?

— É, tipo metas. Com coisas que você sente vontade de fazer antes de morrer, ou antes de terminar o colegial, tanto faz.

— Você tem uma? — questiono.

— Eu tenho uma lista de jogos que preciso comprar.

— Típico. — escuto a morena ao meu lado murmurar.

Mal percebi que já estava na frente de casa.

— Tchau Abels. — Armin se despede passando a mão levemente sobre minha cabeça.

— Vê se não pensa demais, vai acabar saindo fumaça da sua cabeça! — Evelyn grita já na frente.

Faço uma careta para ela e entro em casa.

Eu realmente deveria parar de pensar tanto. Só seguir o baile.

Eu não tenho nada a perder. 


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