Sophia escrita por znestria


Capítulo 5
A Seleção dos Campeões




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As meninas acordaram cedo sábado de manhã. Muitos também tiveram a mesma ideia: o Salão não costumava ficar cheio tão cedo nos fins de semana. Sophia e Georgie pegaram torradas e frutas e levaram para o saguão de entrada, onde alguns já se aglomeravam para assistir às inscrições. O Cálice fora posto em cima de um banco de madeira, e em volta dele, a uma distância de 3 metros, havia uma fina linha dourada no chão.

“Acho que a linha protege tudo dentro dela, né?”, disse Sophia, dando uma mordida em uma maçã. “Imagino que não dê para tentar pular por cima. Mas quem sabe a ideia de jogar o pergaminho..”

“Se ao menos os bruxos praticassem basquete”, riu Georgie.

Algumas pessoas de seu ano passavam e colocavam seus nomes no Cálice, e os alunos em volta geralmente aplaudiam, encoranjando-os. Warrington, da Sonserina, se esquivou entre os aglomerados, depositou seu pergaminho e saiu, com apenas dois amigos celebrando-o.

Georgie fez uma careta.

“Espero sinceramente que ele não seja escolhido. Lembra aquela vez que ele tentou me azarar depois de um jogo e acabou fazendo a Fawcett, que não tinha nada a ver com a história, explodir com acnes enormes no meio do café-da-manhã? Ah, ali vem ela…”

Georgie deu um sorrisinho encorajador para a menina quando ela passou.

“Espera, ela não tem…” começou Sophia, mas foi interrompida por um chiado forte. Fawcett, ao tentar atravessar a linha, fora arremessada para trás, aterrissando a uns dez metros de distância. Sophia e Georgie correram para verificar a menina, e logo se surpreenderam ao ver que ela revelava agora uma comprida barba branca.

“Hã… Você está bem?” Sophia perguntou, tentando conter uma risada. Conseguia ouvir muitos gargalhando ao seu redor.

Fawcett, atordoada, franzia a testa e apalpava os pelos que cresciam de seu queixo. Deu um arquejo horrorizado, fazendo alguns rirem ainda mais alto.

Dumbledore apareceu subitamente, com um sorriso divertido no rosto.

“Acalme-se, Srta. Fawcett. Procure Madame Pomfrey, ela cuidará muito bem da sua barba - embora, posso dizer, que ela já se mostrou bem útil para mim em certos casos… Mas sugiro que no futuro lembre-se melhor dos regulamentos.”

Fawcett correu para a ala hospitalar e Sophia teve a impressão de ver Dumbledore dar-lhe uma breve piscada.

Sophia e Georgie retomaram seus postos bem a tempo de ver a delegação de Durmstrang aparecer no saguão. Eles andavam, organizados, em linha, com Karkaroff liderando. Sophia não se surpreendeu em ver Viktor Krum no começo da fila.

Krum atravessou a linha etária decidido, silenciando todos que observavam, e depositou seu pergaminho no Cálice. Enquanto se virava, seus olhos encontraram o de Sophia bem a tempo da menina ver o fogo momentaneamente vermelho cintilando em seus olhos. Deu-lhe uma sensação de assombro, embora não necessariamente no sentido de temor. Sophia trocou de posição, e Krum saiu do saguão com a expressão carrancuda de sempre (a altos aplausos, especialmente de Karkaroff).

Os demais alunos de Durmstrang continuaram a depositar seus nomes, sem nenhum incidente. Quando saíram, Georgie questionou:

“Eles estão dormindo no navio?”, e Sophia deu os ombros. “Bom, devem realmente gostar de frio, para dormir sobre o lago…”

Rogério e Sean apareceram repentinamente, ofegantes e sorridentes.

“Acordamos tarde”, arfava Rogério.

“Não precisavam ter corrido, vocês têm até hoje à noite para se inscrever!” exclamou Georgie.

“Bom, queríamos causar uma boa impressão… Vai que um dos critérios do Cálice é pontualidade”, explicou Sean, fazendo as meninas rirem.

Os dois sorriram, tentando transmitir confiança um ao outro, e se aproximaram do Cálice. Rogério foi primeiro, sério e com um ar de importância. Muitos aplaudiram-no; Rogério, que sempre era muito educado, conseguia se dar bem com quase todos, menos com os colegas da Sonserina. Sean foi seguida e, ao ver as chamas se transformarem em vermelhas e faiscarem após depositar seu nome, deu vivas e saiu batendo nas mãos das pessoas. Sophia riu e aplaudiu o amigo, e Georgie, ao seu lado, balançava a cabeça como se desaprovasse, mas também sorria e aplaudia.

“Ah, me dá um tempo, Georgie!” Sean disse, ao ver a amiga, e a levantou em um abraço e girou-a no ar. Quando ele a devolveu ao chão, Sophia pode ver que a menina corava.



As inscrições continuaram durante a manhã. Algumas, como a de Cedrico Diggory, eram muito bem recebidas, enquanto outras nem tanto. Um menino do quinto ano da Lufa-Lufa e os gêmeos Weasley também tiveram suas tentativas frustradas; as barbas apareceram em seus rostos assim como tinha acontecido com Fawcett. A delegação de Beauxbatons, por sua vez, se inscreveu de um jeito tão organizado que Sophia ficou agradecida que não tinham visto a cena que Sean fizera.

Depois de um tempo, eles acabaram se cansando de assistir - ficara repetitivo - e decidiram descer para os jardins, perto do lago. Os quatro amigos se recostaram em uma árvore e ficaram discutindo os possíveis campeões.

“Krum será o campeão de Durmstrang, tenho certeza”, afirmava Sean.

“Por quê?” perguntou Sophia. “Karkaroff deve gostar dele só porque é famoso. E eu sei” - ela acrescentou rapidamente, ao ver a boca do amigo se abrir - “que ele é um ótimo jogador e tudo, mas não acho que habilidade em quadribol seja um critério do Cálice.”

“Ainda mais porque, se fosse, você já estaria fora, né, Sean?” disse Georgie rindo.

Sean jogou os braços pra cima e começou a falar, em sua voz dramática: “Nem meus próprios amigos me apoiam… O que será de mim… Não vou é comprar nem uma tortinha de abóbora para vocês quando vencer o Torneio…”

Os três riram.

“Ah, Sean, você sabe que a gente ama você mesmo não sendo bom em quadribol”, disse Georgie, colocando uma mão em seu ombro. Sean continuava semicerrando os olhos para a amiga. “Ainda mais porque precisamos de alguém para torcer por nós na arquibancada, não é?” ela completou, fazendo o menino escancarar a boca em O em uma expressão exageradamente ofendida.

“Infâmia!” ele clamava, procurando desvencilhar-se de Georgie, que tentava abraçá-lo, gargalhando. “Desacato! Ultraje! Escárnio! Afronta!”

A cada palavra, ele e Georgie caíam mais para o lado, até o ponto em que os dois tombaram um em cima do outro. Georgie parou de rir e os dois coraram e se separaram, embaraçados.

“Foi uma bela lição de vocabulário, Sean”, elogiou Sophia, para deixar o clima leve novamente.

Sean, varrendo pedaços de grama para fora de suas vestes, respondeu: “Posso pagar algumas aulas para vocês quando tiver meus mil galeões.” Sophia e Rogério deram uma risada abafada, mas Georgie ainda continuava vermelha.

Depois de um tempo em silêncio, Sophia soltou: “Beauxbatons?”

“Ah, espero que não seja aquela Fleur”, respondeu Georgie, já retomando sua compostura. “Não parecia ter muito espírito esportivo.”

Rogério evitou os olhares dos amigos e Sean riu.

“Acho que Rogério pensa um pouco diferente… Fleur conversou com ele durante todo o jantar na noite passada, ele ficou com um sorriso bobo todo o caminho do Salão até o dormitório, não falou quase nada.”

“Bom, pelo que eu vi, ele também não falou nada no jantar”, disse Georgie.

“Ah, me dá um tempo, Georgie”, retorquiu Rogério. “Ela é veela, o que eu posso fazer?” E deixou escapar um sorriso no canto do rosto.

“Realmente ouvir o que ela fala, pra começar. Já percebeu que tudo que sai da boca dela é com um tom de desdém?”

Rogério não respondeu e se mexeu desconfortavelmente. Sophia lançou um olhar significativo para a amiga, como se dissesse: “Dá um tempo pra ele”, e Georgie não disse mais nada.

Os quatro continuaram sentados à beira do lago até o almoço. Muitos alunos de Durmstrang passavam por ali, todos sem as pesadas capas que vestiam na noite anterior, confirmando a teoria de Georgie de que estavam dormindo no navio. Quando nuvens cinzas começaram a aparecer no céu, os amigos se levantaram e foram para o castelo almoçar.

Como uma chuva leve começara a cair à tarde, eles voltaram para a Sala Comunal e ficaram à toa, descansando. As duas meninas estavam um pouco sonolentas, por terem acordado mais cedo, e se esparramaram no sofá, enquanto os meninos jogavam Snap Explosivo.



A tarde foi se arrastando preguiçosamente até finalmente chegar a hora do jantar. O Salão estava magnificamente decorado para o Dia das Bruxas, ainda mais bonito que na noite anterior, mas ninguém parecia se importar - havia um burburinho percorrendo as mesas e infiltrando o ar. Sophia e os amigos se sentaram à mesa da Corvinal, a pouca distância dos alunos de Beauxbatons, que também aparentavam nervosismo.

A festa não foi tão animada quanto costumava ser. Sophia e Georgie fizeram muitas tentativas de puxar assunto com Sean e Rogério, mas os dois respondiam apenas em monossílabos. As pessoas, ao terminarem de comer, espichavam os pescoços em direção à mesa dos professores, mas Dumbledore, desatento à tensão que preenchia o cômodo, conversava animadamente. Quando finalmente se ergueu, o Salão se calou num ímpeto.

“Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir. Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara do lado, onde receberão as primeiras instruções.”

Então apagou as velas com um gesto da varinha, e a atenção de todos recaiu ao Cálice. Suas chamas azuis tremeluziam no escuro. Sophia segurou a respiração no momento em que o fogo se avermelhou, fazendo voar faíscas. Um pedaço de pergaminho explodiu para fora, e Dumbledore o apanhou no ar.

“O campeão de Durmstrang”, sua voz ecoou pelo Salão. “É Viktor Krum!”

Houve uma explosão de aplausos - um atleta internacionalmente famoso, Krum era o favorito de todos (ainda mais porque a maioria não conhecia mais ninguém de Durmstrang). Karkaroff batia palmas mais alto que todos, ovacionando palavras de confiança.

Krum atravessou o Salão com as costas curvas e uma expressão austera e desapareceu pela porta que Dumbledore indicara.

Assim que a multidão se calou novamente, o Cálice tornou a ficar vermelho e expeliu outro pergaminho.

“O campeão de Beauxbatons”, Dumbledore leu, “é Fleur Delacour!”

A garota se levantou, sacudindo seus belos cabelos louros para trás, fazendo muitos aplausos surgirem, principalmente do público masculino. Seus colegas de Beauxbatons, Sophia notou, não pareciam tão contentes: havia umas duas que choravam, e Jules tinha uma expressão desacreditada no rosto.

As palmas logo acabaram, e o coração de Sophia começou a bater forte. Não tinha se inscrito, mas a ansiedade crescia em antecipação do resultado. Se ela estava assim, pensou, imagine os candidatos…

O Cálice de Fogo ficou com as chamas vermelhas novamente e soltou o terceiro pergaminho. Sophia só conseguia ouvir seu batimento. Segurou a respiração enquanto o diretor lia.

“O campeão de Hogwarts”, enunciou Dumbledore. “É Cedrico Diggory!”

A mesa da Lufa-Lufa explodiu em vivas. Sophia expirou finalmente e bateu palmas - gostava de Cedrico e sabia que ele merecia. Foi com cautela, entretanto, que virou-se para os amigos. Ambos tinham olhares vazio, mas Rogério começou a bater palmas lentamente. Georgie se esticou para alcançar a mão de Sean. Este olhou para a amiga e, como se estivesse saindo de um transe, piscou várias vezes e então se juntou ao coro de aplausos que preenchiam o Salão.

“Diggory que nos represente bem” ele disse. “Senão serei obrigado a torcer para a nova namoradinha de Rogério.”

Sophia e Georgie riram, e até Rogério abriu um sorriso.

As palmas continuaram por um bom tempo, até que finalmente Dumbledore voltou a falar.

“Excelente! Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelo seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real…”

Dumbledore silenciou-se, e todos desviaram a atenção para o que o desconcentrara. O Cálice faiscava outra vez e em seguida tornou-se vermelho. Um quarto pergaminho foi jogado pelas chamas. “O que…” sussurrou Sophia.

Dumbledore apanhou o pergaminho e leu. O Salão assistia, abismado. Então o professor pigarreou e leu:

“Harry Potter!”

Um silêncio ensurdecedor encheu o Salão.

Sophia, chocada demais para falar, ouviu murmúrios confusos e alguns acusadores.

“Como há um quarto campeão?” indagava Rogério, ao mesmo tempo que Georgie guinchava: “Ele só tem quatorze anos!”

Sophia esticou-se o máximo que podia em seu assento para tentar enxergar o garoto, mas muitos levantavam de seus lugares com a mesma intenção. Conseguiu ver alguns relances do menino confuso. Ele continuou sentado.

“Harry Potter!” chamou Dumbledore. “Harry! Aqui, se me faz o favor!”

Harry ficou de pé, atrapalhado, e andou até o diretor. Todos o seguiam com os olhos, à medida que o zumbido crescia a seu redor. Ele se encaminhou pela porta.

Os alunos agora conversavam entre si descontroladamente. Sophia viu Ludo Bagman desaparecer pela mesma porta. Dumbledore, então, levantou as mãos e disse:

“Peço que todos se comportem. Monitores, se puderem fazer a gentileza de encaminhar os alunos às suas Casas.” E retirou-se rapidamente pela porta, seguido pelo Sr. Crouch, os dois diretores estrangeiros e McGonagall e Snape.

Os estudantes começaram a se levantar. Rogério e Georgie andaram ao longo da mesa, fomentando os retardatários a se mexerem, e Sophia subiu com Sean.

Quando chegaram à Sala Comunal, ninguém subiu para os dormitórios. A Sala nunca ficava tão cheia; havia pessoas espremidas em todos os cantos possíveis, discutindo agitadamente. Sophia e Sean conseguiram duas poltronas, e logo Rogério e Georgie se juntaram aos dois, sentando no chão.

“Como foi que isso aconteceu?” dizia Sean, atônito.

“Será que ele enfeitiçou o Cálice?” sugeriu Rogério.

“Bem debaixo do nariz de Dumbledore?” retorquiu Georgie. “Acho difícil… Além do mais, ele tem só quatorze anos!”

“Não foi ele que derrotou Você-Sabe-Quem umas duas vezes?” disse Sean.

Georgie bufou, não convencida.

“O que será que vão fazer… Não podem tirar Potter da competição, o Cálice faz aquele contrato mágico. Será que vão cancelar o Torneio?” discorreu Sophia, e foi imediatamente interrompida pelos meninos:

“Cancelar o Torneio!” repetiam, indignados. “Não se atreveriam!”

“Pois deviam”, exclamou Georgie. “Não podem deixá-lo competir, tem quatorze anos!”

“Seria irônico para O-Menino-Que-Sobreviveu… Morrer em um torneio esportivo da escola.” brincou Sophia, arrancando um sorrisinho dos amigos, mas fazendo Georgie virar os olhos.

“Vão ter que deixá-lo competir, não tem jeito”, disse Rogério. “Só não entendo como ele conseguiu se inscrever; vimos a linha etária de Dumbledore colocar barba nos Weasley…”

“Bom, temos sempre a teoria do pergaminho.” Ao ver que os amigos estavam confusos, Georgie explicou: “Outra pessoa poderia ter colocado o nome dele por ele.”

Os meninos assentiram, mas Sophia interveio:

“Não acho que ele tenha realmente se inscrito… Eu vi a expressão dele quando foi chamado, parecia muito confuso.”

Os amigos não falaram mais nada.

“Bom, não sei como vão lidar com isso. Aquele Karkaroff não vai aceitar, seria injusto para seu querido Viktor.” disse Sean.

“É, e a Fleur, então, do jeito que gosta de reclamar…” completou Georgie.

Rogério ficou quieto.

“De qualquer jeito, é injusto. Para os demais campeões, para quem se inscreveu.” concluiu Sophia. “Mas não sei se tem muito o que fazer.”


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