Ensinando a Beijar escrita por Pakkuna


Capítulo 12
Mediocremente (Near's POV)




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NEAR’S POV

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Eu não sabia mais o que pensar

Nem o que sentir

Eu trocaria tudo

Tudo mesmo

Por aquela sensação de novo

Seus lábios juntos aos meus daquela forma

Não forçada, nem inesperada

Mas consentida por ambos os lados

Parece coisa de menininha, como sempre lemos nos livros e nos filmes

Nunca pensaria sentir tudo o que sinto

Mas se sinto é por algum motivo

Desconhecido? Creio que sim

Mas talvez ainda não descoberto

Eu queria saber quando começou tudo isso

Esses sentimentos

Mas não sei

Nossa “história” se é que posso dizer que foi uma história

Eu não vou dizer explicitamente quem é o ser que mais vai aparecer nessa história

Foi totalmente medíocre

Como todas as nossas ações e respostas

Creio também que se esteja perto do fim

Fazer o quer

Tudo uma hora acaba

E ela me disse que estava acabando

E eu ainda não sei quem é ela

Não queria que acabasse

Queria que continuasse

Toda vez que se termina uma história nunca se sabe o que vem depois

Podemos fantasiar, mas ainda não é a mesma coisa

Ela não é a verdade

A verdade linda e perfeitinha que imaginamos

Essa é a verdade,

Desculpa...

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Aula, de Biologia

Aquela aula que tenta explicar nossa existência

Nossa medíocre existência

Mas querendo ou não estamos aqui

A professora balbuciava qualquer coisa

Ninguém estava interessado

Poderia-se dizer que era por causa da temperatura de -1°C

Ou porque talvez ninguém se interessava mesmo pelo conteúdo que estava por obrigação na grade de horários

Eu estava lá

Ele também

Depois do que aconteceu na nossa primeira aula ficamos um tempo sem se falar

Acho que acabou o semestre e minha nota foi zero

Não nos beijamos

Fazer o que...

Só não queria que tudo acabasse assim

Queria que ele percebesse

Mas parece que tem uma venda em seus olhos

Não sou bobo

Não quero lutar por uma coisa que eu sei que nunca vai ser minha

Mesmo que ele soubesse, de nada adiantaria

Sinal tocou, todos saíram

Menos ele

Tinha posto um bilhete no seu caderno

Dizendo que precisava falar com ele

Acho que funcionou

Eu ainda estava sentado na mesma posição desde o início da aula

Esperava a sala se esvaziar o que não tardou

Ele veio na minha direção

Ele falou comigo:

— Bom, o que você quer? – dizia ele, enquanto se sentava na cadeira a minha frente virando o corpo para iniciarmos o que parecia ser uma conversa

— Fui reprovado? – disse simplesmente olhando-o nos olhos

— Não... – apenas respondeu achando que essa monossílaba ia aliviar tudo de uma vez

— Por que não quis continuar? – estava cansado de joguinhos, por incrível que pareça

— Eu não achava que deveria... – ele falava, abaixando a cabeça – Desculpa, sei que errei. Prometi e não cumpri – Falava em tom mais sério agora

Parecia que estava conseguindo entender, afinal

— Vamos continuar, então. Eu só quero que você me ensine, só isso. Depois podemos seguir nossas vidas. Você me odiando e eu te ignorando, como era – falei. Sim, isso mesmo

O silêncio reinou por um tempo

Não queria que reinasse

Mas num reino plebeus não decidem

Até que o silêncio foi cortado, teve sua coroa arrancada

Não por palavras, mas uma ação

Ele se aproximou de mim

E com certo de receio me beijou

Sim

Seus lábios eram doces, não sei se era por causa do chocolate

Mas eram doces

Foi um beijo calmo e terno

Nenhum de nós tentou aprofundar

Ficamos nisso

E era bom

Quando nos separamos eu senti parte do meu coração indo junto

— Como eu disse, beijar é prática, apenas isso – disse para simplesmente me beijar novamente mas de maneira mais intensa e profunda

Sua mão mergulhou nos meus cabelos e a minha envolveu seu pescoço

Logo eu dei entrada e sua língua vasculhou minha boca

Era bom, muito bom

Muito mesmo, afinal eu estava beijando alguém que amava sem igual

Mas tinha algo estranho

Ele que fez de tudo para evitar isso começa a me beijar dessa forma tão intensa e maravilhosa do nada?

Tinha alguma coisa

Quando nos separamos devido a falta de oxigênio em nossos pulmões eu não pude deixar de perguntar:

— Eu passei?

— Ainda não

E ele foi

Acho que ainda não acabou

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Estávamos no refeitório. Tomando nosso almoço

Bom, eu estava num pólo. Ele em outro

Mas nos olhávamos sempre

Ele sempre me olhava

Com olhar de curiosidade, eu acho

Eu pensava que logo ele ia se cansar

Mas não, ele continuava

E francamente não entendia

Tinha algo rolando

Logo depois, ele e o grupo de amigos sentado junto a ele saíram

E seus olhos continuavam me seguindo

Até ele sair de lá

Não entendia o que se passava aqui

Enquanto tudo isso rodava minha cabeça eu comia minha sobremesa normalmente tentando passar para os outros alunos a minha frieza, apesar de não estar conseguindo mais fazer isso tão bem

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Eu tinha acabado meu almoço e estava indo para o quarto, quando eu vejo algo

Algo não, alguém me chamando

Era ele

Ele estava na porta da biblioteca e fez menção com a cabeça para eu entrar, logo em seguida entrou

Eu passei pela porta normalmente e a fechei

Tinha muita coisa mesmo que eu queria falar a ele

Mas ele começou:

— Você gosta de mim, não? – ele falou, olhando para uma janela

— Você... é um bom observador – ironizei. Ele tinha demorado séculos para entender e ver o que estava a sua frente. De observador ele não tinha nada

— Para de fazer esses seus joguinhos, tá? Desde o início era por isso. Eu realmente não reparei, fui cego mas agora vejo até o que você não queria que eu visse – ele disse, na verdade gritou na minha cara sem se preocupar de alguém poder nos escutar ou alguma coisa assim

— Eu gosto de jogos, Mello, mas dessa não sou eu que estou brincando – falava, me aproximando dele

— Eu não acreditei de primeira, mas depois que eu te beijei na sala não tenho mais nenhuma dúvida: você me ama! – ele dizia quase rindo na minha cara. Não me espantei, claro que não

Essa era uma das possíveis reações que a minha vida toda meu cérebro se acostumou

— Bom, agora que já sabe por que voc-

Não pude completar a frase

Ele me beijou

Pela terceira vez seguida

Agarrou-me pela cintura e me beijou vorazmente

Para logo depois me prensar contra a porta

Suas mãos passavam pelo meu corpo, despudoramente

Minhas mãos se enfiaram em seus cabelos louros e brilhantes

Passou-se um tempo e continuávamos a nos beijar

Só que tinha um ‘porém’

Mello não me tocava mais, só eu o tocava

Desgraçado!

Quando percebi isso o afastei imediatamente

Ele ficou me olhando surpreso

Para logo depois ajeitar-se

E rir

Sim, ele soltou uma gargalhada

Alta e nítida

Tinha conseguido o que queria

De novo

E eu, o trouxa, deixei

De novo

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Acho que medíocre devia ser um advérbio e não um adjetivo

Porque ele caracteriza cada ação tosca e infantil que eu faço

Acho que vou mandar uma carta para os linguísticos

Para eles concertarem o vocabulário

Posso mandar outra carta para eles também

Para ver se eles concertam minha vida

.

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CONTINUA...


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