Ensinando a Beijar escrita por Pakkuna
NEAR’S POV
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Eu não sabia mais o que pensar
Nem o que sentir
Eu trocaria tudo
Tudo mesmo
Por aquela sensação de novo
Seus lábios juntos aos meus daquela forma
Não forçada, nem inesperada
Mas consentida por ambos os lados
Parece coisa de menininha, como sempre lemos nos livros e nos filmes
Nunca pensaria sentir tudo o que sinto
Mas se sinto é por algum motivo
Desconhecido? Creio que sim
Mas talvez ainda não descoberto
Eu queria saber quando começou tudo isso
Esses sentimentos
Mas não sei
Nossa “história” se é que posso dizer que foi uma história
Eu não vou dizer explicitamente quem é o ser que mais vai aparecer nessa história
Foi totalmente medíocre
Como todas as nossas ações e respostas
Creio também que se esteja perto do fim
Fazer o quer
Tudo uma hora acaba
E ela me disse que estava acabando
E eu ainda não sei quem é ela
Não queria que acabasse
Queria que continuasse
Toda vez que se termina uma história nunca se sabe o que vem depois
Podemos fantasiar, mas ainda não é a mesma coisa
Ela não é a verdade
A verdade linda e perfeitinha que imaginamos
Essa é a verdade,
Desculpa...
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Aula, de Biologia
Aquela aula que tenta explicar nossa existência
Nossa medíocre existência
Mas querendo ou não estamos aqui
A professora balbuciava qualquer coisa
Ninguém estava interessado
Poderia-se dizer que era por causa da temperatura de -1°C
Ou porque talvez ninguém se interessava mesmo pelo conteúdo que estava por obrigação na grade de horários
Eu estava lá
Ele também
Depois do que aconteceu na nossa primeira aula ficamos um tempo sem se falar
Acho que acabou o semestre e minha nota foi zero
Não nos beijamos
Fazer o que...
Só não queria que tudo acabasse assim
Queria que ele percebesse
Mas parece que tem uma venda em seus olhos
Não sou bobo
Não quero lutar por uma coisa que eu sei que nunca vai ser minha
Mesmo que ele soubesse, de nada adiantaria
Sinal tocou, todos saíram
Menos ele
Tinha posto um bilhete no seu caderno
Dizendo que precisava falar com ele
Acho que funcionou
Eu ainda estava sentado na mesma posição desde o início da aula
Esperava a sala se esvaziar o que não tardou
Ele veio na minha direção
Ele falou comigo:
— Bom, o que você quer? – dizia ele, enquanto se sentava na cadeira a minha frente virando o corpo para iniciarmos o que parecia ser uma conversa
— Fui reprovado? – disse simplesmente olhando-o nos olhos
— Não... – apenas respondeu achando que essa monossílaba ia aliviar tudo de uma vez
— Por que não quis continuar? – estava cansado de joguinhos, por incrível que pareça
— Eu não achava que deveria... – ele falava, abaixando a cabeça – Desculpa, sei que errei. Prometi e não cumpri – Falava em tom mais sério agora
Parecia que estava conseguindo entender, afinal
— Vamos continuar, então. Eu só quero que você me ensine, só isso. Depois podemos seguir nossas vidas. Você me odiando e eu te ignorando, como era – falei. Sim, isso mesmo
O silêncio reinou por um tempo
Não queria que reinasse
Mas num reino plebeus não decidem
Até que o silêncio foi cortado, teve sua coroa arrancada
Não por palavras, mas uma ação
Ele se aproximou de mim
E com certo de receio me beijou
Sim
Seus lábios eram doces, não sei se era por causa do chocolate
Mas eram doces
Foi um beijo calmo e terno
Nenhum de nós tentou aprofundar
Ficamos nisso
E era bom
Quando nos separamos eu senti parte do meu coração indo junto
— Como eu disse, beijar é prática, apenas isso – disse para simplesmente me beijar novamente mas de maneira mais intensa e profunda
Sua mão mergulhou nos meus cabelos e a minha envolveu seu pescoço
Logo eu dei entrada e sua língua vasculhou minha boca
Era bom, muito bom
Muito mesmo, afinal eu estava beijando alguém que amava sem igual
Mas tinha algo estranho
Ele que fez de tudo para evitar isso começa a me beijar dessa forma tão intensa e maravilhosa do nada?
Tinha alguma coisa
Quando nos separamos devido a falta de oxigênio em nossos pulmões eu não pude deixar de perguntar:
— Eu passei?
— Ainda não
E ele foi
Acho que ainda não acabou
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Estávamos no refeitório. Tomando nosso almoço
Bom, eu estava num pólo. Ele em outro
Mas nos olhávamos sempre
Ele sempre me olhava
Com olhar de curiosidade, eu acho
Eu pensava que logo ele ia se cansar
Mas não, ele continuava
E francamente não entendia
Tinha algo rolando
Logo depois, ele e o grupo de amigos sentado junto a ele saíram
E seus olhos continuavam me seguindo
Até ele sair de lá
Não entendia o que se passava aqui
Enquanto tudo isso rodava minha cabeça eu comia minha sobremesa normalmente tentando passar para os outros alunos a minha frieza, apesar de não estar conseguindo mais fazer isso tão bem
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Eu tinha acabado meu almoço e estava indo para o quarto, quando eu vejo algo
Algo não, alguém me chamando
Era ele
Ele estava na porta da biblioteca e fez menção com a cabeça para eu entrar, logo em seguida entrou
Eu passei pela porta normalmente e a fechei
Tinha muita coisa mesmo que eu queria falar a ele
Mas ele começou:
— Você gosta de mim, não? – ele falou, olhando para uma janela
— Você... é um bom observador – ironizei. Ele tinha demorado séculos para entender e ver o que estava a sua frente. De observador ele não tinha nada
— Para de fazer esses seus joguinhos, tá? Desde o início era por isso. Eu realmente não reparei, fui cego mas agora vejo até o que você não queria que eu visse – ele disse, na verdade gritou na minha cara sem se preocupar de alguém poder nos escutar ou alguma coisa assim
— Eu gosto de jogos, Mello, mas dessa não sou eu que estou brincando – falava, me aproximando dele
— Eu não acreditei de primeira, mas depois que eu te beijei na sala não tenho mais nenhuma dúvida: você me ama! – ele dizia quase rindo na minha cara. Não me espantei, claro que não
Essa era uma das possíveis reações que a minha vida toda meu cérebro se acostumou
— Bom, agora que já sabe por que voc-
Não pude completar a frase
Ele me beijou
Pela terceira vez seguida
Agarrou-me pela cintura e me beijou vorazmente
Para logo depois me prensar contra a porta
Suas mãos passavam pelo meu corpo, despudoramente
Minhas mãos se enfiaram em seus cabelos louros e brilhantes
Passou-se um tempo e continuávamos a nos beijar
Só que tinha um ‘porém’
Mello não me tocava mais, só eu o tocava
Desgraçado!
Quando percebi isso o afastei imediatamente
Ele ficou me olhando surpreso
Para logo depois ajeitar-se
E rir
Sim, ele soltou uma gargalhada
Alta e nítida
Tinha conseguido o que queria
De novo
E eu, o trouxa, deixei
De novo
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Acho que medíocre devia ser um advérbio e não um adjetivo
Porque ele caracteriza cada ação tosca e infantil que eu faço
Acho que vou mandar uma carta para os linguísticos
Para eles concertarem o vocabulário
Posso mandar outra carta para eles também
Para ver se eles concertam minha vida
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CONTINUA...
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