Operação Zumbi escrita por Morgenstern


Capítulo 13
13 - Bye bye Buscas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/749033/chapter/13

— Mas o que significa esse símbolo? – Tori perguntou, fazendo Parker olhar para ela, para Tony perto da janela e finalmente para mim.

— Pode ser meu nome. – respondi dando de ombros, me virando para Parker. – Mas como você sabe quem são meus pais? – perguntei intrigada, seria aquela o indício de uma mentira? Sabia que Parker era um ano mais velho do que eu, mas não lembrava de tê-lo visto quando morava como uma civil.

— Quem não conheceu seus pais? – Parker perguntou descrente ao olhar as outras pessoas na sala. Luke, Tori e Tony ergueram as mãos como resposta. Ele suspirou passando uma mão nos cabelos levando algumas mechas para trás, visivelmente desconfortável. – Tudo bem. Eu tinha cinco anos quando conheci eles. Sempre que escutada o alarme dos portões, corria até a porta de casa para ver os grupos voltando depois de uma busca. Ficava nos degraus da varanda esperando que fossem até o soldado responsável e passassem por minha casa para irem ao dormitório. Lembro que seus pais sempre acenavam para mim, estavam sempre sorrindo e pareciam tão durões e ao mesmo tempo sensíveis que...

— Parker, é sério. – Tori disse repreendendo-o.

— Estou falando sério, está bem? Se vocês não estão acreditando é melhor...

— Continue. – pedi me apressando para sentar ao seu lado no sofá.

Parker me olhou como nunca havia olhado antes, seus olhos verdes brilhavam com curiosidade. E eu sabia a diferença pelo modo como Nathan ou qualquer outro olhava para mim, como uma simples e comum Beta. Até ele mesmo já havia me olhado assim e eu não percebi quando os olhares haviam mudado. 

— Seus pais eram durões, mas com certeza eram amados por muita gente. Nós sabemos disso, sabemos como é ser idolatrado e eles nem mesmo se importavam com isto pois voltavam para casa e procuravam ter uma vida normal com a filha.

Engoli duro deixando que aquelas palavras penetrassem em mim com o dobro do peso que elas tinham. Para uma garotinha de quatro anos, eu era considerada muito feliz ali. Não por ser filha de um dos melhores Betas da Cidade, mas por ter pai e mãe tão carinhosos e decentes que, com o pouco que me ensinaram, me fizeram a mulher que sou hoje. Bem, é claro que esta mulher mata sem piedade e usa armas como soldados, mas que gostaria de orgulhar aqueles na qual ela admirava.

— No dia seguinte a saída, estava brincando no jardim quando seu pai apareceu e perguntou o que eu queria ser quando crescer. Ele não riu quando respondi ser soldado e muito menos me criticou, que era o que meu pai fazia, mas isto não vem ao caso. Seu pai me mostrou a arma que usava durante a saída e eu vi o duplo c, que você diz, gravado no cano bem perto do gatilho.

— Como eu não notei antes? Há o duplo c em minha CFR e eu nunca, nunca havia visto antes.

— Talvez você tenha visto mas sem atenção. – Luke disse complacente. 

— Seu pai me disse que significava seu nome. – Parker falou como se notasse que eu precisava daquela certeza. Olhei para ele procurando algo que me fizesse desacreditar em tudo o que ele falava, algo que dissesse que ele estava mentindo e gostado daquilo. Mas não vi nada além de compaixão nos seus olhos. O que já era muito vindo dele.

— Se está dizendo que este símbolo significa que os pais de Cora estão vivos, o que iremos fazer? – Tony perguntou nos fazendo virar para ele e então para mim esperando uma resposta como todas as outras relacionadas a meus pais. 

— Ei! Eu não disse que eles estão vivos. – Parker falou rapidamente.

— Mas e se...

— Não Cora. Eu não disse que eles estão vivos.

— Tudo bem mas, é incerto, não é? Ninguém sabe o que realmente aconteceu naquele dia. O fato de eu encontrar uma faca em um zumbi e do lado de fora com o mesmo símbolo não deve ser coincidência.

— Há inúmeras possibilidades para isso acontecer, inclusive um por cento de chances dos seus pais ainda estarem vivos todos esses anosmia l. – Luke respondeu com seu tom racional e direto.

— Talvez, apenas talvez Cora precise saber o que aconteceu. – Tori falou me fazendo olhar para ela, pela primeira vez me dando apoio em algo que parecia ser loucura.

— O quê? – Parker e Luke exclamaram virando-se para ela.

— Saber o que aconteceu? A única coisa que pode ter acontecido é ser mordido e virado um deles. – Parker respondeu levantando do sofá caminhando de um lado para o outro na sala em uma impaciência irritante.

— Pessoal, temos visitas. – Tony avisou, nos virando imediatamente para janela encontrando Nathan caminhando em direção a porta do dormitório.

Sem alarde, cada um de nós se manteve natural, como uma simples reunião de grupo na qual costumávamos fazer. Desconversamos rapidamente mudando o assunto para a provável saída que teríamos a noite.

— Reunião? – Nathan apareceu na janela ao lado da porta, apoiando os braços no parapeito.

— Mais ou menos. – Luke disse no instante em que Parker gemeu despreocupadamente: – Nah.

— Tudo bem, só estou aqui por que vocês foram chamados pelo Cabo Bosco.

— Saída outra vez? – Tori perguntou. – Não está nem perto de escurecer. 

Nathan deu de ombros e fez seu caminho de volta, não havia piadas para contar, não havia brincadeira para fazer e isso poderia ser um sinal de que talvez o assunto fosse realmente sério. Fizemos o caminho até o Campo C, sem demorar muito, apenas o Cabo Bosco estava ali lendo sua prancheta, com o uniforme impecável e óculos escuros. Ok, ele conseguia passar um ar de terror até mesmo a luz do dia. Endireitei os ombros a cada passo que me aproximava dele, estufei o peito, pisquei o quanto pude para não desviar o olhar, caso estivéssemos em encrencas. Eu costumava ser daquelas que erguia o queixo e ouvia o sermão sem mostrar medo ou culpa. Pude ver Parker esfregar as palmas das mãos, Luke suspirar pesadamente e Tony alongar o pescoço. Tori estava logo atrás de mim, mas duvido que ela sinta apreensão em situações como aquela. Aliás, nós até tínhamos culpa por saímos da Cidade, fizemos o trabalho para outro grupo e nos colocando em perigo. Ou seja, nós quebramos a regra de sair sem conhecimento dos guardas, de ajudar um grupo na qual já estava em punição e principalmente, de ter voltado para a Cidade sem a higienização correta.

— Grupo Z, apresente-se! – o Cabo Bosco gritou ao nos perceber chegar.

— Grupo Z se apresentando, senhor! – exclamamos batendo continência em fila, um ao lado do outro frente ao Cabo.

— Chegou a meu conhecimento... – poxa vida, lá vai. Respirei fundo erguendo o queixo pronta para o sermão. – Que um de vocês se machucou.

Baixei o queixo surpresa e apreensiva. Esperei que todos virassem para mim mas ninguém o fez.

Boa time!

— Sim, senhor. – Luke disse.

— Posso saber como? – o Cabo Bosco perguntou desviando seu olhar para cada um de nós.

— Senhor! Estava voltando para meu dormitório quando torci o pé nas escadas. 

— Então, está falando que aconteceu dentro da Cidade? 

— Sim, senhor! 

Eu não precisava dizer que saímos da Cidade em uma reunião ilegal entre Betas. O Cabo não precisava saber sobre o muro e em nossa festinha. Definitivamente, ele não precisava ouvir que cai no lado de fora, me feri e voltei como se nada tivesse acontecido. 

— Beta Chadwick, você estará fora das buscas por hoje. – o Cabo disse.

— O quê? – exclamamos em uníssono saindo intencionalmente da fila. 

— Não podemos ficar sem a Cora. – Luke disse. –... Senhor. – Sim, vocês podem. A senhorita Chadwick passará por exames para que tenhamos plena certeza de que ainda está apta para sair. 

— O quê? – exclamei exaltada. – Eu estou apta para sair. Posso correr a Cidade em dez minutos. Posso dá cobertura a meu grupo se for preciso, posso atirar e andar... 

— Soldado! Isto é uma ordem. 

Meus ombros caíram completamente em derrota. Ser dispensada em uma busca era como uma ofensa para mim, talvez para qualquer Beta que se sinta perfeitamente bem para sair. Olhei para o Cabo Bosco decidindo se surtaria e faria drama ou aceitaria sem uma única palavra, mas não precisei decidir no final das contas, quando Luke pôs uma de suas mãos em meu ombro e assentiu. 

Foi o meu fim. O próprio líder do grupo me descartando como se eu estivesse mesmo inválida. Baixei a cabeça voltando a fila, batemos continência e sai antes que o Cabo pudesse dá as devidas informações ao meu grupo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Operação Zumbi" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.