Unidos pelo futuro escrita por Amin


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ♥



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 Haruno Sakura poderia se descrever de várias formas, mas jamais como uma pessoa normal. Desde que nascera a moça de cabelo rosa fora agraciada com dois dons: ela podia ver, conversar com espíritos e prever o futuro.

 Os pais de Sakura, um empresário e uma médica, eram completamente céticos sobre os poderes da filha. Para eles, todas as histórias sobre os fantasmas andando pela casa e as coisas esquisitas e sem sentido que apareciam na mente da filha eram fruto de uma imaginação fértil e sem controle.

 Depois de muitas sessões em psiquiatras infantis e vários remédios que prometiam o fim das alucinações da menina, mas apenas a dopavam, Sakura aprendera que quanto menos ela falasse sobre o que via com os pais, mais ela teria paz e sossego.

 Aos dezoito anos ela resolveu sair daquele lugar onde todos a tratavam como louca e com o pouco dinheiro que ela juntara ao longo dos anos, abriu o que viria a ser o mais bem sucedido consultório de vidência de Konoha.

 Agora, aos vinte e cinco, Sakura se sentia muito bem realizada com o próprio trabalho. Ela previa com gosto o futuro daqueles que a procuravam, sentindo prazer e liberdade por poder usar seus poderes e não ser tachada de mentirosa. Pelo menos se sentia assim até três dias atrás.

 Uchiha Sasuke entrara em sua vida de maneira inesperada. Por mais que Sakura já soubesse que o Uchiha a visitaria para uma consulta, ela jamais imaginaria que ele exalaria a mesma aura de incredulidade de seus pais. Também não imaginaria a previsão final sobre a morte de Sasuke. Mesmo agora, três dias depois, ainda via o corpo ensanguentado de Sasuke quando fechava os olhos para adormecer.

— Se você não for se exercitar, daqui a pouco vai estar gorda o fantasma branco-perolado de um homem falou em um tom de voz distante e sufocado, como se falasse através de uma parede. Sakura abriu os olhos e encarou o rosto translucido do fantasma. – Você sabe que gosto quando está em forma, Sakura.

— Não vai dizer que vai terminar comigo se eu ficar gorda – Sakura falou em um tom falsamente ofendido. Ela levantou e se espreguiçou. Não poderia mesmo continuar na cama pensando no policial. – Então é isso que o nosso amor impossível significa para você?

 O fantasma gargalhou no mesmo tom distante e sufocado e por um instante suas feições ganharam um pouco mais de cor. O cabelo e os olhos pretos brilharam por um instante, revelando o belo homem que já fora um dia, mas no segundo seguinte tudo foi apagado e ele voltou à cor translucida de sempre.

— Já conseguiu se lembrar de seu nome? – Sakura perguntou enquanto colocava café em um xícara. O fantasma balançou negativamente a cabeça e flutuou atrás de Sakura, a seguindo para dentro do quarto de novo.

— Estou rodando pela cidade quando não estou com você, mas nada me faz reavivar a memória – ele flutuou de forma triste sobre a cama, como se estivesse sentado e observou Sakura tomar o café enquanto procurava uma roupa para a corrida. – Eu sinto saudades do gosto do café.

— Me sinto preocupada por você. Já tem dois anos que você morreu e não consegue se lembrar de nada. Tenho medo de que acabe se transformando em um espírito ruim – Sakura disse enquanto apanhava um short. Ela olhou para o fantasma, que sorriu para anima-la.

— Enquanto eu tiver você comigo, tenho certeza que não me perderei enquanto vago por aqui como espírito – ele respondeu com convicção. Não gostaria de preocupa-la de forma alguma.

— Você deveria sair agora. Nossa relação não está nesse nível para você me ver nua – Sakura disse em tom brincalhão e o fantasma sorriu e flutuou para fora do quarto.

— Vou sair por ai, procurar algo que me ajude a lembrar de qualquer coisa. Ah – ele disse logo antes de sair do quarto. – Não vá correr no parque, houve um assassinato lá essa noite, então está cheio de maus espíritos.

— Assassinato? Será que é o Psicopata Silencioso? – Sakura perguntou e correu até um caderno cheio de anotações. Não constava nenhum assassinato em nenhuma de suas previsões.

— Deve ser – o fantasma disse dando de ombros. – Me prometa que não vai ao parque.

— Ele deve estar trabalhando feito um louco hoje então... – Sakura disse mais para si mesma, olhando o nome de Sasuke anotado em uma das folhas do caderno.

— Ele? Você por acaso está me traindo? – o fantasma perguntou em tom ofendido, colocando a mão no peito como se estivesse sentindo dor. – Se eu já não estivesse morto, teria morrido de desgosto nesse momento.

— Jamais trairia nosso amor impossível! – Sakura negou com convicção, fazendo o fantasma rir outra vez. – Vá procurar suas memórias logo.

 Com um acenar de cabeça, o fantasma tremeluziu e saiu pela parede, deixando Sakura sozinha com os próprios pensamentos.

 Sakura pegou o caderno de novo e o olhou atentamente, virando as folhas lentamente, mas nada ali falava sobre um assassinato. Estava pensando se deveria passar no parque para tentar descobrir alguma coisa quando seus olhos pararam em uma frase minúscula que ela escrevera há uma semana: “Homem sujo de sangue correndo em uma mata”. Um arrepio percorreu todo o seu corpo e Sakura soube que aquela visão se realizara.

 Fechou os olhos e tentou se lembrar a todo custo da visão que tivera. Ela estava quase adormecendo quando a visão aconteceu, mas o que exatamente ela vira?  Tentou se lembrar de todo jeito enquanto trocava de roupa, mas só conseguia lembrar-se da imagem difusa e borrada do homem correndo pela mata.

— Você tinha que ignorar aquela visão, não é? – perguntou ao seu reflexo no espelho com irritação.

 Saiu de casa pronta para ir ao parque tentar descobrir qualquer coisa que a ajudasse a lembrar-se da visão quando a imagem do outro lado da rua chamou sua atenção. Uchiha Sasuke estava em pé do outro lado da rua a encarando como se uma segunda cabeça tivesse aparecido em seu pescoço. Sorriu ao ver o homem tentar abrir a porta do carro em desespero, tentando fugir de Sakura.

— Veja só se não é o meu policial favorito – Sakura disse animada enquanto atravessava a rua na direção de Sasuke.

— Ah... oi – ele disse desanimado, parando de tentar abrir a porta do carro. – Eu não sabia que você... hm, morava por aqui.

— Eu não te avisei que você seria vizinho de alguém que odeia? – Sakura perguntou se divertindo em observar o misto de pânico e raiva no rosto de Sasuke. – Não vai dizer que você continua ignorando o que eu disse?

— Você sabia que eu seria seu vizinho? Está me stalkeando? – Sasuke perguntou desconfiado e começou a vasculhar seu carro a procura de uma escuta ou GPS.

— Eu não estou te seguindo, Sasuke. Os espíritos que me contaram – ela disse divertindo-se cada vez mais em observar o policial procurar em desespero qualquer coisa que seja.

— Você realmente quer me convencer que os espíritos te contam do futuro? Vá tentar enganar outro idiota – Sasuke respondeu emburrado. Seu carro não tinha nada fora do normal.

— Bom, se você não acredita... – ela disse dando de ombros, mas continuava a sorrir. – Só espero que não ignore minha última previsão. Sabe, depois desse último assassinato que teve no parque, qualquer um poderia querer matar um policial incompetente.

— Como você sabe sobre o assassinato? A imprensa já está transmitindo? – Sasuke perguntou preocupado, olhando de um lado para o outro da rua, esperando a enchente de repórteres em sua cola.

— Foi um espírito que me contou – Sakura respondeu segurando o riso. Sasuke parecia estar no limite de sua paciência e era melhor parar de provoca-lo. – Bom, eu vou ir correr, até mais tarde.

— Espera! EI! – Sasuke gritou tentando faze-la parar, mas Sakura correu para longe do policial. Não precisava envolver Sasuke no que faria agora.

 

Como eu vou entrar nesse parque? Era a pergunta que não saia da mente de Sakura. Tanto o portão de entrada quanto o portão de saída estavam sendo guardados por policiais e o muro era alto demais para que Sakura o pulasse. Desejou ter pernas mais longas encarando com desgosto o muro a sua frente.

— Você bem poderia estar por aqui para me dar alguma outra ideia de como pular esse muro – Sakura falou impaciente, olhando de um lado para o outro procurando um sinal do fantasma que a seguia havia dois anos. – É claro que num momento como esse você tinha que desaparecer.

— Quem desapareceu? – Sasuke perguntou chegando atrás da moça, que pulou de susto. – O que você veio fazer na cena do crime?

— Tecnicamente eu não estou na cena do crime, uma vez que estou fora do parque – Sakura cascateou e deu um sorriso amarelo para o policial, tentando engana-lo, mas ele continuou a encarando inflexivelmente. – Ok, eu só pensei que poderia achar alguma coisa sobre o assassino.

— E você por acaso é policial pra estar por ai investigando? – Sasuke perguntou cruzando os braços. Se Sakura contaminasse a cena do crime, todo seu trabalho poderia ser arruinado.

— Olha, se eu puder ver o local, ou ver o corpo, talvez eu consiga me lembrar da visão que tive...

— Você teve uma visão sobre o assassinato? – Sasuke perguntou cortando a frase de Sakura. Por mais que não acreditasse nela, seu desespero por qualquer pista que fosse era enorme.

— Eu não tive uma visão do assassinato. Acho que tive uma visão do assassino – Sakura disse e olhou ao ser redor procurando outra vez o sinal do fantasma. Ao longe, viu alguns espíritos malignos, criaturas feitas de puro ódio e miasma, aproximando-se do parque. – Olha, eu tenho que entrar ali pra tentar lembrar alguma coisa, mas tem que ser agora porque cada minuto que passa esse lugar se enche de maus espíritos.

— Maus espíritos? – Sasuke perguntou e por precaução olhou sobre o ombro.

— Espíritos que não conseguiram, você sabe, ir adiante e passaram tempo demais no mundo humano. Eles perdem a consciência e são movidos apenas pelo ódio. Lugares onde assassinatos ocorreram implicam em vários espíritos malignos ao redor – Sakura explicou pacientemente, mas não parava de olhar na direção dos espíritos. – Considerando o tempo que o assassinato ocorreu, lá já deve estar infestado. Quanto mais o tempo passa, mais fica difícil para que eu descubra alguma coisa.

 Em um impulso, Sasuke se abaixou e uniu as mãos, formando uma alça para impulsionar Sakura por cima do muro.

— O que você está fazendo? – Sakura perguntou espantada, olhando o policial abaixado na sua frente.

— Se você vai entrar, é melhor que seja comigo, para não sair contaminando o local. Anda logo antes que alguém nos veja – ele apressou Sakura, que apoiou o pé nas mãos de Sasuke e foi içada para cima do muro.

— E quanto a você? – Sakura perguntou ainda em cima do muro, fazendo Sasuke soltar um muxoxo de impaciência.

— Anda logo. Eu vou logo atrás de você.

 Com cuidado, Sakura desceu do muro. Encontrava-se a poucos passos da mata, mas no local onde eles pularam, não havia sinais de policiamento. Segundos depois, Sasuke estava ao seu lado, parecendo estar contrariado e intrigado.

— Vamos logo antes que sejamos vistos – Sasuke disse e os dois adentraram na mata.

— Você sabe como chegar lá? – Sakura perguntou depois de eles andarem mais de dez minutos pela mata. Estava começando a achar que os dois estavam perdidos.

— Bom, eu só entrei na mata uma vez e o caminho estava demarcado – Sasuke disse enquanto parava e olhava a sua volta. – Agora que você disse, eu não me lembro muito bem da localização exata.

— Nós não podemos continuar andando a esmo por ai. E se esbarrarmos em alguém? Vão querer saber o que você estava fazendo comigo aqui – Sakura enunciou olhando ao seu redor. Como duas pessoas perdidas na mata encontrariam o local certo?

— Você consegue sentir a presença dos espíritos? – Sasuke perguntou de rompante, fazendo Sakura o olhar intrigada.

— Sim, mas até onde eu sei você não acredita nos meus poderes – ela rebateu e arqueou as sobrancelhas em duvida. – Por que a repentina vontade de saber sobre isso?

— Supondo que por um momento eu acredite que esses tais poderes são reais – ele começou sem jeito, e mesmo com a sombra densa que as arvores faziam, Sakura viu um leve rubor nas bochechas normalmente pálidas de Sasuke. – Você não disse que os maus espíritos se reúnem onde assassinatos ocorreram? Então, onde a moça foi morta deve estar uma concentração deles, né?

 Sakura o olhou, pasma. Não acreditava que Uchiha Sasuke pensara naquilo, mas acreditava menos ainda que ela própria ignorara que poderia fazer algo como aquilo.

— É eu acho que posso fazer isso – ela disse ainda sem acreditar que ele tivera essa ideia. Fechou os olhos e tentou se concentrar na energia que os espíritos emanavam. Não precisou de mais que poucos segundos para começar a sentir a energia maligna dos espíritos.

— Nós não estamos muito longe, é por aqui – ela disse e apontou para o lado direito.

 Caminharam em silêncio por algum tempo, Sakura se concentrando em sentir a energia maligna que aumentava a cada passo. Quando a energia começou a realmente ficar forte, a visão veio de uma só vez, roubando todos os sentidos de Sakura.

 Ela continuava na mata, Sasuke logo atrás, mas a sua frente dois homens os olhavam com desconfiança. Um tinha grossas sobrancelhas negras e cabelo cortado em cuia e o outro cabelo castanho comprido e olhos perolados.

— O que vocês estão fazendo aqui? O que você está fazendo com essa civil no meio da mata? – o homem de cabelo comprido perguntou, olhando com desconfiança para Sasuke e Sakura.

— Estamos caminhando – Sakura respondeu e recebeu um beliscão de Sasuke. “Deixe que eu converse”, ele sussurrou em sua orelha.

— Pedi a ajuda de Sakura para olhar o corpo – Sasuke respondeu com seriedade. – Pensei que um olhar de outra pessoa poderia nos dar alguma luz.

— Então você trouxe uma civil para a cena do crime apenas por que gostaria de uma segunda opinião? – o de cabelo de cuia perguntou, franzindo as grossas sobrancelhas. – Você sabe que ninguém a não ser a policia pode entrar aqui. Ela pode vazar informações para a imprensa e nós estaríamos realmente enrascados.

— Eu não vou fazer isso – Sakura respondeu indignada. Estava pronta para abrir a boca e começar uma discussão, quando Sasuke segurou seu braço, a impedindo de dizer qualquer coisa.

— Me desculpe Sasuke, mas vamos ter que relatar para o Kakashi que você esta com uma civil na cena do crime – o de cabelo comprido disse, pegando um celular do bolso e discando um número.

 Como a visão veio roubando os sentidos de Sakura, ela se foi os devolvendo. Sasuke estava a sua frente, balançando as mãos na frente de seus olhos.

— O que aconteceu? Você parou do nada e ficou estática, de olhos fechados e eu te chamava e você não fazia nenhum movimento – Sasuke disse em tom preocupado, olhando Sakura de cima a baixo como se ela estivesse doente. – O que aconteceu? Responde!

 Mas Sakura continuou calada, apurando sua audição. O som de galhos estalando sob os pés de pessoas que andavam na mata chegou até seus ouvidos, se intensificando a cada segundo.

Sem nada dizer, Sakura empurrou Sasuke para trás de uma arvore fora do caminho, tentando mantê-los fora das vistas dos policiais.

— Que merda você... – Sakura tampou a boca de Sasuke com uma das mãos e com a outra fez sinal de silêncio. Sem retirar a mão de cima da boca do policial, os dois esperaram alguns segundos e logo o barulho dos passos e da conversa entre dois homens preencheram a mata.

— A equipe que vai transportar o corpo para a legista deve chegar em uns dez minutos, será que dá tempo de tomar um café? – um dos homens perguntou, consultando o relógio de pulso. – Ficar nessa mata escura faz meu relógio interno ficar uma bagunça.

— Se nos apressarmos talvez dê para pegar um cafezinho na garrafa que está na viatura – o outro respondeu e eles se afastaram. Pouco depois, o barulho de passos e conversas sumiu.

— Ufa, essa foi por pouco – Sakura soltou um suspiro aliviada. Olhou para Sasuke e percebeu que ainda estava com a mão tampando sua boca e tratou de tirá-la depressa. – Me desculpe por isso, eu não tinha outra ideia de como te calar.

— Como você sabia sobre eles? – Sasuke perguntou intrigado. – Seus sentidos devem ser bons mesmo, eu fui incapaz de ouvi-los.

— Eu não os ouvi, eu tive uma visão. Eles disseram que teriam que nos relatar para um tal de Kakashi – Sakura informou simplesmente, olhando ao redor para ver se eles tinham ido mesmo. – Mas eu consegui os evitar bem a tempo. Vamos continuar.

 Os dois continuaram andando. Sasuke observava o cabelo rosa de Sakura balançar, imaginando se o que ela dissera sobre os policias estava correto, mas como ela saberia dos dois se nem ele próprio conseguira os ouvir? Se Sakura estivesse mesmo dizendo a verdade, então ele...

— Chegamos! – Sakura anunciou em triunfo. Logo ali na frente, o corpo da garota jazia sem vida e a sua volta, vários espíritos malignos espalhavam seu miasma e fedor pútrido. – Eu tenho que ser rápida, aqui está realmente infestado e meus poderes não vão mantê-los afastados por muito tempo.

— E o que exatamente você vai fazer? – Sasuke perguntou acompanhando Sakura até o cadáver da moça. Era impressão sua ou aquela parte da mata parecia mais fria que o restante?

— Preciso ver se ainda consigo me comunicar com o espírito da garota – Sakura disse e esticou os dedos para tocar o pulso da garota, mas Sasuke puxou sua mão para trás. – O que foi?

 - Você não pode simplesmente tocar no corpo, está louca? Toma – ele entregou uma luva de látex para Sakura. – Só toque no cadáver com a mão enluvada.

 Sakura revirou os olhos em exasperação, mas mesmo assim vestiu a luva. Tocou o braço da garota com suavidade e fechou os olhos, procurando pelo o espírito da moça.

— E se ela já tiver, você sabe, partido? – Sasuke perguntou observando Sakura tocar o braço do cadáver.

— Quer fazer o favor de calar a boca e ficar quieto? Está me desconcentrando – Sakura ralhou impaciente e voltou a procurar pelo fantasma. Em sua mente ela entoava com convicção “Se você ainda está nesse mundo, apareça. Se você ainda está nesse mundo, apareça”.

— O que você quer comigo? – uma voz feminina e enérgica perguntou, fazendo Sakura abrir os olhos. Na sua frente estava a copia translucida e flutuante do corpo morto que Sakura tocava.

— Você ainda não partiu – Sakura disse aliviada a fantasma que a olhou curiosa.

— Ela está por aqui? – Sasuke perguntou procurando-a com o olhar.

— Não adianta procurar, você não pode vê-la. Não me atrapalhe – Sakura pediu e voltou sua atenção para a fantasma, que a encarava com curiosidade. – Meu nome é Haruno Sakura e o seu?

— Mitsashi Tenten. Não sabia que alguém podia me ver, passei um bom tempo tentando falar com essas pessoas que estão rodeando meu corpo, mas parecia que só eles podiam me ver – Tenten respondeu apontando para os espíritos malignos, que se mantinham afastados de Sakura, mas pareciam estar ansiosos com a presença da mesma.

— Eu sou diferente dos outros. Estou aqui para descobrir quem fez isso com você e ele – Sakura apontou para Sasuke. – está aqui para fazer com que o culpado seja devidamente punido.

— Vocês podem fazer isso mesmo? – Tenten perguntou desconfiada.

— É claro, mas para isso, preciso que você me conte tudo sobre a pessoa que fez isso a você. Como ele era? – Sakura perguntou com cautela, não queria forçar a pobre garota a vivenciar novamente aquilo tudo, mas precisava saber qualquer coisa sobre o assassino.

— Eu não sei. Ele usava um boné preto e uma dessas mascaras hospitalares sabe? Estava muito escuro e eu estava muito assustada, não me lembro muito bem – ela respondeu com tristeza, olhando o próprio corpo estirado na grama.

— O que ela disse? – Sasuke perguntou com curiosidade, mas Sakura o ignorou.

— Não se lembra de nada mesmo sobre ele? – Sakura perguntou, sentindo a esperança esvair de seu corpo. Se Tenten não se lembrasse de nada, invadir o parque teria sido perda de tempo.

— Não. Bem, ele estava cantarolando uma música o tempo todo, parecia ser uma música clássica, talvez alguma musica de Beethoven? – ela perguntou mais para si mesma do que para Sakura. – Me desculpe, é a única coisa que eu me lembro sobre ele.

— Tudo bem, você fez bem. Ela disse que só se lembra que ele estava cantarolando uma música, parecia ser Beethoven segundo ela e é só isso que ela se lembra – Sakura disse para Sasuke, que suspirou pesaroso.

— Vocês vão conseguir realmente pegá-lo? – Tenten perguntou esperançosa.

— Vamos fazer o possível ao nosso alcance – Sakura respondeu honestamente e depois sorriu para a fantasma. – Mas esse aqui ao meu lado é o melhor policial de Konoha e eu sou uma ótima vidente.

— Então eu acho que posso descansar em paz – Tenten disse sorrindo tristemente. – Por favor, vinguem a minha morte.

 Sakura acenou positivamente e aos poucos Tenten começou a emitir uma forte luz branca. Em instantes, ela havia desaparecido e deixado no ar apenas uma poeira dourada.

— O que aconteceu? – Sasuke perguntou olhando para os lados. Tinha sentido um estranho arrepio por todo seu corpo.

— Ela prosseguiu – Sakura respondeu com simplicidade. Como acharia o assassino se tudo o que ela tinha era uma música que ela nem ao menos sabia qual era? – No fim das contas, eu não fui de muita ajuda.

— Não diga isso – Sasuke respondeu surpreendendo Sakura e a si mesmo. – Você esta tentando me ajudar desde que nos conhecemos. E para dizer a verdade, você conseguiu uma pista, coisa que eu tento fazer desde que os assassinatos começaram.

— Não imaginaria que você fosse dizer algo do tipo – ela respondeu e sorriu suavemente. Olhou o pobre corpo da garota e desejou a pegar o assassino a qualquer custo. Os espíritos a sua volta começaram a se movimentar, ansiosos demais para se contar mesmo com a presença de Sakura. – Nós precisamos ir agora.

 O caminho de volta fora rápido e silencioso, pois tanto Sakura quanto Sasuke estavam perdidos em seus próprios pensamentos. Quando chegaram ao muro, Sasuke ajudou-a novamente a saltar para o outro lado e a seguiu logo depois.

— Acho que vou para a casa. Você tem que trabalhar no fim das contas – Sakura disse desanimada. – Obrigada por ter me dado uma chance.

 A garota andou alguns metros, mas Sasuke a interceptou, segurando seu braço. Ele a olhou profundamente, contraindo os músculos do rosto como se sentisse dor por ter ido atrás da garota.

— Você me ajudaria a pegar o assassino? – Sasuke perguntou de uma só vez, antes que perdesse a coragem. – Você usaria seus poderes para me ajudar a pegá-lo?

— Sim, é claro que eu ajudaria, mas eu achei que você não acreditava em mim – Sakura respondeu espantada. Não contava com esse pedido repentino.

— Eu acredito agora.


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