Convenientemente alguém colocou uma corda em suas mãos, junto com motivos o suficiente para ele desistir daquilo tudo. Um homem bom? Ele? Justamente ele, Dazai Osamu? Devia ser algum tipo de piada… Era tão impossível que Dazai conseguia ouvir gargalhadas histéricas – daqueles que eram seus colegas na máfia, daqueles que ele matou sem remorso, de Akutagawa e até mesmo daquele pequeno problema de chapéu que chamam de Chuuya –, não era surpresa, afinal, não era ele a aberração ali?

Não merecia nada; amizades, compaixão, saudades, tristeza, amor. Se fechasse os olhos, conseguiria ouvir vozes… Gritando para que ele morresse, suicídio era sua paixão, não é? Então morra logo, um monstro não merece viver de toda forma.

A corda estava sempre em seu pescoço. Às vezes ele via, outras não, às vezes saía atrás de alguma diversão, algum risco que lhe desse um pouquinho de desejo por aquela vida infeliz, era tão solitário aquilo, tudo, os mesmos sentimentos sem sentido, os mesmos riscos nublando tudo.

Ah, e em algum momento Oda Sakunosuke esteve ali, avaliando se havia algo interessante naquela casca vazia e descartável que era Dazai. Ele também não ficou muito tempo, mesmo que tenha mudado tanto a vida nebulosa daquele suicida vil e sem escrúpulos que era Dazai. Provavelmente também fora quem deixara a corda e as motivações, porventura tinha dito tão belas palavras aquele coração que era apenas poeira, alguém como Dazai Osamu poderia ser um bom homem?

Viva então, busque aquele futuro tão bonito que Oda quis que você seguisse, procure alguém que leve-o a ser um bom homem. Despeça-se do passado, ignore as vozes, as risadas, o sangue, esqueça até o próprio Oda. Busque alguma felicidade, uma razão também, Dazai Osamu poderia ser feliz? Poderia esquecer aquela corda que só trazia-lhe controvérsias?

Bem, em algum momento, seu pescoço preferiu a corda a toda aquela fértil imaginação de um encantador futuro, a escolha não fora agradável, ele sabia. Não importou-se, é claro, estava tudo bem, ninguém iria julgá-lo. Era só mais um dia normal, ensolarado, para quem sabe, alguém encontrar seu corpo ainda preso a uma corda de sentimentos bregas, motivos estúpidos e as memórias de um amor impossível.