Assim que despertei, percebi que não estava em casa. Respirei profundamente, sentindo vários cheiros diferentes. Então me recordei. Sorri, deixando as lembranças de noite passada me tomarem.

Assim que cheguei no apartamento do Nathaniel, senti um leve perfume de lavanda, que indicava que ele havia limpado a casa. Logo em seguida, cheiro de comida, que devia estar no forno. Antes que eu chegasse na sala, o vi saindo de seu quarto, com o cabelo molhado. Ele sorriu ao me ver, e andou em minha direção, me tomando em seus braços de uma forma carinhosa e cheio de saudade.

O abraçando de volta, senti o cheiro de seu sabonete, do desodorante e do perfume que costumava usar, e também do amaciante das roupas. Todos aqueles aromas vindos dele o transformavam em nostalgia, em segurança e acolhimento.

Desde a escola era assim, e eu nunca me cansaria de senti-los como se fosse a primeira vez.

Mal sabia ele que todos aqueles perfumes eram guardados em uma área exclusiva dele em meu cérebro. Eu apenas me contentava em dizer que adorava seu cheiro, e ele parecia sempre se empenhar para me agradar. Claro que não só nesse quesito, mas em tudo. Ele sempre fazia meus pratos preferidos, sempre organizava a mesa para que ficássemos um de frente para o outro, e sempre colocava alguma música gostosa para acompanhar nossas conversas nos jantares a meia luz.

E, enquanto lavávamos as louças, ainda conversávamos sobre a semana e sempre ríamos de piadinhas que só a gente sabia fazer.

Enfim.

Sai um pouco das lembranças e me espreguicei, e só então abri os olhos, vendo que estava sozinha na cama. Me virei de bruços, deixando meu rosto afundar no travesseiro e inalei. Claro que teria cheiro de Nathaniel, e isso era a melhor coisa.

Bateu uma pequena preguiça, mas seria melhor aproveitar que ele não estava ali e ir escovar os dentes. Então assim o fiz. Fui até o banheiro da suíte e escovei os dentes com a minha escova que sempre deixava lá. Voltei ao quarto e me sentei, pegando o celular e o olhando, vendo as mensagens novas.

A porta do quarto abriu, e a primeira coisa que senti foi cheiro de café, então vi Nathaniel entrando e me vendo já acordada.

— Bom dia. — Ele sorriu, andando em direção a cama.

— Bom dia — desejei, já deixando o celular de lado.

Ele se sentou na minha frente e levou sua mão até meu rosto, aproximando o seu e depositou um beijo terno em meus lábios.

— Achei que ia conseguir te acordar, estou chateado — sussurrou ainda perto, sorrindo de leve.

Ri, ficando levemente corada. — Se for o caso… — Então me deitei e virei de lado, fechando os olhos. O ouvi rindo, e logo depois ele se deitou do meu lado, de frente para mim.

O senti se aproximando e depositando beijinhos em meu rosto e pescoço. Abri de leve os olhos, vendo que seu pescoço estava quase colado em meu nariz, e suspirei, sentindo cócegas. Aproveitei e o imitei, dando beijos até chegar em seu maxilar.

— Ah, você acordou. — Ele riu, me olhando.

— Pois é, você me acordou. — Levei minhas mãos até sua nuca, brincando com os fios.

— Ainda bem que você acha graça dessas coisas. — Sorriu abertamente, acariciando minha bochecha com a ponta dos dedos.

— Sabe como é. Gente apaixonada vê graça em tudo. — Dei de ombros, brincando.

Nathaniel fez uma cara de falso ultraje. — Vai ficar de castigo por causa disso.

— Ai meu Deus. Que castigo? — Arregalei os olhos.

— Não vai tomar café. Vai ficar aqui sofrendo. — Apertou minhas bochechas com uma mão, me fazendo fazer um bico.

— Você é mau. — Comecei a rir.

Ele riu mais e me soltou. Me puxou contra ele pela cintura e me beijou com carinho.

— Não sou mau. Só quero ficar com você aqui o dia inteiro — sussurrou, com o rosto próximo.

— Mas não precisa me colocar de castigo para isso, eu fico de muito bom grado.

— Ah, é? Hm... Mas o castigo é só para dar emoção.

— Quem precisa de mais emoção com você do lado?

Nathaniel sorriu abertamente e apertou seus braços ao meu redor, afundando o rosto no meu pescoço. Inalou ruidosamente e ficou ali.

— Estou fedida? — brinquei.

— Está, bastante. — Riu, me fazendo ter cócegas. Depositou um beijo no encontro da orelha e do maxilar. — Mas eu amo seu cheiro de qualquer forma.

— Você não falaria isso depois de uma corrida de vinte minutos.

Ele começou a gargalhar e se afastou, me olhando. — Você sempre acaba com as minhas tentativas de declaração.

Dei um sorriso orgulhoso. — É meu trabalho. — Deixei minha mão na lateral do seu cabelo, e comecei a acariciar os fios curtos. — Mas eu adoro quando você tenta se declarar.

— Está dizendo que eu nunca consegui?

— Não disse isso. — Fiz uma cara assustada.

— Disse sim... — Semicerrou os olhos. — Mas então tá bom. Me permite tentar?

— A vontade.

Nath pigarreou. — Eu amo seu cheiro, e amo como ele fica no meu travesseiro e nos lençóis depois que você dorme aqui. Você é o ser mais cheiroso do universo. — Eu comecei a rir e ele balançou a cabeça.

— Você já cheirou um etê por acaso?

— Não, mas tenho certeza que você é mais cheirosa do que um.

— Okay, você conseguiu dessa vez. Estou apaixonada.

— Hm... E qual sua declaração para mim? — Me puxou contra ele.

— Você também é o ser mais cheiroso do universo... então acho que teremos que batalhar pelo posto.

— Podemos deixar para mais tarde? Eu gostaria de aproveitar o momento com a minha amada cheirosa.

Dei um pequeno sorriso. — É claro.

Nathaniel aproximou seu rosto e me beijou. Suspirei de novo, sentindo seu perfume, e me entreguei, me sentindo mais amada do que nunca.

Isso até a próxima vez que ele me beijar de novo.