Jogos Reais escrita por Gaby Uchiha


Capítulo 1
O doce sabor da Vingança


Notas iniciais do capítulo

Sempre atrasada né hahahaha
Hoje é dia de PEC e hoje é ainda mais especial porque quem escolheu a música da rodada fui eu. Queria estar postando mais de uma história, mas infelizmente a semana foi apertada e vamos deixar a outra história para amanhã *---*
Bem-vindos à mais uma Original *---* Divirtam-se!



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O suspiro saiu lânguido. O ar quente de encontro ao frio de dezembro se condensou antes de desaparecer naquele canto escuro sob um antigo carvalho torto e congelado.

Nem mesmo o frio congelante ou o perigo de estar invadindo uma propriedade, a tiraram do torpor de encarar através das vidraças a festa animada repleta de altas cartolas, vestidos bufantes e taças com espumantes.

As risadas eram altas e alcançavam seus tímpanos de forma abafada, enquanto as bochechas daqueles exemplares já se tingiam de vermelho e a racionalidade partia.

Olhares maliciosos dos homens gordos se direcionavam aos decotes quadrados. As bocas das mulheres riam e comentavam maldades sobre as joias das outras.

Um antro de inveja, jogos políticos e ambições, repintado de paraíso para os seres que trabalhavam nas lavouras e morriam de fome ao mesmo tempo que os seus senhores que não se importavam, mergulhavam na fartura.

— Parecem animais – a jovem mulher comentou com frieza.

— Animais bem acomodados no calor de um lar – o homem que esfregava as mãos comentou com um grande sorriso zombeteiro.

— Já disse que não preciso de você aqui – apenas direcionou seu olhar de canto, não se importando com o frio que o homem sentia.

— Sem mim falhará vergonhosamente – foi direto, não se abalando com a falta de agradecimentos daquela jovem que há algum tempo conhecia; principalmente seus desejos mais profundos.

Beatrice não respondeu e Jasper buscou seu perfil alguns centímetros mais baixo que si, encontrando mais vez o rosto pálido que alojava as belas esferas azuis contornados pelo negro dos longos cabelos moldados em um simples penteado.

Poderia ser a imagem de um anjo, mas a frieza e impiedade que transbordava do mar azul, era um alerta para se afastar.

— Muitos desses homens e mulheres dançavam e riam por esses salões quando meus pais e irmãos os recebiam. Eles dedicavam votos de prosperidade a eles. Veja agora, comem e bebem como porcos e nem ao menos se recordam ou se importam com o que aconteceu anos atrás – a moça comentou em transe.

— Eles nada perderam, Majestade – o homem sussurrou ao pé do seu ouvido antes de receber um olhar repreendedor da mulher.

— Guarde suas palavras para quando recuperar o meu trono, Jasper.

— Pode destilar suas palavras ácidas em minha direção, mas sei que precisa de mim mais do que gostaria.

O desvio brusco do rosto feminino fez surgir um sorriso encrenqueiro no masculino, mas ele nada disse, apenas aguardou o momento que a mulher retirou os grossos casacos e revelou as simples roupas de serva. Aquele era o sinal de que tudo começaria.

— Encontre-me no aposento principal.

Os dentes brancos foram expostos com malícia enquanto sussurrava:

— Como desejar, milady – mas ela não respondeu com uma repressão, apenas buscou a porta dos fundos se infiltrando entre os tantos servos que corriam pela cozinha para conter e suprir os nobres já bêbados.

Ninguém a notou com estranheza. Tudo o que as mentes daquelas pessoas almejavam era o descanso das suas camas; naquela altura não se importariam com uma empregada que eles não conheciam.

Fazia anos que não percorria aqueles corredores, mas como a legítima herdeira de uma dinastia que estava destinada a ser, o reconhecimento a alcançou e durante horas ela percorreu os salões servindo homens e mulheres que não a reconheciam.

Seu plano alcançou sua meta quando um mordomo lhe sussurrou ao ouvido que ela deveria ir para os aposentos principais. Reprimiu o sorriso de vitória e se prontificou a seguir aquele caminho com a cabeça baixa.

Alcançou o espaçoso aposento e pela primeira vez o saudosismo a alcançou. Uma pontada em seu peito foi o mais perto de sentimento que sentiu durante aqueles anos repletos pelo desejo de vingança.

Lembrava-se com clareza de quando ainda pequena corria por aquele quarto e agarrava-se nas saias da mãe sempre com um sorriso gentil para os filhos e filhas.

O calor e a claridade das suas lembranças não chegavam aos pés do frio e a escuridão que agora adornavam aquele lar.

Inspirando fundo, Beatrice focou nos gritos desesperados da sua família, algo que se forçava a lembrar todos os dias quando acordava. Aquele era o combustível para se erguer e viver mais um dia, por isso, mais uma vez ela reabriu os olhos e se sentou na borda da cama esperando por alguns minutos até que a porta foi aberta por um insatisfeito senhor bêbado. O homem que um dia foi o leal servo do seu pai.

— Ainda com as vestes? Tire-as – ordenou com a língua um pouco enrolada enquanto se atinha ao trabalho de retirar as próprias roupas com dificuldade.

Era sempre assim. Ele escolhia uma serva do seu agrado e a tomava para si como desejava. Beatrice não era vaidosa, mas sabia que tinha uma beleza própria que a destacaria dentre as demais, levando-a até ali.

— És surda! Tire-as! – Gritou com cólera, mas apenas o sorriso obscuro desenhou os lábios da moça que não acatou a ordem. – Ora, sua serva desobediente – grunhiu empurrando-a contra a cama, tentando despi-la a força, mas a pressão contra a sua garganta o fez parar sobre ela antes de arregalar os olhos para o pequeno punhal pressionando a pele sobre a jugular.

— Pelo visto o senhor não se lembra de mim – comentou com casualidade, fazendo a confusão masculina aumentar. – Mas talvez se lembre como chegou até aqui ou o que fez para estar aqui.

— Quem é você? – Sibilou tentando se mover, mas a pressão e o pequeno filete que desenhou a curva do pescoço foi um alerta para não a contradizer.

— Sou a filha do homem que o senhor decapitou, da mulher que estuprou, irmã dos meninos e meninas queimados na fogueira enquanto o senhor sorria vitorioso.

Os azuis masculinos ficaram evidentes antes de rir desacreditado:

— Impossível, todos estão mortos, eu contei um a um... – a pressão no seu pescoço aumentou fazendo-o grunhi de dor antes de se calar diante das palavras frias dela:

— E ainda se orgulha do feito, bastardo. Pois saiba que deveria ter verificado direito o rosto das crianças pois eu não estava entre elas. A filha de uma serva foi queimada em meu lugar e nem os gritos daquela mãe salvou sua filha do destino cruel. Não me orgulho, mas foi a vida daquela menina que me salvou e durante todos esses anos eu desejei estar diante do seu olhar enquanto o via agonizar com o próprio sangue.

— Guard...! – Tentou gritar, mas um puxão o ergueu da cama e uma nova adaga se pressionou sobre o seu pescoço.

— Shiuuu... Se eu fosse o senhor, não gritaria, ainda mais que seus guardas não podem escutá-lo do mundo dos mortos – Jasper sibilou sádico mostrando seu rosto coberto de sangue.

— Não o mate – Beatrice ordenou se erguendo da cama. – Ele é meu.

— Decerto, milady – mostrou um sorriso para a mulher.

— Beatrice – o velho homem engasgou com o próprio espanto.

— Finalmente me reconheceu, Mr. Baltor.

— Se deseja fortuna, luxo, eu posso lhe dar, apenas peça para o seu capataz me soltar.

— Ganho muito mais com o seu sangue tingindo o carpete – murmurou antes do golpe certeiro fazer jorrar sangue da garganta do homem que caiu sufocado no chão, lutando para conter o fluxo. – Agonizará até a morte como meus pais agonizaram em suas mãos, Mr. Baltor.

— Mrs. Lancaster... – balbuciou inutilmente antes de tossir sangue diante do olhar impiedoso dela.

— E agora? – Jasper perguntou.

— Queimaremos tudo de fora para dentro. Todos agonizarão como meus irmãos agonizaram enquanto esses seres apenas assistiam e riam, saudando o novo rei.

Jasper com seu sorriso característico de antigo cavaleiro real seguiu para saída seguindo as ordens da sua futura rainha.

Beatrice dirigiu um último olhar para Mr. Baltor antes de sair anunciando:

— Veja seu reinado ruir em chamas e desespero, Mr. Baltor, da mesma forma que seu antigo rei assistiu...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem *---*



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