Um sentimento de urgência cresceu em Sai. Como assim Sasuke estava no hospital? Alguém havia o atacado? E por que diabos TenTen não estava tagarelando como geralmente fazia? Pelo contrário, a morena jogou aquela bomba e simplesmente ficou calada.

“Como assim hospital? O que aconteceu?” TenTen não sabia o que dizer. Então, ela tomou uma decisão: Sasuke que a perdoasse, realmente, ele teria que entender os motivos dela! Mas, agora, naquele exato momento, ela não tinha tempo para ficar parada conversando ali. 

“Só me acompanhe, não temos tempo. Você vai entender tudo quando nós chegarmos lá.” A morena esperava realmente que o amigo não surtasse, afinal, fora ele mesmo que se colocara naquela situação, deixando-a sem nenhuma escolha. 

A Mitsashi foi na frente, liderando o caminho em uma velocidade maior do que a habitual, lembrando-se da sensação de desespero que sentiu pela manhã. Ela acordou com a voz de Sasuke, frenético. Provavelmente nunca esqueceria a expressão dele. Ou sua voz, praticamente gritando que a criança não estava acordando. Na noite anterior, Kiba buscou Ino, quando ficou claro que ela não tinha condições de ir sozinha (a experiência havia sido mais traumática do que a loira era capaz de admitir). Ao sair, ela frisou que o garoto só precisava descansar um pouco e, em breve, acordaria. 

Mas ele não acordou. Ele ainda respirava e sua pulsação estava normal, então eles não entendiam porque não abria os olhos. O lado racional da morena sobressaiu naquele momento, pois ela acreditava que de nada adiantaria eles se desesperarem. Entretanto, para sua surpresa, o Uchiha não pensava da mesma forma. Ele trocou de roupa mais rápido do que ela poderia acompanhar e já estava saindo da casa com o pequeno no colo, sem se preocupar se o veriam ou não, enquanto TenTen ainda estava em um estado de sonolência, tentando entender o que acontecia.

Sem tempo para refletir, ela decidiu acompanhá-lo. Eles foram direto para o hospital e esperaram até que Sakura estivesse disponível para recebê-los; Sasuke deixou claro que não confiaria em mais ninguém para atender a criança. Tiveram sorte da kunoichi de cabelos róseos estar presente, pois não era todos os dias que ela trabalhava no hospital, pois tinha que conciliar aquele trabalho com o treinamento e com as missões.

A Haruno mal teve tempo de ficar surpresa com seu paciente, pois o Uchiha despejou todas as informações do que havia acontecido em cima dela. Reconheceu imediatamente a versão menor do ex companheiro de time, apesar de não entender como aquilo era possível. Mas não era hora para pensar nas perguntas, ela guardaria para depois. Tinha um paciente na sua frente e era seu trabalho atendê-lo.

TenTen diminuiu a velocidade ao avistar o hospital. Ao entrar, ela foi direto para onde seu sensei estava sentado, confortando um Lee choroso. A morena perguntou a Gai, sem que palavras fossem necessárias, se algo havia mudado. Ele balançou a cabeça negativamente, com um semblante triste. O olhar do Maito se moveu da aluna para Sai e depois de volta para ela, questionando o que estava acontecendo. A kunoichi suspirou, pesarosa, mas nada disse. Poderia dar explicações ao sensei depois. 

Ela foi até o quarto em que sabia que a criança estava internada, seguida por Sai. Pode ver Sasuke ao lado da maca, notando a apatia em suas expressões. Ele estava na mesma posição de quando ela havia saído. Não estava em seus planos sair do lado do amigo, mas quando o Uchiha insistiu que não sairia dali até que o pequeno acordasse e ela percebeu que Gai e Lee não tinham condições de ir, ela assumiu a tarefa de ir buscar alguns suprimentos que eles precisavam. 

“Eu não entendo…” Sai balbuciou, confuso. Sasuke estava perfeitamente bem. Quer dizer, fora aquela expressão estranha em seu rosto, ele não parecia machucado fisicamente. Ele olhou com mais atenção, vendo a criança internada. De onde estava, parado na porta do quarto, só pôde ver que ela tinha os cabelos pretos.

“Sai-kun, eu só te trouxe até aqui porque não tive escolha. Eu sei que o Sasuke-kun acha que você merece saber e espero que você entenda que tudo aconteceu muito rápido e ele não teve tempo de lhe esclarecer tudo o que aconteceu.” TenTen sussurrou, tentando não chamar a atenção do companheiro, mas foi inevitável que ele percebesse a presença deles no recinto. 

O Uchiha não pareceu surpreso ao ver que eles tinham companhia e, por mais que ela interpretasse isso como um ponto positivo, porque ela ficava feliz que ele não aparentava estar com raiva dela, a Mitsashi também percebeu que essa falta de emoções era um aspecto preocupante.

“Ei, eu trouxe algumas coisas.” A ninja colocou a bolsa no canto, aproximando-se mais da maca. “Como ele está?”

“Eles vão continuar monitorando a situação, por enquanto nada mudou. A Sakura disse os sinais vitais continuam bons, mas ainda não tem perspectiva de quando ele acordará.” A voz de Sasuke saiu rouca, como se ele tivesse ficado alguns dias sem falar. TenTen apertou os olhos, lembrando que já havia algum tempo que ele não comia ou bebia água. Ele só estava ali, parado como uma estátua. Eles haviam chegado pela manhã e já havia passado um tempo considerável que os dois estavam no hospital. Gai e Lee haviam chegado há pouco, a morena havia os avisado da situação antes de ir pegar o que precisavam.

“Sei... Por que eu não fico um pouco com ele enquanto você conversa com o Sai-kun e come alguma coisa?” Ela imaginou que ele protestaria, dizendo que não estava com fome e que poderia ficar ali por mais algum tempo, mas quando ela viu o olhar de Sasuke se mover para Sai, a morena percebeu que ele não recusaria sua proposta. 

O ex-nukenin ainda demorou alguns segundos para se mover. Um milhão de coisas passaram pela sua mente naquele momento. A primeira delas foi ele dizendo a si mesmo que não poderia culpar TenTen por estar naquela situação. Ele que havia deixado Sai totalmente no escuro, ele é quem tinha a culpa. Depois, ele pensou no que falaria. Não que ele não tivesse uma explicação para tudo aquilo, porque ele tinha, mas não estava com a mente em perfeita ordem para ter aquele tipo de conversa. 

Mesmo assim, Sasuke saiu da sala, deixando sua amiga cuidando da criança, acompanhado do outro moreno. Eles foram até uma pequena casa de chá, que por sorte ficava bem próximo ao hospital, e pegaram uma mesa no canto. 

"Oi." O Uchiha sabia que aquela não era a melhor forma de começar aquela conversa, mas ele simplesmente não sabia o que dizer.

"Oi." Um silêncio estranho se instalou entre eles depois do cumprimento, nem seus olhares estava um no outro. "Quer me contar o que está acontecendo? Sabe o tempo que eu fiquei esperando por você hoje? Eu fui até a sua casa porque você não apareceu."

"Não foi de propósito. Um imprevisto aconteceu."

"E…?" Sai estava se esforçando ao máximo para ficar calmo, mas ele já estava ansioso com toda aquela situação, sem saber o que estava acontecendo. Quer dizer, agora ele sabia que havia alguma coisa, havia um segredo que não estavam contando a ele. De início, pensou que o moreno do time Gai simplesmente não queria vê-lo. Mas agora, vendo sua expressão e todo aquela cenário confuso do hospital, ele nem ao menos sabia o que pensar. Não tinha nenhuma teoria formada.

Sasuke suspirou pesadamente, mas agora ele não tinha mais desculpas. Sai estava na sua frente e ele não podia mais esconder a verdade dele. Então ele contou tudo, desde quando saiu do escritório do Hokage até a entrada deles no hospital.

O Shimura ouviu tudo em silêncio e atenciosamente. Mesmo após o outro terminar de falar e encará-lo com seu olho negro como a noite, ele permaneceu calado. Não porque não queria falar, mas ainda precisava organizar algumas coisas em sua mente. Por que só estava sabendo daquilo agora?

"Espere… Você não achou que eu me recusaria a continuar com você se decidisse ficar com ele, certo?"

O Uchiha levantou a sobrancelha exposta e uma sombra de sorriso passou por seu rosto. Foi rápido, porque ele logo tratou de esconder sua diversão dadas as circunstâncias.

"Não, essa não era minha preocupação. Eu já me decidi quanto a ele e se isso incomoda você de alguma forma…" Ele não disse, mas estava clara a continuação daquela frase. Se isso o incomodasse aquele seria o fim. "Eu gosto de estar com você. Não quero que acabe. Mas eu preciso que você entenda que há algo novo na minha vida e isso pode afetar um pouco o que está acontecendo entre nós. Se você está bem com isso, podemos apenas continuar com o que estávamos fazendo."

A pergunta era: o que exatamente eles estavam fazendo? Se pegando por aí? Sai pensou, mas achou melhor não verbalizar suas dúvidas. Não naquele momento. Sasuke parecia estar sensível. Não precisaria jogar mais uma coisa em suas costas. Teriam tempo para conversar depois. 

"O fato de que você vai ter um filho não muda nada. A não ser que ele não goste de mim." Falou, de forma suave, e então viu o sorriso voltar com força total na face do homem a sua frente. Dessa vez, ele viu Sasuke sorrir de verdade, mostrando os dentes e tudo. Aquilo o deixou mais aliviado. Claro, a situação não o incomodava, mas não deixava de ser algo que o afetava. Isso o assustava, porque eles mal haviam começado a se relacionar e de repente uma criança havia entrado na equação.

Ele não sabia nada sobre ser pai. Quer dizer, a pessoa com quem estava se envolvendo de repente ter um filho não fazia com que ele automaticamente fosse pai da criança, mas se o relacionamento deles continuasse evoluindo, uma hora ele começaria a ter algumas responsabilidades. O exemplo mais próximo de pai que ele se lembrava de ter era Danzō e, bom, aquele não era exatamente o tipo de exemplo que queria seguir. 

Sai sorriu de volta, mas apenas para não demonstrar o quão assustado ele estava. Se antes estava pisando em ovos, agora então… obrigou-se a ficar calmo. Iria seguir um dia de cada vez, não iria se desesperar por algo que ainda nem havia acontecido.

"Então, como é o nome dele?"

"Essa é uma boa pergunta. Ainda não tem nada definido, mas depois do que aconteceu hoje, tem um nome que não quer sair da minha cabeça. Parece que vai ser o escolhido." 

"No que você pensou?" Olhando para Sasuke e vendo sua expressão, Sai sentiu ainda mais admiração por aquele homem. Ele realmente parecia feliz quando falava da criança. Não que ele não parecesse antes, mas havia algo diferente na forma com que ele falava e agia. 

"Tem uma palavra que era a favorita do Itachi e ele morreu acreditando nisso: paz. É o que eu também acredito agora. Mas aquele menino representa muito mais do que aquilo. Ele representa esperança. Desde que eu o vi, eu só conseguia pensar que agora o meu clã não vai morrer comigo. E isso foi o que eu sempre quis, restaurar o clã Uchiha. Então eu acho que esse é um nome a altura dele. Ele vai se chamar Uchiha…"

"Sasuke!" Um furacão apareceu ao lado deles. Aquela era TenTen, falando em uma voz ofegante e ao mesmo tempo desesperada, um tom mais alto que o volume normal de uma conversa. "Vem comigo agora! Ele acordou e tá chamando por você." 

O moreno levantou em um pulo. Os outros dois o seguiram de perto, também preocupados. Quanto mais se aproximavam do quarto de hospital que o garoto estava, mais escutavam os gritos finos da criança. Quando já estavam bem próximos, Sasuke reconheceu seu nome sendo chamado e correu ainda mais rápido. Levou apenas alguns segundos para que ele abrisse a porta e se aproximasse da maca. 

Sakura já estava no recinto, examinando o pequeno, que agora chorava abraçado ao Uchiha mais velho, que suspirou de alivio, mais calmo por estar ali. A criança ainda sussurrava baixinho o nome de Sasuke, lágrimas escorrendo por seus olhos negros. 

"Ei." O possuidor do Rinnegan abaixou-se para olhar nos olhos do paciente, esperando que daquela forma pudesse deixá-lo mais calmo. "Eu pensei em um nome pra você. Quer saber qual?"

"S-sim." Sua voz infantil tremeu enquanto ele encarava atentamente o homem a sua frente. Sakura acenou para o antigo companheiro de equipe, o que quer que ele estivesse fazendo estava funcionando, o coração do menino já batia em um ritmo menos frenético.

"Eu pensei em Uchiha Reiwa. O que você acha? Soa bem?"

"S-sim." Sasuke sorriu para ele, tentando entender se o pequeno realmente havia gostado daquele nome. Ele não aparentava ter apreciado, a julgar por sua expressão confusa.

"É um lindo nome, Reiwa-kun. Acho que combina com você." TenTen abriu um grande sorriso e fez joinhas na direção do garoto. Ele a olhou por um momento, os olhos apertados para as mãos dela, como se tentando decifrar que sinais eram aqueles. 

"L-lindo." Ele repetiu, imitando-a, e fazendo joinhas na direção dela. Quando Sasuke deu uma gargalhada baixa, os lábios de Reiwa finalmente se abriram em um sorriso genuíno. "Lindo."