Se havia algo que Sasuke odiava mais do que ser interrompido, era diálogos logo pela manhã. Gostava de acordar cedo e, quando ia a missões, ele e TenTen sempre ficavam conversando enquanto esperavam os outros dois atrasados, mas confessava que se comunicava mais por educação e, também, porque a amiga se dirigia a ele. Se ela resolvesse, algum dia, ficar calada durante a espera, ele não faria a mínima questão de puxar assunto.

Já estava acordado e já tomara café da manhã quando alguém bateu a sua porta. Estranhou, era logo cedo e não estava esperando ninguém. Também não se lembrava de ter alguma missão àquela hora, até mesmo porque o Hokage havia marcado para encontrar seu time mais tarde em seu escritório. A contragosto, e um pouco curioso, foi até a porta.

A última pessoa que esperava encontrar do lado de fora era TenTen. Ela, como sempre, parecia bastante animada e foi logo cumprimentando-o com um abraço daqueles que apenas as pessoas daquele time sabiam dar. Deixou-a entrar e fechou a porta, levando-a para a sala para que pudessem sentar e conversar. Não podia começar a imaginar o motivo que a levara ali aquela hora da manhã, porém ela parecia melhor do que quando a vira na noite passada, então devia imaginar que tudo estava bem entre ela e Shino. Isso o trouxe certo alívio.

“O que está fazendo aqui tão cedo?” Verbalizou aquilo sobre o que estava curioso e sua primeira resposta foi um sorriso malicioso vindo da morena.

“Eu ouvi uma história sobre você e o Sai no sofá ontem…” Claro, é claro que era sobre aquilo. Obviamente que Kiba espalhara a fofoca entre os amigos, porém custava acreditar que ela estava ali logo cedo para falar sobre algo tão banal. 

“Você não veio aqui a essa hora para me perguntar sobre isso, TenTen.” Disse, sério e cético, porque realmente, realmente não poderia crer que a amiga era aquele tipo fofoqueira de pessoa. Ela abriu um sorriso animado e balançou a cabeça, confirmando seus receios. Sasuke suspirou, aquilo só podia ser algum tipo de piada do destino com ele. “O Kiba é um fofoqueiro mesmo. Eu devia saber.”

“Eu sei que é bem cedo, mas eu estava em casa e comecei a ficar ansiosa para saber sobre essa história. Então, aqui estou eu!”

“Você é impossível. O que aconteceu entre você e o Shino ontem? Vocês se acertaram?” Pelo fato da expressão dela não ter se transformado em tristeza, aquilo já era um bom sinal.

“Eu vou falar sobre mim, mas não pense que vai escapar da minha pergunta mocinho.”

“TenTen, não tem nada pra falar sobre eu e o Sai. Admito que foi uma boa ideia começar a me envolver com ele, porque está sendo legal e, sim, obrigada, porém não tem nada demais. Estamos aproveitando o momento para fazer o que queremos e é isso. Não tem conto de fadas por trás. Eu não sei o que você esperava ouvir, algo sobre vamos nos casar amanhã e adotar crianças no próximo mês?” A expressão dela mudou para irritação, porém não havia nada que o moreno poderia fazer. Talvez deveria ter sido um pouco menos debochado?

“Sasuke, você não sabe nada sobre romance. Não sei porque ainda insisto em você, sou uma idiota mesmo.” Ele deu de ombros, seria ótimo se ela parasse de importuná-lo. “Você não pensa no futuro?”

“Não, eu penso em um dia de cada vez. O futuro pode estar muito distante e não tenho paciência para fazer planos que talvez não se realizem.”

“Tudo bem, chega dessa conversa porque senão sou eu que ficarei sem paciência e poderei deixá-lo machucado.” Ficou calado porque, apesar de imaginar ser um pouco mais forte, ela poderia ser bem assustadora quando queria. “Eu e o Shino resolvemos ser amigos.” Era com certeza a última coisa que esperava ouvir naquele momento. 

“Eu achei que…”

“Eu sei.” Ela suspirou, desanimada. “Como eu disse, eu não acho que ainda tenha jeito pra esse lance de amor.”

“É mesmo?” Não conseguiu evitar olhá-la com uma clara expressão de sarcasmo. Assim que percebeu a expressão direcionada a ela, TenTen soltou um grande bufo.

“Sasuke Uchiha, você… está ficando muito ousado.” Permitiu-se dar uma pequena risada. Adorava provocar os outros, devia admitir que era bem divertido. Além de Sai, a amiga era uma daquelas com quem gostava bastante de implicar. “Eu confundi as coisas. Shino me disse que não estava preparado para um romance agora. Disse que não podia me dizer o motivo, porém também não queria me dar esperanças. Eu me desculpei por ter tentado beijá-lo daquela forma e resolvemos continuar como bons amigos. Acho que foi melhor assim.”

“Se você diz…” 

“Bom, não é como se eu não pudesse encontrar uma pessoa.”

“Você com certeza pode encontrar outra pessoa. É uma mulher bonita, alegre… sua personalidade é um pouco…” Ela estava fazendo uma expressão fofa diante daquelas palavras, mas parou quando percebeu aonde ele iria chegar.

“Minha personalidade é ótima, ok?” O moreno deu de ombros, sem saber mais o que dizer. A Mitsashi olhou em volta e seus olhos se arregalaram quando ela percebeu a hora que era. “A reunião com o Hokage!”

“Não está marcada para mais tarde?”

“Ele antecipou, encontrei Gai-sensei no caminho. Ele estava indo para lá mais cedo para resolver uns assuntos.” O Uchiha pediu um tempo à kunoichi para que pudesse vestir-se mais apropriadamente para o encontro.

Tão logo ambos estavam prontos, o assunto amoroso foi deixado de lado e os dois caminharam juntos para o prédio do Hokage. Quando chegaram, todos já estavam lá, inclusive o time do capitão Yamato.

***

Depois da reunião com o Hokage, seu time foi treinar no campo. Era o primeiro treino deles após a última luta, no país do Relâmpago, e mesmo que nenhum deles admitisse, seus corpos estavam desacostumados e cansados, então acabaram terminando mais cedo do que gostariam devido a alguma dores. 

O sol estava quase se pondo quando terminaram de treinar. Encontraram o time Yamato perto do campo, quando já estavam saindo juntos, para sua infelicidade. Soube disso quando Naruto sugeriu que deveriam ir comemorar terem voltado para a vila sãos e salvos. Mesmo que seu corpo pedisse descanso, ele não poderia recusar a oferta. Bem, na verdade, TenTen aceitou por ele, principalmente depois de Lee dizer que tinha um compromisso e não poderia ir. A morena lhe lançou um olhar mortal como se dissesse que iria matá-lo se a deixasse sozinha, mais pelo fato do loiro ter mencionado que já tinha combinado com o time Kurenai. Obviamente, ela ainda não se sentia confortável em um encontro onde Shino estaria.  

Depois de um tempo, ficou mais do que claro que ir na onda do baka-mor de Konoha tinha sido uma péssima ideia (Não que já não imaginasse isso, é claro). Naruto, Kiba e TenTen já haviam bebido mais sakê do que era recomendado para uma pessoa normal e ele suspirou só de imaginar o trabalho que teria para cuidar da morena. A amiga já era escandalosa e difícil quando sóbria, bêbada ela ficava impossível. Não era para ela estar bebendo, porém quando descobriu que Shino não iria encontrá-los, provavelmente imaginando que o motivo da falta era para evitá-la, a morena provavelmente achou que seria uma ótima ideia afogar as mágoas na bebida.

Não só ela. As coisas entre ele e Sai estavam estranhas desde que haviam chegado ao local. Não que estivessem se estranhado ou algo assim, mas simplesmente porque não sabia o que deveria fazer. Deveria cumprimentá-lo com um beijo, abraço ou qualquer merda assim? O outro moreno não devia esperar algo assim, já que não era do feitio de Sasuke ter aquele tipo de atitude. Mas sua expressão não estava boa e ele já tinha virado mais copos do que esperava que o outro bebesse. Claro, ele não aparentava estar tão ruim quanto os outros, mas sabe se lá o quão bêbado já estava. Já era dor de cabeça o suficiente ter que cuidar da amiga, não sabia o que faria se tivesse que ter mais uma preocupação em mente. 

Quando Naruto por pouco não vomitou em Hinata, ele soube que era a hora de ir embora. Não era surpresa que a Hyuuga não havia bebido muito, por isso ela ficou encarregada de levar Kiba para casa. Para ele, sobrou TenTen, Naruto e Sai. Lee e Sakura haviam desaparecido depois da reunião com o Hokage e, embora se sentisse sobrecarregado pois os dois não estavam ali, não poderia culpá-los; eles provavelmente tinham coisas melhores para fazer do que ficar cuidando daquele monte de bêbados. 

Ele estava tentando calcular como levaria os três para casa, quando Sai apareceu ao seu lado. Ele estava um pouco corado, provavelmente pela quantidade de álcool em seu sangue, mas como ele não tentou nada imprudente, Sasuke imaginou que ele não estava tão bêbado quanto os outros dois que haviam sobrado. 

“Eu posso levar o Naruto para casa. Você cuida da TenTen.” O Uchiha não tinha tanta certeza de que ele conseguiria levar o loiro sozinho, mas, justo quando ia questionar, o mestre de desenhos já estava caminhando na direção contrária a eles com o baka-mor nas costas. Seus passos não eram exatamente os mais certos, mas até o momento os dois ainda não tinham ido ao chão, então imaginava que estava tudo bem. Esperou que eles tomassem uma certa distância, se certificando de que estavam realmente bem, antes de sair com sua própria bêbada para cuidar.

Colocar TenTen na cama debaixo das cobertas foi umas das coisas mais difíceis que teve que fazer ultimamente. A morena era teimosa, quase não o deixou adentrar sua casa. Além de cambalear, ela não parecia perceber que ele era um amigo; em sua mente bêbada, ela provavelmente acreditava que ele era um inimigo tentando atacá-la, então todos os objetos que estavam ao seu alcance ela tentava atirar nele. Com muito sufoco, finalmente ele conseguiu por a companheira para dormir. 

Chegou em sua casa exausto. Só queria tomar um banho e deitar em sua cama. Não precisava acordar cedo no dia seguinte, mas a rotina o havia deixado acostumado a dormir cedo e acordar com o raiar do dia. Isso significava que àquela altura do campeonato, ele já estava grogue de sono. Sua capa já estava pendurada em uma arara improvisada na sala e tirou o colete cinza, ficando apenas com a calça preta e camisa de manga longa na mesma cor. Seus sapatos haviam ficado do lado de fora e sentia um alívio grande em seus pés.

Estava desligando a luz da sala e indo para o quarto, quando sua campainha tocou de forma incômoda, avisando-o de que alguém queria vê-lo. Ele não pôde controlar seu suspiro de frustração. Não esperava ninguém àquela hora (todas as pessoas que poderiam estar do lado de fora estavam em suas próprias casas, esperava, bêbadas demais para estar ali) e mesmo que sua vontade fosse ignorar o chamado, poderia ser algo importante. Tal foi sua surpresa ao encontrar Sai e Naruto em sua porta, o loiro dormindo e roncando nas costas do outro. 

“Desculpe incomodá-lo. Naruto perdeu a chave de sua casa e não sei onde está a Sakura. Eu não sabia para onde levá-lo.” Por mais aborrecido que Sasuke estivesse com a interrupção, ele não poderia deixar os dois desabrigados. Ajudou o moreno a trazer o Uzumaki para dentro e a deitá-lo no sofá. O de orbes claras parecia dormir como um bebê. Também, depois do tanto que havia bebido, ficaria surpreso se o outro tivesse em um estado diferente daquele. 

“Agora que ele está entregue em boas mãos, acho que posso ir para casa.” 

“Você está bem?” O Uchiha perguntou, depois que, em uma tentativa de virar-se para ir embora, Sai cambaleou um pouco. “Você não quer tomar uma água antes de ir?” Sem esperar por uma resposta, ele puxou o outro pelo braço até a cozinha. Deixou-o escorado na bancada, enquanto enchia um copo de água gelada para o rapaz.  

O moreno de olhos cinzentos tomou toda a água em um instante, depositando o copo na bancada com cuidado. O líquido foi muito bem recebido pelo seu estômago. Estava se sentindo um pouco tonto, principalmente por ter que ficar carregando o corpo pesado de Naruto para lá e para cá, além dos copos de saquê a mais que havia bebido. Não costumava beber tanto, mas naquele noite em especial ele sentia que precisava de uma distração. Sasuke ficou do outro lado da mesa e se ele não se lembrasse com vivacidade dos beijos trocados, poderia facilmente dizer que nada havia acontecido com eles e isso o deixava um pouco frustrado. Bem, não sabia o que esperar, mas aquela distância toda não era nenhum pouco bem-vinda.

Foi surpreendido pela mão do homem em sua testa. Foi inevitável não corar com o toque, ainda mais que por um momento havia esquecido a presença dele no mesmo recinto. 

“Tá tudo bem? Você está pálido.” O possuidor do Sharingan deu um sorriso tão lindo que o outro se sentiu um pouco mais tonto do que já estava por causa da bebida. “Pálido você já é normalmente, não foi a melhor das minhas percepções.” Não sabia muito bem o que o outro estava falando, tudo o que sabia era que ele pareceu tão bonito naquele momento que só tinha vontade de puxá-lo para perto e ficar ali pelo resto da noite. Seria tão ruim assim se quebrasse aquela distância que havia entre eles?

Sasuke sentiu que o rapaz o olhava de uma forma estranha, só não sabia identificar o que era. Não até que Sai, aparentando estar no ápice da sua coragem, o puxou para um beijo. O ato foi uma surpresa agradável, principalmente pois o que havia tomado a atitude parecia bem menos tímido em relação àquilo do que normalmente. Isso era um pouco instigante, pois agora não havia ninguém para atrapalhar os dois (duvidava que Naruto fosse acordar tão cedo devido o estado que estava) e o quarto estava bem próximo.

Os braços pálidos do Shimura foram para a nuca do outro, colando os corpos. Os beijos eram desesperados, como se precisassem um do outros. As últimas vezes haviam sido intensas, mas não como aquela. Tudo o que o Uchiha poderia fazer era tentar corresponder a altura; o nível de bebida no sangue do outro com certeza havia deixado-o bastante destemido. 

O mestre dos desenhos parecia querer tocá-lo em todos os lugares: seu cabelo, que agora já era uma bagunça de fios sem sentido; seu pescoço, que outrora só tinha visto mãos de inimigos lá, na intenção de sufocá-lo; seus ombros, que foram apertados para que a distância entre eles ficasse cada vez menor; e suas costas, que com certeza foi a melhor das partes em que havia sido tocado aquela noite. Até agora. Sasuke sentiu um calafrio quando sentiu o contato pele com pele, as mãos macias tocando sua cintura. Ele poderia dizer que estava gostando do toque, até que o outro segurou a barra de sua camisa. 

Foi como se ele tivesse levado um choque. Cortou o beijo, se sentindo ofegante e colocou uma mão entre eles. O homem a sua frente o olhou confuso, as bochechas coradas e a boca inchada pelos beijos trocados, enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Sasuke suspirou e passou a mão pelo rosto. Por mais que dissesse a si mesmo que estava tudo bem, ele ainda não estava pronto para encarar certas coisas.

“O que aconteceu? Eu fiz alguma coisa...” Sai entendia que, provavelmente, estavam indo rápido demais. Ele tinha plena consciência de que não estava em seu estado normal, com certeza não estava cem por cento sóbrio, mas também não estava caindo de bêbado. Sua cabeça estava tonta, mas isso era, em grande parte, por causa dos carinhos trocados. Sempre se sentia meio aéreo depois que beijava. 

“Eu não quero continuar.” Sasuke não sabia muito bem lidar com o que estava sentindo. Sentimentos nunca foram o seu forte. Não era exatamente muito sensível, mas algumas feridas mexiam consideravelmente com ele. Naquele caso, se sentiu extremamente desconfortável ao perceber que estava se sentindo inseguro. Sempre fora um poço de segurança. Sempre havia tido certeza do que era, de suas qualidades, de sua beleza, do quanto as garotas olhavam quando ele passava. Nunca houve dúvidas. Até aquele momento.

Mas o outro não sabia o conflito que se passava na mente do Uchiha. Assim, sem saber muitas informações, a única coisa que o homem de olhos cinzentos pode pensar era que havia sido algo que ele tinha feito. 

“Me desculpe. Eu não quis… se eu te machuquei de alguma forma…”

“Não, Sai, não foi nada que você fez.”

“Então, você não quer…”

Suspirou. Não acreditava que haviam chegado a essa momento e se sentiu impotente ao saber que precisava falar. Não havia sido culpa de Sai. E ele precisava saber disso. Tomou sua decisão quando o outro começou a se afastar, parecendo amuado. Céus, certas vezes gostaria de nunca ter beijado aquele garoto. Com certeza, sua vida estaria sendo mais fácil.

“Não é que eu não queira seguir em frente. Eu quero, principalmente agora que não tem ninguém pra interromper. Eu só… Sai, eu não estou pronto para mostrar a qualquer pessoa a minha ferida.” Ele nunca havia se sentido inseguro sobre nada em relação ao seu corpo, era uma experiência completamente nova. Não se sentia preparado para mostrar a cicatriz em seu braço para ninguém. Claro, todos sabiam que ele tinha um braço faltando, algumas pessoas como Naruto e Tsunade já haviam visto, mas sempre usava camisas de manga longa, o que o fazia ter a ilusão de que ainda possuía ambos os membros.

“A falta do braço te incomoda?” Sai se sentia mais calmo. Ainda se sentia ofegante e seu corpo ainda gostaria que os carinhos não tivessem parado. Mas precisava começar a pensar com a cabeça. O companheiro também tinha problemas, problemas reais e ignorar aquilo não faria bem a nenhum dos dois.

“Eu já me acostumei a viver sem ele, a fazer minhas tarefas diárias com um só. Mas nesse caso, ainda não me sinto confortável.” Era incrível como Sasuke, mesmo que dissesse estar inseguro, nem titubeava em sua fala. Claro, ele parecia um pouco envergonhado, mas, fora isso, ainda parecia aquele poço de segurança, e às vezes arrogância, de sempre.

“Por que você não colocou uma prótese como o Naruto?” O Uchiha riu, com um toque de deboche em sua voz.

“Eu nunca seria capaz de andar por aí com um braço falso como se nada tivesse acontecido.” Então seu tom ficou um pouco mais sério. “A falta é como uma lição pra mim. Eu não me orgulho dos meus atos, mas eu fiz o que eu precisava fazer. E essa é a minha consequência.”

Sem saber o que falar, o moreno deu um pequeno sorriso. 

“Bom, eu acho que é hora de ir pra casa. Acho que você quer descansar.”

Com toda certeza ele queria descansar. Mas depois de toda aquela experiência que eles tiveram, Sasuke achou que, já que não iam fazer aquilo, poderia fazer outra coisa. Também gostaria de testar algo. 

“Se você quiser ficar, eu não me importo.”

Contra todas as suas vontade, o Shimura disse algo que achou ser o mais sensato. “Acho melhor ir para casa.” Já haviam feito várias coisas naquela noite. Não queria assustar o outro com todas aquelas coisas de relacionamento, depois de tudo.

“Sai.” O garoto pálido o olhou com toda a atenção que ainda conseguia. Por outro lado, depois do que haviam passado e do que havia dito e feito até aquele momento, o ex-nukenin não conseguia nem ao menos sentir vergonha pelo que estava prestes a ser dito. Havia se transformado em alguém, como é que TenTen dizia mesmo, inconsequente? Talvez. “Eu quero que você fique.”

“Não tem problema? Onde eu vou dormir? O Naruto já está no sofá.” Estava nervoso, não poderia negar. Sasuke queria que ele ficasse. Ele havia dito com todas as palavras. Perguntou-se por um momento se não estava sonhando. Lembrou-se quando a Mitsashi disse que ele era uma pessoa diferente agora. Realmente, nunca esperava aquela atitude, mas lá estava e ele realmente estava considerando ficar.

Sasuke tinha dúvidas se ele era inocente a tal ponto ou só estava se fazendo.

“Quero que você durma na cama comigo.” O outro arregalou os olhos com o comentário e o dono da casa apenas suspirou, conformado. “Já tem um tempo que eu não durmo com alguém. A última vez que isso aconteceu eu era pequeno e me esgueirava para a cama do Itachi. Eu gostaria de ter essa experiência novamente.”

“Isso é um grande passo.”

“Eu sei.” Era um passo enorme, mas sua amiga se orgulharia de suas atitudes. Estava apenas seguindo suas vontades sem nenhum freio. Era uma coisa boa, certo? Até o momento havia sido bom e eles apenas iam dormir na mesma cama, não era nada demais. Não é como se fossem ficar abraçados a noite toda como um casal apaixonado. E também… “Dessa forma, eu também me certifico de estar próximo caso você passe mal.”

“Eu não estou assim tão ruim.” Ele pareceu ofendido. 

“Você bebeu bastante. Não diga para mim que não está ruim.”

Não tinha resposta para aquilo. A única coisa que pode fazer foi suspirar.

“Eu posso ter uma toalha para tomar banho, então?”

“É claro. Venha, eu tenho algumas no quarto.” Ele já ia saindo quando o outro chamou seu nome. O Uchiha parou para olhá-lo. Sai parecia nervoso com algo. Encarou-o atentamente, estimulando-o a continuar, o que quer que fosse que ele gostaria de falar. 

“Você sabe… a gente precisa conversar. O que aconteceu hoje… não é legal. Eu não sabia como devia agir perto de você.”

É claro que chegariam nesse assunto em alguma hora. O que diria? Também não sabia como deveria agir perto do outro e também não sabia se estava pronto para dar um nome ao relacionamento deles. Só estavam “juntos” há, o quê, alguns poucos dias?

“Você quer dar um nome a isso?”

“Não é isso. Eu só quero saber como você quer que eu aja quando estiver perto de você. E gostaria de saber como você vai agir perto de mim. Na frente das outras pessoas. Só quero saber o que esperar.”

“Sai… Nós podemos conversar sobre isso amanhã? Acho que nós dois estamos cansados e eu preferia falar sobre esse assunto quando estivermos descansados e com as mentes em perfeito estado.” 

“Tudo bem.”

Sasuke apontou a direção do seu quarto, indicando que o moreno o seguisse. Eles tinham certas dúvidas de que conseguiriam descansar direito naquela noite.