Inveja escrita por anabfernandes8


Capítulo 11
Confronto


Notas iniciais do capítulo

Oi amores da minha vida. Como prometido, por causa das minhas - enfim - férias, voltei mais cedo do que vocês esperavam. *-* Um agradecimentos especial as leitoras Silvinha Hyuuga e AkameLovely que me deram força com seus comentários lindos e me inspiraram a estar desde as 10 da noite escrevendo este capítulo. (Sim, levei cinco horas para escrever essa belezura, não é fácil escrever os capítulos! kk eu escrevo, se não fica bom eu fico apagando quantas vezes forem necessárias até sair uma coisa que me agrade!) Enfimmmm, vamos parar de enrolação e ir logo ao capítulo? Eu tô muito ansiosa para ver o que vocês acharam. Nos vemos nas notas finais? Boa leitura!



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Quando Sai acordou no dia seguinte, no início da manhã - o sol ainda nem havia despontado direito no horizonte -, percebeu que estava sozinho no quarto que fora designado para ele, Sasuke e Gai. A impressão é de que o quarto fora deixado apenas para ele, pois os pertences dos outros dois estavam arrumados de forma tão impecável que ninguém diria que haviam sido utilizados durante a noite.

Nenhum deles havia conseguido pregar os olhos devidamente. Tiraram uns cochilos vez ou outra, mas apenas porque estavam realmente muito cansados da batalha; suas mentes estavam perturbadas demais. Não haviam tido qualquer notícia dos companheiros que ficaram no hospital, o que significava que tudo provavelmente continuava da mesma forma. Sakura e Lee deviam ter arranjado um lugar por lá mesmo para se acomodarem, já que não deram as caras.

O moreno, então, se arrumou rápido, já sabendo para onde devia ir, o lugar onde os outros dois já estavam. Lembrava o caminho de cabeça, ainda bem, pois poderia facilmente se perder naquela vila; não era acostumado a andar por ali, no momento aquele era um dos únicos caminhos que conhecia. Chegou rapidamente ao posto médico e, como não avistou ninguém conhecido, foi direto falar com alguma das recepcionistas.

Elas foram amigáveis ao recebê-lo, um pouco diferente do que ele esperava comparado a forma como alguns moradores tratavam a todos eles. Bom, talvez a aura hospitalar seja única, independente do lugar em que se encontrava. Não demorou a descobrir o quarto para o qual os companheiros feridos haviam sido encaminhados. Ele foi acompanhado até lá, descobrindo Sasuke sozinho, de costas para ele, ao lado da cama de Naruto. TenTen, do outro lado, parecia visivelmente melhor, a região de sua barriga coberta por uma faixa. 

Se aproximou com cuidado do moreno, só notando sua aparente fragilidade quando estava mais próximo. Seus olhos estavam presos no rosto sereno do loiro, como se ele estivesse em algum tipo de transe ou algo assim. Queria pronunciar algumas palavras, mas tinha medo da reação que receberia do Uchiha. Resolveu tentar mesmo assim. 

"Onde estão os outros?" A resposta demorou tanto a vir que ele já estava começando a acreditar que havia sido ignorado. Quando ela finalmente chegou, ele se sentiu mal ao ouvir a voz rouca e quebradiça, de alguém que não parecia nada bem.

"Gai está no escritório do Raikage. Ele resolveu enviar uma mensagem ao Hokage por si mesmo. Os médicos pediram para que Sakura desse uma olhada em outros pacientes, ela se tornou uma médica bastante conhecida depois da guerra, por causa de seus feitos. Mais cedo, ela me disse que Lee ficou acordado segurando a mão de TenTen e chorando a noite toda e me pediu para convencê-lo a descansar um pouco. Você deve imaginar que não foi fácil. Eu prometi a ele que ficaria ao lado dela em seu lugar. Apenas isso o fez aceitar um quarto para fechar os olhos por algumas horas. Eu estava ao lado dela ainda agora, mas algo... então estou aqui." 

Com aquela fala, o ex-membro da Ne conseguiu realmente constatar que o homem não estava nada bem, como havia pensado. O Sasuke que conhecia não era tão falante, principalmente sobre seus sentimentos. No fim, Naruto e TenTen não eram os únicos que haviam saído machucados da luta. 

Um silêncio estranho se instalou por alguns minutos antes que ele resolvesse finalmente se pronunciar. 

"Não foi sua culpa. Nós nunca poderíamos prever que não funcionaria com o Naruto."

"Se tivéssemos pensado um pouco mais, isso não teria acontecido. Se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção aos detalhes..."

"Estávamos no meio de um confronto. A única coisa em que poderíamos pensar era em sobreviver. O que aconteceu foi um acidente..." Sua frase foi interrompida pelo olhar assassino que recebeu. Sharingan e Rinnegan lhe encaravam furiosamente e, naquele momento, ele realmente teve medo do ninja ao seu lado. 

"O que você sabe? Nada. Você não sabe de nada. Como saberia?" As palavras foram praticamente cuspidas em sua face e então lá estava a personalidade que ele conhecia, o lado frágil totalmente escondido por trás daquele máscara colérica e cruel. "Um ninja é treinado para, mesmo durante um embate, planejar várias estratégias, de forma fria e impessoal. Não é admitido que alguém se deixe abalar pelas emoções... como aconteceu. Um acidente não pode ser admitido em uma missão ninja. Nós deveríamos ter morrido antes de permitir que isso acontecesse."

Sai não tinha palavras para responder aquilo. Achava que ele e Sasuke haviam, finalmente, construído, pelo menos, uma aceitação em relação ao outro, mas não. Havia estado enganado esse tempo todo. As palavras proferidas doeram fundo em seu coração, lembrando-o como os sentimentos poderiam ser dolorosos uma vez que era sentidos. Ele deu um passo atrás, consternado, sentindo-se atacado. Havia sido realmente uma boa escolha levantar aquela manhã?

Não dando tempo para mais nada, o Uchiha moveu-se em direção a porta, seus passos pesados e ruidosos pelo chão. A raiva o consumia, juntamente com a tristeza e a culpa. Toda a sua mente estava nublada pela combinação daqueles sentimentos negativos. Encontrou Sakura na porta e, sem realmente vê-la, apenas murmurou para que ela cuidasse de TenTen, antes de sair hospital afora, sem rumo. 

A mulher de cabelos róseos ficou sem entender o que acontecia por um momento. Adentrou o recinto, encontrando o companheiro de time petrificado no lugar, sem expressão alguma. Sua dificuldade em expressão sentimentos era comum, mas havia algo diferente no semblante daquele dia. Ela havia escutado um pouco da conversa entre os dois, quando estava prestes a entrar para visitar os amigos, preferindo não se intrometer e esperar do lado de fora. Não teve nem ao menos tempo de corar de vergonha por ter sido pega espiando quando o antigo companheiro de time passou pela porta. Ele nem ao menos a olhou, apenas pediu que ela estivesse ao lado da morena de coques.

"Sai? Tudo bem?" O moreno fez um sinal positivo com a cabeça, não parecendo realmente processar a informação. O que fez a ninja médica colocar uma mão em seu ombros, fazendo-o finalmente a olhar de maneira apropriada. "Sim?"

"Está tudo bem, Sakura, só estou cansado."

"Não se preocupe com o Sasuke. Ele é assim mesmo." Ele ficou um pouco surpreso com a fala dela; não imaginava que tivesse ouvido sua pequena interação.

"Você estava aqui o tempo todo?"

"Não, eu estava prestes a vir verificar o estado deles quando ouvi vocês conversando. Achei rude interromper, por isso fiquei esperando lá fora. Mas não pude conter meus ouvidos..." Ela fez uma pausa antes de continuar, tendo a atenção do amigo para si. "Não se preocupe. Assim que percebe que está vulnerável, ele se fecha. Ninguém é capaz de penetrar essa barreira que ele cria nesses momentos. Ele só vai fazer o que ele quiser fazer, sem escutar ninguém. Se ele está triste e se sentindo culpado, então, se assim ele decidir, nada que nenhum de nós disser irá tirar sua cabeça disso. Mas, no final, ele acaba vendo o erro por si próprio e se arrependendo. Então, não se preocupe. Tudo voltará ao normal assim que Naruto acordar. Não ponha tanto esforço pensando nisso."

Como ele poderia simplesmente esquecer ou não pensar nisso como ela estava sugerindo? Era impossível. Mesmo para ele. Não poderia. Isso ocuparia sua mente em cada segundo do dia e ele sabia que pensaria em todas as possibilidades para aquele desfecho. Em várias delas, Sasuke nunca mais lhe olharia novamente. Em outros, ele voltaria a tratá-lo com hostilidade, como antes. E, em um cenário um pouco mais otimista, eles resolveriam os problemas entre si e virariam companheiros; no mínimo. 

"Esqueça a fé e parta para a ação." Ambos se viraram ao som de uma voz fraca, conhecida. Observaram TenTen abrir os olhos devagar, como se o simples ato provocasse uma dor intensa. Considerando sua situação, ela não fez esforço para se sentar, a fim de olhá-los nos olhos. Poderiam simplesmente ouvir sua voz e, dali, ela ouviria a deles. Seu corpo todo estava dolorido, em especial a parte que havia sido atingida. 

Quanto tempo ficara ali desacordada? Por sorte, estava viva. Poderia ter sido bem pior se ela já não estivesse preparada para lidar com aquele Rasengan.

"O que você está dizendo? Não se esforce, você precisa descansar." Sakura se aproximou, conferindo, mais uma vez naquele dia, o estado da companheira. Fora a careta de dor, tudo parecia estar sob controle. Não havia nenhum sinal de sangue na parte enfaixada e ela sentiu um alívio imediato ao constatar isso. 

"Se eu não falar, sinto que ficarei louca. Sou um ser social, sabe? Interação para mim é fundamental." Ela tentou rir, mas parou assim que percebeu que não era um som nada bonito e, também, não era nada agradável para seu corpo. Estava sentindo de forma intensa qualquer ação que fazia. Até mesmo tinha consciência de sua própria respiração, meio irregular. Apesar de tudo, precisava continuar falando. 

"Basta chegar e conversar com ele. Conversar não é a forma de resolver as coisas quando temos um problema com alguém?"

"E ele ouviria?" A Haruno questionou, cruzando os braços. Estava convicta de que estava certa. Sai apenas deveria deixar as coisas seguirem seu fluxo; não importa o quanto ele tentasse, o outro nunca o ouviria.

"Por que não o faria? Ele é um ser humano como todos nós. Parem de colocá-lo em um pedestal e comecem a tratá-lo como uma pessoa normal. Eu não quero ofendê-la, Sakura, mas o Sasuke que você conheceu não existe mais, então pare de resumí-lo a um poço de crueldade. Ele é uma pessoa diferente agora."

A kunoichi de orbes verdes se calou, repreendendo a si mesma em pensamento. TenTen estava certa; ele era uma pessoa diferente, provou isso de várias formas diferentes, a todos. Então por quanto tempo mais ela continuaria se prendendo a figura do antigo Sasuke?

"Eu gostaria que vocês o vissem com os meus olhos. Ou com os olhos de Lee ou Gai. Então perceberiam como ele é uma pessoa fantástica. Ele cometeu uma série de erros, mas quem de nós nunca fez isso? Se ele se arrepende, sinceramente, precisamos dar uma chance." Sai escutou as palavras atentamente. 

Era bonita a forma como o time Gai via Sasuke. Duvidava que ele e o time Yamato pudessem, de imediato, vê-lo da mesma forma. Talvez nunca o vissem como ela descrevia. Mas o discurso estava começando a lhe dar algum ânimo. A Mitsashi estava coberta de razão. Ele era um ser humano, independente da personalidade difícil, poderia simplesmente chegar e conversar com ele. O problema não era com o Uchiha e sim com ele próprio. Por que sentia tanto medo? Por que estava tão receoso? 

"Ele só está desapontado consigo mesmo." A morena de coques comentou, de forma simples. Os outros dois arregalaram os olhos, em suas mentes era impossível que alguém como o famoso Uchiha Sasuke ficasse algo como desapontado com ele mesmo. Dissiparam o pensamento logo que ele surgiu, ambos. Precisavam começar a vê-lo com outros olhos. "Ele não se sente culpado porque o Naruto se machucou. Ele nunca se sentiria. Estávamos numa batalha, qualquer pessoa poderia ter se machucado se não fôssemos cuidadosos o suficiente. Ele só está se sentindo fraco. Imaginando que, independente das circunstâncias, ele deveria ter conseguido parar a si mesmo. Perceber, de repente, que ele está sujeito a acidentes como qualquer outra pessoa... isso o assusta. Ele não está acostumado a errar dessa forma. Principalmente se envolve a saúde de outra pessoa. Em especial alguém com quem ele não se resolveu em vida. Se o Naruto morresse naquele momento, sem terem se resolvido totalmente... isso já aconteceu com seu irmão. E então seu melhor amigo, pelo mesmo caminho... apenas tentem se colocar no lugar dele. Não deve estar sendo fácil lidar com toda essa carga emocional."

"Como você pode saber tanto?" O moreno não queria estragar o momento depois daquelas palavras poderosas, mas não poderia conter sua curiosidade. Era como se ela fosse o próprio Uchiha ou como se ela estivesse na mente dele nesse exato momento. Como ela poderia saber todas essas coisas, lê-lo tão bem? Havia acabado de acordar! 

"Eu o observei desde o momento que ele chegou. Nosso time nunca precisou de muitas palavras para se comunicar e se entender. Podemos simplesmente sentir o que o outro sente. Somos uma equipe. Somos um só." TenTen tossiu de forma ruidosa e seca. Estava na hora de parar de falar, o ato estava consumindo mais de si mesma do que ela esperava. Mas era forte, era uma guerreira. Ainda estava travando uma luta; e não desistiria até vencê-la.

"Sasuke é sensível demais para estar em uma situação como essa. Sua mente deve estar um caos. Debaixo daquele escudo de ferro, há uma parede de vidro. E, nesse exato momento, os cacos estão todos pelo chão. Alguém precisa ajudá-lo a construir uma nova parede. Dessa vez, de tijolos e cimento, para que não se quebre tão fácil."

Ela abriu mais os olhos, a fim de encará-los melhor. Percebeu que eles haviam se aproximado sorrateiramente, ela não havia notado, curiosos. Parou por uns segundos, achando ter sido totalmente compreendida. Quando ninguém tomou nenhuma atitude, ela começou a ficar irritada.

"O que está esperando? Vá atrás dele." Instruiu, autoritária. O mestre dos desenhos apontou a mão para o peito, perguntando, sem palavras, se aquilo era direcionado a ele. Quando ela fez uma careta impaciente, ele teve a certeza de que era o sujeito citado. "Aproveite enquanto estou acamada; você não terá outra oportunidade de me ter fora do caminho." Ainda vendo-o parado ali ao lado, ela fez menção em se levantar e sua voz se elevou. "Quantas vezes eu preciso repetir? Se está arrependido, apenas peça desculpas. Se está triste, apenas fale o que te magoou. Por que as pessoas complicam as coisas mais simples?"

Um minuto inteiro se passou antes que o antigo participante do grupo de Danzou tomasse alguma atitude. Sua mente estava confusa, ele se sentia motivado de certa forma, no entando ainda não sabia muito bem como abordaria seu alvo. As coisas eram realmente tão simples como a morena fazia parecer? A primeira conversa não havia sido muito produtiva, por que motivo deveria tentar uma segunda vez?

"Basta ter paciência com ele. Assim como você, o Sasuke ainda está aprendendo a lidar com seus próprios sentimentos. Tudo o que precisa é de um pouco de compreensão e carinho. Não é tão difícil quanto parece. Se você quer que dê certo, então dará. Basta se esforçar."

Foi com esse último incentivo que ele finalmente criou coragem para sair da sala e ir atrás do Uchiha. TenTen daria trabalho como líder... ela tinha um talento nato em fazer com que as pessoas acreditassem em suas ideologias. Lembrou a si mesmo de agradecê-la depois, se tudo desse certo. Não, independente se desse certo ou errado, agradeceria. Ela o havia estimulado a tentar e isso por si só já era válido. Era melhor que tivesse tentado, mesmo que nada desse certo, do que se arrepender com a possibilidade do "e se". As chances eram cinquenta a cinquenta, afinal. E se, por algum acaso do destino, desse certo? Se não tentasse, nunca saberia. 

Procurou o herdeiro Sharingan por todos as dependências do hospital. Olhou na lanchonete, na recepção, no estacionamento. Ele não estava em nenhum desses lugares. Por sorte, enquanto procurava alguém para perguntar se o haviam visto por aí, avistou-o debaixo de uma árvore, no pequeno jardim atrás do centro médico. Andou a passos calmos, tentando controlar seu coração e seu nervosismo. Não poderia perder a cabeça. Precisava ter paciência. As palavras da única integrante feminina do time Gai voltaram a sua mente. Basta chegar e conversar com ele. [...] Ele é um ser humano como todos nós. Que Kami o abençoasse em mais essa batalha.

Ele estava de costas para si, em pé em frente à árvore, encarando nenhum ponto em particular. Sentiu de imediato sua presença e não a recebeu bem. 

"O que você quer agora?"

Precisou de muita paciência para que não falasse as palavras que já estavam na ponta de sua língua, de forma desordenada. Contou até dez mentalmente. Compreensão e carinho, dissera ela. Paciência.

"Eu não quis ofendê-lo ou magoá-lo. Peço desculpas pela minha atitude." A fala lhe rendeu um olhar, mas não muito profundo. Foi apenas por meio segundo, antes que o outro se virasse novamente, como se a árvore fosse mais interessante do que ter um conversa com ele. 

Mediante aquela atitude, Sai imaginou que havia o pegado de surpresa; com certeza não era isso que acreditava que iria ouvir. Precisava falar mais, surpreendê-lo. Estava na hora de ser um pouco mais agressivo, a fim de acordá-lo. Reuniu toda a sua coragem para colocar seu plano em ação. Com certeza precisaria dela. Encará-lo não ia ser fácil. Aproximou-se um passo, elevando o seu tom de voz para que parecesse, pelo menos, aborrecido.

"Você precisa parar de se culpar e seguir em frente. Se está tão arrependido assim, por que não está ao lado dele, dando-lhe forças para melhorar e, ao invés disso, está chorando pelos cantos como um maldito menino imaturo?"

Agora sim havia conseguido toda a sua atenção. Viu o outro virar-se em sua direção como se fosse uma tempestade. Seu rosto estava contorcido em ira e ele se aproximou ameaçadoramente, o Sharingan ativado, os olhos vívidos e brilhantes em sua direção.

"Repita o que disse." Sua coragem amoleceu um pouco e ele quis desviar os olhos, porém não poderia parar agora que havia conseguido uma reação. Essa era a hora de ir com mais força ainda e não se esconder como um ratinho assustado. 

Continuou encarando-o de forma ousada e levantou seu queixo, para mostrar que não havia se abalado.

"Eu não tenho medo de você, Uchiha."

"Você deveria ter." Ele pronunciou as palavras em um tom mais baixo, de advertência, sem recuar. Travavam um duelo ali, o que desviasse primeiro seria o perdedor. 

"Você não vai me machucar." Afirmou Sai, tentando dar um pouco de convicção a sua voz. Àquela altura do campeonato, não estava mais tão confiante com as suas atitudes. Nervoso, nem ao menos conseguia se lembrar mais das palavras de encorajamento de TenTen. Ela havia dito algo sobre bater de frente? Achava que não. Mas agora que já estava ali, não havia como voltar atrás mais. Se aquilo era uma merda, já tinha sido feita. 

"Eu não teria tanta certeza assim." Foram as últimas palavras que o Uchiha pronunciou antes de se virar para ir embora. O moreno da pele pálida já imaginava que ele faria isso; em todas as vezes que haviam discutido, ele sempre tentava escapar da situação. Talvez tivesse medo da outra pessoa estar certa? Provavelmente.

Então, prevendo o que ele faria antes mesmo que fizesse, o desenhista segurou seu pulso, exercendo certa pressão para mantê-lo ali; o "oponente" era forte e parecia convicto em ir realmente embora. Após sentir o toque, Sasuke voltou suas orbes para enfrentá-lo, perguntando-se o motivo de tamanha audácia da parte oposta.

"Ouça, Sasuke. Você não é a pessoa que eu mais tenho apreço nesse mundo. Mas preciso de você agora, equilibrado. Bem. Sem toda essa porra de culpa. Ajeite sua postura, creia um pouco em si mesmo e se levante." Disse ele, firme, proferindo as mesmas palavras que haviam sido ditas a ele para ajudá-los a se livrar das linhas de chakra de Ikari. "Assim que você se livrar dos sentimentos ruins, poderemos estar ao lado de Naruto com energias positivas."

Foi como a sensação de cair da cama, no meio de um sonho ruim. O ex-nukenin piscou os olhos várias vezes, sentindo como se tivesse levado um tapa na face. Poderia fazer várias comparações diferentes para um mesmo significado: Sai o havia acordado, estendido uma corda quando ele estava no fundo de um poço escuro e solitário. A culpa o estava consumindo de uma forma que nunca havia feito antes. Por que exatamente ele estava se sentindo todo emburrado quando, na verdade, deveria estar em uma sala com Sakura ou qualquer outro médico tentando aprender ninjutsu médico para salvar o melhor amigo?

A opção dois combinava mais com sua personalidade atual. As coisas não se resolviam esperando que elas se resolvessem sozinhas; as pessoas precisavam agir em buscar daquilo que pretendiam. O que havia feito, mesmo que por um segundo, pensar de outra forma? Suspirou, aliviado, agradecido. Não conseguiria proferir as palavras de agradecimento, seu orgulho ainda não lhe permitia, não tão recente aos acontecimentos, então limitou-se a fazer uma pergunta.

"O que você fez?"

"Você disse antes que uma pane poderia resolver as coisas. Uma emoção forte pode fazer com que o sistema se abale, certo?"

Sorrir foi inevitável. Bem, um sorriso a seu próprio modo, é claro. Ele se sentia feliz. Como se um peso grande tivesse saído de suas costas, livre de uma tonelada de sentimentos que o deixavam para baixo. Sua mente estava clara como água novamente. E seu coração dava batidas leves, ritmadas. 

Voltou-se para Sai, livrando-se da mão que o segurava. Ao invés disso, colocou sua própria mão no ombro alheio, como fazia às vezes com os integrante do seu time. No começo, quando havia voltado para a vila, toques físicos ainda o assustavam. Isso passou com o tempo, não teve outra escolha. TenTen, Lee e Gai eram muito enérgicos, então a proximidade para eles era algo fundamental. Era sempre abraçado por um dos três e, aos poucos, foi se acostumando, até perder seu receio com o que sempre o incomodou. 

Manteve-se o sorriso e encarou-o de forma gentil, apertando o ombro debaixo do seu toque.

"Você é patético."

O moreno de ambas as orbes negras não soube como reagir ao ato de carinho. Sim, considerava um carinho. Por mais que as palavras soassem ofensivas, sabia que o outro não havia tido a intenção de ofendê-lo. E esse era exatamente o problema. Seu coração aumentou o ritmo dos batimentos, sentir o calor da palma em seu ombro e seu olhar desviou-se um pouco mais para baixo em seu rosto, para os lábios. 

Não acreditava no que estava fazendo. Realmente, realmente, estava olhando para a boca dele, como se necessitasse beijá-lo naquele exato instante? Só poderia estar ficando louco. Como eles passaram de uma conversa de perdão para aquilo? Começou a sentir seu rosto esquentando sem o seu controle.

"Por que ficou nervoso de repente?" O Uchiha resolveu provocá-lo, aproximando-se para sussurrar as palavras próximo a seu ouvido. Por Kami, não sabia se era pior tê-lo como inimigo ou aliado.


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Notas finais do capítulo

E então????? *------*
Pesssoal, apenas para esclarecer, eu sei que muitas pessoas estão ansiosas para o beijo e coisa e tal - ou até alguma coisa a mais, não é mesmo -, mas romance é uma coisa construída. E eu não consigo simplesmente jogar ele como se fosse algo fácil que acontece do nada, sabe? Espero que entendam minha posição. Eu tô caminhando a passos de bebê para que tudo faça sentido e para não trazer a vocês nada forçado. Um grande beijo a todos, espero que tenham curtido essa surpresinha no meio da madrugada (quem sabe eu não faço mais vezes?). Até o próximo capítulo.



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