P.O.V. Edward Cullen

Ouço as batidas na porta mas finjo que não é comigo. Me aconchego melhor na cama e agarro um travesseiro.

Logo uma claridade toma conta do meu quarto, me sento na cama vendo as cortinas abertas e papai de braços cruzados, me encarando irritado.

— Edward, quando você vai tomar jeito? – Ele pergunta calmamente, mas posso ver que seus olhos brilham de raiva.

— Hum, me deixa dormir. - Gemo, puxando o lençol para cima da minha cabeça.

— São quatro da tarde, Edward, de novo você chega de viagem e vai parar em uma balada. Você tem vinte e seis anos na cara e não faz nada, como pensa que vai se sustentar? Eu e Esme não vamos estar aqui para sempre.

— Ah, pai. Eu não preciso trabalhar, vocês tem grana o suficiente para isso.

— Eu juro que às vezes eu só queria te deserdar! – Papai soca uma parede, me fazendo sentar e me deixando meio alerta. – Sua mãe sofre vendo você indo para baladas, não querendo nada da vida, viajar apenas por mero prazer sem ter um rumo na vida.

— Okay, eu sei, está bem. Só não quero começar a ser assistente desses chefes por aí.

— Você tem que começar de baixo, Edward, tem que se esforçar para ter o que é seu.

— Tá, tá. Eu vou na decoradora da mamãe. Amanhã eu saio pra procurar alguma coisa.

— Escuto isso há meses. Bem, tenho que ir para o plantão, eu só espero que você acorde antes que seja tarde, filho. – Diz e bagunça seus cabelos, saindo do meu quarto.

Me jogo de novo na cama. De novo essa conversa. Eu não quero trabalhar,  amanhã vou distribuir alguns currículos por aí, apenas pra ver se eles param de reclamar.

Levanto e vou ao banheiro. Ao passar em frente ao espelho eu vejo algumas marcas de unha nas costas. Droga! Eu odeio quando elas fazem isso.

Me formei em gastronomia por amar cozinhar, mas não quero trabalhar em uma cozinha onde vai ter alguém pra mandar em mim. Além do mais, meus pais tem bastante dinheiro, papai é um neurocirurgião renomado e mamãe tem uma loja de decoração. Eu nunca estabeleci métodos grandiosos para minha vida, apenas que quero viver um dia de cada vez, aproveitando a máximo possível.

Saio do banheiro e escolho uma roupa casual, desço para a cozinha e pego um dos sanduíches que Hanna deixa pronto e corro para meu carro. Enquanto vou pelas ruas de Seattle eu canto Satellite de Nickelback. Logo chego à loja de decoração e eu estaciono, ao entrar, aceno para Irina, que é a recepcionista, ela dá uma piscada para mim, apenas a ignoro, deixei bem claro para ela que seria apenas uma noite. Pego o elevador para o segundo andar, quando as portas se abrem eu posso ver Tanya, a secretária da mamãe.

— Senhor Cullen, a Senhora Cullen está ocupada com uma funcionária. – Ela me informa, digitando furiosamente.

— Não deve ser nada demais. – Eu falo e abro a porta, mesmo sob seus protestos.

— Edward Cullen! – Mamãe exclama surpresa ao me ver, ela estava mostrando alguma coisa para uma mulher que está sentada à sua frente, acho que é a sua funcionária. – Isso são modos? Desculpe, Isabella, eu juro que dei o meu máximo para educá-lo. – Ela se desculpa para a moça e ela se vira para me olhar, soltando uma risadinha.

— Tudo bem. – Seus olhos castanhos chocolate me olham, divertidos. Seus cabelos fizeram um balanço delicado, quando ela se virou para me olhar, me deixando momentaneamente sem fala.

— Desculpe, senhora Cullen, eu tentei impedi-lo. – Tanya explica, apressadamente.

— Tudo bem, eu sei o monstrinho que eu criei, ou tentei, pode ir fazer seu trabalho, querida. Isabella, esse é meu filho, Edward. – Ela nos apresenta e eu aceno para ela, que retribui. – E nós já terminamos de olhar a decoração dos Hamada, pode ir embora. – Mamãe falou, enquanto me encarava com olhos em fenda.

Será que ainda há tempo de eu dar meia volta? Eu teria uma chance de fugir? Espero que sim.

— Até amanhã, Esme. Adeus, senhor Cullen. – Isabella pega sua bolsa e sai.

— Tchau, Isabella. – Respondemos e ela passa por mim, observo os seus quadris se movimentando enquanto passa por mim, o balanço de seus longos cabelos próximos à bunda me deixou hipnotizado.

Bem, acho que ela terá o prazer sair comigo. Logo sinto um tapão na parte de trás da minha cabeça.

— Ai, mãe. – Esfrego o local dolorido.

— Isso é por entrar na minha sala sem ser avisado e me interromper. E Edward Anthony Cullen, nem pense em chegar perto de Isabella, ou juro que eu o vendo no mercado livre.

— Como assim? – Faço cara de inocente.

— Nem venha com essa, conheço bem esse olhar, aquieta o fogo. – Reclama com os braços cruzados, com a cara irritada.

— Sei que a senhora está irritada por ontem, mas prometo me levantar cedo amanhã e procurar emprego, palavra de escoteiro. – Falo e ergo meus dedos, ela apenas rola os olhos.

— Eu só queria que você amadurecesse, filho. – Fala e passa as mãos em meus cabelos. – Arrumasse um emprego, crescesse, sabe?

Sou afetado por suas palavras, eu vi seu esforço para montar sua decoradora. Eu não quero me enfiar em um emprego, nem ter a responsabilidade de montar meu próprio negócio, ainda há um mundo enorme para explorar, mas ao mesmo tempo eu quero vê-la orgulhosa de mim. É um conflito que eu tenho há tempos. Vou ver isso.

— Bem, vou ver se amanhã arrumo um emprego, só vim visitá-la. – Falo e beijo sua bochecha, a fazendo soltar um risinho.

— Eu já ia voltar para casa. Só ia terminar um projeto. - Fala, indo para sua mesa.

— Bem, então vou indo para casa. – Falo e saio de sua sala, acenando para Tanya, entrando no elevador e apertando o botão para o térreo.

Isabella fez minha imaginação ir à mil, e querê-la só para mim.

Eu vou tomar jeito, mas antes disso, ainda preciso achar Isabella, ainda há algumas horas até amanhã chegar.