Sinnerman - Os Irmãos Cullen - Vol. 1 escrita por Mari


Capítulo 10
Solário


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada minhas leitorinhas de plantão!
Deem uma olhada em Nobre Cavalheiro, minha fic mais suave de época também!
Boa leitura
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Quando passou pelo gigante portão do castelo, lady Swan encontrava-se ansiosa para decorá-lo com tudo que havia adquirido durante a viagem. A propriedade ficou da maneira que ela havia conjecturado: o rosto de Edward. Tons escuros de azul, preto e prata eram as cores oficiais do castelo.
— Eleazar, peça que Maggie vá até a aldeia contratar aquela costureira, Heidi. Quero que ela costure dois vestidos para mim, um preto e um azul marinho. Duas túnicas também, desta mesma cor. - pediu ela, orgulhosa de todo o seu trabalho.
— Sim, minha senhora.
— O castelo está estupendo, milady. - elogiou Emmett encantado com o novo ambiente ali. A decoração e até mesmo o odor da propriedade estava modificado. O cheiro de urina de cães não fazia-se mais presente. Até a comida, que antes era intragável, mostrava-se a mais apetitosa que aquele castelo experimentara.
Encarando o grande estandarte bordado com o leão na entrada do pátio, Sinnerman, senhor daquele lugar, sentia-se apreensivo. Apreciou todo o trabalho da esposa, entretanto aquilo o asssombrava. Ela estava por toda parte. Isabella além de perambular todos os dias pelo castelo, solucionando pequenos problemas, dando ordens, também se fazia presente em cada pedaço do local. Qualquer local que ele observasse estava cheia de lady Swan, a castelã mais bondosa que os aldeões já haviam conhecido.
Enquanto ele era a aberração sobrenatural, a esposa era cheia de luz, generosidade e beneficência. Era assustador a intensidade com que ela se impunha ali todos os dias. Não nascera para ter uma esposa, muito menos uma como Isabella.
— Está terminada, milorde. - disse o servo aproximando-se de seu senhor.
— Obrigado, Paul. Aqui está seu pagamento. Espero que tenhas feito um bom trabalho.
Sinnerman esbarrou-se com Eleazar que saía apressado do castelo.
— Eleazar, leve lady Cullen à biblioteca. - ordenou.
— S-senhor, eu já e-estou indo fazer o que ela pediu... - explicou-se nervoso o pobre velho e mordomo Eleazar.
— Tudo bem.

***
— Bom dia. - desejou o marido por trás de Isabella, que deu um pulo.
— Assustou-me, Edward. - exclamou. Só o chamava pelo nome quando estavam a sós. Não que ele a tivesse ordenado isso, porém a mesma imaginou que ele gostava da reputação que causava medo e submissão em seu povo.
— Venha comigo. - ele disse simplesmente e ela enlaçou o braço com o do marido. Ambos estremeceram com o toque singelo, lembrando da última noite na pousada de Harry Clearwater.
— Como está o ferimento? - indagou com o cenho franzido.
— Quase sumindo. Recupero-me com facilidade.
— Graças ao Senhor. - agradeceu baixinho.
— Bom, aqui está. - disse ele abrindo a grande porta.
Faltara palavras na boca da esposa. O cômodo era enorme e alto e em três das quatro paredes estavam embutidas estantes de madeira que comportavam livros grossos sobre os mais diversos assuntos. Lady Cullen presumiu que levaria a vida inteira para ler todos. Estava extremamente limpo e provavelmente fora reformado. Na parede restante havia uma grande poltrona, ao lado da grande janela. Isabella foi até ela, abrindo-a e vendo um pequeno ferrinho abaixo dela, nas paredes externas do castelo.
Fora ali. Aquele era o quarto que Edward estava brincando quando a irmã o atacou. E ali ela faleceu. Podia imaginar o quão árduo era para o marido estar naquele recinto, porém ainda assim ele estava apenas porque queria dar a ela uma biblioteca.
As lágrimas estavam acumuladas nos grandes olhos marrons. Ela olhou para a porta, onde ele estava parado, esperando a reação da morena. A mesma correu e pulou nos braços do esposo, abraçando-o forte. Ele quis sorrir. Sabia que ela apreciara o gesto.
— Muito obrigada. Sei como deve ser difícil para vós. - afirmou ela e ele franziu o cenho. Como ela sabia...?
— Vós sabeis? - indagou ele e ela anuiu.
— Sim, Carmen me contou tudo sobre aquele dia. - justificou amuada.
— Aproveite-a bem. - Sinnerman desejou sobre a biblioteca nova em folha e retirou-se.
Deus, como fora estúpida! Não devia ter mencionado nada sobre aquilo. Sabe-se lá o que o marido pensava sobre ela agora. Decidiu então que faria o possível para que Edward lembrasse o mínimo da infância corrompida pelo trágico acidente.

***
Dias se passaram depois do episódio na biblioteca. Isabella não via o marido durante o dia, apenas à noite quando se juntava à ele para dormirem juntos. Edward manteve-se afastado propositalmente da mulher que chegara para mudar todos os segundos de seus dias. Não julgava bom ou ruim a vinda da mulher, porém sentia que não estava pronto para a mesma.
Afinal, como um homem que fora treinado durante anos para servir nada além da arte de matar poderia acostumar-se com a ideia de apaixonar-se por uma esposa? Ter filhos? Não, não se apaixonaria. Não podia fazer isso com ele e muito menos com ela. Que a desgraça acometesse só a uma pessoa e ele já estava demasiado habituado a ela.

 

 

— Acorde, Ninguém. - o malicioso homem jogou água gelada no menino magricela. Este subitamente levantou-se. Quando dormia era a única hora que não era infeliz. Quando despertava-se o mundo era um verdadeiro pesadelo. Era hora da mesma ladainha. - Este é pela sua irmã que tu mataste, - o homem disse para o menino que estava preso por cordas ao navio. Fez um corte das costelas até o umbigo. O garoto uivou de dor. - Este é pela mãe que mataste ao nascer, - mais um corte, abaixo das costelas. - Este pelos pais adotivos que traíste. - pressionou a faca amolada no peito do rapaz. Este desmaiara de dor durante o processo. - Desculpe, Ninguém, vós machucais? Oh, não era minha intenção, - prosseguiu o ritual matinal, batendo nas bochechas para que o garoto acordasse. - Deixe-me remediar o que fiz. Vou fechar as feridas para não infeccionar. - exclamou com os olhos negros e insanos que Edward nunca se acostumaria. Deu uma gargalhada e levou a adaga ao fogo. Em seguida encostou na pele de Ninguém, que gritava até seus pulmões não aguentarem mais.
Desmaiou novamente pela dor das queimaduras em seu corpo.
Quando despertou, decidiu aceitar o monstro que era. Cada um é o que é e não há maneira de fugir disso, as palavras de seu pai ecoaram na sua mente. Decidiu também que faria diferente amanhã.
Nunca mais gritaria ao ser torturado novamente. Não daria este prazer ao seu mestre.
— Amanhã chegaremos em seu primeiro campo de batalha. Recupere-se a tempo, garoto. - sorriu.

 


— Milorde? Vós estais a me ouvir? - Eleazar chamou mais uma vez o senhor que estava perdido em memórias. Este finalmente retornou para a realidade.
— Estou, desembuche Eleazar. - respondeu Sinnerman impaciente.
— Dois homens foram encontrados mortos aos redores da propriedade, meu senhor. Seu irmão afirmou que foram saqueados antes. - explicou o mordomo trêmulo.
— Há ladrões em minhas terras? - indagou ele sobressaltado. Aquilo era mais do que incomum. Nenhum vassalo sequer ousava desobedecer o seu senhor.
— Sim, senhor. - afirmou Eleazar.
Com urgência, Sinnerman cavalgou até o lugar em que os corpos foram encontrados. Logo de início, matou a charada. Os corpos estavam cheios de evidências que foram saqueados e por isso deduziu que alguém quisera fazer com que parecesse assim.
Estavam armando para ele, assustando todo o seu povo com a ameaça de um ladrão que não existia. O lorde sabia que era obra dos mesmos que o atacaram na estrada durante a viagem. Especulava também se a mesma pessoa não estivesse por trás do envenenamento de sua esposa.
— Enterrem os corpos. - ordenou aos seus soldados. - Emmett, deves cavalgar ao castelo, proteja Isabella e observe bem os criados. Há alguém infiltrado na propriedade. Tenho certeza de que estes homens foram assassinados com o propósito de assustar meus vassalos e emponderá-los. - Emmett assentiu.
Depois que o irmão caçula partira, Edward encontrava mais evidências que comprovavam o que estava conjecturando.

***


— Lady Swan? - Procurou-a por toda parte até que foi ao quarto da mulher e a viu, encarando-se no espelho.
— Oh, olá, Emmett. Algum problema? - indagou com o cenho franzido.
— Hmm, não. Apenas estava checando se estavas bem. Ficarei por perto. - disse ele e quando fez a menção de sair, Isabella o interrompeu.
— Desculpe-me a intromissão, poderá não responder se assim desejar, mas... o que aconteceu com seus pais? - indagou, não conseguindo mais evitar a curiosidade.
— Bom, não sei se tens conhecimento sobre isto, porém meu irmão ficou durante anos exilado, sendo treinado para batalhar em guerras que não eram dele. Meus próprios pais rechaçaram o filho, dando a ele este futuro. Eu queria ter impedido, mas... eu não tinha voz para fazê-lo. Mal sabia manejar uma espada naquele tempo.
"Anos se passaram desde a morte de Alice e o coração de lady Esme, minha mãe, amolecera. Após todo o luto ela recuperara a sua razão, percebera que nada do que aconteceu foi responsabilidade de... meu irmão. Apesar de sentir que ele estava vivo, ela pensava que nunca mais iria vê-lo e guardou a dor e a saudade para si mesma. Porém, há alguns anos atrás, após a guerra que levou Rei Alistair II ao poder, ele retornara, sendo reconhecido pelo próprio rei como um herói e homem sobrenatural na arte de lutar. Alistair jurou fraternidade eterna a ele. Meu irmão salvou a vida dele durante a batalha. Minha saudosista mãe e o país inteiro soubera que ele havia retornado. Escondido de meu pai, lorde Carlisle Cullen, ela enviou uma carta para Edward. Passou-se por mim nela. Escrevera que eu tinha saudades de meu irmão e que meus pais estavam mortos, pois somente desta forma ele poderia vir visitar.
Bem no dia que ele estava vindo para o castelo, meu pai indagou-me sobre a carta, e eu não tinha conhecimento desta. Foi assim que ele descobriu da carta que ela enviara. Ele não recuperara-se do luto como ela tinha o feito. Brigou com ela, logo ali, no solário. Foi quando... Edward chegou. Ouviu toda a confusão no solário e temeu que eu estivesse em perigo. Então ele chegou lá. Viu nossa mãe moribunda no chão, vítima de um golpe de espada de meu próprio pai."

— Foi você! - gritou ao ver o filho mais velho na entrada do solário. Estava diferente. Seus olhos não continham nenhuma emoção e suas feições não demonstravam nada. - Você fez eu fazer isto! És amaldiçoado! Pisou novamente em minhas terras e fui tentado ao... ao matar minha esposa. - berrou Carlisle transtornado ao ver o corpo da mulher, agora pálida, no chão. - Maldito dia em que Esme insistiu que adotássemos a você também. Eu o odeio! - pegou a espada ensanguentada do corpo da mulher e armou-se.
Edward pegou a própria espada, pronto para o ataque. Fora a batalha mais árdua que ele já tivera. Poderia matá-lo com um golpe apenas, entretanto o adversário era o pai. Ficaram durante minutos revidando um ao outro.
— Nunca será o meu filho! Nunca! - o homem gritou louco de raiva, e cortou Edward na extensão do pescoço. Foi um corte raso como os que faziam com ele em seu treinamento. Carlisle não estava com sorte, porém o filho mais velho estava disposto a deixar que o pai o matasse.

— Foi neste instante que eu cheguei no solário. Estava brincando com meus amigos no jardim que costumava ter aqui e ouvi os berros de meu pai. Ele só sentia ira daquele modo por uma pessoa e eu sabia, que meu irmão estava junto a ele no solário. Quando os encontrei percebi que ele estava aceitando a morte de bom grado. Era minha chance de intervir. - narrava Emmett à uma Isabella que imaginava a terrível lembrança.

— Mate-o, Edward. - gritou o irmão caçula. O mais velho o encarou. - Mate, ou eu mesmo o farei. - gritou o rapaz, empunhando sua espada. - Nenhuma pessoa que o trate desta forma merece ser chamado de pai. Mate-o ou eu o farei.
Edward encarou o corpo imobilizado de Carlisle abaixo do seu. O desespero acometera o patriarca.
— Não fará isso com o seu pai, não é, garoto? - implorou, todavia ao olhar dentro dos olhos cor de âmbar vazios sabia que não havia misericórdia ali. O homem riu da agonia do suposto pai e cortou sua garganta.

— Ele ainda livrou-me de matar o próprio pai. Saberia que eu não conseguiria lidar com a culpa se eu tivesse o feito. Implorei para que ele ficasse, cuidasse de mim e ensinasse a arte de guerrear. Pedi que ele assumisse o posto de senhor do castelo, o que foi difícil para ele aceitar. Porém eu nunca havia sido treinado para ser um lorde e ele desde que fora adotado. Era dele. Eu devia e ainda devo muito à ele. Há quem pense que fora uma atrocidade matar a Carlisle. Porém eu sei que não e não arrependo-me um dia sequer de ter implorado a Edward para o fazê-lo. Preferia meu irmão cujo eu tinha grande apreço vivo, a um pai amargurado e capaz de matar o filho inocente.

Após escutar tudo que o cunhado tinha a dizer, faltou o ar e equilíbrio para Isabella. Sentiu-se tonta e não enxergava mais Emmett. Tudo que via era embaçado e em seguida escureceu. Fechou os olhos involuntariamente e abandonou aquela dimensão.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Opiniões por favor! é muito importante pro desenvolvimento da fic.
A cada dia mais eles se aproximam da verdade e Sinnerman se recusa a acreditar que o seu destino mudou.
O que esperam da fic? Odiaram? Amaram? Interajam, por favor! Vou ler todos os comentários e recomendações.
Beijos e até a próxima.