Home escrita por Grimmliz


Capítulo 1
'Cause he is only human after all;


Notas iniciais do capítulo

Olá. ♥
Primeiramente, gostaria de dizer que me tornei fã do Punisher assistindo a segunda temporada de Daredevil, assim como uma louca por Kastle desde então (hospital = stay pleasel!!! *heavy breathing*). A série The Punisher, só fez eu me afundar ainda mais, e aqui estou, escrevendo minha primeira fanfic do otp.

Sinceramente eu AINDA não sei como as coisas rolam na HQ, mas sei que pode haver uma divisão de opiniões quanto à adaptação, pois ainda que eu não acompanhe especificamente os quadrinhos, sei o que é ter o universo original de uma obra alterado. Então, por favor, SE for ler, tenha em mente que estou me baseando na SÉRIE.



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Já era madrugada avançada quando Karen Page chegou em casa, o que não era novidade alguma, afinal, estava mais do que habituada a passar mais tempo em sua sala imersa em papéis e trabalho do que descansando. As luzes noturnas adentravam pelas janelas de seu apartamento, e o silêncio inundava as ruas. Era estranho, mas parecia que a cidade de Nova York dormia em algum momento.

A primeira coisa que fez após conferir que a porta estava trancada foi retirar os sapatos, suspirando com o alívio dos pés tocando o chão. Deixou a bolsa sobre o balcão, tendo certeza de conferir que a arma continuava lá dentro. Karen nunca saia sem ela, não depois de tanta coisa ter acontecido, de sua vida ter sido ameaçada, e não apenas uma vez.

Fez um lanche rápido antes de dirigir-se ao banheiro, esperava que a água morna lavasse todo o cansaço de seu corpo. Durante o expediente, ela nunca sentia-se abatida, mas ao desacelerar seu ritmo, este parecia cair com tudo sobre seus ombros. Karen amava o Boletim, mas isso não queria dizer que todo o trabalho duro não cobrava seu preço.

Foi quando estava com a cabeça imersa no chuveiro que Karen teve a impressão de ter ouvido um barulho. Não que ela fosse paranóica, apenas aprendera com suas experiências que qualquer ruído em seu apartamento nunca era um alarme falso, muito pelo contrário. A loira afiou os ouvidos, e o barulho se repetiu. Ou alguém estava fazendo um terrível trabalho em ser discreto, ou queria chamar sua atenção — ela preferia não arriscar.

Karen desligou o chuveiro, em seguida, enrolou-se na toalha. A arma ficara no outro cômodo, fato que ela percebeu com um xingamento interno. Pé ante pé Karen passou do banheiro para o quarto, pegando a primeira coisa pesada que encontrou pela frente — um abajur. Uma toalha envolta no corpo não era a melhor opção para enfrentar um invasor, mas não é como se ela tivesse muitas opções naquele momento. Os dedos dela se apertaram com força no abajur a cada passo em direção a sala. Seus olhos estudaram ao redor, as sombras, qualquer sinal de movimento, mas nada acontecia.

Então ela viu a mochila negra sobre o sofá e a arma sobre a mesa de centro, e esta era completamente diferente daquela que carregava consigo. Antes que conseguisse ter qualquer reação, uma mão tapou-lhe a boca, e outra imobilizou o abajur que — sinceramente — ela já havia esquecido que carregava.

A respiração ruidosa atingiu seu ouvido antes da voz rouca, a qual ela conhecia mais do que bem.

— Não grite, sou eu.

O peito de Karen subia e descia acelerado, o que aos poucos foi normalizando ao ter conhecimento de quem se tratava.

— Eu vou te soltar agora. Desculpe por isso.

Karen se virou de imediato, segurando a toalha em seu devido lugar.

— Frank? O que faz aqui? Pensei que estivesse mor-...

As palavras se prenderam na garganta de Karen ao perceber o estado em que ele se encontrava. Frank Castle poderia não estar morto, mas se encontrava muito próximo disso, dada a quantidade de sangue que manchava suas roupas, inclusive, seu chão. Toda a raiva e surpresa foram diluídas em preocupação, e esta se estampou em cada mínima linha de sua face. Karen engoliu em seco, aproximando-se, as mãos hesitantes em tocá-lo, embora sentisse a necessidade disso.

— O que… O que aconteceu com você, Frank?

— Não importa. Eu cuidei disso... não virão até aqui.

Karen resfolegou, frustrada.

— Essa parece ser a fonte da minha preocupação?!

Frank tossiu o que poderia ter sido um riso, mas a resposta não veio em seguida, já que ele cambaleou, tendo que buscar auxílio na parede. Karen não pensou duas vezes em avançar, e apoiá-lo da melhor forma possível, embora sua forma não fosse o suficiente para aguentar um homem do porte físico de Frank Castle. A loira acabou sendo puxada para a parede, atingindo-a dolorosamente, mas ela ignorou o desconforto, que definitivamente era muito menor que o do homem ao seu lado. Karen utilizou de toda sua força para afastá-lo da parede, e dirigi-lo para seu quarto — sua cama.

— Venha, nós precisamos cuidar disso.

— Sinto muito pelo seu chão.

— Acredite ou não, este é o menor dos problemas aqui, Frank.

Desta vez Frank conseguiu rir, seu tom habitualmente rouco.

— Sempre com tudo sob controle, ?

— Ao que parece, nem tudo…

Frank se deitou com a ajuda de Karen, fazendo uma — praticamente inperceptível — careta para os infinitos ferimentos. Qual? Ela não fazia ideia.

Ele se manteve em silêncio por um momento, encarando o sangue nas próprias roupas, antes de voltar os olhos para ela. Os olhos de Frank, sempre tão cheios de violência. Um homem que vivia constantemente em guerra. Ver aquela emoção fazia o coração de Karen se apertar, porque ela compreendia o que se passava dentro dele, embora não pudesse dizer que o entendia por completo. Talvez nem ele mesmo o fizesse.

E isso a assustava.

— Eu não viria aqui se pudesse evitar… — começou ele de repente.

Karen piscou, passando a mão pelo cabelo. Estava molhado, então ela lembrou que não estava completamente apresentável.

— Eu sei, Frank... eu sei.

Karen suspirou, antes de se virar, saindo do quarto.

— Vou pegar o kit de primeiros socorros, o que espero que seja suficiente, e, ér… vestir algo.

Yeah, claro.

Karen logo estava de volta, pronta para cuidar dos ferimentos de Frank.

Ela o ajudou a retirar a camiseta — ao menos o que restava dela. Os ferimentos não eram tão ruins quanto poderiam ser, o que não os tornava melhores. A loira não pôde deixar de notar as diversas cicatrizes que marcavam o corpo dele, desde lâminas a balas de calibres variados. Por um momento Karen se perguntou quais pertenciam à sua época de fuzileiro, e quais foram acrescentadas ao agir como o Justiceiro.

Frank sabia quando os olhos dela se prendiam em suas cicatrizes, pois suas mãos paravam de se mover. Ele não poderia dizer que se sentia incomodado pela atenção dela, mas não queria que Karen pensasse demais sobre seu passado, ou toda merda que estava envolvido.

Na cabeça, Karen encontrou o que muito provavelmente fora o responsável por fazê-lo cambalear. Deveria ter sido uma bela pancada para deixar um corte daqueles. Com certeza precisaria de pontos. Que ótimo. Engraçado como a ideia de atirar em uma pessoa não a assustava, mas enfiar uma agulha na pele dele, sim.

— Algum problema? — questionou Frank.

— Não, é que... acho que você precisa de pontos aqui.

— Faça o que tiver que fazer.

Parecia bem simples pra ele.

— Eu… nunca dei pontos antes.

— Você apenas precisa unir as duas partes com a linha, não há muito segredo nisso.

— É. Claro que não. Tudo bem.

No fim das contas, Karen acabara por virar praticamente uma especialista em dar pontos, já que aquele não fora o único ferimento que precisou ser suturado.

Karen ofereceu algumas pílulas a Frank, as quais ele recusou, afirmando que estava tudo bem, antes de começar a se vestir. A loira o encarou, apoiando uma mão no quadril.

O que pensa que está fazendo?

Frank a ignorou, vestindo a camiseta.

— Estou indo.

Karen riu, desacreditava.

— Então é assim? Você simplesmente invade meu apartamento novamente, depois de meses me fazendo acreditar que estava morto; eu cuido de seus ferimentos, e você levanta e vai embora como se nada de estranho tivesse acontecido?

Frank balançou a cabeça, os olhos inquietos correndo de um lado para o outro, enquanto a boca se repuxava para um lado — uma espécie de humor negro.

— E o que você espera que eu faça, Karen?

— Espero que você dê mais valor à droga da sua vida! Não bastou aparecer nesse estado? Acho que não é pedir demais que ao menos por uma noite permaneça aqui, tentando não se matar.

— Eu não posso ficar aqui, não é seguro pra você.

— Você mesmo me disse que não havia ninguém atrás de você. E ao menos que tenha alguém logo do outro lado da rua, te vigiando, dificilmente um homem morto conseguirá arrumar problemas deitado na minha cama.

Frank suspirou, parecendo bastante irritado, ainda inquieto, mas não discordou.

— Ao menos por uma vez você vai me ouvir?

Ele não emitiu uma palavra.

Frank.

Tudo bem.

Seu tom não era dos mais felizes, mas ela não esperava isso de qualquer forma.

— Ótimo. Você pode dormir aqui.

— E você?

— Depois disso tudo você acha mesmo que eu consigo simplesmente deitar e descansar?

Ela caminhou para a porta.

— Boa noite, Frank.

Então a fechou, colocando fim em qualquer discussão.

~

Aquela manhã mostrava-se ser como outra qualquer, Frank estava mais do que acostumado com aquele ciclo vicioso, o que não queria dizer que conseguia alterá-lo. Alguma parte dele sabia que era uma mentira, um truque de sua mente a fim de atormentá-lo com seus demônios, mas ele sempre se deixava levar, talvez pelo desejo de que tudo pudesse ser daquela forma novamente, de que seu passado pudesse ser alterado.

 

Frank está de volta da guerra, em casa com sua família, dormindo em sua cama. É tarde se considerar o horário que um soldado costuma acordar. Por volta das dez da manhã. Sua esposa, Maria, entra no quarto, tão bela quanto só um anjo poderia sonhar ser. Ela toca suas costas, chamando-o carinhosamente do sono. Ele sorri, ainda sonolento, feliz em estar de volta. Frank a chama pelo nome, enquanto envolve o rosto dela com uma das mãos, e puxa para um beijo de bom dia.

Os lábios dela são macios e suaves.

Então ela o afasta, atordoada.

— F-Frank?! — uma pergunta praticamente sussurrada.

A voz não pertence a Maria.

E isso o joga direito para a realidade.

 

A voz de Karen fez com que Frank despertasse olhando ao redor de forma ansiosa, como se estivesse confirmando o local onde dormia. Quando analisou o suficiente, os olhos dele caíram sobre ela. A mão de Frank ainda permanecia em seu rosto, tocando-a com um afeto que jamais imaginara sentir por parte do homem à sua frente.

Seus olhos não exibiam aquela violência profunda, estavam praticamente límpidos, repletos de um sentimento o qual Karen sabia não pertencer a ela, já que ouvira claramente quando ele pronunciara o nome da esposa. E embora não imaginasse que Frank acabaria por beijá-la, também não poderia dizer que apresentou muita resistência quando isso aconteceu.

Frank continuou a encará-la em silêncio, assim como ela a ele.

Era sim um momento estranho, porém, nem metade da tensão esperada de um erro pairava entre eles. E exatamente por isso Karen decidira tomar a iniciativa, impondo alguma distância entre ambos. A loira passou a mão pelo cabelo — uma mania adquirida —, desviando-se da atenção dele; agora, sentindo-se um pouco sem jeito.

— Eu só vim avisar que estou indo para o Boletim.

Frank sentou-se, franzindo o cenho rapidamente ao limpar a garganta. A rouquidão do sono e da situação presente em seu timbre.

Yeah.

— Fique pelo tempo que precisar.

Karen passou a mão pelas roupas, pronta para deixar o cômodo, quando Frank a deteve com suas palavras, olhando para os lados com seu jeito inquieto.

— Obrigado, Karen. Por tudo. E desculpe por… você sabe… eu…

— Está tudo bem, Frank… — ela sorriu, mais para si mesma do que para ele — eu sei que não era eu. — E rapidamente emendou — Estou atrasada, então realmente preciso…

Yeah.

Frank apenas encarou as costas de Karen, enquanto ela deixava o quarto, logo ouvindo o abrir e fechar da porta do apartamento.

Ele não pôde sequer explicar a situação, ainda que tivesse a impressão de que a loira havia entendido perfeitamente. Esperta como sempre. Mas mesmo que Frank tivesse se desculpado, mesmo que o sonho houvesse sido o responsável por fazê-lo beijá-la, seria uma mentira se dissesse que se arrependia.

E de alguma forma, ali, naquele momento, Frank teve a impressão de que poderia ser capaz de sentir-se em casa novamente.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer OOC, de verdade. ;u; ♥
Espero que tenha ficado claro a confusão de realidade x sonho.
Só eu ouço a abertura e fico esperando começar Human, do Rag'n'Bone Man? jgkljlh

Enfim, é isso rsrs