Palavras que machucam escrita por Bora ser feliz


Capítulo 8
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Olá, people!! Capítulo novo depois de séculos rsrs. Desculpem a demora, mas o começo do ano pra mim foi muito cheio de coisa.
Desculpem os erros!!



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—Sejam bem-vindos a mais um festival de Natal!- Os aplausos rugem pela quadra de basquete. A diretora Suzan rodopia como uma bailarina zambeta pelo micro palco e sorri afetadamente para a multidão. — Este ano o nosso colégio preparou inúmeras atrações, além de competições para atiçar os ânimos, para vocês, queridos! —A multidão entra em curto circuito gritando como se estivéssemos no apocalipse. —E também preparamos, juntamente com um dos nossos mais queridos professores do Decatlo Acadêmico, a apresentação do seu CD solo!! O professor Scott.

Reviro os olhos.

—E, agora, sem mais delongas, vamos iniciar essa noite com a nossa querida orquestra!

Garotos magricelos ensaiam passos desengonçados pelo palco a medida que a cortina vermelha se abre lentamente. A diretora é nocauteado por um trompete antes de desaparecer atrás da cortina e um menino acaba por derrubar o microfone no chão quando tenta ajeitar a guitarra.

—Eles são uma verdadeira abominação da natureza. Você já viu o cabelo daquele de vestido de azul? Simplesmente nefasto. A Courtney me falou que ele tentou pintar de vermelho, mas como era daltônico acabou errando as cores e pintando de verde. Quero dizer, eu não sei se a história era assim. Espera, Alex me contou outra histórias, mas não confio no Alex, sabe como ele é…

Lindsay continua falando como uma verdadeira matraca que é e como uma boa jornalista do jornal da escola. Porém, meu ouvidos param de funcionar para o meu próprio bem e eu só consigo manter a expressão intacta em uma pose de "oh, é mesmo?".

Desde que eu havia chegado naquele maldito festival, a primeira coisa que fiz foi tentar me camuflar junto às colunas com arabescos de querubins, no entanto fugir do radar de Lindsay é o mesmo que tentar enfiar um panda dentro de uma fantasia de peixe-boi. Simplesmente impossível.

Suspiro entediada enquanto Lindsay desata a falar sobre o cabelo, dessa vez, do baterista.

A orquestra começa a tocar timidamente. O professor de música abana as mãos desajeitadamente como se tivesse adquirido mal de Parkinson.

Olho ao redor e meu coração tomba, pela terceira vez na noite, quando não vejo cabelos da cor de caramelo e nem olhos castanhos da cor do outono. Tento não mostrar a minha decepção, completamente sem sentido, quando a figura de Connor não brota no salão lotado da quadra.

Mesmo que eu tenho falado com todas as palavras que Connor não poderia ir para o festival de Natal da escola, ainda assim, uma parte pequena e completamente maluca de mim, torceu para que ele se rebelasse e fosse. Como eu disse, uma parte sem noção.

Ter Connor naquele mesmo ambiente claustrofóbico era como atestar a minha morte por ansiedade fulminante.

—…e Courtney me falou que Kale falou que Simon falou que eles não estão mais juntos. Então, eu não sei se eles realmente estão ou…Hailey! —Volto a colocar os saltos no chão quando o olhar irritado de Lindsay me perfura. —O que você tanto procura? Parece uma coruja com esses olhos enormes e com essa  cabeça que não para quieta.

Lindsay também se vira de costas e começa a olhar para os fundos da quadra, como se esperasse que o Brad Pitt saltasse de lá fantasiado de Papai Noel.

—Nada. —Digo rapidamente.

Ela me olha desconfiada e solta um resmungo.

—Tá, tanto faz. Enfim, como eu ia dizendo…

De repente, o microfone solta um chiado de ferrar um tímpano desavisado e a orquestra para. A diretora se apossa do palco.

—Peguem seus parceiros, vamos dar início às músicas clássicas. - Ela rebola de uma forma desengonçada em seu vestido tubinho. - Vamos mexer o esqueleto jovens!

A orquestra volta a tocar, só que ao menos mais animada. Alguns casais começam a se mexer.

—Nossa, quem dança hoje em dia? Isso é tão fora de moda.

Uma mão entre no meu campo de visão juntamente com um corpo desengonçado de um dos garotos do clube de xadrez.

—Quer dança?

A velha frase "eu não sei dançar" está na ponta da língua e pronta para ser usada, porém ao notar Lindsay nos avaliando como uma cobra prestes a dar o bote, rapidamente agarro a mão do garoto como se ela fosse a minha tábua da salvação.

☆☆☆

—Desculpe. —Murmuro pela terceira vez em cinco minutos.

O garoto sorri amarelo.

Olho para os querubins pendurados nas colunas e tento entender por que não nasci com asas, ao menos assim eu não mataria ninguém com os meus pés de chumbo.

O garoto chia quando eu esmago seu dedo novamente. Eu me sentia como uma pedra enorme sendo empurrada de um lado para o outro, massacrando os pés de quem estivesse na minha frente.

A testa do garoto reluz de puro suor frio quando ele me gira. E, por um instante, imagino ver seus olhos brilharem de lágrimas incontidas.

Rodopio lentamente para não bater na mesa de ponche, só que ainda assim acabo acertando. Acertando um corpo alto e esguio. E completamente imóvel.

Minha costas colidem contra o peito da pessoa e eu giro, no entanto as palavras ficam entaladas na minha garganta.

—Acredito que a próxima dança é minha.

—Ela é toda sua. —O pateta do clube de xadrez murmura rapidamente já saindo de fininho por entre os casais.

Me contenho para não pular em cima dele e agarrá-lo pelo colarinho, puxá-lo pela orelha e impedi-lo de me abandonar nas mãos daquele…daquele ser incrivelmente perfeito de smoking.

—Não adianta fugir, Alice.

Olho confusa para Connor com seu comentário sem sentido. Ele avalia a minha saia rodada cheia de fru-fru e a minha meia calça branca.

—Há-há. Que engraçado. —Digo irônica, cruzando os braços na frente do peito.

Um sorrisinho se insinua entre os lábios finos que faz o meu coração tolo errar uma batida.

Olho para a orquestra, ignorando por completo Connor e seus comentários idiotas.

Mesmo que eu não queira, não consigo controlar a decepção que me toma. Não que eu quisesse que Connor me achasse bonita, até porque como ele dizia anos atrás, eu era apenas uma gorda me equilibrando sobre duas varetas de paus. Só que ainda assim, a garota tola que habitava o meu íntimo queria que ele notasse como eu havia crescido. Como eu havia passado de uma criança boba para uma garota.

Franzo os lábios e olho ao redor tentando achar uma rota de fuga para longe de Connor. Porém, uma nova música começa. Mãos quentes se apossam da minha cintura e fazem uma pressão leve por cima do vestido. Arrepios de eletricidade descem por minha coluna.

—Dança comigo. —Connor persuade contra o meu ouvido.

Um "Não" sonoro e claro estava na ponta da minha língua, só que a forma como o peito de Connor aquece as minha costas me faz ficar entalada com a resposta na minha garganta.

De repente, eu estou oscilando, como uma bailarina de vidro prestes a cair, nas mãos de Connor. Seu corpo cola contra o meu e suas mãos me guiam de um lado para o outro em uma sincronia imperfeita, mas ainda assim uma sincronia. Ele me gira e, então, eu caio. Caio dentro daquela imensidão castanha que são seus olhos, me espatifando em milhões de pedaços vibrantes que clamam pelo seu toque.

Sua mão desliza até a minha lombar e faz uma pequena pressão ali, juntando nossos troncos juntos. Me sinto como uma pena em seus braços, gravitando ao seu redor, como se ele fosse o sol do meu sistema solar*.

Meu coração bate contra o seu quando ele junta minhas mãos atrás da sua nuca. Sua testa gruda na minha e eu só penso que preciso pará-lo. Tenho que  pará-lo. Meu cérebro emite luzes vermelhas de perigo quando a ponta do seu nariz roçar contra o meu, quando seus olhos parecem pesados demais para continuarem abertos. Seu hálito quente bate de encontro aos meus lábios selados e eu só quero abri-los para provar do gosto de Connor.

Seus olhos me fitam e eu me sinto como uma estrela. Quente e vibrante. Prestes a explodir. Desesperada por sentir.

Rompo o contato e me afasto arfante.

—Hailey… —Sua testa se franze em confusão, sua mão se ergue na minha direção tentando me conter.

—Não.

Nego com a cabeça e fujo como se não houvesse um amanhã.

☆☆☆

 

 


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Notas finais do capítulo

Comentem se não for pedir muito rsrs.
Bjss amorecas e até o próximo capítulo!!



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