Palavras que machucam escrita por Bora ser feliz


Capítulo 5
♥Alergia ou crise de choro?♥


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!!! Capítulo curtinho.
Boa leitura e desculpem os erros.



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—Como foi o dia de vocês?-Papai pergunta quando todos nós nos sentamos na mesa de jantar.

O silêncio tenso reina entre nós. Arrisco um olhar para Connor. Ele estava com a cabeça baixa, os cílios fazendo sombra sobre as bochechas salientes.

Parecia paralisado.

Podia ser impressão minha, mas parecia que de alguma forma o ódio entre mim e Connor tornava o ar mais denso na mesa, me sufocando gradativamente.

Depois da discussão que tivemos, eu havia me trancado a sete chaves no quarto e chorado como se tivesse assistido a reprise de Um amor para recordar, como da última vez em que assisti com a minha melhor amiga Alex.

Os meus olhos haviam inchado tanto que facilmente podiam ser comparados a duas almôndegas rolicas grudadas no meu rosto. Porém, eu havia usado tanto pó que até mesmo um membro da família Adams iria parecer bronzeado perto de mim.

—Eu e Hailey saímos de manhã para comprar algumas coisas que estavam faltando para o natal. Também pedi pra ela pegar algumas caixas que estavam no porão para começar a decoração. -Mamãe diz animada, distribuindo os hambúrgueres em nossos pratos. -Ah, querido, obrigado por ter ajudado Hailey com as caixas. Ela sempre acaba gripada quando passa muito tempo naquele porão.

Connor apenas assenti com a cabeça em reconhecimento, mas não se dá ao trabalho de erguer a cabeça.  

Me obrigo a desviar o olhar.

—E está gostando da faculdade, Connor?-Mamãe pergunta educadamente.

Pelo canto do olho, percebo que ele ergue a cabeça para responder. Rapidamente abaixo a cabeça e como com um empenho invejável o hambúrguer.

—Sim.

—Sua mãe sempre disse que você se sairia muito bem no ramo da engenharia civil. Por causa do números. -Mamãe comenta, sorrindo. -Para mim qualquer coisa relacionado a exatas é extremamente complicado.

—Gosto de coisas complicadas. -Ele brinca e, por algum motivo inexplicável, eu ergo o olhar e me deparo com seus olhos me fitando.

Aquilo foi uma indireta?!

Ele desvia a atenção e eu volto a respirar.

—Hum. -Mamãe resmunga e me olha de soslaio.

—Hailey, a sua alergia voltou a atacar?-A voz inocente do papai me leva do céu ao inferno em questão de segundos.

De acordo com o meu pai a minha alergia era como uma companheira constante. Eu tinha alergia a pêlo de qualquer animal. Por isso, quando os gatos da minha vizinha invadiam a nossa propriedade eu já começava a espirrar para todos os lados e a fungar como se estivesse gripada.

O problema era que para o meu pai tudo era a minha crise alérgica atacando. Para ele quando os meus olhos inchavam e o meu nariz se transformava em um verdadeiro nariz de palhaço já eram motivos o suficiente para ele me entupir de remédios antialérgicos. Nunca passava pela cabeça dele que eu poderia ter tido uma crise séria era de choro.

—Por que está usando maquiagem?-Riley pergunta com a expressão confusa, me fazendo encolher de vergonha.  

Alguém iria reparar se eu matasse o meu irmão?

—Agora, eu não posso mais passar um pó no rosto?-Retruco ríspida.

—Mas, você odeia maquiagem.

—Não odeio mais.

—Querida, se a Sra.Hemsley tiver deixado um daqueles gatos escapar, eu mesmo irei pessoalmente reclamar. -Papai fala irritado, já começando a ficar com as bochechas vermelhas. -Eu já falei quatros vezes com essa mulher, falando sobre a sua alergia.

—Eu não estou com crise alérgica. -Murmuro com os olhos voltados para o meu prato, sem conseguir olhar na direção de Connor.

—Mas, os seus olhos…

—Meu bem, ela não está com alergia. -Mamãe o corta, e só penso em me jogar aos seus pés e dizer mil palavras de agradecimento.

Mais constrangedor do que isso não poderia ficar.

Era o que eu pensava.

☆☆☆

Depois do jantar os meus pais haviam se recolhido para descansarem, já que no outro dia iriam trabalhar. Riley havia saído com alguns amigos, como sempre.  E eu havia me refugiado no balançador nos fundos da minha casa, apesar da neve.

Estava olhando para o céu estrelado, quando o meu celular tocou estridente.

Não consegui evitar o sorriso no meu rosto quando vi o sorriso animado de Alex pela tela do celular.  

Ela havia viajado no começo das férias para o Hawaii. Alex vivia todo o ano letivo com o seu pai, e nas férias sempre pegava o primeiro avião para as ilhas passar o restante do ano com a mãe.

Aloha!

Aloha, paçoquinha!

Ouço o seu resmungo do outro lado da linha.

Ela odiava aquele apelido, mas do que odiava brócolis e pimenta.

—Você não tem medo do perigo, Couston. -Ouço uma voz fina do outro lado da linha e uma bufada de Alex. -Mamãe tá fazendo faxina e quer que eu ajude. Não conhece a filha que tem.

Arregalo os olhos desacreditada.

Da última vez que eu pedi para Alex me ajudar com a faxina, ela havia derrubado água sanitária no tapete de sala e deixado uma enorme marca branca do tamanho do traseiro de uma vaca no local.

—Diz pra ela que ela ficou louca.  

—SR.CASTLEN NÃO FAÇA ISSO!-Grito o mais alto que posso e ouço uma risada vindo, muito, provavelmente, da mãe de Alex.

—Está vendo, mãe! Eu avisei!-Alex fala mais algumas coisas e volta para o celular. -Como está aquele você sabe quem?

Alex tinha uma certa obsessão por Harry Potter, como uma perfeita nerd. E ela havia metido na cabeça que Connor era como o lorde das trevas, vulgo Voldemort.

—Um saco. Insuportável e todos os piores adjetivos que pode encontrar para ele.

—Se ele fizer algo, é só me mandar sinal de fumaça que eu decepo as coisas preciosas dele.

—Pode deixar que eu mesma faço isso. Eu não vou suportar, Alex. -Desabafo, enterrando a cabeça entre os meus joelho, vendo acerca de cabeça para baixo.

—Não foi assim que eu te criei, Hailey! Vamos lá, eu sou gostosa

—Ah, não. -Gemo em negação, mas um ronco parecido com uma risada escapa dos meus lábios fazendo Alex rir junto.

—Só vai funcionar se você repetir.

—Eu não vou falar isso em voz alta.

—HAILEY!-A sua voz troveja do outro lado. -REPITA!

—Eu sou gostosa. -Sussurro baixinho, revirando os olhos.

—Melhorou. E eu vou decepar as coisas preciosas de Connor se ele disser o contrário. Repita.

—É isso. Tchau, Alex.

—Hailey, não desligue na minha…

De repente, ouço um pigarro e rapidamente ergo a cabeça.

—Posso falar com você?

Sinto como se uma máquina a vácuo puxasse todo o ar de dentro de mim quando ergo o olhar e Connor aparece na minha frente. 

—Preciso desligar, Alex. -Sussurro antes de encerrar as pressas a ligação.

Me endireito no balançador e tento não entrar em pânico.

—Não quis interromper, não vi que estava no celular.

—Tudo bem. -Respondo cautelosa, guardando o aparelho no bolso do meu casaco. -O que quer?

—Falar com você.  

—Esta tarde. Preciso entrar.

Sem dar tempo para que ele argumente, me ergo do balançador e amasso a neve a medida que passo ao seu lado, dando uma enorme volta para aumentar a distância entre nós. Mas de nada adianta os meus esforços, pois Connor me para com a mão no meu cotovelo.

Abro a boca pronta para mandá-lo me soltar, mas ele me atropela, passando na frente.

—Hailey, por favor, vamos conversar. -Suas sobrancelhas se arqueiam e seu maxilar se contrai. Ele dá um passo para mais perto e a sua cabeça se inclina em direção a minha, como se fosse um girassol se inclinando em direção ao sol. -Eu nunca quis te magoar…

—Guarde as suas desculpas para alguém que acredite nelas. -Digo friamente, puxando o meu braço para longe do seu agarre. -Boa noite, Connor.


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Notas finais do capítulo

Comentem e façam uma autora muito feliz :3
Bjss e até o próximo capítulo!!!



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