Palavras que machucam escrita por Bora ser feliz


Capítulo 10
Espera infinita


Notas iniciais do capítulo

Oiiee!!! Sorry a demora eterna, but aqui estou com um capítulo que espero do fundo do coração que gostem :3
Aos que ainda estão aqui e os que não estão tão bem. Obrigado por ainda continuarem lendo!!
Desculpem os erros.



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Contei vinte vezes o número de círculos que fiz sobre o tapete do meu quarto. Contei dez vezes o número de vezes que fiz e desfiz o coque apertado no alto da minha cabeça. E contei cinco vezes o número de vezes que abri a caixa de mensagem do meu celular.

Porém, contar não fez nenhuma diferença. O que fez  diferença foi o som de um carro roncando estacionando no meio fio.

Paraliso com as mãos apoiadas na janela congelada, os olhos atentos aos passos firmes e aos ombros erguidos de Connor a medida que ele sai do carro e bate a porta com tranquilidade.

Meu olhos voltam para o carro brilhante, minha visão aguça tentando desvendar quem era a figura por trás do vidro fumê. Tentando desvendar o porquê do meu coração estar murchando que nem um balão estourado a medida que penso na hipótese de ser uma mulher no banco do motorista.

Bufo irritada e me desvencilho da janela, brava comigo mesmo. E no outro instante, já estou lá, na mesma posição feita uma largatixa amassada. Seguindo cada passo de Connor como se fosse o último.

Eu sabia que não deveria estar o observando, mas era mais forte do que eu. Tudo relacionado a Connor me fazia sentir débil e fraca.

Não consigo parar de pensar no que ele havia dito, na sua expressão sincera e em suas palavras. E, talvez, tenha sido por isso que eu tenha descido as escadas com um skatista no calçadão da praia, derrapando no último degrau, e aberto a porta sem nem mesmo hesitar.

Um galho se parte ao longe, o vento chia ao passar pela porta e meu coração treme no peito. Quase consigo escutar o entoar triste de alguns grilos ao longe, meu corpo oscila em direção ao de Connor como se ele fosse o centro da minha gravidade.

Ele desce a mão lentamente, a chave tilinta entre seus dedos e sua expressão se torna fria, tão fria quando a brisa gélida do inverno que se agarra aos meus tornozelos e penetra pela minha calça do pijama.

Abro a boca para dar vazão as palavras entaladas na minha garganta que vibram para sair, porém sou interrompida por um som de buzina estridente.

Olho por cima do ombro de Connor bem a tempo de ver uma loira platinada dar um aceno rápido e sorridente. E o pior que ele é retribuído com igual entusiasmo.

O carro dobra a esquina e meu coração se estilhaça em mil pedaços. Porcaria de cacos.

— Você deixou a tampa da privada levantada.

Connor franze a testa em pura confusão.

Desvio o olhar, mortificada por dentro, mas inabalável por fora.

— A tampa da privada…- Cruzo os braços e pigarreio. -  …Você deixou levantada.

— Você veio abrir a porta para mim só para me dizer que eu deixei a tampa da privada levantada? - Abro a boca, mas fecho logo em seguida com uma careta, plenamente consciente da incredulidade na sua voz. Aceno rápido. Connor onstenta uma expressão trocista quando volta a falar. - Perdoe-me por esse enorme e imperdoável falha, Hailey. Tentarei abaixar a delicada tampa da privada na próxima vez para que você não se sinta ofendida pelo meu desleixo.

Connor abre passagem aos trancos ao passar por mim. Seu torso roça o meu e por um momento prendo a respiração.

Fecho a porta e miro ele na escuridão da sala.

Aonde eu estava com a maldita da cabeça? Provavelmente na privada junto com o meu cérebro feito de titica de galinha. De todas as merdas que eu poderia ter falado, aquela, sem dúvida alguma, batia o recorde dos recordes.

As pisadas dele pela sala são suaves, ele coça a nuca e me ignora completamente, como se eu não estivesse ao pés da porta o encarando com os lábios franzinos e a expressão fechada.

Ele para na soleira da porta que leva a cozinha e se vira lentamente. A luz do lado de fora faz uma sombra sobre o seu contorno e eu prendo a respiração quando o seu olhar enervante sustenta o meu.

— Tem algo a mais que queria reclamar? Por que se não, eu gostaria de comer em paz agora.

A frieza da sua voz me faz recuar.
Não há brechas na sua postura, qualquer porta que ele manteve aberto para mim naquela noite foi fechada a sete chaves.

— Você sumiu.

Sua expressão não muda pela mudança de assunto. Ele se apoia no umbral da porta e cruzo os braços, os cabelos cobrem parte do seu rosto. 

— Pensei que era isso que queria.

— Eu não disse que queria que sumisse. Eu não disse nada. - Enfatizo com os braços cruzados na frente do peito. - Você que supôs isso.

Uma risada fria flutua pelo ar tenso da sala de estar e me atinge como um raio de duzentos volts no peito.

— Não desafie a minha inteligência, Haley. - Abro a boca para retrucar, mas ele descola da porta e anda a passadas lentas até mim. - Vamos aos fatos: você é alérgica a mim, basta eu me aproximar que você se eriça mais do que gato antes de tomar banho. Minha presença é tóxica a você, e sinto que se eu caísse duro no chão nesse exato momento, você dançaria sapateado em cima do meu cadáver em comemoração.

Ofego horrorizada. Recuou e meu quadril bate de encontro a mesinha ao lado do sofá, mas Connor age rápido e apanha o abajur que balança perigosamente. Seu braço roça a minha cintura e sua respiração se mescla a minha.

— Isso não é verdade. - Sussurro com uma pressão horrível no peito.

Ele passeia com a língua no lábio inferior e eu sigo o movimento com olhos arregalados. Seu lábio brilha úmido com a fraca luz que o atinge e os olhos de Connor se cerram, estudando o meu rosto com a expressão compenetrada.

— Assim como não é verdade que seus olhos piscam mais do que esses pisca-pisca quando mente. - Zomba.

— Já que entrou nesse ponto. Quem está mentindo aqui é você, Romeu. - Acuso e me seguro para não afunda o dedo no seu peito.

Ele solta um chiado incrédulo e recua com a expressão desacreditada.

— Eu?

— Sim, você. Sua boca é uma metralhadora de mentiras e o seu coração é uma rocha …. - Avanço um passo e ele recua. - Como pode me dizer todas aquelas coisas e depois sumir e logo aparecer com uma loira oxigenada que tem mais química no cabelo do que a minha vizinha de oitenta anos ?!

Cruzo os braços e Connor parece inflar de raiva.

— Para a sua informação, senhorita dona da verdade e de todas as outras coisas. Aquela loira oxigenada era uma amiga da minha mãe que me viu andando sozinho na rua e me ofereceu uma carona. - A sua resposta é como um balde de água fria aplacando a minha raiva. - E sobre hoje, tudo o que eu falei é a mais pura verdade.

Nego com a cabeça. Me sinto tão envergonhada que só consigo olhar para os meus próprios pés. Cuspo um pedido de desculpas esfarrapado que só as leis da etiqueta nos obrigam a falar. Porém, por dentro sou pura caos. 

Uma dor irradia atrás dos meus olhos até a minha nuca, me fazendo fechar os olhos. Me sinto navegar em um mar caótico, a deriva, esperando por um bote salva-vidas para me tirar daquela tempestade confusa.

— Isso é tão confuso. - Sussurro.

— Não precisa ser.

— Não sei se você percebeu, mas eu estou perdida em meio a tudo isso.

Assinalo com as mãos o espaço entre nós de uma forma desengoçada.

— Então, me deixe me perder com você.

Seu olhar me mata internamente. É intenso e abrasador. Aquece-me por dentro e bani o frio que me domina.

— Me deixe te encontrar em meio a isso tudo.

Em segundos, o bico do seus sapatos finos se alinham aos meus pés, sua respiração se mistura a minha.

Nego com a cabeça.

— Não é tão simples. - Sussurro. Meu olhar encontra o seu e eu me sinto sugado para dentro daquelas íris estreladas.

— Não entende que as melhores coisas não são?

Sua boca se curva, seu corpo se curva. O seus olhos refletem as constelações do céu.

E tudo gira em um espiral confuso.

Seus dedos encontram o caminho em direção a minha cintura no escuro, sua respiração errática acaricia minha face e seu nariz roça o meu em um movimento efêmero. E tudo que eu penso é: eu quero mais. Mais de suas mãos quentes, mais dos seus sorrisos quebrados e mais do seus olhares enervantes. Eu quero o todo. Por inteiro.

Seus lábios raspam os meus e, então, tudo explode. Me sinto o próprio big bang, explodindo em mil pedaços. Não há chão, não há ar. Só há uma explosão de fenômenos vitais.

Amasso o tecido de sua camisa entre meus dedos ansiosos, erguendo-me além das pontas dos pés, provando do mais doce sabor do mundo.

Seus braços me rodeiam e eu vou de encontra ao seu coração acelerado. Sentido as batidas falhas com as pontas dos dedos.

Meu quadril bate de encontro a mesinha, seu corpo se curva sobre o meu, não há controle. E isso nunca foi tão bom.


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Notas finais do capítulo

Comentem e deixem uma pessoa mega Feliz!!
O que acharam do capítulo ?? E do primeiro beijo deles?
Espero que tenham gostado :D
Bjs e até próximo capítulo amorecas♡♡!!



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