Ensina-me a respirar escrita por Soyer


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo






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— Calma, Daniel sei que está preocupado com o seu pai, mas você não dorme desde ontem. Dá Califórnia ao Rio de Janeiro é uma viagem longa, deveria mesmo aproveitar esse tempo no avião para descansar um pouco. — Falou Melissa com preocupação na voz.

— Melissa, meu pai está morrendo, mesmo ele não sendo o melhor pai do mundo, ele ainda é meu pai! — Bronqueei tentando me ajeitar na poltrona incomodado.

— Meu amor, eu sei que está preocupado, mas você precisa descansar um pouco. —Melissa estava mexendo na bolsa que tinha em seu colo, retirou um comprimido e pegou um copo d’água estendendo-os para mim. — Isso é um calmante leve, tome-o e descanse um pouco, assim que chegarmos eu te aviso!

Não estava muito a fim de tomar aquilo, nunca precisei tomar esse tipo de medicamento, porém não queria deixar Melissa preocupada, então resolvi tomar o remédio. Logo senti o efeito da droga, me sentia muito sonolento e aos poucos fui apagando.

— Daniel? — ouvi uma voz — Amor, chegamos! — Melissa me acordava com cautela e carinho.

Quando descemos do avião, um helicóptero já estava à nossa espera para nos levar a Barra da Tijuca, onde ficava o hospital em que meu pai se encontrava.

A cada minuto ficava mais nervoso, não sabia direito o que meu pai tinha, senti que minha mãe ao ligar estava me escondendo alguma coisa e eu temia pelo pior.

Assim que chegamos no terraço do hospital, fomos direto para a sala onde meu pai estava, logo que virei o corredor, notei que Júlia, minha amiga de infância e minha mãe estavam conversando fora da sala. Júlia abraçava minha mãe enquanto ela chorava.

Aproximei-me a passos largos com Melissa ao meu lado, minha mãe ao me ver, andou em minha direção e sem dizer absolutamente nada voltou a chorar agora em meus braços.

— Meu filho, ainda bem que chegou, o Dr. Andrade está com o seu pai, ele disse que a infecção se espalhou pelo corpo... — começou a contar minha mãe em desespero.

Rapidamente a afastei, sem delongas entrei no quarto e vi que meu pai estava ligado em muitos aparelhos, sua aparência estava horrível.

Dr. Fernando observava o monitor ao lado do meu pai com uma prancheta em mãos. Meu pai me seguiu com o olhar, no monitor pude notar que nesse momento seus batimentos aumentaram.

Aproximei-me dele, meu pai sempre foi um homem forte, vê-lo naquele estado era como ver um gigante cair a minha frente, seus olhos estavam inchados e sua pele apresentava uma brancura anêmica.

— Pai? – a voz quase não saira. — Como esta se sentindo?

— Da...niel, — disse ele com dificuldades.

— Doutor, o que aconteceu? — perguntei rapidamente.

— Daniel — falou Dr. Andrade. — como você sabe o histórico de saúde do seu pai é bem delicado, e há alguns dias ele pegou uma infecção que acabou piorando o seu quadro. Acreditamos que ele deva ter comido alguma coisa que continha bactérias que acabaram se espalhando pelo estômago, como ele já tinha um histórico de Úlcera, essa bactéria saiu do estômago e se espalhou para os outros órgãos. Devido a saúde frágil de seu pai acreditamos que seu corpo não conseguiu combater a infecção.

— Da...niel — ouvi meu pai chamar.

Voltei a atenção ao meu pai, peguei sua mão, estava tremendo. — To aqui pai, pode falar!

— Você é meu único filho. — disse ele pausadamente e com dificuldades. – Não estrague o que eu construí e ... não.. confie em ninguém.

O Monitor disparou, ele parecia sufocar ao mesmo tempo em que me olhava fixamente.

Rapidamente algumas enfermeiras chegaram e o Dr. Andrade começou a dar comandos às enfermeiras e aplicar alguns medicamentos no meu pai.

Um enfermeiro me tirou da sala, ouvia minha mãe perguntar o que estava acontecendo, meu mundo parou, aqueles olhos ficaram na minha mente, pude ver decepção e rancor, naquela noite meu pai morreu e uma parte de mim foi junto com ele.

     


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