Destinos Entrelaçados escrita por Laura no Taishou, LyraLovesYou


Capítulo 4
A Madre Syndel




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Valkyon olhava fixamente para Nix, estava assustado com a reação repentina da raposa, afinal, não esperava isso vindo de alguém tão orgulhoso.


— O que você quer dizer com isso?... – Perguntou Valkyon, sem entender nada do que acontecia.
— Você se diz se importar tanto com ela, mas só se importou em procurá-la depois de anos e anos! – Gritou Nix, como se reclamasse de suas atitudes. — Desde que ela desapareceu, estive pesquisando sobre conexões espirituais para apenas ter alguma ideia de onde ela poderia estar! Só de pensar que ela te amava tanto... Eu fico com nojo. – Comentou a raposa. — Essa Guarda de Eel... ela me desaponta mais a cada dia.

Valkyon nada disse, Nix tinha razão em sentir nojo dele, mesmo que ela não soubesse pelo o que ele teve de passar. O maior explicou o motivo pelo qual não saiu em busca antes: a Guarda de Eel, ela havia ocultado algumas informações, dizendo que o motivo era claramente a segurança de todos no refúgio. Valkyon havia tido a notícia de que Chisuzu havia sido levada por daemons, mas assim que contou aquilo, Nix o olhou com uma feição espantosa.


— Daemons? – Repetiu a raposa, com um tom meio pensativo. Nix caminhava de um lado para o outro, como se tentasse lembrar de algo, quando então se ouve estalos de dedo. — SIM! Eu lembrei!

Nix virou-se para Valkyon e lhe encarou, afirmando que, quando Chisuzu desapareceu, ela própria fez questão de seguir todos os rastros possíveis, faria de tudo para resgatar sua amiga, ou pelo menos seu corpo. A raposa contou que havia, sim, encontrado Daemons ao qual chegaram de terras distantes, mas os possíveis rastros em relação à sua amiga havia, em sequência, sido criados por uma outra raça.


— Uma outra raça? Do que está falando? – Perguntou Valkyon, sentindo seu coração batendo com o soar de um tambor. — A Guarda fa- – Nix o interrompeu.
— E você acreditou nas mentiras deles? – Perguntou, quase instantaneamente. — Não procurou saber mais?
— Eu... – Valkyon abaixou seus olhos, não tinha respostas para tal pergunta.
— Como eu imaginava. – Comentou a raposa. — Você não sabia a verdade, e nem procurou saber... pelo menos até o momento. – Nix acabou suspirando, como se não estivesse surpresa. — Certo! Eu cheguei a uma conclusão, o líder dessa sua Guarda é egoísta e mentiroso, não os membros. Quem é o líder de qualquer forma? Chisuzu nunca tinha me contado, mas ela reclamava bastante dele. – A raposa olhava para uma árvore. — Ah sim, é uma mulher, certo? Chisuzu se referia à esse líder como "ela".
— É uma kitsune chamada Miiko, eu tenho que concordar que ela pode ser mentirosa e orgulhosa às vezes... Mas ela é uma pessoa boa, sempre foi para o bem da Guarda, eu só não esperava que ela enganaria todos desse jeito.

Nix podia ver com clareza a mistura de tristeza e decepção no rosto de Valkyon, ela sentia a angústia na alma do homem. Desde o momento em que ela o encontrou, ela já percebera que ele passou por muitos problemas em sua vida, essa notícia apenas piorou tudo.


— Foi bem idiota acreditar em alguém que tem um histórico de mentiras, a minha "raça" é uma vergonha para esse mundo. – Nix pegou Drafayel, que a encarava com uma feição de curiosidade. — Eu sei, Drafayel, é complicado entender as idiotices que criaturas com um cérebro e a capacidade de pensar e raciocinar podem fazer, que bom que você é uma mascote!

Drafayel fez outro barulho fino de satisfação, pulando no ombro de sua dona e se aconchegando.


— De qualquer forma, nós viemos aqui para falar com a anciã cegueta, certo? Então vamos logo, não temos tempo a perder.

Nix pegou a mão de Valkyon e começou a guiá-lo pela trilha, foi uma caminhada tranquila pela floresta, até chegarem nas escadas para subir o pico; escorregar ao andar por elas não custava nada, elas não eram muito longas, mas poderiam ser mortais.
Ao chegarem no topo do pico, Nix e Valkyon se depararam com um templo extremamente pequeno, sem paredes, com apenas pilares de pedra para erguê-lo, entre algumas árvores e flores que cercavam o chão. Dentro do pequeno templo, estava a anciã, sentada em uma almofada com um pote cheio de incensos acendidos ao seu lado. O cheiro que vinha dos incensos era estranho, mas agradável, como se fosse de alguma planta amarga.


— Psiu. – Sussurrou Nix, agarrando-se ao braço de Valkyon e lhe chamando a atenção. — Não deixe que ela escute minha voz, em hipótese nenhuma.

Valkyon se aproximava enquanto a raposa se mantinha em mesmo lugar, o cheiro dos incensos era tão forte que provavelmente faria Chisuzu delirar, afinal, ela possuía um olfato muito apurado. O maior se aproximava da figura ao centro quando percebeu que se tratava de uma... serpente? Syndel estava com seus olhos fechados e no menor dos ruídos, exatamente quando Valkyon se sentou à sua frente, ela abriu calmamente seus olhos.


— ... – Valkyon estava prestes a falar, havia abrido sua boca quando a Madre Syndel levantou uma de suas mãos, sinalizando para que ele tivesse calma.
— Eu não recebo visitas desde... sempre, eu acho. – Comentou a seprente idosa, de maneira lenta e calma. — Mas vejo que trouxe algo para mim.

Valkyon entregou o que havia levado como oferenda, e estranhamente a serpente à sua frente, mesmo cega, já sabia em qual direção deveria levar sua mão. Syndel agradeceu em uma língua antiga, como se não soubesse dizer um "obrigada", começando então a responder às perguntas de Valkyon, mesmo sem ele dizer nada.


— Você veio, de tão longe, apenas para procurar sua amada satyr? – Perguntou Syndel, como se pudesse invadir seu coração. — Chisuzu... ela era cheia de vida, adorava passar horas e horas cercada por toda a energia da terra, mesmo sendo de uma tribo de... lobos, se bem me lembro.
— Ela era realmente cheia de vida. – Comentou Valkyon, com um tom de lamento, mesmo que inconscientemente.
— Me lembro de uma das últimas vezes em que esteve aqui, ela havia me dito que havia entrado para a Guarda de Eel, eu senti orgulho dela quando soube disso. – A serpente levou uma de suas mãos até seu peito, puxando de debaixo de suas vestes de monge, um colar com um pingente de cristal. — Ela me pediu que guardasse isso em um lugar seguro, pois precisava proteger duas coisas. Chisuzu sabia onde estava a fechadura, e pediu que eu guardasse a chave que a abre.
— Uma chave? – Repetiu Valkyon, olhando para o tal pingente. Era um colar comum, na verdade, uma pedra cristalina de tom roxo. — Eu me lembro dele, Chisuzu não o tirava por nada... mas é apenas um...
— Um colar simples e inofensivo, você dirá. – Respondeu Syndel, guardando o colar. — Ele foi criado exatamente para isso, jovem: parecer inofensível e inútil. – Madre Syndel finalmente o olhava diretamente, e Valkyon sentia-a olhando em sua alma. — Chisuzu sabia o que estava fazendo e sabia das conseguências; era a sua Guarda inteira ou ela, e ela preferiu se sacrificar por um bem maior.
— Mas-
— A Guarda mentiu, eu imagino. – Comentou a anciã. — Chisuzu estava certa do que faria, ela desejava proteger o maior número possível de vidas, mesmo que isso lhe custasse sua vida. – A cobra olhava em seus olhos, como se pudesse enxergar. — Acredite, Chisuzu não está morta, nunca esteve morta embora quisessem que ela parecesse estar, mas eu sei que seria bem melhor se ela tivesse morrido antes de tudo aquilo começar.

Valkyon estava em choque, todas as dúvidas que tinha sobre Chisuzu ainda estar viva se foram, ele ainda pode encontrá-la, mesmo que seja quase impossível. Ele não tem tempo a perder, ele se levanta e pergunta se há mais alguma coisa para lhe informar e pede o colar, mas quando a anciã estava prestes a falar, ela fecha sua boca e começa a olhar em sua volta.


— Aquela raposa está por aqui, não está? Eu sinto sua presença...

Valkyon olha para trás e se dá de cara com Nix, a raposa estava sorrindo maliciosamente, Drafayel estava em seu ombro, segurando o colar, com orgulho em sua face. Valkyon arregalou seus olhos, não acreditando que Nix tinha feito isso.


— Vamos apenas correr. – Nix sussurrou. — Essa era a intenção desde o início, eu odeio essa anciã.

Nix pegou a mão de Valkyon e saiu correndo, sem olhar para trás. O homem se encontrou nervoso, Nix desrespeitou uma anciã, era possível ouvir a anciã gritando aos fundos que iria os encontrar.
Eles desciam as escadas rapidamente, sem prestarem atenção em seus passos, e infelizmente, Nix acabou tropeçando nos ultimos degrais e caiu, levando Valkyon e Drafayel junto. Cada um caiu sobre algo que amorteceu sua queda, mas... O que será que era?

Valkyon olhou para abaixo, apenas para se surpreender com uma Melomantha que parecia estar tonta e machucada, mas surpreendentemente estava viva ainda. A meeper caiu em uma bagunça de cabelos azuis, ela olhou em volta e se deu conta de que estava em cima de um humanoide, Drafayel desceu da cabeça do homem assim que ele começou a esfregar sua cabeça, tentando tirá-la de lá, e no processo ela acabou roubando uma das poções que estava no cinto dele. Isso definitivamente não agradou muito o homem visto que ele soltou um suspiro de frustração antes de ir tentar pegar a Meeper. Nix caiu em cima de um par de pernas, ela olhou para o lado e viu uma garota com fios brancos cobrindo seu rosto inteiro, com uma feição confusa.

Os dois grupos se encontraram.

 

FIM DO EPISÓDIO.


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