A noite estava linda, o céu era coberto por incontáveis estrelas e a lua brilhava, prateada, cheia. Era o festival da colheita na gélida Freljord, era até estranho pensar que algo pudesse crescer no gelo do norte de Valoran, mas o trigo lá produzido alimentava não só a própria Freljord como também tudo o que vive ao norte da Grande Barreira. Muita gente chegava para a grande festa na Praça de Avarosa e já se podiam ouvir os músicos ionianos se apresentando com um variado repertório. Ashe, a Arqueira de Gelo, era a primeira das três rainhas a chegar, porém, ao invés de se sentar em um dos tronos posicionados na seção real da praça, ela permaneceu na entrada junto a seu escudeiro Braum, o Coração de Freljord, para recepcionar todos os que chegassem e não demorou muito para que a segunda rainha chegasse. Sejuani, a Ira do Inverno, montada em Bristle, seu inseparável javali que a carregava no lugar de suas pernas, chegou junto com Olaf, o Berserker, o clã da Garra do Inverno e Volibear, o Rugido do Trovão, liderando a manada dos Ursine. Todos, com exceção da rainha, foram até Gragas, o Badernista, para começarem a se esbaldar com Graggy Ice, a famosa bebida criada pelo badernista e famosa em toda Valoran.

“Rainha Sejuani, aceita uma ajuda?”, disse Braum.

“Serei grata”, respondeu Sejuani.

Braum ajudou a forte mulher a descer de Bristle e carregou-a até um dos tronos da Praça. Enquanto caminhavam, Ashe e Sejuani comentavam sobre os últimos acontecimentos em Freljord e ponderava sobre a possibilidade da       terceira rainha aparecer no festival, ocasião rara desde a unificação das tribos. Quando Braum acomodou Sejuani em um dos imponentes tronos, ele disse.

“Eu pedi que Kyle fosse convidá-la”.

“Ah, o jovem Guardião, ele fez tanto por nós...”, comentou Ashe.

“Apesar de que eu nunca tive o prazer de ouvir a história dele, ele meio que apareceu em um dia conturbado e depois nunca pude mais saber o que ele exatamente fez por onde passou.”, replicou Sejuani.

“Braum o encontrou quando ele era uma criança, se não tivesse pelo garoto, talvez nós ainda estivéssemos em guerra.”, disse a Arqueira de Gelo.

“Bem, isso é verdade, mas o que ele fez por Freljord foi pouco comparado ao que ele fez por toda Runeterra.”, disse Braum.

“Sei que ele lutou contra o Vazio explorando as ruínas de Icathia e se tornou o mais bem sucedido defensor de Piltover, mas nunca entendi como tudo isso aconteceu.”, disse Sejuani.

Enquanto conversavam, Lissandra, a Bruxa Gélida e terceira rainha de Freljord chegava ao local junto com Trundle, o Rei Troll, e mais um grupo de trolls loucos por uma bebida. A gélida feiticeira logo se aproximou dos tronos onde estavam as rainhas e acomodou-se no trono restante.

“Boa noite, queridas. Kyle me entregou o convite para o festival. Avarosa é tão generosa com Freljord nessa época do ano, mal consigo acreditar. Vocês enviaram o rapaz?”, disse Lissandra.

“Eu o enviei, mas onde ele está? Ele não voltou com Vossa Majestade?”, perguntou Braum.

“Não, ele comentou algo sobre ter que voltar para Piltover e tomou a Estrada Leste pelas Montanhas Ironspike, o garoto não teme o frio.”, respondeu Lissandra.

“Estávamos falando dele há pouco.”, comentou Sejuani.

“Braum, você foi o mentor do rapaz por muito tempo, deve conhecer bastante sobre a trajetória do nosso estimado guardião.”, disse Ashe.

“Tudo o que posso dizer é que sua determinação derrete até gelo verdadeiro e seu coração é cheio de segredos”, comentou a Bruxa Gélida.

Nesse momento, Yasuo, o Imperdoável, subia ao palco para sua aguardada apresentação de flauta. Muitos ali se ajuntaram próximo ao palco para assisti-lo e, mais ao longe, Riven, a Exilada, assistia com gosto a apresentação de seu rival enquanto uma brisa de neve invadia a praça, movimentando-se de acordo com o ritmo da flauta do espadachim ioniano.

“Bem, já que desejam conhecer a história do garoto, vou lhes contar com muito prazer.”, disse Braum.

“Isso seria formidável.”, comentou Sejuani.

Braum acomodou-se sobre seu enorme escudo e preparou-se para iniciar seu conto.

“Vou lhes contar a história de um menino com a astúcia de uma águia e a tenacidade de uma cabra, que viajou pelos confins de toda Runeterra e mudou completamente a vida daqueles com quem conviveu.”, disse com pompa o grande bigodudo.

“Acho que nunca entenderei certas comparações do Braum.”, sussurrou Sejuani para a Bruxa Gélida que acompanhou com um pequeno sorriso.

“Pois bem. Era uma noite qualquer na gélida Freljord...”.