31 de agosto, 2024

— No três você pula em cima dela, beleza?

Ouço uma voz bem lá no fundo enquanto ainda estou deitada em minha cama apreciando o meu tão esperado sábado. Então desperto, mesmo sem abrir os olhos e reconheço a voz e dou um sorriso mínimo.

— Nem pense nisso, Silena – ouço ela bufar, então a risada mais gostosa do mundo inteiro.

— Bom dia, mamãe – um pequeno peso pula em cima de mim e logo sou envolta por pequenos braços.

— Bom dia, meu amor – me sento na cama com Theo no colo e lhe dou um beijo na testa – Não posso deixar meu filho um dia com você e você já quer corrompe-lo?

— Quero ver desligar esse carinha aí, ele não parou desde ontem – Silena diz enquanto senta ao meu lado na cama fazendo cócegas em Theo, que se debatia em meu colo e gargalhava.

— Para, tia, por favor – ele pedia em meio a risadas enquanto eu ria junto, Silena parou e Theo respirou fundo e levantou pulando na cama – HOJE O VOVÔ VAI VOLTAR DE VIAGEM.

— Nunca dá pra desligar ele quando meu pai vem nos visitar, nunca vi coisa igual, queria muito saber o que os Srº McLean fazem quando estão juntos – digo olhando para Theo, que para de pular na cama e me olha sério.

— É segredo mamãe, já te falei – e então volta a pular na cama.

— Tudo bem, eu me rendo – digo e olho para Silena que ainda encarava o sobrinho com um sorriso bobo no rosto – O que você vai fazer hoje?

— O que NÓS vamos fazer hoje, degustação de bolos do casamento – ela diz sorrindo e bate algumas palminhas.

— Que horas isso? Tenho que esperar meu pai chegar para buscar o Theo - no mesmo instante meu celular começa a tocar e olho e vejo que é meu pai – Bom dia, pai.

— Bom dia, Pipes. Tudo bem por aí?

— Tudo sim e com você?

— Bom... mais ou menos.

— O que aconteceu?

— Meu voo foi cancelado ontem à noite, deu uma tempestade aqui na Flórida e remanejaram para agora de manhã. Porém, ainda não foi autorizada a saída dos aviões até hoje à noite. Eu não poderei passar o dia com o Theo, só amanhã.

Respirei fundo e olhei para meu filho que agora assistia desenho na TV concentrado.

— Tudo bem, pai. Não é sua culpa. Amanhã nós passamos o dia com você - quando Theo ouviu isso se virou com uma carinha triste e ergueu suas mãozinhas para pegar o celular – Ele quer falar com você.

— Tudo bem, a gente se fala depois. Te amo, até mais tarde.

— Também te amo, até – entreguei o celular para Theo que logo perguntou o porquê do avô não poder passar o dia com ele – Parece que teremos um acompanhante hoje - Silena sorri e dá de ombros.

— Pelo menos ele irá se divertir comendo muito bolo – ela diz e ele desliga o telefone me entregando.

— Quem vai comer bolo? – ele pergunta com um sorriso gigante no rosto e os olhos azuis elétricos brilhando, era surreal o quanto ele se parecia com o pai no auge dos seus seis anos, enquanto a única coisa que havia herdado de mim eram os cabelos cor de chocolate.

— A gente – Silena responde e ele dá um grito de alegria, me tirando do transe.

— Então, o que estamos fazendo aqui? Vamos levantando e se arrumando, que hoje o dia vai ser longo – digo e ele levanta correndo indo em direção à porta.

— Me encontrem na confeitaria às 14h, não se atrasem – Silena diz se levantando e indo em direção à porta onde passa a mão no cabelo do pequeno que sorri para a tia, quando ouço a porta da sala se abrir e fechar me levanto e olho no relógio: 10h20.

— Quem quer me ajudar a fazer o almoço? – digo o pegando no colo.

— Podemos comer macarronada? – ele pergunta fazendo uma carinha fofa.

— Podemos – ele sorri e soca o ar como quem comemora um gol.

Depois de fazer o almoço e arrumar a cozinha, resolvo arrumar Theo para sairmos e logo depois de deixá-lo pronto no quarto assistindo TV, vou me arrumar. Fico pronta em 40 min e olho no relógio e vejo que já são 13h30.

— Melhor irmos, senão tia Silena ficará muito brava com a gente – digo pegando minha bolsa e as chaves do carro.

Vou em direção ao elevador enquanto Theo me conta tudo sobre o episódio novo do desenho favorito dele que ele assistiu com Silena ontem. No carro, o ponho na cadeirinha e vou em direção a confeitaria enquanto ele me fala como foi o dia na escolinha ontem, já que Silena o pegou pois tive uma reunião de última hora e não tinha como buscá-lo.

Ao chegarmos na confeitaria o manobrista abre a porta para mim e eu tiro Theo de sua cadeira, ele segura a minha mão e entramos na confeitaria onde Silena, minha mãe, Annabeth, Thalia e Clarisse já nos esperavam.

— Vovó! – Theo diz indo para o colo de Afrodite que abre um largo sorriso quando o vê.

— Oi, meu amor – ela diz enchendo ele de beijos e o manchando de batom – Oi, filha.

— Oi, mãe – digo dando um beijo em sua testa e logo cumprimentando as outras meninas – Charles não vem?

— Não, ele decidiu que eu deveria escolher o bolo e ele o buffet – Silena diz e apenas concordo com a cabeça.

— Ou seja, ficamos com a melhor parte das escolhas – Thalia diz e todas rimos enquanto Silena chama o garçom.

Depois de mais de 20 tipos de bolo diferentes e mais de uma hora e meia de degustação eu já não aguentava mais nem um mísero pedaço de bolo.

— Eu juro que se eu comer mais um pedaço eu vou explodir – Annabeth disse empurrando o último pedaço para o meio da mesa.

— Eu acho que vou ficar sem comer bolo por um bom tempo – Clarisse disse e fez o mesmo gesto que Annabeth.

— Pensem pelo lado positivo, a nossa era bolo, o dos meninos é um banquete – Thalia disse e todas concordamos. Todas ali pareciam estar à beira de uma overdose de bolo, menos Afrodite que ainda mantinha a pose fina e Theo que devorava seu 6º pedaço inteiro de bolo com um sorriso de mistura de chocolate, com chantilly e cobertura de morango.

— Esse menino é um saco sem fundo – digo enquanto limpo a boca de Theo que ri da piada – Pelo menos, decidimos qual sabor vai ser?

— Morango com framboesa e cobertura de chocolate branco – Silena diz apontando para um pedaço pela metade de bolo vermelho com cobertura branca.

— Definitivamente é esse – Thalia e Annabeth dizem juntas e Clarisse concorda.

— Com certeza o melhor – minha mãe diz e Theo balança a cabeça freneticamente.

— Comi dois pedaços desse – ele diz e todas rimos.

— Fechado então, vou fechar com a gerente então. Se quiserem indo, fiquem à vontade – Silena diz se levantando – Vejo vocês mais tarde, mamãe você vem comigo?

— Claro, querida – Afrodite diz e se levanta – Até mais, garotas.

As duas saem e eu e as meninas continuamos sentadas à mesa incapaz de nos levantarmos.

— O que acham de ir ao parque, dar uma volta? – Perguntei para elas e elas pareceram sair do transe.

— Vamos, é melhor do que ficar aqui chorando pelas calorias que ingerimos hoje – Annabeth diz olhando para os vários pratos de bolo em cima da mesa.

Nos levantamos e como o parque era logo em frente à confeitaria avisamos os manobristas que logo voltaríamos e deixamos os carros estacionados por lá. Theo dá a mão para Thalia e Clarisse e as duas brincam de o levantar pelas mãos, enquanto ele gargalhava, Annabeth andava ao meu lado.

— Quando Percy vai acordar e te pedir em casamento? – pergunto com um sorriso brincalhão no rosto e Annabeth vira o rosto com um sorriso bobo no rosto – Annabeth Chase, o que você está escondendo de mim?

— Credo, quanta desconfiança, McLean – ela diz com um sorriso largo.

— Quem não te conhece que te compre, Chase – digo emburrada enquanto ela dá uma risada.

Depois de um tempo caminhando, Clarisse foi embora pois tinha treino mais tarde de muay thai. Eu, Thalia e Annabeth nos sentamos em um banco perto de um parquinho onde Theo foi brincar e nós conversávamos sobre como havia sido nossa semana. Coisa que fazíamos sempre que a gente se via, ou seja, todo final de semana. Depois de alguns minutos, Theo vem andando até mim com uma cara séria, coisa que não era fácil de acontecer e eu paro de falar com as meninas e o pego no colo quando ele chega até mim.

— O que foi meu amor?

— Mamãe, por que tem um homem encarando vocês e por que ele está vindo para cá?

— Essa não – ouço Thalia dizer e praguejar baixinho enquanto olha para trás de nós.

— Piper?

Meu corpo trava, meu coração acelera e eu fico completamente sem reação ao reconhecer a voz. Me levanto ainda com Theo em meu colo, Annabeth e Thalia fazem o mesmo e eu encaro alguém que eu mais temia ver nesses longos 6 anos, quase 7, não por medo dele, mas medo da reação dele ao descobrir a verdade e me odiar para sempre.

— Piper...? – a voz dele falha ao me olhar. Seus olhos azuis elétricos, iguais aos do pequeno em meu colo, iam de mim para Theo e de Theo para mim.

— Mamãe, quem é ele? – Theo perguntou ainda com um semblante sério.

— Jason.