You Look So Cute When You Smile escrita por envy


Capítulo 1
Capítulo Único




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Eu não acredito. Não acredito MESMO! Vocês acreditam? Ein? Ein?

Eu... Ganhei o campeonato nacional de snowboard! E eu sou um pirralho de dezesseis anos. < Isso segundo o chato bobão do meu treinador.

O negócio do “pirralho”, porque eu tenho dezesseis, sim, táá?

Mas eu não ligo para aquele pamonha. Porque eu sou DEMAIS e consegui! Consegui! Medalha de ouro! AE!!

- Jim! – Ouvi-o gritando e correndo em minha direção.

Não sei bem o que houve, mas, apenas senti seus braços quentes me rodeando. Eu tentei me equilibrar para não cair, mas aquele idiota me derrubou no chão, naquele frio de gelar minhas células.

Ele continuava me abraçando e dizia “Jimmy! Você é genial! Você é O garoto mais foda do país! Você é... Meu garoto. MEU GAROTO!” e, meu Deus, eu só imagino o que seria de mim se eu ganhasse uma olimpíada internacional. Ele me sufocaria ou me levaria nas costas?

Se bem que eu queria que o meu técnico gostosão de vinte e dois anos me levantasse nas costas e a gente iria brincar de cavalinho em casa, né?

Que pensamento mais pervertido eu tive! Meu Deus, e a sua integridade, James?

- Vincent... Você... Está... Me sufocando...! – Consegui pronunciar enquanto ele continuava me abraçando. Eu provavelmente não tirei os meus grandes protetores porque aquilo estava amenizando o estado em que eu estava! Eu provavelmente poderia ser comparado com um camarão frito!

- Ahn... Jimmy, seu... Temos de comemorar! – Ele apenas disse isso, sem nem se importar com o estado em que eu me encontrava.

Certo que já fazia dois minutos que ele me abraçava ali na neve e, acredite, isso é muito tempo comparado ao tempo estimado que eu tenho pra picar a mula daquele estádio.

- Claro. Claro. Eu quero meu chocolate Galak que você prometeu. – Choraminguei falsamente enquanto ele me puxava para o pódio.

Retirei com muita dificuldade os meus óculos protetores e a touca. Meus cabelos provavelmente estariam um lixo de desarrumados. Meus lindos e brancos cabelos sedosos estavam parecendo espetos de churrasco apontando para diversos lugares.

Vincent riu enquanto me colocava de vez no pódio, no maior degrau e arrumava meu cabelo de forma apresentável.

- Lhe dou o chocolate, lhe dou minha vida se você quiser. Mas, por favor, apareça com um cabelo bonito na capa do jornal, tá bem? Das revistas... Tudo. Mas seja comparável às lindas patinadoras artísticas.

Esse idiota perfeccionista adora me comparar com dançarinas frescas de patinação artística.

- Eu sou homem, seu idiota! – Grunhi enquanto ele recebia a medalha e entregava para mim. Eu novamente troquei minha expressão para uma contente e peguei o objeto. Era pesado. Isso é ouro? Olhei por um segundo com um olhar curioso para a medalha.

- Isso é ouro. Não é de comer. Pare com esse olhar psicopata Jim. – Vincent brigou, enquanto sorri falsamente e olhava para uma mulher qualquer na plateia.

Observei a criatura. Era morena e tinha o corpo escultural. Pronto. O idiota nem mais quer saber do pirralho-que-ganhou-uma-olimpíada-interna, mas quer muito saber da deusa dos peitos ali do lado. Oh, Deus, esses homens de hoje em dia.

- Parabéns meu rapaz! – Fora o que eu ouvi do senhor que entregara a medalha e mais algumas outras pessoas ao seu redor.

Este senhor, provavelmente, estaria salvando todo o orgulho que eu juntei por seis anos para não criar um chilique no meio do pódio.

- Obrigado, senhor. – Eu sorri infantilmente para o homem. Eu queria demonstrar inocência, ok?

- Você é um bom rapaz, seu técnico deve estar muito feliz por você, não é? – Ele perguntou, sorrindo por debaixo de sua barba espessa.

- Eu acho que... – Virei meu rosto momentaneamente para Vincent que começara um diálogo com a mulher. -... Oh, sim, claro. Ele está muito radiante.

- Que bom. Irei deixá-los sozinhos para que possam conversar.

E se retirou.

Ouvi uma voz grave no microfone dizendo “Por hoje é só, pessoal, James Kennedy é o novo vencedor nacional de snowboard! E o favorito das garotas.”

Eu sou... O quê?

Eles não perceberam que eu estou numa crise emocional, não?

Desci do pódio e remexi os ombros, me enlaçando com meus próprios braços.

Meu técnico gostosão (por mais que só eu pense assim, ou pelo menos coloque o atributo ‘meu’) está dando mole pra uma vadiazinha qualquer e eu estou aqui saindo do pódio de cabeça baixa. Oh, Deus, que impertinência a dele! Não era esse ridículo metido a Chuck Norris que estava saltitante feito pinto no lixo quando me viu descendo a ladeira? Filho da....

- Treinador. Vou tomar um ar... Lá fora. – Eu murmurei de cabeça baixa, já saindo do local.

- Claro, Jim. Sua mochila está no banco, ok? – Ele demonstrou preocupação, mas eu não liguei muito, pois ele virou seu rosto para a moça. – Me desculpe pela interrupção, Claire, onde estávamos?

- Seu telefone. – Ela riu.

Idiota. Aquele pervertido idiota. Queime no inferno, entendeu? Queime no inferno. E eu bem que queria pelo menos os sapatos dos patinadores pra ralar o rosto daquele bastardo na lâmina. Podia, além de levar quarenta pontos, perder muito sangue. E eu não iria doar do meu sangue, que morra!

Oh, Deus. Mas que sofrimento à toa, Jimmy. Pare com isso. Vamos.

Ok.

Segui até o vestiário já com a mochila nas costas. E, por sorte, não fui parado por nenhum jornalista qualquer. Ou fotógrafo. Ou crianças pedindo autógrafo. Retirei minha roupa de competição e coloquei (além da calça básica) três casacos por baixo. Eu estava quente agora.

Saindo do vestiário eu fui surpreendido por fotógrafos, câmeras, flashes e várias pessoas pedindo autógrafos. Até conseguir me safar dessas pessoas, demorou uma meia hora. Mas eles saíram, que milagre divino!

Segui para o local onde havia visto Vincent por último, e ele estava beijando a moça. Aquela moça. Mano! Mas que ódio que me deu. Passei a sentir uma dor terrível no meu peito e minhas pernas ficaram bambas. Mas pelo meu orgulho eu pude me virar e sair do local. Voltei ao banheiro com lágrimas caindo pelo meu rosto.

Será que se eu não tivesse me apaixonado pelo Vincent ele não teria ido atrás de outra qualquer? Quero dizer... Quando se está apaixonado secretamente por uma pessoa, você sente como se o mundo estivesse contra você.

Respirei fundo e entrei numa cabine.

Eu fiquei ali por mais uma meia hora, até que aquele loiro mal agradecido sentiu a falta da medalha reluzente dele e veio me procurar.

- Jim? Jimmy? Você está aqui?

- O que é que você quer? – Eu perguntei, tentando manter minha voz natural.

- Você está bem, campeão? O que houve com você? – Sua voz demonstrava preocupação. Falso. Falso!

- Nada que lhe interesse. Tó sua medalha. – Estiquei o braço para ele enquanto a cordinha que continha a medalha se pendia para o lado de fora. Ele a pegou.

- Sério, James, o que houve com você? – Sua voz... Hm... Estava descontente.

- Já disse que não te interessa, seu idiota curioso. Saia daqui. – Eu grunhi e sem querer escapei um soluço. Merda, merda, merda. Como eu sou burro. Ele vai rir de mim agora, meu Deus. O que ele deve pensar? Eu... Oh, Deus. Nem quero saber a que conclusões ele chegou.

- Está chorando por quê? – Senti seu corpo se encostar-se à porta da cabine.

- Porque eu quero, não posso mais chorar?

- Poder pode. Mas o Jimmy que eu conheço não chora por qualquer coisa. Eu não posso saber o motivo? – Estava curioso, mas sua voz demonstrava calma.

- Você não é lá importante, sabe? Quero dizer... Eu posso muito bem pegar qualquer puta que eu ver por aí e não ligar para a felicidade alheia, certo? É, claro. Eu sou um verme nojento que gosta de fazer as pessoas sofrerem. Sou uma ótima pessoa, não acha?

DEUSES! Eu não estava dizendo coisa com coisa. Eu estava descontrolando mais a situação. Porque, ein? Eu sou algum tipo de idiota?

- Então... Você está chorando por que... Me viu beijando aquela moça? – Ele estava confuso.

Ele quis dizer: aquela puta.

- É sim. – Eu gemi. Eu sou... Um... Idiota.

Estraguei o melhor dia da minha vida pra receber ‘não’ como resposta. Dois anos gostando de uma pessoa e não soube me controlar. Eu sou um idiota.

- Você é estranho, James. – Ele riu.

- O quê? – Eu corei instantaneamente.

- Eu não posso nem mais beijar uma pessoa e você já fica histérico?

- Vincent...

- O quê?

- Você poderia sumir daqui? – Pedi calmamente.

- Por que eu faria isso?

Suspirei.

- Deixe-me ver... Porque eu estou pedindo? – Perguntei como se aquilo fosse uma resposta mais do que óbvia.

- Não. Não. – Ele riu baixinho. – Vamos, criança, vamos sair daí. Lavar o rosto para que a gente possa conversar?

- Não sou criança e eu não quero conversar. – Grunhi.

- E pretende ficar aí até quando? – Riu.

- Até quando eu quiser.

- E se eu disser que não vou te dar seu chocolate, ein?

- Isso é golpe baixo. – Eu gemi.

- Então abre a porta.

- Tá. Tá. – Suspirei e enquanto abria a porta eu limpava meu rosto. – Feliz, agora? – Grunhi.

Eu me assustei absurdamente quando senti que ele me puxou pelo braço e estava me abraçando no segundo seguinte. Deuses, o que ele estava fazendo?

- Vincent? Vo-você está bem? – Gaguejei.

- Você deveria criar vergonha na sua cara, sabia, Jim? Gosta de me preocupar, deuses! Porque simplesmente não disse que viria ao banheiro? – Ele me soltou, olhando para mim com uma expressão... Preocupada.

- E porque eu faria isso? Pra você vir atrás de mim?

Ele riu.

- Obviamente.

- Mas eu não queria que você viesse, tááá? Eu quero sofrer sozinho, tááá? – Cruzei os braços, fazendo meus lábios se contorcerem num bico.

Ele sorriu.

- E é por isso que é criança, tsc. – Ele negou com a cabeça.

- Eu não sou criança!

Ele ficou pensativo por algum tempo. Sua voz estava baixa quando começou a falar.

- Pois é, crianças não fazem... – Ele pegou em meu rosto e sorriu minimamente. – Isso... – Seu rosto se aproximou do meu.

Deuses! Eu só consigo pensar que se alguém nos visse agora provavelmente iria considerar alguma tentativa de pedofilia, porque eu estava com uma expressão apavorada (no começo), mas a partir do momento em que sua respiração colidiu com a minha pele eu pude relaxar e fechei os olhos, entrando em sincronia com sua língua. Ele por completo conseguia entrar no controle da situação, explorando minha boca de uma maneira única. E eu nunca havia o feito, mas sabia que era especial. Diferente.

E enfim. Afastamos-nos por falta de ar.

- Você perdeu algum cromossomo enquanto vinha até esse local? Ou foi ali mesmo, enquanto estava chorando? – Ele riu.

Idiota. Idiota. Sempre O idiota supremo.

- Eu... E-Eu não entendi. – Gaguejei.

- Você não percebeu que... O único motivo por eu ter insistido com essa besteira de esportes à dois anos atrás foi porque eu realmente gostava de você?

Eu corei.

- O quê? – Perguntei, juntando as sobrancelhas, bastante confuso.

- Porque até hoje você tem um sorriso tão fofo. Tão... Gostoso de ver. – Ele suspirou. – A questão, é: Não entendo como você não percebeu. Já fazem uns seis anos que eu conheço você e parece que desde sempre você demora a entender. – Ele riu.

Juntei as sobrancelhas, irritado.

- Af, morra Vincent.

- Eu sei que se eu morresse você sentiria minha falta. – Ele beijou minha bochecha. – Agora vamos lavar seu rosto. – Ele sorriu, me encaminhando até a pia.

- Eu sentiria falta do chocolate que você não comprou, tááá? – Eu dizia enquanto ele espirrava água no meu rosto. – Para, para. Isso molha! – Choraminguei.

- Graaaaaaande observação. – Ele riu.

- Idiota. – Bufei, ouvindo ele fechar a torneira. Ele pegou algumas folhas de papel e me entregou para limpar o rosto.

Eu o fiz.

Ele me abraçou pela cintura e sussurrou:

- Eu também te amo. – Riu baixinho.

Eu fiquei me remexendo em seus braços, travando uma luta mental de dizer alguma coisa ou não.

O que no final eu pude dizer.

- Obrigado. – Murmurei, mordendo a manga do meu casaco.

- Pelo quê? – Ele indagou, com um certo tom de dúvida em sua voz.

- Por dizer a verdade e me poupar de decisões piores. – Eu torci o lábio, rindo meio sem graça.

- Se isso realmente acontecesse... Eu não teria mais nenhuma vontade de viver sem você. – Ele beijou minha testa, me apertando mais em seus braços. Eu o olhe, comprimindo as sobrancelhas. – O quê? Eu falo sério, Jim, você é a razão da minha vida.

Eu sorri.

Eu sou uma pessoa tão sortuda e não sabia disso!

- E você é a pessoa mais importante pra mim. Também considero você a razão da minha vida. – Eu corei enquanto dizia, mas nem por isso eu iria deixar de terminar a frase.

Ele sorriu tão sinceramente.

E eu não sei, ao certo, se é só comigo. Mas quando se está com a pessoa amada (no caso, o Vincent), a pessoa se sente como se estivesse debaixo d’água? Consequentemente, eu digo, no silêncio, apenas você e ele, se sentindo leve. Muito leve. Quase um sentimento de liberdade.

- Você é tão fofo. – Ele terminou, fechando os olhos e me aproximando para um beijo de verdade, onde nossas línguas se sincronizavam de maneira perfeita. E ele beijava tão bem!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! o/
Obrigada ~

Obs:
Eu me inspirei literalmente nas olimpíadas de Vancouver (de 2010, consequentemente, este ano). No caso, eu realmente perdi toda a apresentação de Carnaval e ganhei uma coisa muito mais interessante: Criatividade para duas fanfics. Esta e mais uma que está sendo trabalhada, visto que meu tempo no computador diminuiu consideravelmente.