As Crônicas de um Jarl Apaixonado escrita por Sir Eric von Liechtenstein


Capítulo 6
Lá e de Volta Outra Vez I




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Eu, o narrador, sou Jarl Ericson de Gothland.

Após recuperar minha lucidez, ter reconhecido Leif, e Brielle. Tentei me levantar. A amada do meu coração, sentiu meus movimentos e me segurou dizendo:
—Graças a Deus, tu estás vivo. Quando te vi eu fique desesperada, pensei que tivera morrido— beijou minha testa e continuou— tu estás muito ferido, mexa-se com cuidado.

Entre gemidos inexprimíveis de dores eu consegui sentar. Foi então que pude olhá-la  melhor. Seus olhos estavam fundos, parecia uma sentinela que não dormia a dias. Sua pele estava mais pálida, os cabelos bagunçados ao vento, mesmo com um aspecto ruim ela continuava a pessoa mais bela que eu já havia visto. Até nas imperfeições ela era esplendorosa. Uma beleza fascinante da qual eu nunca tinha visto antes.

A vi enxugando as últimas lágrimas e quando ela me olhou de volta, eu rompi o silêncio:
—Tu não pareces bem, o que lhe aflige, Rosa das rosas? Pareces aflita com algo.— Ela sorriu para mim, não soube dizer se era apenas um de seus belos sorrisos, ou um sorriso de alívio.
—Eu quem deveria fazer tal pergunta, pois não sou eu quem levou duas estocadas, e ficou desacordado à beira da morte.
—Estocadas? Onde e como?
—Não sei, pergunte ao Leif, quando cheguei, te vi quase morrendo, jogado ao chão, usei o que tinha disponível para tratar dos teus ferimentos, te deitei em meu colo e fiquei contigo até acordares.
—Quanto tempo eu fiquei desacordado?
—Quatro dias.
Ao ouvir isso fico em silêncio espantado, jamais imaginaria que alguém ficasse daquela forma comigo. Olho para baixo e vejo os curativos na coxa e barriga feitos por ela, quando penso em mexer já sou interrompido por ela.
—Nem pense em tocar nos curativos, apenas eu posso olhá-los e só vou fazer tal coisa quando estiver na hora de trocar as bandagens.

Sorri com a sua preocupação, em resposta, coloco meu braço em suas costas, abraçando-a. Minha mão sente suas costelas ainda que por cima da roupa. Ela retribui e com a mão começa a acariciar nuca e cabelos.

Parecia um sonho, depois de tanto tempo, senti-la ao meu lado desta maneira. A delícia de seus carinhos era muito melhor que o primor das conquistas heróicas. Nunca havia sentido nada igual. Viro minha face e a vejo novamente, precisava olhar de perto seu belo rosto. Uma beleza angelical, sem igual. Ela retribui com um olhar mais penetrante que as lanças que me furaram. Eram olhos tão belos. Apesar da manhã nublada, algumas tochas ainda estavam acesas e pude ver bem o desenho da íris de seus olhos. Mais belos que qualquer artesanato já feito. Nem o melhor carpinteiro é capaz de fazer tal obra prima.

Impactado com sua beleza, levo minha outra mão em seu rosto e acaricio sua pele suave como seda. Ela pega nesta mão, acaricia, volta a acariciar meus cabelos e fecha os olhos. Eu também fecho os meus e lentamente vou aproximando de seus lábios. Pouco a pouco. Devagar. Já com a boca entreaberta, tão perto que sentia o calor de sua respiração. Tão perto que escuto as palpitações conjuntas de nossos corações. 

Quando meus lábios estavam prestes a tocar os dela, surge uma voz:
— Pelos deuses, Leif estava certo, tu acordaste- Era Brida, interrompendo. Ironicamente sorrimos e respondo:
— Sim, eu ainda estou vivo- Falo pegando a mão da princesa e ela responde reclinando sua cabeça sobre meu ombro.

— Já que fiquei tanto tempo desacordado, poderia dizer onde está Harold e como nós vencemos a batalha?
Silêncio foi a sua resposta, meus olhos se arregalaram, segurei mais firme a mão de Brielle. Pergunto novamente e o silêncio é mantido, até que Leif vem correndo para conversar.

Antes que ele falasse o que desejava, eu faço a mesma pergunta. Ele para, respira, observa o chão e após um longo silêncio ele responde:
— Harold está morto, morreu salvando sua vida.
Fiquei arrasado com a morte de um amigo. Harold, se fora, me salvado.

Não conseguia entender nada. Não lembro de nada. Lembrava apenas de ter visto meus guerreiros avançando depois tudo ficou escuro.
— Leif, Brida, como nós vencemos? Como Harold me resgatou?- perguntei.
—Depois de ver Brida trucidar os besteiros, avançamos juntos para encurralar os francos. Eles resistiram fortemente aos seus homens e a nós. Brida mesmo tentou romper a linha deles, mas eram muitos. O sol havia se posto quando homens surgem nos telhados das casas na viela onde estava ocorrendo a luta. Era Harold com seus homens. Eles lançaram pedras, tochas e lanças nos francos e de repente eles pularam dos telhados em direção ao combate. Pareciam possuídos pelo próprio Thor. Nem Beowulf fez algo assim. Pular de um telhado em uma guerra para pegar os inimigos de surpresa? Nunca vi. Com isso os francos ficaram divididos e perdidos. Meia hora após esse feito heróico, eu vejo Harold carregando um corpo nos ombros, mancando e com apenas um machado matava todos que apareciam em sua frente.
—Foi então que ele gritou para nós irmos até ele-cortou Brida e continuou dizendo:
—Eu vi um homem de roupas negras, nos ombros dele, ele gritava por ajuda foi quando eu e Leif chegamos perto dele que vimos você. Leif te pegou e Harold levou uma estocada na face. Ao voltarmos para retaguarda, te deixamos nas escadas da abadia, a batalha acabou tarde da noite.

Só saíram lágrima de meus olhos, fora isso não esbocei nenhuma reação. Fiquei horrorizado, não deveria ter sobrevivido para causar a morte de Harold, pensava. Brielle tentava me consolar, mas fora em vão.

—E tu Amada de minha alma? Chegaste quando? Como?
—Ela chegou logo que a batalha acabando, quando estava de joelhos a comemorar, a vi ajoelhada chorando sobre teu corpo com uma tocha ao chão perto de ti— cortou Leif.

Nesse momento chega uma guerreira de Brida a cavalo, desesperada, incrédula, dizendo:
—Francos. Os francos estão vindo. Do último ponto de patrulha eu vi, estão vindo em pelo menos 800 cavaleiros.
Nós nos entreolhamos. Brielle se assustou mais ainda. Seus olhos se arregalaram e ela me segurou firmemente. O terror havia apenas começado. Brielle estava comigo, eu estava muito ferido, todos estavam exaustos, Harold morto e os francos vindo a procura de vingança.


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