As Crônicas de um Jarl Apaixonado escrita por Sir Eric von Liechtenstein


Capítulo 3
O Cerco




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Eu, o narrador, sou uma Valkyrja que a tudo observa nesta guerra.

Antes do dia amanhecer, todos os Jarls, Earls se reuniriam na cabana central do pavilhão de guerra dos danes para discutir as estratégias. Entre eles estava Jarl Ericsson de Gothland, filho do lendário Rei Eric o Vermelho, descobridor da região chamada Greenland.

O conselho era formado por Earl Leif, O Desprotegido; Jarl Ericsson de Gothland ; Earl Kalf, O Traiçoeiro; Jarl Harold, O Azarão e a Earl Brida, Ironside. As reuniões finais do conselho eram marcadas por disputas e brigas internas. Um queria subjugar o outro em autoridade. Várias brigas e ofensas verbais aconteciam naquela madrugada que antecedia o ataque. Jarl Ericsson, apenas de corpo presente no conselho escrevia a sua amada Brielle. Os outro chefes de guerra estavam a se degladear com palavras e insultos. O dia amanhece, os skaalds tocam suas flautas suavemente para os guerreiros irem acordando. Se as tradicionais cornetas feitas com chifres fossem utilizadas, os francos saberiam do ataque. Trabalhar com a angústia do inimigo a seu favor era uma especialidade Viking. A carta de Ericsson havia sido despachada, o conselho não havia chegado a nenhum consenso, o ataque era pra se iniciar ao alvorecer. Mas as brigas eram constantes até que o Jarl Apaixonado se levantou e finalmente opinou no conselho:
—Eu lidero o maior número de guerreiros e ainda não falei. Calem-se agora e escutem o que eu tenho a dizer. Earl Kalf tu tens os melhores navios, eles conseguem levar as escadas pelo rio para tentarem invadir os muros, mas não faremos isso. Ao fazer isso eles podem pegar a saída por terra e nos atirar pelas costas. Faremos o seguinte: Leif, teus barcos irão bloquear o Rio nos oferecendo proteção, iremos atacar o portão por terra- ele falava calmamente quando fora interrompido por Kalf que sequer pronunciou uma palavra e já fora cortado por Ericsson o qual bateu duramente na mesa e gritou:
—Kalf eu não acabei de falar- falou apontando-lhe um sax e continuou:
—Leif tu ficarás ao flanco oeste caso os francos resolvam sair de seus muros. Jarl Harold, eu preciso dos teus homens fazendo todo tipo de barricadas em meia lua próximo ao portão, se faltar material que façam uma grande shieldwall. Brida preciso de 15 arqueiras tuas com flechas incendiárias para uma missão especial as outras são para dar nos cobertura e tentar acertar os francos no alto dos muros.
—Que missão especial?- perguntou Brida
—Estão todos a ver essas bolsas de couro? Enche-las-ei de todo tipo de material inflamável, betume, óleo, e o que mais houver, então sairei fora das barricadas e pendurarei 15 bolsas dessas em todo o portão da fortaleza. Quando as flechas incendiárias acertarem seus alvos, o portão cederá e então todos atacaremos juntos, Brida, inclusive tuas guerreiras liderarão o ataque quando o portão cair. O ataque será assim, as guerreiras de Brida, depois os homens de Harold junto com os meus, ao ganhar os muros e os portões, Kalf entrará a cavalo junto com os homens dele todos montados, e por último Leif.

Todos se entreolharam e assentiram, era um bom plano. Tinha defesa, coesão e firmeza. Só não tinha uma coisa suficiente, guerreiros. As proporções eram cinco francos para um dane. Era muito arriscado.
—Só mais uma coisa- Lembrou Ericsson- Leif por garantia do bloqueio do flanco, queime os navios antes de atacar, fique tranquilo dar-te-ei dois dos meus a sua escolha para voltar para casa. Eu não voltarei aos fiordes, tenho uma razão para ficar.
—E por acaso essa razão tem cabelos negros, pele branca e usa vestido?- Ironizou Leif
—Sim, e é bem mais bonita que você, Leif- Concluiu Ericsson. Todos riram e então foram fazer os preparativos.

Era fácil ver quem era guerreiro de quem no campo de batalha. Brida gostava de selvageria, suas guerreiras se pintavam com vermelho como se fosse o sangue de seus inimigos mortos, ela não usava bandeiras, seu símbolo nas batalhas era um crânio estocado por uma lança qualquer. Kalf preferia lutar ao mar, azul era sua cor, todos os homens pintavam seus barcos, bandeiras e escudos de azul. Leif, O Desprotegido; era temeroso, cuidadoso até demais. Não tinha cores específicas, apenas mandava seus homens pintarem o martelo de Thor sobre os escudos e bandeiras para dar proteção. Ericsson era gostava da opressão e terror. Preto era a sua cor. Seus homens vestiam preto, tinham escudos pretos, bandeiras negras e pintavam parte da face de preto nas batalhas. Parecia a própria morte indo buscar novas almas.

Lentamente eles foram se direcionando para as suas posições. Primeiro era necessário garantir as defesas. Leif e Harold tomaram suas posições de cobertura, as arqueiras de Brida incendiaram as flechas, Ericsson preparou suas bolsas inflamáveis. Quando tudo estava pronto, era só pendurar as bolsas no portão, mas um guarda no flanco oeste percebe a movimentação Viking e soa o alarme. Imediatamente surgem três fileiras de besteiros nos muros, todas se revezando, enquanto uma atira, outra recarrega. Leif e seus homens estavam em posição defensiva contra as flechas. A barricada para proteção das arqueiras ainda não estava totalmente pronta. As setas eram como uma tempestuosa chuva que castigava os danes, forçando-os a ficarem imóveis. Arqueiras morriam por não estarem protegidas. A barricada era para estar em meia lua, mas ficou pela metade. A outra metade era uma shieldwall que não era tão eficiente. Harold gritava com seus homens para ficarem firmes, Kalf estava a tocar sua trombeta constantemente para animar o exército. Brida e Ericsson estavam na barricada
—Você não vai fazer nada, caralho?- exclamou ela.
—Não dá nem pra respirar fora da barricada que somos atingidos- Respondeu o Jarl. Nisso uma seta cai no chão entre os dois líderes que estavam brigando.

Ericsson fecha os olhos e se lembra da sua amada, lembra do seu belo rosto, do seu amor por ela e de tudo que eles podem ter juntos. Então ele pega os sacos que estavam no chão, amarra-os em seu ombro e decide agir.
—Brida, onde estão tuas arqueiras para me darem cobertura?- perguntou ele
—Era para estarem aqui, mas só tem as quinze que pediu com flechas incendiárias, vou chamá-las- então ela levanta sua lança com crânio estocado e faz sinal para suas arqueiras entrarem no jogo. Elas saem da retaguarda e entram atirando até chegarem na barricada. Enquanto elas faziam isso, Ericsson vai andando abaixado até Harold, pede um escudo e volta até onde estava Brida com as arqueiras.
—Eu vou sair agora, dê a ordem, Brida.
—Saraivada a vontade- gritou ela.

Todas as arqueiras se levantaram juntas e começaram a responder o fogo dos francos do alto dos muros. Parecia ser ineficiente porque eventualmente uma arqueira era atingida e era raro um besteiro Franco cair. Ericsson ao ver uma caindo morta, se levanta apenas com o escudo na direção das setas e rapidamente vai até o portão onde começa a pendurar os sacos inflamáveis. De repente ele escuta um grito na língua franca vindo da guarda do portão
—Óleo, agora- ele sai correndo e fica grudado no muro enquanto jorra óleo fervente por dois canos de pedra vindos de cima do portão. Ele olha para os homens enfraquecendo o ímpeto, espera o óleo terminar de jorrar e joga de qualquer jeito os sacos restantes. Deixa o escudo ali mesmo (Danes carregam por batalhão o triplo de escudos) e volta correndo para a barricada gritando
—Fogo na porta, agora Brida- Brida deu o sinal. Imediatamente as arqueiras restantes voltam para a barricada, e as quinze com flechas flamejantes atiram de uma vez. Ao atingirem o portão, ele explode devido ao óleo quente e a quantidade de sacos que o Ericsson havia colocado.


A batalha por Saint Diniz havia começado.


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