Aways escrita por Leonina NL


Capítulo 1
~ Apenas minha...


Notas iniciais do capítulo

Own, minha primeira One, espero que gostem!

Bj ~



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Apenas você! ~ Capítulo Único

Adrian sentia uma dor de cabeça enorme, e sua barriga doía como se fizesse muito tempo que não se alimentava. Sentiu uma vertigem ao abrir os olhos. Onde é que estava mesmo? Tentou lembrar-se do que aconteceu, mas nada vinha a sua memória. Lembrou que tinha ido até o cinema com sua esposa, tinham feito uma noite romântica e dormiram abraçadinhos por causa do frio. Era a última lembrança que tinha. Mas porque essa dor de cabeça doía tanto?

Abriu os olhos com dificuldades, iria chamar por Camily, mas a voz ficou presa na garganta seca. Que droga estava acontecendo com ele? Assim que a claridade se ajustou aos olhos notou que estava no hospital, muito provavelmente numa UTI, já que podia ver o leito de outros pacientes e estes pareciam grave. Porque estava numa UTI? Tentou lembrar-se do último fato, e realmente, a última lembrança foi a noite maravilhosa que passou com a esposa após irem ao cinema.

Uma enfermeira de meia idade chegou rápido até ele, olhou para os monitores ao seu lado, desvendando os números ou que quer que fosse. Olhou para ela, queria fazer muitas perguntas, mas não conseguiu. A voz não saia de seus lábios e seu corpo estava travado.

— O senhor pode me ouvir? – A enfermeira questionou-o, mas tudo o que ele fez foi assentir para ela. – Ótimo, já solicitei para que o médico viesse. Você já estava para ser transferido para o quarto mesmo.

Foi tudo o que ela disse e se retirou. Adrian continuou confuso. Será que passou mal durante a noite e foi para no hospital? Lembrava-se de que não tinha nenhum histórico na família de doenças raras ou coisa do tipo. O que será que o tinha feito ir parar ali. Assim que começou a pensar muito notou que a dor de cabeça recomeçará e tentou não pensar em nada, somente imagens da sua esposa. Ela com certeza estaria muito preocupada com sua situação.

Quando foi transferido para o quarto sentiu certo alívio, isso significava que seu caso não era grave e logo iria para casa. E Camily só estava demorando para chegar porque provavelmente estava em casa tomando banho, ou na casa de seus pais, aguardando alguém a trazer até aqui.

O médico ainda não tinha chego, e Camily demorou para aparecer, mas quando o fez Adrian se chocou com sua aparência. Ela tinha o cabelo pouco abaixo do ombro e o loiro estava diferente e bem mais claro. Sem contar que seu rosto estava um pouco diferente, e ela parecia mais magra. Quando foi que ela mudou tanto assim?

Sentiu um medo se alastrar por seu corpo, esteve treinando a fala, estava com saudades dela e queria dizer o quanto a amava, e pedir desculpas pelo susto que deu nela. Mas a fisionomia de Camily tão diferente do que se lembrava o deixou sem voz novamente.

Ela parecia abatida, o olhar era felino e trazia consigo papéis em mãos. Camy não se aproximou muito do leito, apenas adentrou o cômodo e deixou os papéis numa mesinha que ele se quer tinha notado que estava ali.

— Como se sente Adrian? – A voz saiu com desconfiança, ela parecia temerosa em falar com ele.

Adrian sentiu um frio na espinha. Ele sabia que algo grave tinha acontecido, sua esposa estava completamente diferente, ele não se lembrava do que aconteceu, e ela se quer o olhava com carinho e amor. Quanto tempo? Era tudo o que ele se perguntava, por quanto tempo estava naquele hospital. Com a falta de resposta Camily suspirou pesadamente.

— Olha Adrian, eu imagino que não seja o momento, já que você acordou só agora. Mas preciso que assine os papéis do divórcio, não pode me prender para sempre a você. Então quando puder assinar, ficarei grata. – Ela ainda o olhava, examinando-o, e a voz ainda era temerosa.

— Divórcio? – A voz dele saiu num tom de indignação, era rouca e machucava a garganta. Camily pareceu irritada com a pergunta. Mas antes que ela falasse algo o médico bateu na porta, entrando logo em seguida.

— Boa tarde, eu sou Doutor Clarks, mas pode me chamar de Enri apenas. – Cumprimentou o casal e apresentou-se. Adrian não tirava os olhos de sua esposa, mas ela olhou para o doutor com certo carinho. – Olá Camy. – O médico a cumprimentou em especial e tocou em seu braço, movimento que não passou desapercebido por Adrian, que bufou de ódio, ela era sua mulher! O médico estava flertando com sua esposa! Que desaforo era aquele? E que droga de divórcio ela estava falando. E porque é que ninguém explicava para ele o que estava acontecendo? 

— Oi Enri – Ela sorriu para ele, depois voltou-se ao marido. – Por favor Adrian, assine os papéis assim que puder. Eu preciso ir agora. – Ela finalizou e saiu, indo embora e deixando Adrian sem nenhuma resposta.

— Então, como se sente? – O médico perguntou assim que parou de observar o corpo de sua mulher indo embora. Adrian sentiu ódio por estar na cama, impossibilitado de dar um belo soco na cara do idiota. Mas apenas sorriu com ironia para o médico, já que não podia falar poucas e boas para ele. Pensou em ser educado.

— Estou com dor de cabeça. – A voz novamente saiu rouca, cortando a garganta. – E eu queria um copo de água, e saber porque minha mulher esta querendo se divorciar de mim.

A raiva não foi contida pela voz, e o médico percebeu, tomando logo uma postura mais rígida e profissional. Mandou uma mensagem pelo tablet que estava no jaleco e depois o olhou clinicamente.

— Já solicitei a água, provavelmente deve estar sendo difícil falar. – Adrian apenas assentiu e o médico continuou. – Olha senhor Swan, posso chama-lo de Adrian? – O médico perguntou e recebeu apenas um sim sussurrado por Adrian. – Do que é que o senhor se lembra?

Adrian novamente buscou as lembranças na memória, mas nada vinha. Queria entender logo que droga estava acontecendo, não gostava de ser enrolado e sabia que o médico iria lhe dar uma resposta ruim para suas perguntas.

— Me lembro de ter ido ao cinema com minha mulher. Depois dormimos juntos. – Adrian fez questão de colocar malícia na voz, talvez assim fizesse com que o médico não olhasse mais com interesse para sua esposa.

— Certo. – Enri pigarreou. – E que dia foi isso?

— Terça-feira. – Adrian respondeu automático, porém o olhar de interrogação do médico o fez entender. – dia 21/07/2015.

O médico suspirou um pouco, mas manteve a postura profissional.

— Está é sua última lembrança? – Questionou de novo e Adrian assentiu. – O senhor sofreu um acidente de moto a seis meses, teve um trauma craniano não tão grave, ficou em coma induzido até o encéfalo desinchar, depois disso não acordou, mas seu estado de saúde era ótimo. Estávamos apenas aguardo você decidir acordar... Eu vou pedir exames de ressonância para averiguar tudo, ao que parece não há muitas lesões neurológicas e com fisioterapia você irá recuperar os movimentos perdidos pelo tempo acamado. Porém, uma das sequelas é a perca de memória. E me parece que é o que aconteceu. Pode ser permanente ou temporária, talvez você se lembre aos poucos tudo o que esqueceu. – Adrian absorvia as informações, ele nem se quer tinha uma moto. E seis meses? Perca de memória?

— Que dia é hoje? – Perguntou com dificuldade na voz, ele entendeu tudo o que o médico explicara, e ficou grato pelo doutor ter usado termos que ele pudesse entender. Mas sentia o medo alastrar em si.

— 07/06/2017. – Com essa resposta Adrian sentiu o peito arder e a cabeça latejar. Quanto tempo ele perdeu? Ele se esqueceu tudo dos últimos dois anos? O que aconteceu para que sua esposa quisesse o divórcio? Ela era apaixonada por ele.

— Eu... Porque a Cam quer se divorciar? – A pergunta saiu em voz alta e o médico manteve sua postura profissional. Uma enfermeira entrou no quarto, trazia um copo de água e comprimidos.

— Beba a água e o remédio. Ele vai ajudar na dor de cabeça. Os exames serão feito em breve, e você logo terá alta se estiver tudo ok. – Adrian bebeu o medicamento. – Agora tenho outro paciente. Logo alguém de sua família virá para acompanha-lo.

O médico e a enfermeira se retiraram, Adrian pode então ficar sozinho com seus pensamentos. Sentia a melhora da voz e da dor de cabeça. O corpo não doía, mas estava fraco. Ele passou a tarde fazendo exames, de ressonância magnética, sangue, e alguns outros, sem contar no fisioterapeuta, que o fez fazer exercícios respiratórios e mexeu seu corpo travado.

Porém tudo que ele fazia era pensar. O que ele tinha perdido afinal? Não se lembrava dos dois últimos anos, Cam estava diferente e queria o divórcio, eles tinham se casado quando ele tinha vinte e dois anos, e agora pela suas contas estava com vinte e seis. Não era tempo suficiente para um casamento desgastar, e eles estavam indo tão bem, o que será que aconteceu? Será que ele a traiu? Não. Ele jamais faria isso, era louco por ela, sempre foi!

Cam devia-lhe explicações! E ele não iria assinar a droga do divórcio, ela era sua esposa e apenas sua. Não iria facilitar para que ela se livrasse dele.

— Filho! – Uma voz familiar o atingiu em cheio. E a mulher de idade o abraçou fortemente enquanto chorava.

— Estou bem mamãe. – Ele falou, feliz em vê-la. – Estou bem.

— Ah como fiquei preocupada. Todos ficamos, logo seu pai virá e seus irmãos também. Eles não estão na cidade, foram em uma conferência. Fiquei tão feliz quando a Camy me ligou e disse que tinha acordado. Nunca mais me assuste assim!

— Estou bem mamãe. – Adrian repetiu e sorriu para a mulher que lhe amou desde sempre. – Você falou com o médico?

— Sim. Ele me contou da amnésia, mas isso não importa, o que importa é você estar bem! – A mulher ainda o abraçava, feliz por estar com seu filho.

— É. Mas eu acho que perdi muita coisa do que aconteceu comigo. – Ele falou e sua mãe parecia aflita, já imaginando que o filho iria querer saber de tudo.

— Sim. Os últimos anos foram difíceis para você e para a Camy.

Adrian sabia que iria descobrir tudo o que aconteceu, mas estava com medo das respostas.

— Ela quer o divórcio. Acredita? Veio até aqui para me pedir o divórcio! – Ele falou irritado.

— Filho... – A voz de sua mãe era calma, mas ela tinha cautela nos olhos. – Dê logo o divórcio para ela, você já a fez sofrer demais não acha?

— NÃO! – Quase gritou, o que era aquilo? Um complô contra ele? Ele amava a esposa mais do que tudo, não daria o divórcio. – Mãe, eu não lembro o que fiz, minha última memória é de 2015. Eu e a Camy estamos bem. Eu não sei porque ela quer se divorciar de mim.

Sua mãe suspirou. Adrian sabia que tinha feito algo pelo olhar dela e por suas palavras, mas ele não queria acreditar que tinha feito algo contra sua esposa. Eles eram o tipo de casal perfeito, moravam juntos um ano antes de se casarem, já eram acostumados com as manias um do outro, se davam bem e muito raramente brigavam, e as brigas geralmente era porque sempre deixava a toalha molha na cama.

— Filho, você não se lembra. Mas não andou se comportando bem ultimamente. Você e Camy nem estavam mais morando juntos.

— O que foi que eu fiz? – Perguntou incrédulo com a mão na cabeça.

— Não pense nisso. Vamos sair daqui primeiro, depois você conversa com ela.

Tive alta no dia seguinte, os exames não mostraram nada com que se preocupar, ao que parece eu tinha apenas amnésia que podia ser temporária ou não. De qualquer forma, eu teria que fazer alguns exames daqui alguns meses para confirmar que estava tudo bem, e fisioterapia até que recuperasse as forças dos músculos.

Quando meu pai e meus irmãos voltaram do congresso me receberam com alegria em casa. Mamãe cuidava de mim como se eu fosse um garotinho. Uma semana até estar tudo em ordem. Mas por mais que eu tentasse falar com Camy pelo telefone ela não me ligava. E ninguém queria me contar o que tinha acontecido, todos estavam muito felizes que eu estava vivo ao menos. Mamãe me convenceu a dar um tempo para Camy, disse que ela tinha ficado abalada com meu acidente e isso fez com que eu tivesse esperança em reconquistá-la.

— E ai família. – Ian, meu irmão mais novo disse ao chegar em casa para o almoço, ele era o único que morava com meus pais, e eu agora eu também morava, já que Camy e eu estávamos separados. Steve por outro ficou só para me abraçar, depois voltou a sua cidade para ficar com sua esposa e filhos. 

Sentei na mesa com dificuldade e apoiei a maldita bengala que me acompanhava em todos os lugares agora. Mas seria por pouco tempo.

Durante o almoço meus pais conversavam amenidades sobre o dia a dia. Comi calado. Mas Ian logo jogou um aparelho na mesa e piscou pra mim.

— Eu tinha até esquecido que estava comigo. – Ian mencionou. Minha mãe olhou de cara feia para ele, ela estava tentando me manter afastado de Camy, e sabia que o celular seria uma ótima forma de comunicação.

— Tem umas cinquentas ligações e mensagens. – Falei ansioso por mexer no aparelho e descobrir coisas que eu havia perdido. Os aplicativos eram diferentes, mas nada que eu não podia aprender. No whatsapp tinha muitas mensagens de melhoras, e algumas correntes de orações.

— Nada de mexer nessa porcaria agora Adrian, estamos todos na mesa. – Mamãe falou séria e eu soltei o aparelho.

— Eu só queria saber se tem algo importante, talvez a Camy tenha falado comigo.

Meus pais se olharam, eles estavam preocupados comigo, ou com o que eu tinha feito. Eu não sabia, ninguém me falava e todos evitavam o assunto. Ainda frustrado me levantei da mesa.

— Será que vocês nunca vão me contar o que de tão ruim eu fiz? Mas que droga. – Peguei o celular da mesa e olhei para o meu irmão. – Chama um taxi, eu vou atrás de falar com a Camy.

Meu pai se levantou também, estava tentando me acalmar.

— Adrian, não faça nada preciptado.

— Mas eu quero saber, eu tenho direito! – Falei irritado. Mamãe e papai falavam ao mesmo tempo, eu não entendia bem o que eles diziam enquanto gritavam que tudo seria resolvido em breve. Ian ficou calmo, me olhando.

— Pai, mãe! – Ian chamou atenção deles. Eu permaneci em pé. – Qual é, o cara tem que saber das merdas que fez! – Seu tom de voz era natural, Ian sempre foi calmo, e apesar de seus dezoitos anos, ele era bem maduro para a idade. – Senta ai maninho.

Assim o fiz, Ian tomou um gole de suco e começou a dizer:

— Se quiser ir atrás da Camily, acho que está perdendo tempo, já que ela tem tido uns encontros com seu médico. – Ele disse debochado. – Mas ninguém aqui a culpa.

— Cala a boca e fala logo moleque. – Eu disse revirando os olho, apenas para disfarçar o ciume que me bateu.

— Ta bom. – Ele riu, mas ficou sério em seguida. – A gente só sabe que você pirou no último ano, vocês tinham um casamento legal, dai você começou a sair e a beber. Dormia fora. A Camy vivia ligando aqui e perguntando se a gente sabia onde você estava. Uma vez você chegou aqui de madrugada, trouxe uma garota junto com você. A mamãe fez um escândalo que só, você estava bêbado e traindo a sua mulher. Cara você foi um idiota.

— Eu jamais trairia a Camy. – Falei com convicção, mas sentia culpa me corroer por dentro, no que foi que eu me transformei afinal?

— Qual é. Você fez isso várias vezes. Tinha semana que a Camy vinha aqui em casa porque não tinha te visto. E ela aguentou você assim por bastante tempo. Você ficava bem bêbado, no outro dia era sempre uma ressaca, começou a dormir e ficar aqui em casa. Comprou uma moto e deixou o carro com a Camy. Até que um dia você levou uma mulher pra casa de vocês, acho que você estava tão bêbado que nem se tocou do que estava fazendo. Dai a coisa ficou feia. Sinceramente, eu não sei porque não estava lá, mas sei que você falou muita merda pra ela. O que foi que ele disse mesmo mamãe? – Ian perguntou para mamãe, mas ela tinha lágrimas nos olhos, e fez sinal com a mão para que Ian continuasse. – Ta, só sei que xingou ela, de imprestável e coisas assim. Foi o vizinho quem contou, já que foi ele quem apartou a briga e ligou aqui pra casa. Depois desse dia a Camy foi para a casa dos pais dela. E agora ela mora sozinha, divide apê com uma amiga do trabalho. Ela pediu o divórcio, e você nem se importou, vivia se escondendo dela. Num dia saiu pra beber de novo e caiu de moto. E agora estamos todos aqui! E fim. – Ele disse sério, mas eu via ressentimento nas suas palavras, eu tinha sido um babaca, e todos sofreram por minha culpa. 

— Mas porque eu fiz tudo isso? Eu amo ela. – Minha voz saiu baixa.

— Deve ser porque ela não pode ter filhos. Foi depois disso que você começou a agir feito idiota. – Ian finalizou e eu me culpei. Um filho era tudo que eu queria, era um sonho meu. Me senti magoado por saber que Camy não podia me dar um filho. Mas será que isso era motivo suficiente para eu agir feito idiota como disse meu irmão? Que droga que eu fiz?

Peguei o celular e sai da mesa. Fui para meu quarto e me tranquei lá. Ninguém foi atrás de mim e fiquei feliz com isso. Queria pensar. Chorei um pouco. Eu nem me lembrava de como a minha vida foi parar de pernas para o ar. Examinei o celular. Com certeza haveria resposta ali. Fui no whatsapp de novo e procurei minha conversa com a Camy. Tinha muita coisa, decidi começar a ler no mais próximo do início, mas quando cansei de subir a conversa comecei a lei dali mesmo, tinha muita coisa.

“Adrian onde você está? [21:13pm 03/01/2016]

Oi! Liguei para sua casa e sua mãe disse que não estava lá. Adrian por favor fala comigo vai, eu ainda te amo e podemos concertar tudo. [22:48pm 03/01/2016]

Estou preocupada onde você está? [01:35pm 04/01/2016]

Faz mais de uma semana que não te vejo, eu sei que anda bebendo e saindo de madrugada, eu não posso viver assim Adrian. [12:15pm 14/01/2016]

[...]

Sempre que você bebe você fala aquelas coisas horríveis para mim, eu não escolhi não poder ter filhos, será que você pode ao menos conversar comigo? [07:12am 17/03/2016]

Eu ainda te amo, mas não quero viver assim, acho melhor nos separarmos. [07:13am 17/03/2016]

Adrian, já pedi a um advogado o divórcio, não comentei com sua família e nem com a minha, vamos fazer isso de forma decente. [14:16pm 17/03/2016]

Eu sei que você não vem mais para casa, mas será que ao menos pode me responder. [21:01pm 17/03/2016]

[...]

Adrian, porque não me responde? [15:35pm 07/09/2016]

Já que tem nojo de mim porque não assina a droga do divórcio? [15:35pm 07/09/2016]

[...]

E muitas outras mensagens como essas, eu nunca falava nada. Parece que surtei quando Camy descobriu que não podia ter filho. Ela retirou o útero pois descobriu um câncer maligno, e com seu histórico familiar o médico decidiu que tinham que tomar uma atitude rápida antes que o mesmo se espalhasse.

Me senti um inútil. Quando foi que deixei de amar minha mulher e preferi fazê-la sofrer mais ainda do que ela já sofria, pois sei bem que Camy queria tanto um filho quanto eu. Era meu sonho, claro. Mas nunca me imaginei tendo atitudes assim. Olhei ainda meu aplicativo e descobri contatos com pessoas que não conheço ou não me lembro, amigos novos me chamando para sair. E contatos de mulheres com quem provavelmente passei a noite. Onde é que eu estava com a cabeça. E como eu iria concertar tudo isso?

Cheguei no endereço que meu irmão me passou. Ian achava que eu devia deixar Camy em paz, mas eu a amava e sabia que ela me amava ainda.  Não tínhamos nos visto desde o dia do hospital, e eu decidi fazer uma visita, dizer que sentia muito e eu era o mesmo cara com quem ela se casou. Subi até o apartamento e toquei a campainha. Estava ansioso para vê-la.

A porta se abriu e um “quem é” pode ser ouvido por mim, mas não foi ela quem abriu a porta, e sim ele. O médico. Camy se aproximou para ver a visita, e seu olhar de surpresa me pegou desprevenido, sem contar no ódio que eu sentia por ver um homem ali. Sem pensar duas vezes dei um soco na cara dele.

— Adrian! – Camy gritou assustada e foi logo ajudar o homem que caiu. Ele era mole mesmo, pois eu ainda estava fraco, se estivesse num bom dia então, esse soco teria o nocauteado.

— O que ele faz aqui Camy? – Questionei ela, porém não tive atenção nenhuma enquanto o doutorzinho levantava com a mão na boca.

— O que pensa que estava fazendo Adrian? – Ela falou irritada, não tinha me olhado ainda, estava ajudando ele a se apoiar. Fala sério. Passei a mão no cabelo nervosamente. 

— Porque não da licença para eu conversar com minha mulher? – Falei entredentes para ele. Meu olhar raivoso talvez o intimidasse.

— Ela não é sua mulher! – Ele devolveu, mantinha a mão no rosto, massageando a parte machucada, meu braço tremia de ódio.

— Será que vou ter que bater mais forte para você entender que ela ainda é minha mulher?

— Ok. Já chega! – Camy falou tentando manter a calma. – Enri, coloca um gelo nisso, eu falo com ele. – O doutor demorou ainda para sai, e eu entrei no apartamento sem ser convidado quando ele foi para a cozinha.

Camy deixou a porta aberta, pronta para me expulsar dali. Senti meu peito doer, seu olhar era de medo e raiva. Eu havia machucado ela, eu sabia, mas não era tanto até ver toda a tristeza e rancor nos seus olhos.

— Camy eu... – Minha voz morreu. – Eu sei que fui um completo idiota, Ian me contou tudo, eu li as mensagens no whatsapp. Mas eu não me lembro nada disso! – Falei com sinceridade, eu não tinha ensaiado nenhum discurso. Camy me olhou ainda com raiva.

— Eu sei, Enri me contou que não se lembra de nada. Talvez se lembre só da parte boa do nosso casamento que já acabou. Queria eu ter sofrido essa amnésia. – Suas palavras me atingiram em cheio, e eu ainda queria questionar o que aquele imbecil estava fazendo ali, mas a dureza com que falou comigo me desencorajou. – Assinou os papéis?

— É claro que não. – Eu disse indignado, Camy era uma mulher muito decidida, passei a mão de novo pelo meu cabelo nervoso. – Eu não vou assinar aquilo, eu ainda te amo. Eu sei o que fiz, mas eu mereço uma chance.

— Chance? – Ela usou ironia. – Nós dois não temos mais chance. Eu estou saindo com o Enri agora, e você com muita das suas vadias, até levou uma para nossa casa! Mas tudo bem, isso é passado.

— Eu não me lembro. – Falei entredentes. Ela tinha que entender que eu não era o mesmo Adrian do ano passado, e sim o Adrian com quem se casou, e que eu me arrependia até do que não me lembrava.

— Mas eu sim Adrian, e ainda dói. – Seus olhos agora transmitiam muita tristeza e me senti pior ainda.

Me aproximei de seu corpo. Ela estava mais linda do que me lembrava, apesar de gostar mais de quando seu cabelo estava longo. Camy deu um passo para trás, mas eu fui mais rápido. Passei os braços por ela e aproximei nossos corpos, numa espécie de abraço. Senti uma excitação por tê-la em meus braços. Seu cheiro ainda era o mesmo, e o calor de seu corpo me transmitia paz. Sabia também que ela estava sentindo o mesmo. Fiquei abraçado a ela.

— Adrian, por favor não faça isso. – A voz saiu abafada pela minha roupa. Eu diria até que ela estava ao ponto de chorar. Afrouxei o abraço e a mirei nos olhos.

— Eu sou o mesmo Adrian com quem se casou. Eu sei o que fiz porque me contaram, mas tudo que eu sinto é amor por você. E eu não vou desistir. – Falei baixo, minha voz rouca pelo sentimento que me enxia.

Tinha até me esquecido que aquele idiota estava ali, mas me lembrei assim que ele pigarreou atrás de nós. Nos viramos para olhá-lo, ele tinha uma bolsa de gelo no rosto e um olhar mortal para mim. Sorri para ele debochado, sabia que Camy não podia me ver e pisquei para ele, provocando-o. Depois me virei para Camy.

Camy tentou me soltar do abraço, mas não a soltei, seus lábios entreabertos e avermelhados eram muito convidativos. Me aproximei devagar para não assusta-la e depositei um selinho cálido ali, quase como se eu fosse seu servo e a venerasse, ela tinha os olhos arregalados e o corpo rígido, depois rumei minha boca até seu ouvido e sussurrei.

— Eu ainda te amo muito. – Vi que ela se arrepiou, eu ainda causava esse efeito sobre ela, constatei feliz.

Era minha deixa, Camy precisava pensar, eu tinha total consciência disso. Ela sofreu muito, e eu tinha que demonstrar superioridade, se eu agisse feito um moleque e colocasse aquele doutorzinho para correr, como era o que eu queria, Camy não aceitaria bem, e eu iria estar parecido com o eu do último ano. E tudo o que eu precisava nesse momento, era parecer com o eu que eu era, o eu que casou com Camy.

— Tudo bem, já vou embora agora. – Falei soltando ela de meus braços. Retirei o exame de HIV que ela solicitou a primeira vez que descobriu que sai com outra mulher, eu tinha lido isso no whatsapp e achei uma boa trazer como desculpa para ela, e feliz por descobrir que eu estava limpo de qualquer doença. – Mas eu só vou em respeito a minha esposa, porque sei que ela não gosta de brigas e nem nada. – Falei encarando-a, e ela sorriu tímida. Depois fui até o médico parado entre a sala e a cozinha. E disse baixo para que só ele ouvisse. – Acho bom você não encostar um dedo nela, porque ela ainda é minha mulher!

Sai do apartamento logo em seguida, deixando uma Camily muito confusa e um médico muito irado. É claro que eu queria muito ter dado uma bela de uma surra nele, e tê-la feito minha ali mesmo, na sala. Mas Camy não estava preparada, ela precisava me enxergar de novo. E eu precisava me controlar e fazer as coisas certas para reconquistá-la. Eu sabia que era possível, sabia que tinha mexido com os sentimentos dela com aquele selinho. Enfim, sorri ao chegar na rua, tinha uma chance de reconquistá-la.

Uma semana se passou e Camily e eu não nos vimos desde aquele dia. Eu estava louco de saudades e queria muito ir até ela. Mas sabia também o quanto ela precisava de espaço. Decidi mandar uma mensagem no whatsapp.

Bom dia Camy... Estive pensando de sairmos hoje, o que acha? ” [10:52am 27/06/2017]

Ela estava online e visualizou, senti um frio na barriga, parecia que estávamos na fase de início de namoro, e gostava de pensar que ela se sentia da mesma forma.

Bom dia, mas hoje não posso, estarei ocupada.” [10:53am 27/06/2017]

Ok, respirei fundo. Porque ela estava me evitando mesmo? Ah sim, porque eu fui um idiota completo, a trai e fui um canalha com ela. Mas tudo bem, eu ainda era seu marido. Coloquei minha mente para funcionar. Eu sabia bem o que devia fazer. Liguei para Sara.

Sara era uma amiga nossa, ela chegou a me visitar logo que vim para casa. E também me disse poucas e boas, mas logo se desculpou por saber que eu não me lembrava de nada. E eu sabia que ela me ajudaria com meu plano. Conquistar uma mulher era difícil, mas conquistar sua própria mulher era mais ainda, ou talvez não, já que eu a conhecia tão bem.

— Oi Adrian, tudo bem?

— Oi Sara. Sim. Eu queria um favor seu.

— Pode mandar.

— Então, eu precisava que você armasse um encontro meu com a Cam. Ela não quer sair comigo.

— Porque será não é?

— Ta legal, você já me deu muito esporro, vai ajudar ou não?

— Ok...

Eu estava ansioso, Sara e eu planejamos um jantar na casa dela, Cam não sabia de nada, ela achava apenas que estava indo passar a noite na casa de uma amiga, e que jantariam num restaurante chique porque Sara tinha que contar uma novidade. Ledo engano, já que pedi para minha mãe cozinhar o prato favorito dela, comprei vinho, e me arrumei. Um jeans escuro, uma camisa social porque ela amava, dobrada até o cotovelo. Eu sabia que Camy sempre gostava quando eu me vestia assim. Fiz de tudo para agradá-la. Até velas comprei para deixar tudo mais romântico.

Sara me ajudou a organizar o ambiente, entre algumas farpas que ela soltava durante nossa arrumação. Era claro que o que eu fiz não tinha perdão, mas eu precisava de uma chance, e se Sara estava disposta, talvez Cam também estivesse.

— Espero que ela diga que não. – Falou sorrindo. – Mas no fundo torço para que fiquem junto, e que você não volte a ser você!

— Não serei. – Eu falei rindo com ela. Camy mandou uma mensagem de texto dizendo que estava aqui em baixo e Sara pediu para que entrasse, pois não tinha terminado de se arrumar.

Quando Cam entrou, Sara saiu pela porta, dizendo que ia pegar algo com o vizinho e já voltava. Nisso sai do corredor e ela logo me viu. A princípio estava assustada, mas logo a compreensão passou por seus olhos.

— Não acredito que armaram para mim. – Ela estava bem arrumada, com um vestido branco colocado no corpo de forma sexy, e o fato dele não ser decotado e ir até um pouco antes do joelho deixava um ar elegante. Senti meu membro esquentar dentro da calça. Avaliei todo seu corpo, como sempre fiz e sabia que a deixava excitada, ao olhar em seus olhos percebi que estavam escurecidos e quase sorri vitorioso. Pelo menos ela ainda sentia tesão por mim.

Fui até a mesa no centro da sala de estar e puxei a cadeira para ela, que logo entendeu. Ela esperou um pouco, estava desconfiada e com certeza não queria ter caído na armadilha de me ver. Ela largou a bolsa no balcão e veio até a cadeira que puxei, sentou-se devagar e eu ajeitei-a na mesa. Fiz questão de roçar meu braço no seu, apenas para ter um contato físico. Ela se arrepiou.

Contornei a pequena mesa e me sentei diante dela. Nossos olhar se prenderam e senti a excitação tomar conta. Ela estava linda, usava pouca maquiagem, e os lábios estava bem pintados de vermelho. Examinei-a novamente.

— Você está mais bonita do que me lembrava. – Falei e ela sorriu de leve, ficando séria em seguida.

— Eu não devia jantar com você. Enri ficará com ciúme. – Ela falou tensa, e esperou pela minha reação. Meu punho se fechou, entretanto contive a raiva. Sorri de lado para ela.

— Não acho que ele tenha que ter ciúme por estar jantando com seu marido. – Fiz questão de frisar que ainda estávamos juntos, ela suspirou, talvez não quisesse discutir, e não era para isso que estávamos aqui.

O jantar ocorreu bem, tentei conhece-la melhor, conhecer o que eu havia perdido com o acidente. Me desculpei pelas minhas atitudes idiotas e segurei sua mão quando esta estava sobre a mesa. Assim que terminamos e bebemos um pouco mais de vinho, eu ponderei: tinha ganhado muito essa noite, ela sorriu bastante e tinha se divertido, sem contar que confiança se ganhava aos poucos. Eu sabia que as coisas seriam bem devagar entre nós. Quando o silencio se instalou eu falei com pesar.

— Você não precisa ficar mais se não quiser. – Camy me olhou curiosa. Eu nunca fui do tipo que força as coisas. E eu precisava ser exatamente quem eu era.

— Tudo bem. Foi bom conversarmos essa noite. – Ela falou levantando-se e eu a acompanhei.

Caminhamos devagar até o balcão e ela pegou sua bolsa. Quando chegamos até a porta, ela destrancou de forma lenta demais, mas antes que ela abrisse, deixei meu corpo agir.

Segurei seus ombros e encostei meu corpo ao dela. Meu corpo queria senti-la. Cheirei seu cabelo e os empurrei para longe do pescoço, desci até ali para sentir sua fragrância. A respiração ofegante de Camy me deu certeza de que ela sentia necessidade do meu toque tanto quanto eu. Ainda colado em seu corpo e sentindo seu cheiro, passei uma de minhas mãos pela sua cintura e barriga. Ela pendeu a cabeça para trás e suspirou. Meu membro deu sinal de vida dentro da calça. Rocei o nariz em toda extensão de seu pescoço e depositei alguns beijos molhados por ali.

Minha mão ainda a segurava pela cintura, com medo de que ela fosse embora a qualquer momento, já a outra mão que estava livre se enroscou no cabelo segurando sua cabeça. Camy gemeu ofegante, com poucos passos trôpegos a prensei contra a porta. Observei seu rosto corado, os lábios agora sem o batom estavam entreabertos de forma sexy, e os olhos fechados. Ainda segurava em seu cabelo, quando ia beijá-la ela se virou bruscamente, e me atingiu com um tapa no rosto.

Fiquei sem reação, meu membro latejava, precisava dela, queria me enterrar em seu corpo e lhe dar muito prazer essa noite. O tapa não fazia parte do pacote. Mas ainda estando perplexo pelo tapa ela me puxou pela camisa. Colando nossos lábios como se precisasse muito me beijar. Demorei poucos segundos para perceber o que aconteceu. Logo já estava com as mãos passeando por toda extensão de seu corpo e beijando sua boca.

Apesar de ofegantes não paramos de nos beijar. Ergui seu vestido até as ancas e a puxei para meu colo, Camy correspondeu enroscando suas pernas pela minha cintura, o contato com meu membro fez com que meu gemido saísse rouco e alto. Eu a desejava mais do que tudo, e eu teria aquilo que era meu. Ela era minha.


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