Amarelo - Fremione escrita por SolarisGranger


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Nesta estória Rony e Hermione nunca tiveram qualquer envolvimento e Fred não morreu na batalha de Hogwarts.
Qualquer semelhança com outras fics é mera coincidência.
A inspiração para ela veio após ouvir minha lista de músicas (que vai do luxo ao lixo) quando escutava "Yellow" de Coldplay e "Ele quer ser eu" de Henrique e Juliano.
Perdoem qualquer erro ortográfico, por favor.
É minha primeira Fic. Espero que gostem!



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— Isso não é um terno. – A voz dela, ainda que distante, podia ser ouvida. – É um costume. O terno tem 3 peças: paletó, colete e calça. O costume tem 2 peças: paletó e calça. Como é uma ocasião mais formal, ele é de lã, como os melhores sempre são. Lapelas finas são mais modernas e para pessoas mais jovens. Lapelas largas são mais old-school, um clássico. Os acessórios devem combinar com o terno ou costume e quanto a cor, sempre prefiro o cinza escuro, é mais versátil.

— Você é incrível! Sabe tudo sobre tudo. – o homem respondeu, encantado. – Gostaria de saber como aprendeu isso. - O homem de olhos negros como carvão sorriu para ela, que retribuiu.  O ruivo pôde ver de longe que o sorriso era forçado. E antes que pudesse controlar, a gargalhada preencheu o ambiente. Vários pares de olhos viraram para ele numa indagação incontida. Mordeu o lábio inferior, tentando recuperar a seriedade.

A morena ainda o observava com os olhos semicerrados, estava enfurecida e isso lhe deu mais vontade ainda de ser cruel. Ela levantou da mesa e puxou o homem pela mão até a pista de dança. Tentou se levantar, mas o gêmeo segurou seu pulso.

— O que pensa que vai fazer? – Ele virou-se para o irmão, com um sorriso sarcástico no rosto.

— Apenas queria brincar com um animal arisco. – George seguiu seu olhar até a morena.

— Pelo amor de Merlin, Fred. Deixe-a em paz. – O sorriso alargou-se ainda mais.

— Não quero.

— Não quer ou não consegue? – O irmão o soltou, frustrado. – Mas pelo menos lembre-se onde está. Isto aqui é um casamento, sabia? – Ele revirou os olhos. É claro que sabia que aquele era o casamento da sua irmã mais nova com o grande Harry Potter, o eleito, o garoto que sobreviveu. Provavelmente se fizesse algo que estragasse a noite, Gina o caçaria e o mataria.

— Não vou fazer nada de mais, prometo. É a grande noite de Gina e sabe como amo nossa irmã, embora ela me dê nos nervos na maioria das vezes. – George riu.

— Sem falar que ela te esganaria se fizesse alguma coisa. Afinal, Hermione é a melhor amiga dela. – Fred deu de ombros. 

— Não posso evitar.

— Meu nobre gêmeo, por que não deixa para infernizá-la em outro momento? – Perguntou retoricamente, pois quando se tratava de Fred era como tentar ensinar uma criança de 3 anos como fazer um Patrono. Os orbes verdes fitaram a mulher que dançava com o búlgaro na pista de dança.

— Isso me irrita. – George suspirou.

— Você a deixou ir. – Disse simplesmente.

— Ela quem quis terminar comigo. – A dor ainda ardia em seu peito, quando lembrava que já a tivera e a perdera como só ele seria capaz de fazer.

— Pelas suas idiotices. Está tentando ser ainda mais odiado, por acaso? Está dando certo. – Ele bebeu um gole grande do seu Uísque de fogo.

Eles tinham namorado durante exatamente um ano e terminaram havia quase o mesmo tempo. Algum tempo depois do fim da guerra bruxa, após acordar do coma em que estivera desde que a parede do castelo caiu sobre ele, os dois começaram a se apaixonar.

Ela cuidara dele e o ajudara na reabilitação. Mas ele era arisco demais para aceitar se envolver com alguém. Não era segredo que ela se apaixonara por ele, mas seu temperamento arredio e sarcástico acabaram afastando-a.

Fred sabia que tinha sido o maior erro da sua vida. Ele era do tipo que gostava de piadas e pregar peças, mas diferente do irmão gêmeo, ele era ácido e até um pouco sádico. Brincou com os sentimentos dela, gostando de manipulá-la e manobra-la.

Ela lhe deu amor e carinho e tudo o mais que ele não merecia. Ele jamais havia dito que a amava. Demonstrava às vezes, quando estava de bom humor, que se importava com ela, mas isso não era nem de longe o suficiente. Ele era sempre frio, sempre intocável. Fred era tudo, menos burro, sabia onde havia errado.

Nunca dizia obrigado, nunca pedia por favor, nunca admitia que estava errado, nunca demonstrava seu amor. Suas demonstrações de carinho eram distorcidas, mas ela suportou tudo isso.

Até o dia em que explodiu no aniversário de um ano deles que era no mesmo dia do aniversário dela. Ele trabalhara por dias a fio sem descanso e estava no limite. A nova loja em Godric’s Hollow estava dando mais dor de cabeça do que previra e as duas noites sem dormir pesavam. Fred não estava raciocinando direito quando chegou em casa bêbado após uma reunião com uma empresa de logros dos Estados Unidos.

Ela fizera um lindo jantar, tinha provavelmente feito planos incríveis para aquela noite para deixá-lo feliz e o que ele fizera? Se atrasara 4 horas. Além disso chegara bêbado e quando ela fora indagar o porquê daquilo com raiva, como qualquer um ficaria, ele a tratara mal.

Lembrava-se vagamente da briga e dela dizer que não aguentava mais. Ele apenas dissera que ela conhecia o caminho da porta. Hermione ficara sem reação, chocada com a frieza dele. Fred viu a hora em que ela começou a chorar silenciosamente, estava frustrado e o álcool não o deixava pensar direito. Jogou-se no sofá e instantes depois ouviu a porta batendo. Ela havia ido embora.

No outro dia pensou que ela fosse voltar, ele até pensou que se ela voltasse talvez ele pedisse desculpas. Mas Hermione não voltou e ele não foi atrás dela por orgulho. Esperou e esperou e dias se transformaram em meses e agora os meses estavam virando um ano.

Ele se retraiu com a lembrança. Agora ele via com clareza o quão imbecil havia sido.

— Eu a amo, George. – O irmão parou o copo de uísque que ia levar a boca no meio do caminho e o encarou boquiaberto. Depositou o copo de volta na mesa e pareceu pensativo.

— Eu sempre soube disso. A seu modo, você a amava. Você sempre teve a tendência de querer fugir do que não pode controlar.

— Eu fui um idiota. – Ele passou a mão no cabelo ruivo, ajeitando-o para trás.

— Foi. Sinceramente, eu mandaria você ir atrás dela, mas não sei se ela vai querer tudo aquilo novamente. E quem poderia culpá-la?

— Eu não seria assim.

— Não? Você vem atormentando-a desde que ela voltou da França dois meses atrás.

— Claro! Ela voltou com ele! Aquele Krum insuportável!

— E você se agarrou com todas as bruxas que conseguiu pôr os olhos durante esse tempo! Quem é você para julgá-la? – Ele cerrou as mãos em punhos com raiva. Não havia como responder aquilo.

— Eu a quero de volta, George. Mas sempre ajo assim perto dela. Não consigo controlar.

— Comece pedindo perdão. Mas não peça para que ela volte assim, só vai afastá-la.

— Eu não sei como pedir.

— Então aprenda. – Disse apontando para onde Hermione estava Krum parecia estar se despedindo. Empertigou-se.

— Eu... – Começou.

— Boa sorte. – George falou com um aceno desinteressado. Ele sorriu para o irmão. George sempre tentava consertar as besteiras que ele fazia.

— Obrigado. – Levantou-se, achando graça da cara de espanto do irmão, e caminhou em direção ao casal, tomando cuidado para não ser visto.

— Hermione, preciso ir agora. – Krum beijou sua mão, fazendo o peito de Fred arder de raiva.

— Claro, sei que precisa trabalhar. – Antes de ir, ele tocou o cabelo cacheado dela.

 – Você está magnífica com esse vestido. Eu não gostava de verde, até você me ensinar a apreciar. – Ela sorriu. Aquele odioso sorriso falso. Fred arqueou a sobrancelha, verde era a cor favorita dela, pois dizia que era a cor dos olhos dele. Krum usava um costume cinza-escuro, com corte slim, os que o ruivo sempre vestira no dia-a-dia.

— Até mais, Krum. – E deu um selinho no homem antes dele ir embora. Estava observando o búlgaro ir embora quando alguém chegou ao seu lado.

— Costume Cinza-escuro Slim? Sofisticado demais para ele. Você que escolheu? – Perguntou com a voz ácida. Se recriminou mentalmente quando a viu se encolher.

— Sim, fui eu. Algum problema? – Disse virando-se para o ruivo. O cheiro dela entorpeceu seus sentidos, como sentira falta daquela mulher.

— Nenhum. Só estava pensando que era o que eu mais gostava de usar.

— Coincidência. – Ela deu de ombros, olhando em volta. A festa estava cheia e bem animada, a noiva e o noivo dançavam de maneira agitada no meio do salão.

—  Será? Pra mim parece que você está me procurando nele. – Ela espremeu os lábios num gesto de reprovação.

— Por que diabos eu iria querer isso? De você, já basta. – Ele sentiu como se levasse um tapa na cara.

— Engraçado você dizer isso, porque você está com ele, mas sua cabeça parece estar em outro lugar. Dá pra ver que até o seu sorriso é de mentira.

— Anda prestando atenção em mim, Fred? – Ela perguntou, fria.

— Sim. – Falou simplesmente. A morena o encarou, surpresa. Ele nunca admitia nada. – Fico vendo a ironia de você querer transformá-lo em mim. Até o gosto pelas roupas e aquela explicação sobre como usar terno, coisa que eu te ensinei quando estávamos juntos.

— Isso não tem nada a ver, Conhecimento é conhecimento. – Ele sorriu de lado, zombeteiro.

— Quer saber o que eu acho?

— Eu diria que não, mas você iria falar mesmo assim. – Ela passou a mão pelos cabelos cacheados, que desciam até o quadril, colocando-os sobre os ombros. Ele teve que se conter para não tocá-la.

— Eu acho que você quer ensinar pra ele o que aprendeu comigo. O gosto pela roupa, até pela cor do seu vestido. Ele é frio e ocupado, como eu sou. Até nossos defeitos são parecidos.  Sabe do que mais? Eu não acho que vocês dois foram além do que a gente foi. Mas, sabe Hermione, eu duvido.

— Duvida de que, Fred? – Ela suspirou cansada, não queria terminar a noite brigando com ele. O ruivo pegou na mão dela de leve, ela estava surpresa com a atitude dele.

— Duvido que ele te ama mais do que eu te amei. – E agora ela estava em choque. Ele sentia segurando a mão dela, que Hermione tremia. Era culpa dele que ela nunca tivesse tido conhecimento que a amava. Ela não respondeu nada por um longo tempo. – Ele aceita tudo isso porque sabe a mulher incrível que você é. Ele quer ser eu e pode até ser parecido comigo, mas não é ele quem você quer do seu lado. – Ela soltou sua mão com um puxão. Fred tinha tocado no ponto fraco da mulher.

— Vá arranjar outra pessoa para infernizar, Fred. – A frieza dela o irritava.

— Eu vou embora, Hermione, não se preocupe. – Deu as costas para ela, mas parou. – Hermione. – Chamou-a.

— Sim? – Ela respondeu automaticamente. Ele a olhou por cima do ombro.

— Ele nunca vai ser eu. – O ruivo sorriu de lado, tristemente. – Não deixe ele saber que ainda ama o seu passado. – E foi andando até o local onde podia aparatar. Já estava nos jardins quando ela o alcançou.

— Quem é você pra dizer o que eu sinto? – Hermione gritou. Ele virou-se para encará-la apropriadamente.

— Eu sei o que você sente porque conheço esse olhar.

— O que porcaria quer dizer com conheço esse olhar?!

— Porque é o mesmo que eu tenho durante esse último ano. Eu sou um homem que se arrepende todos os dias da besteira que fez. Toda merda de hora. – Ela congelou e tentou não chorar. – Eu sei o quanto fui imaturo e imbecil com você. Agora eu sei. Precisei te perder pra descobrir.

— Isso é muito tarde, Fred. – Ele encarou o chão.

— Eu sei. – Ele suspirou, uma lágrima escorreu de seus olhos. – Mas precisava dizer. Me perdoe, Hermione. Me perdoe por tudo. – Ela viu as lágrimas dele. Ele mudara tarde demais.

—  Krum me pediu para ir para Bulgária. – Fred passou a mão nos cabelos, gesto que sempre fazia quando estava nervoso. Mordeu o lábio, tentando não chorar mais.

— Eu não tenho mais o direito de te pedir pra ficar, Mione. – Falou tristemente. – Vou embora agora, ok? – Ela apenas o olhou, chorando. – Eu te amei muito, Hermione.

— Amou?

— Sim.

— Tem alguma coisa que queira me dizer além disso? – Ela falou. Ele suspirou.

— Faria diferença? – A morena abraçou o próprio corpo em silêncio. – Adeus, Hermione. - E desaparatou sem esperar resposta.

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Era o dia 19 de Setembro. O dia do aniversário dela. Um ano se passara desde o dia em que terminaram. Não tinha tido notícias dela desde o casamento de Gina, quase um mês atrás. Ele queria ficar sozinho, então George foi passar o dia na casa da sua futura esposa, Angelina.

Inconscientemente refez os mesmos pratos que Hermione havia feito naquele dia. Lasanha à bolonhesa, salada caprese, tapas de tomate seco e queijo e mousse de chocolate meio amargo, o preferido dela.

Arrumou lentamente os pratos na mesa, como se estivesse refazendo aquele dia. Foi até o quarto e pegou uma caixinha na gaveta do criado mudo. O presente que comprara para ela um ano antes. Guardara para ela por todo esse tempo.

Encheu uma taça com vinho e sentou no chão da sala. Esperando. Mas esperando o que? Pensou sentindo-se tolo. No ano passado eles haviam marcado às 20hr da noite. Eram 19:45hr.

Ouviu o barulho do relógio passando os ponteiros. 19:51hr.

Esvaziou a taça. 19:56hr.

Encheu novamente a taça e aguardou. 19:59hr.

O relógio marcou 20hrs. Ele deu um longo suspiro. Levantou-se para ir para o quarto sem comer, quando ouviu batidas na porta. Seu coração acelerou. Será? Caminhou até a porta e a abriu. Quase não acreditou quando a viu.

— Hermione? – Falou num sussurro. Ela parecia indecisa, como se tivesse decidido vir de última hora. – Pensei que estivesse na Bulgária.

— E eu fui. – Ela falou.

— Então por que não está lá? – Perguntou amargurado com um quê de ironia.

— Porque eu fui terminar com o Krum. – Ele arregalou os olhos de surpresa. – Posso entrar, Fred?

— Claro. – Disse dando espaço para ela, ainda sem saber direito o que fazer. Ela olhou em volta, ficando pasma quando notou.

— Parece que eu entrei num túnel do tempo e voltei para aquele dia. – Hermione comentou, se aproximando da mesa. – Você fez tudo isso?

— Uhum. – Fred respondeu, incapaz de pensar em qualquer outra coisa. Ele quis tanto isso, rezou tanto por aquilo, mas não acreditava que suas preces seriam atendidas.

— Por que? - Ela o olhou com aqueles lindos olhos cor de mel. Ele pensou um pouco, antes de conseguir responder.

— Honestamente não sei. Eu só queria ter uma chance de refazer aquele dia.

 - Por que depois de tanto tempo?

— Eu quis você de volta no minuto em que saiu. – Fred a olhou, o verde turquesa dos olhos dele estavam sérios e tristes.

— Então por que não foi atrás de mim? – Ele se apoiou na mesa.

— Orgulho, infantilidade, burrice, escolha o que achar melhor. Sei que fiz tudo errado. Sei muito bem que não te tratei do jeito que merecia.

— E o que mudou nesse tempo?

— Mudei meu jeito de encarar a vida. Não importava a quantas festas eu ia, o que eu bebesse, com quantas mulheres ficava... Eu não me sentia feliz. Em nenhum momento desse último ano eu me senti feliz. – Ele suspirou. Hermione arqueou a sobrancelha.

— Isso é por que me viu com o Krum?

— Sim e não. Eu tinha me decidido que iria atrás de você quando voltasse da França. Mas quando fui ao aeroporto te ver, você estava com ele. Não tem noção de como isso doeu. – Ela riu com sarcasmo.

— Acho que tenho alguma ideia. – Fred sentiu o coração pesar de remorso.

— Sei muito bem o que eu fiz e é por isso que te falei que não tenho o direito de te pedir nada.

— Ainda bem que sabe que não.

— Mas... Se puder me fazer um favor, eu gostaria de pedir. – Ele deu um passo hesitante na direção da mulher, que não recuou.

— Fale e eu posso pensar no seu caso. – Caminhou para perto dela, até ficar de frente a morena que o encarava como um desafio e ele merecia aquilo.

— Só... Seja feliz. – O ruivo disse tirando o cabelo do rosto dela. Ela ficou em silêncio por uns segundos.

— Vou fazer o que puder, Fred. Acho que já vou. – Falou incerta.

— Espera um pouco. – Ela assentiu. O ruivo foi até a mesa onde havia deixado o presente. Voltou para perto dela, ansioso e estendeu a ela a caixa.

— O que é isso?

— Seu presente, um ano atrasado. – Ela pegou a caixa, mas não a abriu. Talvez por medo.

— Obrigada.

— Não vai abrir? – Ele perguntou.

— Não sei. – Olhou a caixinha. – Devo?

— Você que sabe. – Ele sorriu de lado. A morena sorriu de volta, sem conseguir se conter.

— Vamos ver então. – E abriu o presente. Dois colares idênticos estavam dentro dele. Os colares eram de ouro envelhecido e tinha um pingente redondo na ponta. – É lindo.

— São relicários. – Ela sorriu. Falara uma vez para ele durante o namoro que sempre quisera um relicário, na época achou que ele não prestara atenção.

— Obrigada, Fred. Não achei que fosse se lembrar, você nunca pareceu ligar muito pra essas coisas.

— Essas coisas?

— Qualquer coisa que tivesse relação comigo. – Ele se recriminou mentalmente. Tudo aquilo era culpa dele.

— Sua banda favorita é a banda trouxa Coldplay, sua música favorita também é deles, Yellow. Sua comida preferida é torta de abóbora, você ama o natal e sua estação favorita é o inverno porque acha que o mundo fica lindo branco. – Ela o olhava com a boca meio aberta de surpresa. – Seu livro favorito é Hogwarts: uma história. Nunca superou a morte do seu gato, bichento, durante a guerra. Se culpa até hoje por ter apagado a memória dos seus pais, embora tenha conseguido reverter o feitiço. Você nunca quis seguir a carreira jurídica bruxa, mas se apaixonou por ela quando começou a trabalhar no Ministério e está nela até hoje. Suas flores favoritas são lírios, sua cor favorita é verde e seu patrono é um lontra. E, ironicamente, foi o único feitiço que teve dificuldade de conjurar na vida, porque ele é muito emocional e você é muito lógica. Passou a conseguir conjurá-lo sem esforço há quatro anos, um ano depois da guerra bruxa. O motivo ninguém sabe de você ter passado a conseguir fazê-lo sem nenhuma dificuldade.

— Porque me apaixonei por você. – Ela o cortou. Fred apenas a fitou.

— Quatro anos atrás? – Hermione sorriu.

— Sim. – Ele sorriu.

— Abra o presente. – E ela abriu. Dentro dele, em um dos lados havia uma foto bruxa dos dois, ele a abraçando por trás e beijando sua bochecha de surpresa, um momento raro de demonstração de amor por parte dele. Do outro lado, brilhava uma pequena pedra verde. Ela ia abrir o outro colar, mas ele a deteve.

— O que foi? – Fred segurava sua mão, parando-a.

— Eu fiz esses colares. Era um pra mim e um pra você. Esse que abriu é o seu, a pedra sempre estará verde enquanto eu amar você. – Ela olhou para a pedra, entendendo o significado daquilo.

— Então este outro? – Ele assentiu.

— No momento em que tocou nele, ele identificou o que sente por mim. – Passou a mão nos cabelos ruivos. – Eu sei que não sente mais nada por mim, mas não quero ver a prova disso. Ela empurrou a mão dele e abriu o outro colar, a mesma foto, porém a cor que brilhava era dourado. Ela o olhou sem entender.

— Dourado? – Hermione perguntou.

— Ah, Merlin! – Ele exclamou e sem pensar, a beijou. A princípio ela não correspondeu, mas depois se deixou levar. Fred segurou seu rosto entre as mãos e a beijou como deseja fazer há um ano. Aprofundou ainda mais o beijo, deslizando sua mão até as costas da mulher e a trazendo mais para perto. Gemeu ao saborear o gosto dela depois de tanto tempo. Estava tão feliz que poderia morrer. Depois de um longo tempo, ele a soltou.

— O que foi isso? – Fred sorriu, feliz.

— Não é dourado. É amarelo. – Falou simplesmente. – Você me perdoa, Hermione? Eu prometo que daqui pra frente jamais a farei sofrer novamente. Realizarei todos os seus sonhos e a tratarei como uma rainha, sempre. Eu te amo. Sempre amei. – Ele a abraçou. Hermione ficou estática, mas aos poucos foi passando os braços no pescoço dele e o aproximando.

— Eu... Não sei. – Ele a abraçou mais forte, afundando seu rosto no ombro dela.

— Por favor, Hermione, me dê uma chance de desfazer meu erro. De te mostrar que a gente vale a pena. – Ele segurou seu rosto entre as mãos, fazendo com que ela tivesse que encará-lo e visse a sinceridade em seu olhar. Ela hesitou alguns segundos.

— Você não merece, mas eu perdoo. – Ela o beijou. Ele sorria de orelha a orelha. – Você vai passar o resto da sua vida me provando que eu não fiz besteira, ouviu?

— Sim, senhora. – Ele bateu continência para ela, sentindo seu coração leve após tanto tempo.

— Não me faça me arrepender. – Fred estreitou os olhos para ela, empurrando-a contra a mesa.

— Ah... Isso eu não posso prometer. Eu farei você se arrepender com certeza. – Beijou seu pescoço, sentindo satisfação ao vê-la se arrepiar com o toque. – Vou preencher cada parte dos seus pensamentos e do seu corpo. – Mordeu o lóbulo da orelha dela, que se derreteu nos braços dele. – Vou estar com você a cada dia, a cada segundo. Vou te amar até você não aguentar mais. – A levantou e a sentou no canto da mesa, encarando-a com os olhos verdes penetrantes. Hermione sorriu, beijando a ponta do seu nariz.

—  Estou ansiosa por isso. – E ele a beijou sem intenção de parar.

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Dois anos depois.

 

A noite ainda estava no começo e o pôr-do-sol ainda se fazia presente no horizonte. O enorme jardim da toca estava ornamentado com de modo rústico, entre tons de marrom, branco e rosa pálido. 

— E agora, senhora e senhores. – Lino começou com ajuda do feitiço sonorus. – A dança dos recém-casados!

Ela sorria com toda leveza que seu coração sentia naquele momento. Fred tomou sua mão e a levou elegantemente ao centro da pista de dança ao ar livre. Sorriu de canto e se curvou num gesto de cavalheirismo, estendendo a mão para ela.

— Sra. Weasley, posso ter o prazer desta dança? – Os olhos dele brilhavam de malícia e felicidade.

— O prazer é todo meu, Sr. Weasley. – E estendeu a mão. Ele beijou a sua mão, olhando-a de baixo para cima.

— O prazer com certeza é todo nosso. – Levantou-se e se posicionou, esperando a música.

— Você está lindo, sabia? – Fred sorriu.

— Geralmente eu usaria um Terno Oxford, corte italiano de lã cinza-escuro, como os melhores sempre são. É difícil errar assim. – Ela riu, balançando a cabeça. – Mas hoje é um dia especial, então um corte Slim fit, cinza claro é o ideal.

— Você tem bom gosto. – Os músicos se preparavam para tocar.

— Tenho sim, já viu minha esposa? – Ele apertou ainda mais sua cintura, fazendo-a morder os lábios numa tentativa de não gargalhar. – Mas cuidado quando vê-la, ela é ciumenta.

— Ainda bem que sabe.

— Prontos? – Lino interrompeu a conversa dos dois. Fred assentiu e o amigo deu sinal para a música começar. Ela o olhou surpresa quando a música começou a tocar.

— Yellow? – Ele a movimentou devagar.

— Claro. Não teria uma música mais apropriada.

Look at the stars
Look how they shine for you
And everything you do
Yeah, they were all yellow

— Por que é a minha música favorita? – Ele a guiou sob o olhar da multidão.

— É a minha também.

I came along
I wrote a song for you
And all the things you do
And it was called Yellow

— Agora que me lembro, foi a música do nosso noivado, um ano atrás. – Fred a girou.

— Uma música importante, para um data importante. – O vestido dela arrastava no chão. Um belíssimo vestido, porém simples e elegante, como era o estilo de Hermione. Extremamente alvo, dando um ar angelical a ela, com uma renda transparente delicada nos ombros e nas costas. O decote em V profundo, drapeado no busto até a cintura, onde tinha uma decoração de flores delicadas no lado esquerdo, o tecido leve descia solto e fluído até o chão. Com os cabelos presos num coque romântico, Hermione parecia um anjo. – Nada mais justo não?

— Agora que penso bem, naquele dia, há dois anos atrás, você me beijou dizendo “Amarelo”. Por que? – Ele a rodopiou pelo salão. Há dois anos atrás eles tinham voltado no dia do aniversário dela, um ano atrás na mesma data ele a pedira em casamento e agora, se tornava o dia do casamento deles.

So then I took my turn
Oh, what a thing to've done
And it was all yellow

Your skin
Oh, yeah, your skin and bones
Turn into something beautiful
Do you know
You know I love you so?
You know I love you so?

— Pensei que nunca fosse perguntar. – Ela deu de ombros.

— Aconteceram muitas coisas nesses últimos anos. – Ele riu.

— Eu sei bem disso.

I swam across
I jumped across for you
Oh, what a thing to do
'Cos you were all yellow

— Não vai me responder? – Hermione rodopiou ao seu lado.

— Amarelo. – Ele começou. – Minha cor era verde, a sua amarelo.

And your skin
Oh, yeah, your skin and bones
Turn into something beautiful
Do you know
For you I'd bleed myself dry?
For you I'd bleed myself dry?

— Ah! – Os olhos dela brilharam de compreensão. A morena apertou sua mão. – Seu cretino! – Ele jogou a cabeça para trás numa risada.

— Você quem abriu o colar. Mas... – Disse se aproximando um pouco mais, sussurrando no ouvido dela. – Fiquei muito feliz ao saber que você me amava.

It's true
Look how they shine for you
Look how they shine for you
Look how they shine for

— Por acaso pensou que eu podia te rejeitar? – Ela arqueou as sobrancelhas. Ele franziu a testa.

— Eu tinha que tentar, não é? – Fred deu de ombros. – Deu certo, não deu?

Look at the stars
Look how they shine for you
And all the things that you do

 - Idiota! – brincou. Ele a puxou para perto e segurou sua cintura e a beijou ao fim da música. A multidão aplaudia.

— Mas sou o seu idiota. Para Sempre.

— Para sempre parece aceitável. – Fred sorriu de canto, beijando-a mais uma vez.

— Feliz aniversário, Hermione. – Ela se aproximou perigosamente dele, mordendo o lóbulo de sua orelha.

— A propósito, estou grávida, Fred. – O ruivo ficou surpreso um segundo, antes de levantá-la pela cintura e girá-la.

— Obrigado, Hermione. – Foi a única coisa que conseguiu dizer devido a emoção, mas ela entendeu. Ela sempre entendia. – Eu te amo.

— Eu também te amo. – E o abraçou, enquanto os amigos chegavam para felicitá-los.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até o final.
Amo esse casal e não consigo superar até hoje a morte do Fred.
Se fosse meu livro, eles teriam ficado juntos.
Espero que tenham gostado.
Obrigada!



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