Aventuras em Sinnoh: Saga Pérola escrita por little_celeby, CanasOminous


Capítulo 25
Irmandade




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Lukas já estava de pé quando os fracos raios do sol passavam por entre as luxuosas cortinas do quarto do Hotel Deluxe Heart. O garoto levantou-se de sua cama e partiu em direção ao banheiro para trocar-se, andando lentamente no quarto para não acordar seu irmão que dormia no sofá. Ele entrou no local e fechou a porta para começar a trocar-se, Lukas dava uma rápida ajeitada em seu cabelo quando pôde ouvir alguém batendo na porta, ele abriu-a e deparou-se com Vivian, que mantinha um belo sorriso estampado em seu rosto ao deparar-se com o jovem.

— Bom dia meu fofinho, campeão de torneios. — disse ela, abraçando Lukas de modo que ele ficasse sem reação — Sabia que o ser humano precisa de dez abraços diários para sentir-se bem?

— Acho que o Luke deve estar com um saldo negativo de abraços então, ele vai precisar de uns cem por dia para alcançar essa meta. — brincou — Bom dia para você também Vivian, o que faz acordada à essa hora?

— Eu sou uma treinadora de Pokémons inseto, eu acordo junto com o amanhecer, como eles! — disse a garota — Brincadeira, eu cai da cama sem querer. Definitivamente, não estou acostumada com camas gigantes como essa, eu pensei que fosse uma arena de batalha.

— Ahh... Então tá.

Lukas deu uma leve risada e então andou em direção da pia para escovar seus dentes, Vivian sentou-se próxima do balcão da banheira e passou a fitá-lo de modo sereno. Lukas sentia-se envergonhado em ter alguém observando-o o tempo todo, mas logo a ruiva passou a prolongar um assunto.

— Me diga Lukas-kun, você e o Lucky-chan se dão bem? — perguntou Vivian, que recebeu um olhar confuso do garoto. 

Lukas refletiu por um momento enquanto observava seu próprio reflexo no espelho. Era complicado ter um irmão gêmeo, acabou por lembrar-se do início de sua jornada em que os dois estavam frequentemente discutindo para ver quem era o melhor. Momentos bons em que Luke o protegia parecendo ser um irmão mais velho e responsável, mas ao mesmo tempo algumas vezes ele agia de forma imatura em que aparentava ser o mais novo.

— Refere-se ao Luke? Ah, sei lá. Irmãos, né... Eu preciso aturá-lo e ele precisa me aturar. É de família, acho que todos irmãos brigam.

— Sinto saudade de minha família também, fazem três anos desde que saí em minha jornada em Johto, para depois vir para Sinnoh. Eu tinha só dez anos naquela época... — comentou Vivian com um sorriso em seu rosto como se lembrasse de todos os momentos pelos quais passara em sua jornada — Eu tenho quatro irmãos, minha família sempre foi grande, então você encontra meus primos em qualquer canto. Ah, eu tenho uma foto deles, você quer ver?

A garota saltou do balcão e pegou um pequeno caderno amontoado de fotografias dentro, ela sentou-se ao lado de Lukas no banheiro e passou a mostrar sua família para o garoto.

— Que legal Vivian, eu não sabia que você tinha uma família bonita assim.

— Essa prima começou jornada comigo, acho que agora ela está nas Ilhas Laranjas. Essa outra ficou em Johto mesmo, a maioria da família é de mulheres. Nós nunca tivemos muita condição financeira, mas sempre fomos bem felizes. Eu sempre agradeço pela família perfeita que eu tenho, por isso perguntei sobre o Lucky-chan. — disse Vivian.

— Sempre me dei bem com meus pais, mas acho que eu e o Luke somos meio... opostos demais. Às vezes sinto que ele queria ter um irmão melhor do que eu. Eu queria poder ser diferente, queria que ele se orgulhasse de mim... — disse o garoto com uma tonalidade chateada.

— Olha Lukas-kun, eu não levo jeito pra dar conselho encorajador pros outros, mas se eu fosse sua irmã eu iria me orgulhar de ter você do meu lado todos os dias. — disse Vivian, abraçando o garoto e encostando sua cabeça em seu ombro — É sério, você é gentil, cavalheiro, humilde, inteligente, simpático, bonito... Você deve acreditar mais em si mesmo e em seu irmão, é a igualdade dos dois, um completa o outro.

Lukas olhou profundamente nos olhos da ruiva que agora o encaravam de forma singela. A garota segurou seu rosto de modo que os dois ficassem frente a frente, em seguida dando um beijo em seu rosto.

— Lindo!! Agora deixa de se preocupar com isso e vamos descer para tomar café da manhã!

Lukas levantou-se e então foi em direção da pia para escovar seus dentes. Vivian saltou do balcão do banheiro e começou a tirar a blusa de seu pijama. Lukas arregalou os olhos ao ver a garota despindo-se atrás de você pelo espelho, ele se virou e soltou um grito apontando para ela.

— O quê você está fazendo?!

— Ué, eu estou me trocando. Tem algum problema? — perguntou ela.

— L-Lógico que tem!! Eu ainda estou no banheiro!! — gritou Lukas.

— Mas você estava de costas...

— Tinha um espelho bem na minha frente!

— Ahh, pega nada, nós já somos quase casados.

Lukas passou a mão em seu rosto e saiu do banheiro sem saber como respondê-la, Vivian deu uma leve risada e continuou a trocar-se como se nada houvesse acontecido. Lukas foi em direção do quarto feminino para acordar Dawn e chamá-la para que pudessem tomar o café da manhã, mas a garota parecia já estar acordada, penteando seus longos cabelos negros. Ela deu um leve beijo na cabeça de Lukas e desejou-lhe bom dia, mas alertou que iria esperar Luke e Stanley acordarem para em seguida descerem e tomassem café.

Lukas saiu do quarto na companhia de Vivian e andou pelos longos corredores do hotel até chegarem ao restaurante, e após uma reforçada refeição eles saíram para aproveitar dos melhores recursos da grandiosa cidade de Hearthome. Os dois andavam pelas longas avenidas da cidade de Hearthome quando Lukas pode ver de relance um estranho pássaro que o acompanhava. Ao virar-se, ele viu um pequeno Murkrow escondido nas sombras de uma varanda.

— Ei Vivian, aquele Murkrow não é mesmo que trouxe o ovo Pokémons ontem?

— Para mim todos os Murkrows parecem iguais...

— Sério? Mas esse parece diferente. Ele tem um chapéu maior e uma cicatriz no olho direito, eu reparei isso ontem e lembro-me claramente desse olhar. — comentou Lukas, em seguindo virando-se para continuar seu caminho, mas o pensamento continuava em sua mente: Será que esse Murkrow pertence ao Marshall?

O sol brilhava intensamente, Vivian segurou a mão de Lukas e sorriu para o garoto, em seguida caminhando alegremente pela cidade na companhia de seu querido amigo que tanto apreciava. Os dois seguiram em direção da mesma sorveteria que haviam ido no último dia, o local era bem tranquilo e no momento não estava muito movimentado por localizar-se em uma rua fechada.

As mesas e cadeiras eram revestidas de madeira dando um clima agradável à sorveteria que era um dos pontos mais antigos da cidade, localizando-se próximo à casa de Poffins. Vivian pediu um grande sundae para dois, cobertura de calda de chocolate com sorvete de creme e morango, acompanhado de chantilly, granola, e uma pequena cereja no topo; com o calor que estava não demorou para que os dois devorassem o sorvete. Vivian e Lukas ficaram por um longo tempo jogando conversa fora, pareciam mais dois grandes amigos do que um casal.

Uma leve brisa passava pela cidade fazendo as cortinas das casas dançarem ao toque suave vento. De repente, um garoto que caminhava na calçada entrou na sorveteria e encarou os dois amigos que jaziam sentados em uma mesa. Ele tinha uma feição de descaso e sobrancelhas franzidas como alguém que parecia irritado com algo, ele tinha um ar metido e esnobe, logo causando um certo receio em Lukas por tratar-se daqueles garotos mal encarados que sempre estão procurando confusão. 

— Você é o garoto que apareceu ontem na televisão disputando um Contest aqui na cidade. — concluiu o rapaz.

— Foi o meu querido sim, você viu como ele estava lindo fazendo as suas apresentações no concurso? — perguntou Vivian com um sorriso, antes de ser surpreendida pelo que o garoto estava para dizer:

— ...Pois eu achei uma merda.

Lukas rapidamente cessou seu sorriso e se pôs a observar o rapaz que agora estava de pé ao seu lado, Vivian havia percebido que ele não parecia estar brincando e se diriga à eles com severidade, embora os dois ainda não entendiam o motivo da ignorância.

— Olha aqui garoto, minha prima tava naquela competição e você não merecia ganhar aquele prêmio nem um pouco, ela foi bem melhor do que você. Acho que você pagou os juízes para comprar a vitória só porque seus pais são conhecidos.

Lukas manteve-se calado. Ele não havia feito nada daquilo pois sabia que havia conquistado sua vitória com muito esforço e treino, porém, sua natureza não lhe permitia discutir com algum desconhecido, e sua timidez apenas o fazia abaixar a cabeça e ouvir os desaforos com atenção.

— Ei!! Seu idiota, quem você pensa que é pra sair por aí falando mal dos outros? Você nem nos conhece pra sair por aí chingando qualquer um! — disse Vivian.

— Fica na sua metidinha, eu tô falando com esse moleque otário. — retrucou ele.

Vivian cerrou seus punhos e sentiu a adrenalina subir sobre seu corpo. Em momento algum ela permitiria alguém falar mal daqueles que amava, e por isso avançou na direção do rapaz para desferir-lhe um soco, mas ele era mais rápido, e rudemente segurou as pequenas mãos da garota e jogou-a contra o chão. Vivian chocou-se bruscamente batendo seu ombro com força no concreto, Lukas saltou de sua cadeira para ajudá-la e em seguida mandou um olhar ameaçador para o garoto ao seu lado que continuava a observá-los com desprezo.

— Eu sou Lúcio, da cidade de Veilstone. — disse ele.

— Ninguém perguntou seu nome, seu idiota. — resumungou Vivian, ainda sentindo dores pela força que o rapaz jogara ela contra o chão. Lukas continuava com a garota em seu colo, mas não sabia o que fazer. Não haviam muitas pessoas na rua no momento, e as que passavam evitavam intrometer-se.

— Você não era digno de ganhar aquela fita, haviam pessoas muito melhores do que você. E aquele seu Pachirisu idiota? Ele era uma porcaria! Da próxima vez que eu te encontrar num torneio eu acabo com sua cara.

— Quem você pensa que é para sair por aí falando mal das pessoas? — continuou Lukas.

— Eu tenho quatro insígnias, sou bem melhor do que qualquer um de vocês. Eu só não permito que gente fraca como vocês fiquem por aí tirando a glória de quem realmente merece. — disse Lúcio — Olha só pra você garoto, volta pra mamãe, você é um idiota mesmo.

— Ele é educado, bem diferente de um certo idiota que está de pé na minha frente! Agora quer fazer o favor de sumir daqui? — completou a ruiva.

Lukas mantinha sua cabeça baixa enquanto parecia nem mesmo ter coragem de encará-lo. Vivian não poderia fazer nada, não havia como uma simples garota como ela fazer qualquer coisa contra Lúcio, e por ele ter quatro insígnias ele provavelmente era muito mais experiente.      

— Deixa eu ir embora porque já acabou a diversão. Foi muito legal encontrar vocês. — debochou ele, partindo lentamente enquanto Vivian continuava caída no chão ao lado de Lukas.

Lukas ficou quieto por um momento, fitando o nada, mergulhado em pensamentos contrapostos que cercavam seu coração; medo, raiva, insegurança, tristeza, ódio, não era possível explicar como se sentia naquele instante, até que Vivian tornou a chamá-lo:

— Por que você não falou nada...? — perguntou ela com uma feição que lutava para não deixar as lágrima caírem. Lukas suspirou e tampou o rosto com suas mãos.

— Eu não pude encará-lo porque tive medo... — sussurrou.

Lukas não queria encarar o mundo ao seu redor. Às vezes parecia ser difícil demais continuar seguindo a vida, queria largar a mão de tudo e voltar para sua família, ter os mimos de sua infância e seus pais ao redor para sempre lhe proteger. Por um momento foi como se seus sonhos não importassem mais nada, sempre haveria alguém tentando destruí-los.

O sol foi brevemente tampado, Lukas levantou seu olhar e deparou-se com uma figura que caminhava de modo austero. Os raios do sol atrapalhavam sua visão, mas o garoto caído no chão sabia muito bem de quem se tratava. Sem desviar seu olhar, uma feição de frieza e ódio cobria aquele indivíduo de modo que ele não dirigisse nenhuma palavra ao garoto caído. Era Luke, que parecia ter visto todo o ocorrido.

Dawn rapidamente correu em direção de Lukas e Vivian para ajudá-los a se levantarem, enquanto do outro lado, Stanley permanecia enconstado em uma parede apenas observando-os. Dawn estava preocupada, mas Lukas estava ainda mais por ver seu irmão aproximando-se cada vez mais de Lúcio que se distanciava aos poucos. Luke tocou com seu indicador sobre o ombro do desconhecido que virou-se bruscamente com um semblante de desaforo:

— O que é garoto, veio chorar no meu ombro? — provocou Lúcio, que foi interrompido por um soco que lhe acertara a face com todas as suas forças.

Tarde demais. Lúcio chocou-se bruscamente contra o chão, atordoado pela impacto que recebera. Por um momento ele pensou em não se levantar pelo medo que sentia do olhar ameaçador que o acertara, um olhar que exalava ódio, e que provavelmetne não estava nem um pouco contente com o que vira.

— Você cometeu três pecados que eu não posso perdoar: Primeiro, você nasceu; segundo, você fez uma mulher chorar; e terceiro, você mexeu com a minha família. — disse Luke, apontando para Lúcio que continuava caído no chão.

— De onde você tirou tanta força, garoto?! — perguntou o rapaz, percebendo logo em seguida que Lukas estava caído ao longe, notando só então que os dois eram gêmeos. Lúcio deu uma leve risada e então levantou-se passando a mão na ferida em seu rosto.

 — Então quer dizer que você não consegue arranjar as coisas sozinho e tem que chamar o irmãozinho para resolver ? Que imaturo. — provocou Lúcio.

Luke ergueu Lúcio pela gola da blusa e encarou-o com um olhar capaz de intimidar qualquer pessoa.

— Eu te desafio para uma batalha. — disse Luke.

Um rápido olhar de vitória surgiu em Lúcio, ele sabia que teria total vantagem, pois tinha orgulho de suas quatro insígnias. Vivian ficara pasma, não acreditava na proposta que seu amigo acabara de fazer. Provavelmente Luke não imaginava que seu adversário já estava em um nível mais avançado que o seu, pois ele nem mesmo havia conquistado sua terceira insígnia na cidade.

— Então quer dizer que você está me desafiando para uma batalha? — perguntou Lúcio de forma provocativa, mas não houve resposta por parte de Luke que deu as costas e preparou sua Dusk Ball.

— Esse garoto têm quatro insígnias!! — comentou Vivian preocupada.

Nesse momento, Stanley que estava encostado em uma das parede ousou se pronunciar:

— A insígnia é apenas um objeto representativo que não prova em nada a sua verdadeira força. A verdadeira força de cada um está dentro daquilo que é especial para você, sejam seus sonhos, sua família ou seus amigos... Você tem que ter um motivo para seguir em frente. — explicou o loiro — Fica tranquila, Vivian. Esse cara já era. 

Luke mantinha sua feição séria enquanto o rapaz do outro lado já parecia sentir a vitória. A rua estava deserta, e agora apenas os dois garotos se encaravam com severidade. Luke apontou para Lúcio fazendo um sinal que indicava “dois”  o que provocou uma certa curiosidade em seu adversário.

— O que é isso?

— Dois. Com dois Pokémons eu acabo com você. — disse Luke.

— Apenas dois? Contra o meu time inteiro? É o que vamos ver. — provocou Lúcio.

O rapaz lançou sua primeira pokébola no ar que colocou em jogo um Floatzel. A raposa parecia ser bem rápida e com certeza já havia passado por vários desafios ao lado de seu treinador.        

Luke encarou a criatura ainda sem mudar sua feição, e em seguida lançou sua Dusk Ball em campo. O dragão espreguiçou-se e então tomou posição de combate, ele lançou um rápido olhar para Luke que mantinha seu rosto escondido na sombra da boina que usava.

— Gabite, esse cara falou mal do Lukas e do Pachirisu. E uma das coisas que eu não perdôo é que critiquem a minha família. — disse Luke — Acabe com ele.

O dragão voltou seu olhar para seu adversário como se entendesse perfeitamente a mensagem dada por seu mestre. Lúcio não esperou mais e ordenou um ataque:

— Floatzel, utilize o Aqua Jet!

Luke nem mesmo precisou ordenar para que seu Pokémon fizesse qualquer movimento, os dois pareciam conhecer-se perfeitamente trabalhando em sincronia perfeita. Gabite acertou o chão com força de modo que um grande pedaço de concreto formasse um escudo em sua frente, Floatzel acertara sua cabeça diretamente na pedra. O Pokémon ficou atordoado por um momento, e antes mesmo de retomar a consciência Gabite usou suas garras afiadas aplicando-lhe um Slash e imediatamente tirando Floatzel de combate. 

O dragão parecia mais enfurecido do que nunca. Ele costumava levar as lutas na brincadeira, mas sabia muito bem quando deveria exercer uma função séria. Criticar seus amigos era algo imperdoável, e falar mal de Pachirisu era o suficiente para que o dragão terrestre se tornasse uma verdadeira arma.

— D-De onde você tirou um Pokémon tão poderoso?! — indagou Lúcio, surpreso pela derrota fácil de seu companheiro Floatzel — As coisas não vão ficar tão baratas. Ponyta, vá e utilize o Stomp!

O rapaz recolheu seu Pokémon nocauteado e no mesmo instante colocou o cavalo de fogo em atividade. O Pokémon avançou em direção de Gabite que defendeu-se do golpe habilmente, a forte patada parecia não ter-lhe causado danos, suas escamas azuis eram duras como o diamante das cavernas. Gabite imediatamente preparou um novo ataque.

 Rock Slide. — ordenou Luke.

O dragão pulara habilmente sobre alguns escombros retirando grandes pedras pontudas, e em seguida lançando-as em direção do cavalo que nem mesmo teve chances de escapar do golpe super efetivo. Ponyta estava soterrada, deixando Lúcio cada vez mais irritado. Luke parecia ter total controle da batalha. Era como se seu próprio pai estivesse em uma batalha. Walter estava sempre calmo e paciente, os dois tinham o mesmo olhar, a mesma forma de agir com seus Pokémons. Era a primeira vez que Lukas via seu irmão batalhar de forma tão perfeita.

O próximo Pokémon lançado por Lúcio era um Sudowoodo. A árvore de pedra tinha uma forte defesa e tentaria copiar os golpes de Gabite para usá-los contra ele.

— Não pense que dessa vez serei tão descuidado. Tenho uma tática muito melhor para meu Pokémon e não deixaria que você vencesse tão fácil.

— Gabite, utilize o Sand Tomb no Sudowoodo. — disse Luke, como se já previsse qualquer movimento de seu oponente.

O dragão rapidamente avançou em direção de Sudowoodo que encontrou-se trancafiado na armadilha de areia, a árvore tentava atacar seu oponente, mas seus movimentos eram prejudicados pela tumba de areia que ele mesmo criara cada vez que tentava se livrar. Gabite tomou distância e pulou em cima do Pokémon, e ao parar sobre sua cabeça, lançou um Dragon Rage diretamente deixando-o fora de combate.

Lúcio manteve-se quieto, mas em seguida deu uma leve risada debochante. Retornando seu Pokémon derrotado ele pareceu não ter mais saídas, mas parecia que ele tinha um trunfo na manga. Luke preferiu não contestar, até que o rapaz tornou a dizer:

— Acho que está na hora de eu usar meu Pokémon mais poderoso que me rendeu essas quatro insígnias. E com ele, eu poderei acabar facilmente com esse seu Gabite de merda. — disse Lúcio, lançando uma pokébola para o alto — Empoleon, vai!!

Todos que assistiam a batalha se surpreenderam ao ver a grandiosidade do Pokémon imperador. Dawn nunca havia visto um Empoleon em sua frente, era uma criatura bela,  por um momento ela almejou evoluir seu pequeno Piplup, bastava tirar a Everstone que o pinguim carregava, embora o medo dele tornar-se uma criatura diferente de sua natureza a evitara de tal ação há vários anos.

O Pokémon imperador era revestido de uma forte armadura metálico, seu andar exalava autoridade e poder, parecia ter uma coroa de prata em sua cabeça, vestindo um manto digno de reis. Aquele era provavelmente o inicial escolhido por Lúcio, e também viria a ser seu Pokémon mais poderoso.

— Um Empoleon. — concluiu Luke — Retorne por hora, Gabite.

— Oh, então você vai tirar seu dragãozinho e colocar algum Pokémon que tenha vantagem? Mas é um covarde mesmo, não tem coragem de enfrentar-me frente a frente?

Luke manteve-se quieto e em seguida lançou uma simples pokébola. Lúcio se surpreendeu ao ver o tamanho do Pokémon, uma serpente de pedra enrolava-se em volta de seu treinador como se o protegesse de qualquer perigo. Era Titânia quem disputaria a batalha final. Lúcio ficou surpreso ao ver um Pokémon em total desvantagem sendo escolhido, mas com isso sentiu a vitória ainda mais próxima de seu alcance.

— Você é louco? Não pensa nas estratégias antes de enfrentar alguém? Seu idiota!!

Luke interrompeu o rapaz novamente apontando para ele e fazendo o sinal de dois com sua mão direita:

— Dois. Com doisPokémons eu acabaria com você, só estou cumprindo minha palavra.

Lúcio deu uma risada muito alta, em seguida começando a lançar várias críticas à Luke que parecia não dar a mínima. O garoto apenas tocou levemente no rosto de Titânia que parecia ouvir atentamente cada palavra de seu treinador.

— Esse garoto me dá nos nervos. — disse Titânia.

— Eu sei que ainda estamos em um processo de treino Titânia, e que você normalmente não costuma me obedecer, mas esse cara me irritou. Criticou meu irmão e seus Pokémons, e eu não permito que pessoa alguma fale mal de minha família. — explicou Luke.

— Vejo que você finalmente encontrou um propósito para realizar uma batalha, não tem mais aquele frenesi por lutar e ser o mais poderoso treinador do mundo. Estou feliz que tenha aprendido a lição. — disse a serpente.

— Que seja, só quero chutar a cara desse maluco de novo.

A serpente deu uma leve risada.

 Quais são as ordens, Senhor?

— Ordens, Titânia? Mas não era sempre você quem mandava ataques sem o meu menor sinal? — perguntou o treinador.

 Estou de bom humor hoje, considere-se abençoado.

 — Então vamos fazer do seu jeito. Que tal acabar com a batalha logo de cara?

— Eu adoro essa tática. Earthquake!!

A gigantesca serpente tomou distânia e em seguida lançou seu enorme corpo contra o chão, causando um leve terremoto na cidade que chacoalhou casas e rachou calçadas. Empoleon estava gravemente ferido sem a menor chance de ter escapado daquele poderoso golpe. Lúcio não acreditava de onde aquele garoto tirara tanta força e por um momento sentiu-se intimidado por seu olhar. 

— E-Empoleon, levante-se! — ordenou ele para seu Pokémon, de modo que o hábil pinguim se levantasse ainda que com dificuldade.

— Um oponente tão poderoso como ele não cairia com um simples Earthquake. Fazia muito tempo que eu não tinha uma batalha decente, agora quais são as ordens, Senhor? — sorriu Titânia.

— Utilize o Sandstorm. — acompanhou Luke.

— Empoleon, avance e utilize o Whirpool naquele Onix!!

O pinguim rapidamente avançou em direção da serpente que se concentrava na criação de uma tempestade de areia, e sem que ele ao menos pudesse perceber já estava cercado por uma forte tempestade. O golpe ajudava o próprio Empoleon, mas pelas dunas de areia criadas por Titânia a serpente locomovia-se como uma sombra no abismo. A visão de Empoleon era afetada e seu golpe aquático acabou por acertar apenas areia. Enquanto distraído, a serpente rapidamente enrolou-se em volta de seu adversário e apertou-o até que toda sua armadura metálica trincasse. Aqueles que assistiam pareciam pasmos pela fúria que a criatura carregava.

— Já chega, Titânia. — disse Luke de modo calmo.

A serpente apenas largou seu adversário no chão que caiu com força contra o concreto. Logo a tempestade de areia cessou, e Lúcio permanecia imóvel pela derrota que obtera. Luke não se deu no trabalho de olhar para seu oponente, de modo que apenas falasse de relance:

— Da próxima vez que mexer com a minha família vai estar mexendo comigo. Dá o fora daqui.

— Seu desgraçado!! Da próxima vez eu vou acabar com você e com esses seus Pokémons otários, e fica esperto moleque, da próxima vez o seu irmãozinho pode não estar do teu lado pra te proteger! — gritou Lúcio, retornando seu Empoleon .

— Proteger? — pronunciou Luke — O Lukas não precisa de minha ajuda pra acabar com otários como você, já que ele é até mais forte do que eu! Sorte que ele é muito educado, eu só fiz isso para que ele não precisasse perder o tempo dele com merdas.

— Eu queria poder afundar a cara dele no concreto. — comentou Stanley, que assistia a batalha.

Titânia rastejou lentamente em direção de seu mestre e parou ao seu lado, Luke tocou levemente em sua face e deu um sorriso, em seguida a serpente parabenizou-o pela batalha.

— Boa batalha, Senhor. — sorriu ela, fazendo com que Luke revelasse um singelo sorriso — Mas não pense que vai conseguir sair por aí mandando em mim, você ainda tem que melhorar.

— Eu adoro quando você me chama de Senhor. Me sinto mais forte e importante, sabe? A gente poderia treinar assim mais algumas vezes. — brincou o garoto.

— Tolinho. — riu a serpente.

— Você e o Gabite fizeram um excelente trabalho. Agora já podem descansar. — disse Luke, retornando seu pokémon.

Luke caminhou em direção de seu irmão ainda de modo sério. Lukas manteve-se quieto como se quisesse abraçá-lo e agradecer tudo que fizera. Luke manteve-se calado por um momento, mas em seguida deu uma leve risada e falou alegremente.

— Acabei com ele.

Lukas levantou-se no mesmo instante e correu para abraçar o irmão que ficou um pouco sem graça, Dawn sorriu e andou em direção dos dois garotos abraçando-os em seguida. Vivian já parecia recuperada de modo que ela quase beijasse Luke por ter derrotado Lúcio, enquanto Stanley apenas ria da situação.

— Obrigado irmão, de verdade, não sei como agradecer. — disse Lukas.

— Você vencia ele fácil cara, mas pena que essa sua educação superior à minha não te permitiu dar um soco no meio da cara dele como eu fiz. Pelo menos deu tudo certo, deixa o trabalho sujo pra mim e continua assim, maninho. — brincou Luke, tampando o rosto do garoto com sua boina.

— Ohh, você foi tãooo fofênho protegendo seu irmão!! Foi tipo assim, MUITO style, tá ligado?! A-R-R-A-S-O-U. — disse Vivian.

Gabite e Pachirisu que haviam saído de suas pokébolas agora assistiam a confraternização de seus treinadores. O dragão olhou para o pequeno esquilo e tocou em sua cabeça como se dissesse: Você também é o meu irmãozinho, meu dever é te proteger. O esquilo abraçou com força o dragão que ficou meio sem jeito, Gabite sempre tentava manter a pose de malvado, mas o que mais lhe preocupava era sua família, e ele faria de tudo para protegê-la. Cada Pokémon que entrava na equipe passava a tornar-se um novo membro da família, um completava o outro, e apesar de todas as diferenças era isso que a tornava completa.

— Achei muito nobre de sua parte você proteger o Lukas. — comentou Dawn, segurando de leve nos braços de Luke — Porém, você sabe que foi totalmente errado bater em alguém no meio da rua. Vocês deveriam ter conversado antes, isso podia vir a ser caso de polícia!

— Se nós formos parar na delegacia você será o culpado. — brincou Stanley.

— Seu bando de mal agradecido, pelo menos eu resolvi as coisas, demorô? E o importante mesmo é que o Lukas ficou bem, detesto esses caras metidos que ficam se gabando para as pessoas.

Dawn deu um leve sorriso e tocou suavemente no rosto de Luke:

— Heh, heh, heh... Por outro lado, veja que bonito, você nunca mais chamou seu irmão de pivete. Pelo visto vocês dois aprenderam a conviver em harmonia. — disse Dawn.

— Não seja por isso. Pivete. — brincou Luke, agarrando o irmão e batendo em sua cabeça com força — E eu continuo sendo três minutos mais velho que você cara, e isso me dá poder!

— Meu Arceus, lá vem ele com essa conversa de novo... — retrucou Lukas. — Mas sabe, Luke, eu tenho orgulho de ter você como irmão!

Luke deu um leve sorriso, e em seguida retribuiu o abraço. Ele queria poder dizer o mesmo, mas suas palavras não conseguiam sair de sua boca. Mesmo que ele não houvesse dito nada, seu sorriso já transmitia a mensagem de seu coração: Eu também me orgulho de você, irmãozinho.

Gabite aproximou-se de seu treinador e olhou para Luke com um sorriso de canto, o dragão parecia perguntar para o garoto: Por quê você não fala o que sente para seu irmão? Luke apenas ri e fala brincando:

— Pô, Gabite!! É que pega mal eu falar assim na frente de todo mundo! E meu orgulho, fica onde?!

Os dois riram e por fim continuaram seguindo o grupo. Era por volta de meio dia, e com esse treino adiantado Luke estaria pronto para enfrentar a líder Fantina naquela mesma manhã. Stanley também pretendia agendar uma batalha, então provavelmente ainda haveriam duas batalhas ainda mais excitantes em Hearthome.


Lukas percebera que apesar de todas as brigas sua família ainda era o tesouro mais precioso em sua vida. Luke mudara muito, a viagem parecia amadurecê-los de forma a encarar o mundo de forma mais abrangente. Sempre sofremos derrotas, a vida nos derruba, mas cabe a cada um decidir se vai levantar ou não. O Ginásio Fantasma os aguarda.


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