Cristina escrita por Cecili


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747874/chapter/1

Os gritos de ordem do líder da operação eram claros “Entrar vivos, pegar o livro e sair vivos”, este não seria meu primeiro trabalho em campo, mas foi a primeira vez que o nervosismo surgia em mim, minha equipe já seria a segunda a ser enviada para resolver o caso e ninguém da equipe anterior sobreviveu. Olhei para trás onde uma equipe de apoio estaria, se nenhum de nós retornasse no horário combinado, eles entrariam a nossa procura; o líder da nossa equipe deu o sinal que iríamos entrar, arrumei o colete à prova de balas e deixei a arma engatilhada, o Agente que estava em minha frente chutou a porta, fazendo-a abrir bruscamente e bater com força contra a parede; entramos na casa abaixados e olhando para todos os cantos. Fiquei em pé percebendo que a casa estava vazia assim como todas as outras casas daquele quarteirão, os móveis estavam cobertos com panos brancos e o fogo da lareira ainda estava aceso, abaixei a arma e tentei entender o porquê de nosso líder dar ordens tão assustadoras; passei para o próximo cômodo acompanhada de um dos policiais, e assim como a sala, aquele pequeno quarto também tinha os móveis cobertos.

— Achei o que procurávamos – o Agente disse pegando um livro e o colocando em sua mochila. — Vamos cair fora daqui.

 Um grito foi ouvido e corri para a sala, algo se escondeu atrás da estante puxando o corpo de um dos policiais que parou subitamente de gritar, olhei rapidamente ao redor e vi que todos que estavam juntos comigo haviam sido mortos, inclusive o nosso líder.

Empunhei a arma e comecei a atirar, a criatura saiu de trás da estante e correu para o andar de cima, recarreguei a arma e subi atrás da criatura silenciosamente, parei no alto da escada e tirei o capacete jogando-o no final do corredor, a criatura reapareceu por causa do barulho, pegou o capacete e se virou mastigando um pedaço de carne, a criatura era um homem, talvez fosse o morador daquela casa que havia sido assassinado na noite anterior, ele se virou para mim e veio em minha direção, descarreguei todas as balas em seu peito, mas nada adiantou, o homem continuou vindo em minha direção. Corri para o segundo andar da casa e entrei em um dos quartos tentando fugir da criatura, minha respiração ofegante cortava o silêncio e o medo de morrer tomava conta do meu corpo, mas eu tinha que sair dali, tinha que voltar para casa e rever minha filha.

Andei até o centro do cômodo e quebrei a mesa que se encontrava ali, peguei uma das pernas dela e abri a porta do cômodo, o corredor estava vazio e segui em frente, chegando até o topo da escada, olhei para a escada e encontrei a criatura parada me olhando fixamente, parei bruscamente com o pedaço de pau empunhado e ela veio até mim, ergueu a sua mão e tocou a minha bochecha, uma expressão estranha surgiu em sua face, como se ela me conhecesse.

— Cristina – o homem sussurrou meu nome, sorriu mostrando seus dentes pontiagudos ensangüentados e me empurrou para trás.

Cai de costas no chão e a criatura veio por cima de mim, suas unhas rasgaram meu colete enquanto ele continuava dizendo meu nome, consegui levantá-lo com os joelhos e rolei por cima dele, comecei a bater em sua cabeça com a perna da mesa e logo ele ficou inconsciente, me levantei e pisei em sua cabeça fazendo seu crânio quebrar e seus miolos pularem para fora.

— Cristina, vamos embora – um Agente disse passando pela porta e descendo pela escada logo em seguida.

Respirei aliviada e peguei o pedaço de pau, desci atrás dele pela escada e fui para o corredor do primeiro andar, mas ele havia sumido.

— Estou aqui Cristina, vamos embora – ele disse parado na porta de um dos quartos no final do corredor — Venha, me siga.

— A saída é pro outro lado – falei parando e empunhando a perna da mesa como se fosse um taco de beisebol.

— Tem uma saída por aqui, me siga, vamos embora — Ele abriu a porta do quarto e continuou falando virado de costas para mim — Vamos embora, Cristina, vamos embora.

— Não. – comecei a andar devagar para trás — As escadas ficam para lá.

— Vamos por aqui. — Ele disse de forma agressiva e começou a gargalhar, se virou e vi que era o nosso líder.

— Você estava morto — falei assustada.

— Você tem razão — ele se virou e vi seu peito ensangüentado — Estou morto.

Ele correu em minha direção e o acertei com o pedaço de pau na cabeça, ele cambaleou, mas não caiu, voltou a correr em minha direção e desviei fazendo-o cair escada a baixo; olhei para ele e vi que seu corpo não se mexia mais, desci a escada e fui até ele, peguei as suas armas e toda a sua munição.

— Me mata, Silverstone, por favor – o líder disse e me afastei assustada colocando a arma em sua face.

— Sr Sales? – perguntei assustada com a voz trêmula – Você ainda está vivo?

— Me mata, por favor – ele disse chorando – ele está em minha cabeça.

— Ele? – passei um de seus braços pelo meu pescoço — Vamos, vou tirar o senhor daqui.

— Não – ele pegou a arma da minha mão, soltei seu corpo no chão e ele atirou em sua própria cabeça, o barulho do tiro ecoou.

Andei para trás desnorteada e ouvi alguns passos vindos da sala, se o líder havia voltado da morte, todos os demais policiais mortos pela criatura também voltariam e eu não queria estar ali se isso acontecesse.

Corri para o cômodo onde eu estava antes e peguei a mochila do Agente que estava morto, abri a mochila e vi que o livro ainda estava ali, olhei para o relógio em meu pulso, o horário combinado para a operação já estava se esgotando e logo a outra equipe entraria e também seriam mortos.

 Sai do cômodo e andei abaixada e silenciosa até a cozinha, fechei a porta colocando uma cadeira debaixo da maçaneta, lembrei que a lareira ainda estava acesa e fui até o fogão, o afastei e peguei minha faca cortando a válvula do encanamento de gás. Pulei pela janela, meu plano era sair pelos fundos e passar para a rua de trás.

Aproximei-me da cerca que dividia o terreno com o vizinho do fundo, coloquei a arma no cós da calça, deixando as mãos livres para saltar por cima da cerca. Olhei por cima da cerca antes de saltá-la e vi que tinha uma pilha de corpos no quintal vizinho, eles começaram a se mexer e se levantaram em questão de segundos, deveriam ser os moradores da casa, que também foram assassinados na noite anterior. Corri saindo do quintal, iria voltar para dentro da casa, seria arriscado pular a janela na cozinha, entrei pela janela do cômodo ao lado.

— Se eu sobreviver vou pedir um aumento — resmunguei e passei correndo pela sala onde os policias começaram a me seguir, eles corriam de forma desastrada atrás de mim, tropeçando nos móveis e em si mesmos.

O cheiro do gás já tomava conta da casa inteira, o que me deixava cada vez mais nervosa, não tinha como sair pelas portas dos fundos e nem pelas portas da frente, voltar para o térreo também não era mais possível, só tinha mais uma única saída.

Corri com toda a força que me sobrava pelo corredor do primeiro andar e pulei em direção a janela de vidro, o vidro se quebrou e cai no asfalto no meio do resto da equipe que havia ficado do lado de fora. Duas criaturas pularam junto comigo, mas assim que saíram de perto da casa caíram no chão, tentei me virar para olhar para a casa, mas fui impedida de me mexer pela equipe de paramédicos. Alguns gritos vieram de dentro da casa e logo em seguida veio a explosão, os policias que estavam do lado de fora se assustaram.

— Agente Silverstone – o paramédico dizia tentando fazer minha lucidez voltar.

Olhei para o lado e vi os policias ensacando os corpos que tinham caído na calçada.

— Cristina Silverstone – o paramédico retornou a dizer e olhei para ele ainda assustada.

— O homem – falei trêmula

— Acalme-se a senhora já está a salvo, sofreu apenas lesões leve, mas logo ficará bem.

— Ele atirou na própria cabeça – tentei me sentar, mas a mão do paramédico em meu peito me impediu.

— Por favor, fique deitada – uma mulher se aproximou com uma maleta na mão.

— Todos morreram, mas andavam – falei tentando me manter consciente.

— A senhora vai dormir um pouco – a paramédica me disse com uma agulha na mão.

— Não – gritei tentando impedi-la de aplicar o sonífero.

— Acalme-se senhora Silverstone – o paramédico disse – Vai ficar tudo bem com a senhora.

A conversa dos paramédicos se tornou distante, as luzes das viaturas e da ambulância forma se apagando até tudo escurecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cristina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.