O rapaz caído no chão encara profundamente a criatura que esbanjava um sorriso tenebroso. Ele levanta, cambaleando um pouco, enquanto o outro o observa, imóvel. A criatura sussurra calmamente. 

— Você acha mesmo que pode se dirigir a mim desse jeito? - As palavras são pronunciadas tão calmamente que nem parece estar furioso.  

— Você não merece o mínimo de respeito. O que você merece é ter a sua boca tampada com bosta! - John cuspe no rosto do robô, que parece não ligar muito, o que é estranho, considerando a reação que teve antes.  

— Vamos lá, John! Relaxa, não precisa desse estresse todo... Ei, você! - Kevin olha assustado para o robô. — Porque esse medo todo? Nós vamos nos divertir muito hoje! Então, você devia estar alegre! - Em seguida, gargalha sadicamente. Tudo que se passou na cabeça dos dois homens era de que ele era um louco, um psicopata.  

— Acho que já chega de papo, não é mesmo? Não há mais um minuto a perder. - Ele avança lentamente na direção de John que, sem pensar, dispara para fora do salão, passando por Kevin e empurrando-o, consequentemente fazendo-o tropeçar e cair em cima de SpringTrap. Enquanto corre desesperadamente para a saída daquele lugar, escuta alguma coisa ou alguém chocando-se contra a parede. Apenas o silêncio paira pelo lugar, mas quando ele chega na porta da antiga pizzaria, um grito ensurdecedor seguido de um rugido horrível pôde ser ouvido.

Ossos se quebrando... 

Silêncio... 

Esses barulhos paralisam John.  

— Será que o Kevin...? - Não teve tempo de terminar a frase, pois ouviu passos ecoando, vindo do corredor. Ele se desespera e tenta abrir a porta, mas estava trancada, confirmando seu medo. Ele se volta para o corredor, os passos estão mais altos e o seu medo está cada vez maior, estava prestes a desistir e aceitar seu destino quando um barulho vêm do lado de fora do estabelecimento. Ao virar-se e encarar a rua, vê uma pessoa inesperada.  

— Justin...!? - O dono do lugar e também seu chefe estava ali, se aproximando da porta, e estava com uma chave em mãos. A esperança de John retorna e ele chama pelo senhor que está abrindo a porta.  

— Justin...? Justin! - Ele encara o jovem assustado, parecia estar confuso.  

— Oh, Justin! Por favor, abra esta porta logo, tenho que sair daqui! - Naquela hora, John nem percebeu o fato de ser estranho ele aparecer ali naquele horário, não era nem uma hora da manhã.  

— O que está acontecendo? - Ele pergunta, com um tom de ansiedade em sua voz, enquanto destranca a porta com a sua chave. 

— Rápido! O SpringTrap está vindo pra cá! Temos que corre... - Antes que pudesse completar a frase, Justin entra e segura seu braço, entortando-o em seguida e jogando-o com tudo no piso sujo. 

— J-Justin?! O que pensa que está fazendo? - Justin tranca a porta e se vira para ele. 

— Bem, eu não posso cortar a diversão dele. - Seus olhos vão em direção ao corredor, e estavam brilhantes, como se estivesse eufórico sobre o que quer que fosse acontecer naquele momento. 

— Não me diga que... Você planejou isso, não foi? 

— Está bem claro que sim, não? - Ele sobe a manga de sua blusa um pouco e vê seu relógio, conferindo as horas. 

— Então, nós só temos até as 6 horas, por isso não dificulte as coisas para ele. Fique quieto e logo vai tudo acabar. - De surpresa, SpringTrap surge do corredor, sorrindo sarcasticamente. 

— Hum, você está aí. Ah, olá Justin, como vai? 

— Sim, estou ótimo, obrigado, mas vamos logo, não temos todo o tempo do mundo. 

— Tudo bem, apressadinho. A diversão acaba de começar! Vamos, John. Faça as honras, pode correr! Vou te dar um minuto... - Ele encara o jovem confuso, que ainda está no chão, mas que logo levanta e corre desesperadamente. 

— O quê?! Por que fez isso? Olha, é melhor você acabar com ele logo! Você sabe que a polícia vem aqui logo no amanhecer e não podemos deixar ele falar nada. Ouviu?

— Sim, Justin. Eu sei, só estou me divertindo um pouco. Mas não se preocupe, ele não vai durar muito. - Sua risada ecoa por todo o lugar, causando um arrepio em John, que corre em direção aos banheiros. 

"Eu preciso sair daqui de algum jeito, mas... Como?"

Ele adentra o banheiro e entra em uma cabine, trancando-a e, logo em seguida, subindo no vaso. O lugar estava tão silencioso que podia ouvir seu coração e sua respiração que estavam acelerados. Em meio ao desespero, lembrou daquelas palavras do SpringTrap, agora acreditava que estavam certas e que não devia ter se metido em toda essa situação. Agora já conseguia ouvir os duros passos do coelho, que parecia estar perto. 

A porta do banheiro é aberta bruscamente, causando mais desespero em John. O ser que abrira a porta caminha lentamente, checando cada cabine e chegando cada vez mais perto de encontrar sua vítima. A esperança de John já estava se esvaindo quando percebeu um cabo de vassoura perto de si, então o pegou rapidamente e aguardou o momento que a porta seria aberta. 

— John... Vem aqui! Eu tenho uma grande surpresa pra você. - Ele chama, enquanto abre a última cabine que faltava verificar. Já estava esperando encontrar John, mas ele teve uma surpresa. 

— Toma isso, seu maldito! - John se lança contra o robô, atacando-o com o cabo e derrubando-o no piso sujo. Sem pensar duas vezes, John sai do banheiro depressa e vai até despensa da pizzaria, que continuara intacta. 

— Mas o quê...!? Ah, agora ele vai pagar por ter feito eu cair nesse chão sujo! - SpringTrap levanta furiosamente e sai do banheiro, à procura do rapaz. 

John estava chegando na despensa, quando vê uma coisa horrível. Era Kevin. Ou o que sobrou dele. Ele estava com várias fraturas expostas por todo seu corpo, havia um buraco enorme em sua barriga, sem contar que havia um rio de sangue o banhando. 

— Meu Deus... Nem imagino o que ele poderá fazer comigo se me encontrar. - Ele se recupera e entra na despensa, fechando a porta. Ele procura pela chave da porta, mas não tem sucesso, por isso resolve segurar a porta, para tentar impedir o SpringTrap de abri-la. Não passa muito tempo e ele escuta os passos inconfundíveis do robô, ele se aproxima e tenta arrombar a porta. No primeiro minuto, John estava conseguindo o conter, mas estava perdendo força, consequentemente o coelho consegue abrir a porta, derrubando John no chão, fazendo-o bater a cabeça fortemente numa estante que havia na despensa. 

Seus olhos começam a pesar... 

— Sua hora chegou... Assim como a hora deles chegaram. (...) vão adorar ter você ao lado deles. 

 Tudo escurece...