Nosso Primeiro Adeus: como deveria ter sido escrita por Vany chan 734, DSFanfics


Capítulo 1
Capítulo Único - Nosso Primeiro Adeus


Notas iniciais do capítulo

Chegaaaamos com mais uma One para o nosso projetinho ❤

Esperamos que gostem, boa leitura a todos!



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— O que você está fazendo perambulando por aqui a noite? – Sasuke perguntou, vendo os olhos da companheira de time fitarem o chão.

— Porque... pra você sair da vila, tem que tomar esse caminho. – disse em um tom baixo, mas o suficiente para que ele a ouvisse.

Ela sabia então. Ela sabia de seus planos para deixar a vila e aliar-se ao Orochimaru. Não deveria se sentir tão surpreso quanto a isso. Afinal, Sakura o conhecia mais do que gostaria de admitir para si mesmo.

A companheira de time sempre percebia quando havia algo errado, sua percepção para todas as coisas sempre fora a mais apurada do Time 7. E com ele não seria diferente.

Virou o rosto, tentando não encará-la e se sentir tentado a mudar de ideia. Sua posição estava tomada e ele não pretendia voltar atrás. Porém, tinha intenção de partir sem nenhuma despedida, pois não gostava da ideia de mais um adeus às pessoas que lhe eram queridas de alguma forma.

E Sakura era, mesmo que não gostasse de lembrar a importância que ela, Naruto e Kakashi tinham para si.

Tornou a caminhar a passos lentos, as mãos nos bolsos e os olhos vidrados ao caminho que o levaria para fora daqueles portões.

— Vá para casa e durma. – ordenou, passando pela Haruno e fingindo seu desinteresse.

Mas, a verdade, é que gostaria de ficar. Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes, desejava imensamente que fosse acordado de repente e descobrisse que todo aquele terror fora apenas um pesadelo. Poderia viver uma vida feliz e em paz, ao lado de seus amigos e família. Porém, todos do seu clã haviam sido assassinados a sangue frio. Sua mãe, seu pai... empalados pela espada do próprio irmão. E aquela era a sua realidade. Não havia escapatória.

Não podia mais ficar naquela vila, revivendo o massacre em seus sonhos e pensamentos, relembrando a macha de sangue que ainda emoldurava a madeira do piso do que um dia foi sua casa. Konoha não poderia mais ser seu lar, já não pertencia dentro daqueles muros. Tinha uma ambição e para isso era necessário partir, não havia outro jeito.

Sua vingança o esperava, mas antes ele precisaria de poder. Precisava ficar mais forte se realmente quisesse uma chance contra Itachi.

Caminhou no silêncio, agradecendo internamente por Sakura não proferir mais nenhuma palavra. Pensou que poderia partir assim, na calada da noite, no silêncio de sua solidão.

— Por que? – a voz feminina embargada se fez presente e ele soube de imediato que sua vontade não seria acatada.  Mas como poderia? Era Sakura, afinal. – Por que não me diz algo? – seu tom mais firme o questionou, mas Sasuke se obrigou a continuar sem olhá-la. – Por que sempre fica calado? Por que não diz algo pra mim? – suas perguntas continuavam a persegui-lo conforme se afastava, cada vez em um tom mais alto que o deixava desconfortável. Ela queria respostas, mas por que? Ele não devia nada a ela. Como poderia cobrar-lhe daquela maneira?

— Por que eu tenho que te dizer algo? – retrucou impaciente e de forma rude. Ela não era capaz de entender? Havia tomado sua decisão e nada o faria voltar atrás. Por que ela não poderia simplesmente aceitar o destino que ele havia escolhido para si e deixá-lo partir. Deixá-lo partir sem quaisquer dúvidas em sua mente. Não queria fazer daquilo um drama, desejava apenas ir embora sem olhar para trás. Cortar seus laços e focar-se somente no poder para seu objetivo. Nada mais. Nada mais lhe importava naquele momento.

— Não é assunto seu. Pare de se preocupar com o que eu faço – continuou, desejando fortemente que aquilo bastasse para silenciá-la.

Em primeiro lugar, a garota nem deveria estar ali, muito menos tentando inutilmente impedi-lo de seguir o seu caminho, seu destino traçado ainda naquele fatídico massacre.

— Você sempre me odiou, não é?! – ela falou cabisbaixa, logo continuando suas sentenças sobre o dia em que haviam se encontrado naquele mesmo lugar, onde havia dito uma besteira.

Uma besteira que o havia deixado profundamente com raiva na hora, mas que agora parecia um dia distante e sem importância como qualquer outro. Ele sabia que suas intenções nunca foram incomodá-lo, muito pelo contrário, Sakura sempre fazia o possível para que se sentisse bem e com certeza sentiria falta daquele amparo quando partisse de vez, porque Orochimaru não iria recebê-lo com bons tratamentos e intenções. Sasuke não era ingênuo há muito tempo para pensar o oposto.

Ainda assim, o fato de que não haveriam mais as íris esmeraldinas que o olhavam como se fosse a mais rara joia no mundo, devotando toda sua atenção a ele, incomodou seu interior. No fundo, gostava daquela atenção, fazia-o sentir-se querido e esperançoso, mas era exatamente esses tipos de sentimentos que deveria extirpar para conseguir se tornar poderoso.

Era por isso que nunca conseguiria competir com Itachi se permanecesse em Konoha, como o próprio Quarteto do Som afirmara. Na vila tinha laços que o impediriam de avançar em algum momento, porém com Orochimaru não. Seria treinado dia e noite até quando se tornasse um combatente à altura para o irmão e, depois disso, nada mais importava.

— Eu não me lembro – mentiu, desejando que aquilo fosse o suficiente para fazê-la se calar e finalmente deixá-lo ir.

Ela, contudo, justificou sua fala e continuou a relembrá-lo dos momentos juntos. De quando a equipe 7 fazia missões e de como sua integração era maravilhosa. Sasuke não podia negar aquilo, mas tais eventos só fortificavam a ideia de que estaria amarrado aos companheiros e não era aquilo que queria. Desejava matar Itachi com suas próprias mãos, sozinho, provar-se forte o suficiente para fazer o brilho carmim nos olhos do renegado esvair-se até se tornar um negro opaco e sem vida.

Kakashi, Sakura e Naruto nada tinham a ver com isso. Aquela era uma batalha sua que não podia adiar, mesmo que eles quisessem fazê-lo desistir de suas ambições. A tentativa de mantê-lo na vila era tão vã que chegava a ser ridícula, até o momento em que Sakura começou a apelar para os próprios valores, ganhando sua atenção interina.

— Mas vingança não fará ninguém feliz. Ninguém! – frisou com a voz ainda chorosa - Nem você.

Aquilo o fez ponderar. O moreno não havia gostado de imediato de sua equipe, no entanto, com o passar dos dias, treinos e missões, se afeiçoou minimamente a cada um deles. Mas o sentimento familiar que havia adquirido pelo convívio com os demais não era o bastante para fazê-lo recuar.  

Além disso, eles possuíam laços fortes consigo e exatamente por isso sentia um leve medo em seu âmago. Com Itachi vivo, nunca estaria realmente em paz. Sempre haveria a assombração dos olhos do irmão o perseguindo e a iminente possibilidade de seu retorno, querendo mais uma vez tirar tudo de si. E não, ele não aguentaria mais uma perda. Sabia que, se ele quisesse, conseguiria matar até mesmo Kakashi em pouco tempo... Naruto e Sakura, então, seriam mortos nos primeiros segundos. E ele não poderia deixar que mais ninguém morresse pelas mãos de um covarde como o irmão, alguém tão desprezível que fora capaz de matar a própria família por puro capricho.

Apertou as mãos em punhos dentro do short branco, começando a se irritar por ainda permanecer ali com ela. Por ainda não ter lhe dado as costas e simplesmente partido, fingindo que não se importava com mais nada e mais ninguém. Por que Sakura conseguia ser assim tão persuasiva consigo?

— Como eu pensei... – retrucou – Eu sou diferente de vocês e busco um caminho diferente. Eu tentei pensar que era meu caminho fazer as coisas que fizemos até agora, mas meu coração decidiu pela vingança no final. Esse é o objetivo da minha vida.

A lembrança do primeiro dia com a equipe o atingiu. Lembrava-se muito bem de seu discurso e sabia que ela também o fazia. Não era possível esquecer um passado como o seu, nem mesmo com a amizade pura que eles ofereciam... porque ele, Sasuke, não era tão benévolo quanto eles.

Nenhum ANBU conseguiria pegar Itachi, tanto que até o momento não tinham conseguido. Porque, no fim, ninguém – além dele mesmo – era capaz de enfrentar o outro Uchiha. Era sua responsabilidade para com o mundo e com seu próprio clã liquidar o irmão. Ele tinha a tarefa de vingar seu clã e restaurar a honra que o sobrenome Uchiha teve algum dia, mas que fora manchada pelo próprio sangue de um dos seus.

— Eu não posso ser como Naruto e você – declarou, já voltando a marchar em direção ao portão.

— Vai escolher a solidão novamente? – ela gritou revoltada e aquilo o feriu mais do que gostaria de admitir. – Naquele dia, você me ensinou que a solidão é dolorosa. Eu entendo isso agora. – a voz carregada denunciava o desespero que ela sentia. - Eu tenho família, amigos, mas se você for, Sasuke-kun... pra mim é a mesma coisa que estar sozinha. – as palavras saíam em tom embargado pelo choro da garota e Sasuke sentiu algo apertar em seu peito, uma angústia sufocante por vê-la em tamanho sofrimento.

— De agora em diante, um novo caminho se abrirá para todos nós. – tentou, de seu modo, consolá-la. Precisava fazê-la entender que ela superaria sua partida, que superaria aquele sentimento por ele e seguiria em frente com a vida que deveria ter, uma vida feliz, uma vida sem o fantasma da vingança e da morte.

— Eu... eu te amo tanto! – aquelas palavras o pegaram de surpresa. Mesmo sabendo da existência daquele amor, ouvi-la dizer daquela maneira, de forma tão genuína e verdadeira fez com que ele se sentisse o pior dos homens. Pois não poderia correspondê-la, não enquanto não atingisse seus objetivos.

— Se você ficar comigo, eu farei com que você não se lamente disso! Todos os dias serão divertidos, com certeza seremos felizes. – ela jurou veemente, com a voz decidida e repleta de uma esperança que Sasuke não era capaz de enxergar. Como ela poderia pensar que ele seria feliz em Konoha? Como ele seria feliz sabendo que Itachi estava vivo e solta pelo mundo? – Eu farei qualquer coisa para você. Então, por favor, fique! Eu te ajudarei com a sua vingança, eu farei alguma coisa. Então, por favor, fique comigo! – implorou entre soluços e uma respiração ofegante, fazendo o coração do companheiro de time aumentar as batidas em um ritmo descompassado.

— Mas, se você não puder ficar, me leve com você. – o pedido baixo o surpreendeu, mas não demonstrou o quanto havia ficado afetado pela oferta. Sakura estaria mesmo disposta a deixar a vila, aliar-se ao Orochimaru e se tornar uma traidora por ele? Pelo amor a ele? Quão longe Sakura iria para receber qualquer consideração dele por ela? Não poderia sequer cogitar na possibilidade daquilo. Levá-la consigo, estragar todo o seu presente e futuro por puro capricho ou medo da solidão.

Não desejava ficar sozinho, nunca mais, nem por um segundo. Era um egoísta e sabia disso, mas não àquele ponto, não com ela. Com Sakura ele não poderia ser egoísta, ela merecia mais, muito mais do que aquilo, muito mais do que ele. Mais do que um garoto quebrado que apenas tem sede de vingança, sem se importar se irá sobreviver ou não ao final de seus planos.

Sakura merecia uma vida feliz, rodeada por seus amigos e família. Ela tinha tudo o que lhe foi tirado, ela tinha tudo o que ele desejava ter. E não seria capaz de ser o responsável por afastá-la daquela vida. Como ela pôde sequer pensar que ele faria isso? Que a levaria junto...

Deixou que o ar gélido da noite adentrasse seus pulmões e permitiu-se virar-se lentamente à companheira de time. Um meio sorriso surgiu em seus lábios sem ao menos perceber e as palavras a seguir saíram naturalmente, por ser a mais completa verdade para si:

— Você é realmente irritante.

“Irritante por pensar que eu não me importo o suficiente com você a ponto de levá-la em uma jornada sem final feliz. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso.”, pensou enquanto se virava novamente para seguir seu destino. Já havia perdido tempo demais naquela despedida. Em breve, sabia que ela o esqueceria e que seguiria seu próprio caminho, longe da sombra de um ninja renegado e solitário.

Assim, voltou a trilhar rumo ao que tinha escolhido para si.

Só não podia contar com o último grito urgente dela:

— Não vá! Se você for, eu vou gritar!

Ele arregalou os olhos com sua ameaça, não podia deixar que ninguém mais atrapalhasse sua jornada. Aquilo poderia acabar com todos os seus planos e ele não poderia permitir que tal coisa acontecesse. Então, sem pensar duas vezes, apenas se teletrasportou para trás da menina, surpreendendo-a. Ela retesou o corpo, mas não fez nenhuma objeção quanto à proximidade dele e Sasuke riu internamente por saber que aquilo era o que ela sempre desejou.

Sentiu a brisa noturna suave bater em si, trazendo o leve perfume dela às suas narinas, reconhecendo que apesar de leve, o aroma era floral, lembrando as flores desabrochando na primavera. Aquilo o acalmava, de certa forma.

— Sakura – chamou, observando os pelos de sua nuca arrepiarem – Obrigado.

Não tinha mais o que dizer além daquilo. Seu “obrigado” significava muitas coisas, como ele ser grato por todo o amor que ela o dava, por todo o amparo em momentos triste e solitários, ou então simplesmente por pensar que poderiam ser felizes ali. Ele queria que aquilo fosse verdade, queria poder cultivar suas relações em Konoha por mais tempo, principalmente com ela, mas não podia ignorar sua realidade. Esperava apenas que aquela simples palavra fosse o suficiente para que ela entendesse o que significava para ele.

Sakura, por sua vez, soube no mesmo instante que ouviu o breve sussurro que aquele “obrigado” era o primeiro adeus entre eles dois. Um adeus doloroso, que apertava seu peito e rasgava-lhe a pele. Não era capaz de suportar a perda do Uchiha, pois seria como perder o próprio coração e alma de uma vez só.

Quis retrucar, gritar, fazer qualquer coisa que ainda estivesse em seu alcance para fazê-lo ficar. Pois tinha medo de que, se fosse, não voltasse nunca mais. Ou pior, que perdesse a vida atrás de uma vingança.

Mas antes que ela se virasse e tentasse mais uma vez pará-lo, Sasuke acertou um golpe em seu pescoço, com força suficiente para apenas desacordá-la. Odiou-se pelo ato, odiou-se profundamente por machucá-la mais do que já a estava machucando, mas sabia que não haveria outro jeito. Pegou o corpo frágil nos braços antes que caísse ao chão, aconchegando-a junto ao próprio corpo e sentindo o calor emanando pelo toque entre os dois. Aquilo era bom, melhor do que gostaria que fosse. Ajustou-a em si e se aproximou do banco ao lado deles com o intuito de depositá-la ali, mas quando o fez, não conseguiu evitar olhá-la por mais tempo.

Sakura tinha um rastro de lágrimas marcado nas bochechas e o nariz e a boca avermelhados por conta do choro recente, contrastando com o banco cinzento iluminado pelo luar. O garoto olhou para os portões da vila, decidido a ir, porém logo voltou a fitá-la sentindo-se ansioso. Sorriu de lado sabendo o porquê de realmente não ter desejado se despedir... ele, no fundo, não queria. Não dela.

Sentia o coração acelerar com o pensamento de deixá-la, afinal, Sakura era a promessa de um futuro radiante e feliz, por isso não conseguia simplesmente sair andando... não sem uma despedida decente pelo menos. Algo forte e significativo o suficiente que pudesse levar consigo em sua nova jornada e que se tornasse uma motivação ainda maior para cumprir sua vingança e retornar. Retornar para aquela mesma esperança de um futuro.

Olhou ao redor, tendo a certeza de que ninguém os espiava, e se curvou delicadamente sobre ela. Pegou na mão pequena, unindo-a a sua, sentindo uma sensação boa espalhar-se sobre si. Soltou uma breve risada anasalada, sabendo que Sakura sofria por almejar ser alvo de seus sentimentos, embora já o fosse há tempos. Sasuke podia ter dificuldades para sentir qualquer coisa além de ódio, mas desde o dia em que ela o oferecera seu guarda-chuva e o acompanhou até sua casa, ele já tinha consciência que era ela quem preencheria sua existência vazia num futuro não tão distante.

E por isso ele precisava garantir sua vida. E a dela própria.

Aproximou o rosto do da garota, contemplando a beleza incomum que os fios rosados a davam, e finalmente uniu seus lábios. Existiram outros momentos em que poderia tê-la beijado, mas nenhum deles seria tão significativo quanto este.

Os lábios dela tinham um gosto levemente salgado, provavelmente pelas lágrimas recentes, mas o Uchiha não se importou com isso, não quando aquela sensação calorosa de pertencimento enchia seu peito. Se afastou dela sabendo que precisava partir e antes que de fato fosse, sussurrou no silêncio que os rodeava:

— Você deveria estar acordada.


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Notas finais do capítulo

~DebStr: Nosso maior sonho é que esse beijinho tivesse acontecido quando Sasuke saiu da vila na primeira vez, e por isso não resistimos em imaginar e escrever essa cena com muito carinho pra vocês Espero que tenham gostado e vamos adorar ver vocês nos comentários!

~Vany: OLAAAR, pessoal! Espero que vocês tenham gostado dessa shot! Trabalhar com o Sasukinho é sempre um desafio, o que torna tudo mais legal ❤ Vejos vocês nos comentários? Um beijinho

Também aproveitamos pra convidar vocês a ler as outras Ones que postamos:

Dia de Chuva (mencionada na fic de hoje): https://fanfiction.com.br/historia/746341/Dia_de_Chuva/

Inesperada Descoberta: https://fanfiction.com.br/historia/745254/Inesperada_Descoberta/