Mandy estava andando pelos corredores do castelo despreocupadamente.

Nenhuma de suas amigas quis ir com ela, com medo de se perderem, então ela decidiu ir sozinha.

Mesmo no seu segundo ano, ainda não tinha conseguido perambular por aí como gostaria. Mas finalmente conseguiu.

Era começo de tarde, e os corredores começavam a ficar alaranjados pelo pôr do sol.

Mandy estava andando sem perceber para onde ia, admirada pela arquitetura do castelo, quando se viu em um corredor extenso e vazio.

Havia uma única porta no final dele, e sua mente curiosa e criativa a instigou a ir até lá.

Ela foi e abriu a porta, entrando em outro corredor extenso, dessa vez com mais portas.

Antes que escolhesse qual porta iria entrar, algo no fim do corredor chamou sua atenção. Algo se mexia.

Parando de andar, Mandy olhou para lá, tentando saber o que era aquela coisa que estava na sombra.

Em poucos segundos, a coisa se moveu parecendo flutuar, indo devagar até a luz que saia da janela mais próxima.

Mandy arregalou os olhos quando viu que a coisa começou a se transformar um besouro gigante.

Suas patas tocaram o chão, e Mandy sentiu todo seu corpo ficar gelado de medo.

Deu um passo para trás, e como se a imitasse, o besouro deu um passo para frente.

Um grito saiu da boca da menina enquanto ela saía correndo, e ouvia os passos do besouro atrás dela.

Correndo com todo seu fôlego, voltou ao corredor e entrou na porta pela qual viera. Olhou para trás e viu que o bicho ainda a perseguia.

O desespero só crescia dentro dela, e ela começou a chorar, não sabendo o que fazer.

Ninguém aparecia para ajudá-la.

Entrou na próxima porta e bateu em algo, e só não caiu pois alguém a segurou.

— Hei, vamos com calma. — O garoto que a segurou disse, rindo.

— Não! Me solta! — Se soltou e tentou correr, mas viu que não havia outra saída na sala.

— O que foi? — O menino da lufa-lufa perguntou, parecendo preocupado.

— Olha lá! — Mandy gritou ao ver o besouro tentando entrar na sala.

O garoto se virou, dando dois passos para trás e viu o que assustava a menina.

— Faz alguma coisa! — Ela berrou, desesperada.

Ele pareceu perdido por um estante, mas então sacou sua varinha, apontando para o bicho.

— Riddikulus! — disse alto, com vontade.

Então, o besouro se transformou em uma caveira com chapéu e sapatos, e começou a sapatear.

Mandy olhou sem acreditar, sentindo o coração desacelerando aos poucos.

Com um aceno de varinha do garoto, a caveira saiu sapateando pelo corredor, saindo de vista.

— Você está bem? — Ele se virou para ela.

— S-sim — gaguejou. — Obrigada.

— Vem, você está pálida. — Esticou a mão para ela. — Precisa comer algo, está quase na hora do jantar.

Ainda com a respiração acelerada, ela aceitou a mão do garoto e se deixou ser levada para fora da sala.

— Em que ano você está? — Ele quis saber, deixando a mão da garota.

— Segundo... e você?

— Terceiro. Entendi agora por que você não fez nada com aquele bicho papão. Você ainda não aprendeu sobre ele.

— Aquilo é um bicho papão?  — Arregalou os olhos.

— Sim. Ele se transforma no pior medo de quem estiver na frente dele — explicou, gentilmente. — Está mais calma agora?

— Sim, estou... Obrigada por me salvar. — Deu um pequeno sorriso, sem graça.

— Por nada. Qual seu nome, garota corvinal? — Sorriu.

— Mandy. E o seu? — Começou a relaxar mais, se sentindo mais segura.

— John... O que acha de jantarmos juntos e aí eu te explico como se defender de um bicho papão?

Mandy sentiu as bochechas quentes, e pensou por dois segundos.

— Tá bom. Assim da próxima eu me defendo, para não ficar correndo igual uma idiota.

John deu uma risada leve e contagiante. — Acontece com os melhores alunos.

Os dois voltaram ao hall do castelo, e seguiram para o refeitório.